segunda-feira, 30 de abril de 2018

Dois anos da partida para a eternidade de James Magalhães de Medeiros


James Magalhães de Medeiros
A
 morte é um caminho inevitável. Não por que é uma fatalidade do destino, mas porque faz parte da vida. Temos, um dia, de alguma forma, que viver isso.

E cada um de nós vive, mesmo se de maneira dolorosamente igual, as diferentes perdas pelas quais temos que atravessar. A pior de todas, é quando alguém que a gente gosta e admira morre. Esse é um sentimento de perda irreparável. E mesmo se o tempo aplaca essa dor, sempre vai ficar dentro da gente aquele vazio, um sentimento incompreensível, inexplicável.

Há dois anos, partia para a eternidade o nosso amigo JAMES MAGALHÃES DE MEDEIROS, grande figura humana de um coração imenso. Homem dedicado aos projetos que abraçava. Sua partida para a casa do Pai foi uma grande perda para os seus familiares, amigos e para as áreas jurídica, intelectual, religiosa e filantrópica.

Quando James partiu, eu afoguei-me em um mar de perguntas e nenhuma resposta me aparecia. “Como pode uma pessoa tão dedicada aos familiares, aos amigos e ao trabalho ir embora assim?”. “Como alguém que foi um bom filho, bom irmão, bom marido, bom pai, bom avô, morrer dolorosamente vencido pela doença?”, “Como algo tão cruel foi acontecer com alguém que sempre fez tanto bem a todos?”.

De repente, pensei no seu sorriso e em tudo que ensinou. Lembrei-me das nossas conversas sobre o Tribunal de Justiça, das Academias Alagoana e Maceioense de Letras, do Movimento Familiar Cristão... Aí me lembrei do quanto James foi importante enquanto esteve aqui. Imaginei todas as pessoas que existiram nesse mundo antes de James, e as outras tantas que ainda estão por vir.

Pensei também naqueles que vivem por aqui ainda hoje, e me dei conta de que a grande maioria deles não teve a sorte que nós tivemos de conviver com James, porque de tantas vidas por aí, de tantos caminhos, de tantas possibilidades, Deus permitiu-nos conviver, mesmo que por alguns anos, por alguns meses, por alguns momentos, com James Magalhães de Medeiros.

Hoje prometi a Deus que ia lembrar-me de James sorrindo, feliz com as vitórias, com as conquistas e o bem que fez ao seu próximo. Eu sei bem que a saudade será sempre uma visita constante, mas também entendi que Deus precisava de James em uma nova missão, muito mais importante do que a que realizava nessa vida.

Deus levou James, um amigo querido, um homem honesto, honrado e trabalhador, mas o Céu ganhou mais um anjo, para interceder por todos nós a Santíssima Trindade.

Santa Casa de Maceió, um exemplo de gestão, na opinião de James Magalhães de Medeiros


 
James Magalhães de Medeiros (1948-2016)
Jorge Maciel

E
m outubro de 2014, o desembargador James Magalhães de Medeiros, escreveu no Jornal Gazeta de Alagoas, “que diante do cenário negativo que existia no estado de Alagoas, o que de algo positivo acontecia, não se dava a divulgação necessária e merecida”.

Dizia o desembargador e escritor James Magalhães de Medeiros, que parecia que "estávamos atolados na ausência de fatos que atendessem aos anseios da sociedade e que credenciasse o nosso estado como pioneiro em obras e serviços, nos setores público e privado, capazes de trazerem credibilidade, satisfação e qualidade de vida".

Continuando, afirmava que “Infelizmente, estamos a viver um círculo negativo de tal ordem, que não somos motivados a cantar alto os grandes feitos que acontecem, deixando que o mar da descrença fique sempre em evidência”.

James deu, por exemplo, a revista DINHEIRO, de setembro/2014, que publicou as 1000 MAIORES EMPRESAS DO BRASIL, um dos levantamentos mais completos do País, com as companhias que mais foram destaques em gestão financeira, governança corporativa, responsabilidade social, recursos humanos, inovação e qualidade. Parece uma matéria comum, como tantas outras já publicadas. A realidade, porém, é outra.

Entre as eleitas estava a alagoana SANTA CASA DE MACEIÓ, servindo de exemplo para o Brasil, com seus balanços consolidados, enquanto outras instituições do ramo de saúde estavam falidas ou em situação precária.

Foi, pois, um fato altamente positivo para Maceió, para Alagoas e para o Brasil, que precisava ser enaltecido por todos, principalmente pela imprensa local, a fim de que todos tivessem conhecimento e pudessem cantar a nossa querida terra dos marechais.

