domingo, 27 de outubro de 2019

Reflexão Litúrgica do 30º Domingo do Tempo Comum – O FARISEU E O PUBLICANO




Dom Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília

N
o último domingo, o Evangelho nos convidava a “rezar sempre e nunca desistir” (Lc 18,1). Hoje, nós continuamos a refletir sobre como rezamos, escutando a parábola contada por Jesus para os que “confiavam na sua própria justiça e desprezavam os outros” (Lc 18,9). Jesus fala de dois homens que foram ao templo para orar. Um pertencia ao grupo religioso dos fariseus. Eles procuravam cumprir rigorosamente os preceitos da Lei e, por isso, se achavam superiores aos demais nos campos moral e religioso. O outro era um cobrador de impostos, também denominado “publicano”. Os cobradores de impostos tinham fama de desonestos; eram colaboradores do Império Romano e considerados impuros pelos fariseus. Os dois homens rezavam de modo muito diferente um do outro. O fariseu se julgava justo, merecedor da salvação, achando-se superior ao outro. O publicano, ao contrário, suplicava humildemente a misericórdia de Deus, dizendo: “meu Deus, tem piedade de mim, que sou pecador” (Lc 18, 14).

O erro do fariseu foi achar que as suas boas obras fossem a causa da sua justificação. Ele fez a lista dos seus méritos. Quando sinceras e vividas na humildade, as nossas boas obras são a nossa resposta ao amor de Deus e a nossa acolhida da salvação, como dom gratuito de Deus. O fariseu se achava tão bom que não precisava da salvação. O pecador que se reconhece como tal, como fez o publicano, acolhe