Dizia ainda James que "no setor saúde, a nossa Santa Casa de Maceió ficou classificada em quarto lugar, com trezentos e sessenta e sete vírgula quarenta e oito pontos (367,48%), perdendo apenas para o Hospital Alemão Osvaldo Cruz, Grupo Fleury e Hospital Samaritano. E salientou que a saúde é um setor importante no mundo inteiro, além de variar entre o segundo ou terceiro em participação no Produto Interno Bruto (PIB) dos países. Disse ainda que outro quesito a merecer atenção foi a renda per capita com saúde, no qual o setor público participou com 1.032, enquanto a média dos beneficiários dos planos de saúde foi de 2.075".

Para alcançar o destaque de ser uma dentre as 1000 MELHORES EMPRESAS DO BRASIL, a Santa Casa de Maceió disputou em quatro vertentes: sustentabilidade financeira, recursos humanos, inovação e qualidade, responsabilidade social e governança corporativa, sendo em todas muito bem avaliada e conceituada. O resultado foi o melhor possível, como já dito neste comentário de James, ressaltando, ainda, "a competência de toda a equipe da Santa Casa de Maceió, dando exemplo positivo de gestão para o Brasil e para o mundo".

James Magalhães de Medeiros, sempre que escrevia seus artigos, o fazia avaliando todos os aspectos, e seu reconhecimento sobre a Santa Casa de Misericórdia de Maceió não era gratuito, mas um real e necessário reconhecimento da excelente administração do seu corpo diretivo, que em sua opinião, o reconhecimento deveria ser mais amplo, atingindo todo estado de Alagoas.

Santa Casa de Maceió, 166 anos de vida.
A Santa Casa de Misericórdia de Maceió, instituição fundada em 7 de setembro de 1851 pelo cônego João Barbosa Cordeiro, na época pároco da capital alagoana, tornou-se exemplo no cenário nacional por seus investimentos na segurança e na excelência da assistência ao paciente.

A Santa Casa de Misericórdia de Maceió também se notabilizou por adotar práticas gerenciais que a tornaram referência em sustentabilidade financeira em meio ao cenário de crise enfrentado atualmente pelas Santas Casas de todo o país. Igualmente, vem atraindo a atenção da mídia por estar em contínuo processo de modernização e de expansão de sua infraestrutura física, logística e tecnológica, mas mantendo o equilíbrio entre receitas, despesas e investimentos.

Nesse processo de expansão vale destacar a inauguração de novas unidades externas e internas de atendimento que resultaram na ampliação de serviços e de leitos para o SUS.

A evolução da Santa Casa de Maceió não foi apenas quantitativa. Na última década houve um aumento qualitativo em todas as áreas da instituição pela adoção de modernas práticas de gestão e pela conquista da excelência nível 3 da Acreditação. Esta certificação reconhece que o hospital adota políticas, procedimentos, rotinas e protocolos assistenciais que visam a qualidade e a segurança assistencial do paciente, tendo como referência as Normas do Sistema Brasileiro de Acreditação e o Manual Brasileiro de Acreditação.

Todo esse trabalho tem tido o reconhecimento dos mais diversos setores da sociedade brasileira. Entre eles figuram empresas midiáticas do porte da Rede Globo, Jornal O Globo e revista Istoé, que publicaram reportagens citando a Santa Casa de Maceió como referência em gestão e em sustentabilidade financeira.

A Santa Casa de Maceió também tem recebido o reconhecimento de entidades como o Instituto Qualisa de Gestão; a Organização Nacional de Acreditação; a Associação Nacional de Hospitais Privados (do qual a Santa Casa de Maceió é membro titular); o Unicef (que concedeu o título de Hospital Amigo da Criança ao Hospital Nossa Senhora da Guia, pertencente a Santa Casa) e os ministérios da Educação e da Saúde (que reconheceram a Santa Casa de Maceió como Hospital de Ensino).

A Mesa Administrativa da Santa Casa de Maceió, recém-eleita, é liderada pelo provedor Dr. Humberto Gomes de Melo e marca a continuidade de sucesso administrativo, na história da maior instituição hospitalar de Alagoas e uma das maiores do Nordeste.

Hoje, 30 de abril de 2018, exatos dois anos do falecimento do desembargador James Magalhães de Medeiros, seus escritos continuam atuais, porque a Santa Casa de Misericórdia de Maceió continua merecedora de todos os aplausos possíveis e imagináveis.

Bom dia... 30/04/2018


domingo, 29 de abril de 2018

Papa Francisco: "O Céu é o Encontro com Jesus".


Papa Francisco
Com Informações
Vatican News e Gaudium Press

O
 Papa Francisco comentou em sua homilia na última sexta-feira (27/04), na capela da Casa Santa Marta, o trecho dos Atos dos apóstolos que traz o discurso de São Paulo na sinagoga de Antioquia.

No trecho da primeira leitura, Paulo diz que os habitantes de Jerusalém, e os seus chefes não reconheceram Jesus. Mas Ele ressuscitou depois de morto. E conclui:

"Nós vos anunciamos que a promessa que Deus fez aos antepassados,
Ele a cumpriu para nós, seus filhos, quando ressuscitou Jesus".

CONFIAVAM NA PROMESSA, FIDELIDADE DE DEUS
Francisco comentou que, tendo no coração esta promessa de Deus o povo pôs-se em caminho com a segurança de saber que era o "povo eleito".

O povo, com frequência infiel, "confiava na promessa, porque sabia que Deus é fiel". Por isso ia avante, confiante na fidelidade de Deus.

ESTAMOS EM CAMINHO... PARA O CÉU
Também nós estamos em caminho, afirmou Francisco. "Sim, em caminho: mas em caminho para onde?" - "Sim, para o céu!" - "E o que é o céu?". E ali começamos a escorregar nas respostas, não sabemos bem como dizer "o que é o céu". E muitas vezes pensamos num céu abstrato, um céu distante, um céu... sim, ali se está bem. Alguns pensam: "Mas será um pouco entediante estar ali toda a eternidade?".

Não: o céu não é isso. Nós caminhamos rumo a um encontro: o encontro definitivo com Jesus. O céu é o encontro com Jesus. E será um encontro que nos fará alegrar para sempre, afirmou Francisco, "Jesus, Deus e homem; Jesus, em corpo e alma, nos espera".

Devemos pensar nisto, continuou o Santo Padre: "Eu estou caminhando na vida para encontrar Jesus. E o que faz Jesus enquanto isso?

Ele não está sentando me esperando, mas, como diz o Evangelho, trabalha para nós. Ele mesmo diz: ‘Tende fé em mim também', ‘Vou preparar um lugar para vós'".

"E qual é o trabalho de Jesus? A intercessão. A oração de intercessão", ensinou o Papa.

Jesus reza por mim, por cada um de nós. Mas isso devemos repeti-lo para nos convencer: Ele é fiel e Ele reza por mim. Neste momento.

EU REZO POR TI
Francisco recordou as palavras de Jesus na Última Ceia, quando promete a Pedro: "Eu rezarei por ti". "O que ele disse a Pedro diz a todos nós: ‘Eu rezo por ti'".

E cada um de nós deve dizer: "Jesus está rezando por mim", está trabalhando, está preparando aquele lugar. E Ele é fiel; Ele é fiel: o fará porque prometeu. O céu será este encontro, um encontro com o Senhor que foi ali preparar o lugar, o encontro com cada um de nós. E isso nos dá confiança, faz crescer a confiança.

JESUS SACERDOTE
Jesus é o sacerdote intercessor até o final do mundo, lembrou o Papa, que concluiu: "Que o Senhor nos dê esta consciência de estar em caminho com esta promessa. O Senhor nos dê esta graça: de olhar para o alto e pensar: ‘O Senhor está rezando por mim' ".

Bom dia... 29/04/2018


sábado, 28 de abril de 2018

São Luís Maria Grignion de Montfort


 
São Luís Maria Grignion de Montfort
Ir. Juliane Vasconcelos Almeida Campos, EP

P
uro como um Anjo, zeloso como um Apóstolo, sofredor como um penitente, foi ele o incansável missionário do amor a Jesus, por meio de Maria, na previsão de uma plêiade de almas abrasadas que viriam em tempos futuros.

A Igreja comemora a festa deste Herói da Fé neste dia 28 de abril.

ESTAMOS FALANDO DE SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT
Corria o ano de 1716. A missão em Saint-Laurent-sur-Sèvre - que seria a última! - começara em princípios de abril. Consumido pelo trabalho, o dedicado pregador foi São Luís Maria Grignion de Montfort - St-Laurent-Sur-Sevre - França.jpgacometido por uma pleurisia aguda, mas não cancelou o sermão prometido para a tarde da visita do Bispo de La Rochelle, Dom Étienne de Champflour, em 22 de abril, no qual falou sobre a doçura de Jesus. Contudo, teve de ser levado do púlpito quase agonizante...

Passados alguns dias, pressentindo a morte que já previra para aquele ano, ele pediu que, quando o pusessem no ataúde, lhe fossem mantidas no pescoço, nos braços e nos pés as cadeias que usava como sinal de escravidão de amor à Santíssima Virgem. Em 27 de abril, o enfermo ditou seu testamento e legou sua obra missionária ao padre René Mulot.

A manhã seguinte parecia anunciar o momento derradeiro. Na mão direita segurava o Crucifixo indulgenciado pelo Papa Clemente XI e na esquerda, uma imagenzinha de Maria que sempre o acompanhara, os quais osculava e contemplava com enorme piedade. Pela tarde, o moribundo parecia travar sua luta extrema contra um inimigo invisível: "É em vão que tu me atacas. Eu estou entre Jesus e Maria. Deo gratias et Mariæ. Cheguei ao fim da minha carreira: pronto, não pecarei mais!". Ao anoitecer, entregou sua alma a Deus, com apenas 43 anos de idade. Milhares de pessoas vieram venerar os restos mortais de seu apóstolo e Dom Champflour afirmou haver perdido "o melhor sacerdote da diocese". Este era São Luís Maria Grignion de Montfort, um "padre que vivera com a pureza dum Anjo, trabalhara com o zelo dum Apóstolo e sofrera com o rigor dum penitente".

Muito difundida é sua doutrina mariana. Sem embargo, menos conhecida é sua vida, tão fecunda apesar de curta, da qual poderemos contemplar alguns breves traços.

ESCOLHIDO DESDE A INFÂNCIA
Nasceu ele a 31 de janeiro de 1673, na cidade bretã de Montfort-La-Cane - hoje Montfort-sur-Meu -, no seio de uma numerosa família com 18 filhos. "O povo de Bretanha entrega-se por completo; é uma raça duma só peça", e Luís herdou este vigor de espírito. Seus pais, Jean-Baptiste Grignion e Jeanne Robert, o levaram a pia batismal no dia seguinte de ter visto a luz, na Igreja paroquial de Saint-Jean.

Quando ainda muito menino, a família se instalou na propriedade do Bois-Marquer, em Iffendic. A velha igreja desta cidade foi o cenário de suas primeiras orações e o berço de sua ardorosa devoção ao Santíssimo Sacramento. Ali fez a Primeira Comunhão e passava horas em recolhimento.

Seu espírito apostólico manifestava-se desde a infância, ao encorajar a mãe nas dificuldades domésticas ou na atenção a seus irmãos, em especial à pequena Luísa, que veio a ser religiosa beneditina do Santíssimo Sacramento, com sua ajuda.

Conheceu o amor a Maria Santíssima no coração de sua mãe, e este amor se tornou a via montfortiana por excelência. Na verdade, "a Santíssima Virgem foi a primeira a escolhê-lo e a elegê-lo um dos seus maiores favoritos, e gravara na sua jovem alma a ternura tão singular que ele sempre Lhe votara".

NO COLÉGIO DOS JESUÍTAS DE RENNES
Aos 12 anos, seus pais o enviaram a Rennes, para estudar no Colégio São Tomás Becket, dirigido pelos jesuítas, famoso por seu curso de humanidades e por formar seus educandos no autêntico espírito cristão. O ensino era gratuito e seus mais de mil estudantes não eram internos, por isso Luís Maria hospedou-se com um tio, o Abade Alain Robert de la Vizuele.

Excelente aluno, dedicava-se ao estudo com afinco, compreendendo sua importância para a vida espiritual e o futuro ministério que tinha em vista. Seu espírito recolhido o afastava do bulício da multidão ruidosa dos rapazes e sua distração era visitar as igrejas da cidade onde havia belas e atraentes imagens de Maria Santíssima. Não há dúvida de que esta terna e sincera devoção foi à salvaguarda de sua pureza e abrigo seguro contra as solicitações do mundo.

Ali conheceu Jean-Baptiste Blain e Claude-François Poullart des Places, dos quais se tornou grande amigo. Mais tarde, eles lhe serão valiosos apoios em suas fundações. Pertencia à Congregação Mariana do colégio e, com Poullart des Places, organizou uma associação em honra da Santíssima Virgem, visando fazer crescer a dedicação a Ela, "encorajar os seus colegas ao fervor e fazer brilhar aos olhos das almas jovens as belezas do sacerdócio e do apostolado". Blain, depois da morte do Santo, escreveu suas recordações pessoais e memórias, tornando-se uma das principais fontes históricas da vida dele.

Muito caritativo, inúmeras vezes se fez esmoler para ajudar algum condiscípulo mais pobre do que ele; atitude que se repetiu, com frequência, ao longo de sua vida missionária. "Só falava de Deus e das coisas de Deus; só respirava o zelo pela salvação das almas; e, não podendo conter o seu coração inflamado no amor de Deus, só procurava aliviá-lo, através de testemunhos efetivos de caridade em relação ao próximo".

Apesar do intenso trabalho ao qual se dedicava, São Luís encontrava tempo para desenvolver seu veio artístico: esculpia com talento, em especial imagens de Maria, pintava, compunha melodias e poemas.

Em Rennes sentiu o chamado definitivo ao estado eclesiástico. Conta um de seus companheiros - a quem ele confidenciara esta graça - ter sido aos pés de Nossa Senhora da Paz, na igreja dos carmelitas, que conheceu sua vocação sacerdotal, "a única que Deus lhe indicava, por intermédio da Virgem Maria".

EM PARIS, O SEMINÁRIO
Em 1693 dirigiu-se a Paris, a fim de preparar-se para o sacerdócio. Deixava para trás a terra natal e a família, e quis percorrer a pé os mais de 300 km que o separavam da capital francesa. Este será invariavelmente seu modo de viajar, seja em peregrinação, seja em missão.

Já nesse remoto século XVII, Paris exercia sobre seus visitantes fascinante atração. Ao entrar na cidade, o primeiro sacrifício feito por Luís foi o da mortificação da curiosidade: estabeleceu um pacto com seus olhos, negando-lhes o lícito prazer de contemplar as incomparáveis obras de arte parisienses. Assim, quando partiu, dez anos depois, nada havia visto que satisfizesse seus sentidos.

Começou os estudos no seminário do padre Claude de la Barmondière, destinado a receber jovens pouco afortunados. Com a morte deste religioso, Montfort se transferiu para o Colégio Montaigu, dirigido pelo padre Boucher. A alimentação ali era muito deficiente e suas penitências tão austeras que lhe abalaram a saúde e o levaram ao hospital. Todos acreditavam que morreria, tão grave era seu estado, mas ele nunca duvidou da cura, pois sentia não haver chegado sua hora. E, de fato, logo se restabeleceu.

Quis a Divina Providência obter-lhe os meios para terminar os estudos no Pequeno Seminário de Saint-Sulpice. O diretor daquela instituição, conhecedor da fama de santidade do seminarista, "encarou como uma grande graça de Deus a entrada deste jovem eclesiástico na sua casa. Para prestar a Deus ações de graças, mandou rezar o Te Deum". Entretanto, tratava-o com muito rigor, para pôr à prova suas virtudes; começou então para nosso Santo uma via de humilhações, que se prolongou ao longo de toda a sua vida.

POR FIM, SACERDOTE!
Executava com a maior perfeição possível as funções que lhe eram designadas, quer nos serviços mais humildes ou nos estudos, quer na ornamentação da igreja do seminário ou como cerimoniário litúrgico, no serviço do altar.

Suas primeiras missões remontam a esta época. Algumas eram feitas internamente, para aumentar a devoção de seus confrades; outras consistiam em aulas de catecismo ou pregações, para pessoas de fora do seminário. "Possuía um raro talento para tocar os corações": às crianças falava de Deus, da bondade de Maria, dos Sacramentos que precisavam receber; aos adultos pedia que santificassem seu labor com as mentes postas no Céu.

Esforçava-se por comunicar a prática da escravidão de amor a Nossa Senhora a seus condiscípulos e estabeleceu no seminário uma associação dos escravos de Maria. Todavia, não faltaram opositores que o taxaram de exagerado. Aconselhado pelo padre Louis Tronson, superior de Saint-Sulpice, passou a designar esses devotos como "escravos de Jesus em Maria", e vai ser esta expressão que mais tarde ficará consignada no seu Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem.

"À medida que a aurora do sacerdócio despontava no horizonte, Luís Maria sentia mais do que nunca a necessidade de separar-se da Terra a fim de se recolher completamente em Deus". Foi ordenado em 5 de junho de 1700, dia de Pentecostes, e quis celebrar sua primeira Missa na capela de Maria Santíssima, situada atrás do coro da Igreja de Saint-Sulpice, tantas vezes ornada por ele durante os anos passados no seminário. Blain, seu amigo e biógrafo, resumiu em quatro palavras suas impressões sobre aquele espetáculo sobrenatural: era "um anjo no altar".

DE NANTES A POITIERS
O espírito sacerdotal do padre Luís Maria sentia insaciável sede de almas e as missões em terras distantes o atraíam sobremaneira. Perguntava-se: "Que fazemos nós aqui [...] enquanto há tantas almas que perecem no Japão e na Índia, por falta de pregadores e catequistas?".

No entanto, tinha Deus outros planos para seu missionário naquele momento. Designado para exercer o ministério na comunidade de eclesiásticos Saint-Clément, em Nantes, na qual se pregavam retiros anuais e conferências dominicais para o clero da região, dirigiu-se para onde o mandava a obediência. Seu coração, porém, se dividia entre o desejo da vida oculta e recolhida e o apelo às missões populares, que tanto o atraíam.

Uma feliz experiência missionária em Grandchamps, nos arredores de Nantes, foi decisiva para tornar patentes seus dotes como evangelizador. Algum tempo depois, o Bispo de Poitiers o chamou para trabalhar no hospital desta cidade, pois uma curta permanência sua anterior por lá deixara tal rastro sobrenatural, que os pobres internos o solicitavam para capelão. Foi também nesta cidade que conheceu Catherine Brunet e Maria Luísa Trichet, com quem fundaria mais tarde, em Saint-Laurent-sur-Sèvre, as Filhas da Sabedoria.

BÊNÇÃO PAPAL: MISSIONÁRIO APOSTÓLICO
A ação missionária de São Luís Grignion acabou por despertar ciúmes, intrigas e até perseguições por parte dos que o deveriam defender, obrigando-o a regressar a Paris. Iniciava-se, assim, um longo caminho de dor que haveria de continuar nas subsequentes missões por ele empreendidas. A autenticidade de suas palavras e de seu exemplo despertavam tantas incompreensões e calúnias que o missionário decidiu peregrinar a Roma, a pé, a fim de procurar junto ao Papa uma luz que desse o rumo de sua vida. "Tanta dificuldade em fazer o bem em França e tanta oposição de todos os lados" o levaram a pensar se não seria mesmo o caso de exercer seu ministério num outro país.

Recebido com extrema bondade por Clemente XI, este o encorajou a continuar exercendo seu trabalho missionário na própria França. E para "lhe conferir mais autoridade, deu ao padre Montfort o título de Missionário apostólico". A pedido do Santo, concedeu o Pontífice indulgência plenária a todos os que osculassem seu Crucifixo de marfim, na hora da morte, "pronunciando os nomes de Jesus e Maria com contrição dos seus pecados".

Fortalecido pela bênção papal e com o Crucifixo afixado no alto do cajado que o acompanhava nas missões, Grignion voltou às terras gaulesas e, impertérrito, sem nada temer das perseguições ou contrariedades, continuou semeando por toda parte o amor à Sabedoria Eterna e a Nossa Senhora, e a excelência do Santo Rosário. Converteu populações inteiras, mudou costumes licenciosos no campo, nas cidades e aldeias, levantou Calvários, restaurou capelas e combateu o espírito jansenista, tão disseminado na época.

No entanto, foi pouco compreendido por muitos eclesiásticos seus contemporâneos e viu desencadear-se sobre si uma onda de interdições. Prosseguia sua missão, sem desanimar, sendo acolhido pelos Bispos das Dioceses de Luçon e La Rochelle, na Vandeia, região que reagirá, no fim daquele século, à impiedade difundida pela Revolução Francesa, sem dúvida como fruto de sua semeadura.

OLHAR POSTO NO FUTURO...
Seria um erro, contudo, considerar São Luís Grignion apenas como um excelente missionário na França do século XVIII. Com o olhar posto no futuro, sua fogosa alma tinha por meta estender o Reino de Cristo, por meio de Maria, e para isto servia-se de uma forma de evangelização que hoje não poderia ser mais atual: "ir de paróquia em paróquia, catequizar os pequeninos, converter os pecadores, pregar o amor a Jesus, a devoção à Santíssima Virgem e reclamar, em voz alta, uma Companhia de missionários a fim de abalar o mundo através
do seu apostolado".

Num élan profético, previu ele a vinda de missionários que, por seu inteiro abandono nas mãos da Virgem Maria, satisfariam os mais íntimos anseios do Coração de seu Divino Filho: "Deus quer que sua Santíssima Mãe seja agora mais conhecida, mais amada, mais honrada, como jamais o foi". Não obstante, se perguntava: "Quem serão estes servidores, escravos e filhos de Maria?". Serão eles, afirmava, "os verdadeiros apóstolos dos últimos tempos, aos quais o Senhor das virtudes dará a palavra e a força para operar maravilhas". Antevia que seriam inteiramente abrasados pelo fogo do amor divino: "sacerdotes livres de vossa liberdade, desapegados de tudo, sem pai, sem mãe, sem irmãos, sem irmãs, sem parentes segundo a carne, sem amigos segundo o mundo, sem bens, sem obstáculos, sem cuidados, e até mesmo sem vontade própria".

São Luís Maria Grignion de Montfort não foi senão o precursor desses apóstolos dos últimos tempos. Modelo vivo dos ardorosos missionários que prognosticava, manteve a certeza inabalável de que, quando se conhecesse e se praticasse tudo quanto ele ensinava, chegariam indefectivelmente os tempos que previa: "Ut adveniat regnum tuum, adveniat regnum Mariæ" - Para vir o Reino de Cristo, venha o Reino de Maria. Reino este que, em germe, já habitava em sua alma, tornando-o o primeiro apóstolo dos últimos tempos.

Bom dia... 28/04/2018


quinta-feira, 26 de abril de 2018

O inimigo avança


Oscar Schmidt

T
odos os dias vemos algo que nos assusta ou nos comove ou nos escandaliza: uma nova legislação aceitando o aborto, esse crime abominável, ou um novo avanço da negação da distinção clara entre homem e mulher, promovendo a livre escolha de gênero por parte das pessoas, ou talvez uma nova iniciativa contra a liberdade religiosa, atacando os que desejam fazer de Deus o centro de suas vidas. Não falta um novo país tomado pelo ateísmo militante, esse tipo de liderança política que procura matar Deus na sociedade governada. Ou uma nova escalada de jovens tomados pelo álcool ou pelas drogas. Ao nosso redor, publicidade que promove toda espécie de perversões como modelo de vida.

Ser pai nestes tempos faz alguém se sentir "escravo de seus próprios filhos", já que esse é o exemplo que eles recebem em suas escolas ou nas casas de seus amigos. Como educá-los num modelo que é diametralmente oposto ao que o mundo lhes propõe? Alguém desejaria sentar-se para falar com os pais dos amigos de nossos filhos ou com seus mestres e professores, para tentar "mudar-lhes o entendimento do que a vida significa na realidade". Porém, a maré de "ideias distorcidas" é tão forte que ele costuma encontrar-se em séria desvantagem numérica e imediatamente sujeito ao apelido de "recalcitrante fanático religioso" ou qualquer outro qualificativo similar. Em todo caso, algumas passadas de olhos basta para compreender como nos veem em linhas gerais.

Nestes tempos, ler o jornal ou olhar as notícias produz sofrimento e angústia. Sem dúvida, há uma pergunta que dói muito mais que as notícias horrorosas que nos invadem. Quantos se dão conta do que realmente está acontecendo? Quantos crêem que muitas dessas coisas são normais ou até boas, ou quem sabe fruto do progresso do mundo? O mais triste é que a resposta é "Muitos!".

Quantas mães promovem o álcool em seus filhos dizendo que "nessa idade eu também fazia isso, faz parte da loucura da juventude"? Ou quantos veem com bons olhos que se elimine a Deus da vida da sociedade com o argumento de que "tem-se que deixar que cada um decida o que fazer com sua vida privada"? Na mesma linha, quantas famílias evitam o batismo de seus filhos "porque eles devem exercer sua livre opção quando adultos"? Eu me pergunto: a decisão de trazê-los ao mundo, quem a tomou? Acaso não foram seus pais?

A confusão avança a passos gigantescos e é tão destrutivo seu poder que a deterioração do mundo é bem-vinda de braços abertos pela maioria da humanidade.

O que devemos fazer? Acaso ser simples espectadores desta tragédia que empurra o mundo barranco abaixo para um precipício de declive duvidoso e mais duvidosa ainda profundidade? Definitivamente, não. Nós que cremos em Deus e temos a formação necessária para advertir sobre o que ocorre, devemos agir.

João Paulo II o disse claramente: "A IGREJA É MISSIONÁRIA E OS CRISTÃOS DEVEM VIVER UMA VIDA DE MISSÃO". Este princípio básico que impulsiona nossa vida como membros do Corpo Místico de Cristo, pode ser definido de modo tão simples como o de embarcarmos na Nova Evangelização. A difusão do Evangelho e da Boa Nova de Jesus Cristo como Salvador da humanidade é nossa causa de vida, é o sangue que corre pelas veias da Igreja. A missão é pessoal e indelegável; cada um de nós tem esse mandato impresso na vontade de Deus para nossa passagem por esta vida.

A deterioração do mundo, tão visível e em contínuo movimento, não é desculpa nem explicação para que a árdua missão da evangelização se detenha. É o contrário. Deus nos chama a uma Nova Evangelização como resposta a este ataque à essência da fé. Recordo aqueles tempos em que a queda do muro de Berlim jogou por terra o sonho de uma "sociedade sem Deus" que o modelo comunista havia imposto a fogo e terror durante décadas.

Olhando retrospectivamente, penso que muitos de assumimos que esses ataques à liberdade religiosa iam acabar no esquecimento. Não. O mesmo "espírito destruidor de almas e corruptor de consciências" encontrou o modo de atacar de maneiras muito mais sutis, porém sempre com o mesmo propósito.

A Nova Evangelização é a resposta que devemos dar, porque Jesus é a única solução a todas as nossas necessidades. Sem Jesus Cristo, nada se consegue, a vida transcorre vazia e sem propósito. Isto não quer dizer impor aos demais nossas convicções religiosas a ferro e fogo, senão o contrário. Deus não obriga a ninguém, muito menos podemos nós obrigar. A Evangelização deve se realizar com a suave "luva de amor", de tal modo que nossa ação missionária convença as almas de que Jesus transformou o nosso coração nos deu a paz e alegria mesmo no meio das inclemências da vida.

O amor de Deus é que fará com que as pessoas compreendam o horror do aborto, a miséria da alma sujeita ao álcool ou às drogas, a inviolabilidade do princípio de que "um homem é um homem e uma mulher é uma mulher", tal como Deus os criou, e a transcendência de defender a liberdade religiosa das pessoas, sem limitar sua fé nem sua vida espiritual. A paz no mundo não se conseguirá sem que voltemos nossos olhos para o Criador, para quem nos deu tudo para que sejamos felizes, não para que nos matemos entre disputas intermináveis.

O inimigo avança a passo largo, porém não somos alienados do que acontece, senão, pelo contrário, somos atores centrais neste cenário que é o mundo.

Deus espera muito de Seu povo porque se não formos nós a ajudá-Lo a lançar Luz e Verdade, como se fará visível para esta humanidade o Caminho para a Vida.


AUTORIA – Oscar Schmidt
TRADUÇÃO LIVRE – Ammá Maria Ângela de Melo Nicolleti, NA
FONTE – www.es.catholic.net

Bom dia... 26/04/2018


terça-feira, 24 de abril de 2018

Justiça de São Paulo manda restabelecer contrato da PPP da iluminação




Com informações do G1-SP

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 desembargador Eduardo Gouveia, do Tribunal Justiça de São Paulo, determinou na terça-feira (24) o restabelecimento do contrato da parceria público-privada (PPP) da Iluminação da Prefeitura de São Paulo. A decisão foi tomada com base em recurso apresentado pela própria Prefeitura contra a suspensão do contrato.

A Justiça tinha suspendido, no último dia 12/Abril, o contrato da PPP da iluminação assinado com as empresas integrantes de consórcio vencedor de concorrência internacional para serviços de iluminação na cidade. A decisão tinha sido dada após vazamento de conversas entre funcionários do Departamento de Iluminação Pública (Ilume) que indicam possível pagamento de propina.

Nesta terça-feira (24), o desembargador Eduardo Gouveia entendeu "não ser recomendável à interrupção da execução de serviço essencial de relevante interesse público, ante o perigo de dano de difícil reparação se concedido o pedido somente ao final".

"Alega a Prefeitura de SP, em síntese, perigo de dano irreparável se mantida a decisão atacada e a impossibilidade de firmar contrato emergencial sem prejuízo ao Erário. Requer a concessão do efeito suspensivo da decisão agravada e, ao final, serem restabelecidos em definitivo os serviços de manutenção da rede de iluminação pública do Município de São Paulo com o provimento recursal", diz o desembargador Eduardo Gouveia na decisão.

SUSPENSÃO RECOMENDADA POR MP E CONTROLADORIA
A suspensão do contrato tinha sido recomendada pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas do Município (TCM). Antes da decisão judicial que suspendia o contrato, no entanto, a Prefeitura de São Paulo, então sob o comando de João Doria (PSDB), manteve o serviço de iluminação pública conforme estava previsto.

Naquela ocasião, a gestão municipal informou que iria aguardar o término das investigações da Controladoria para tomar uma decisão final sobre a manutenção ou não da PPP.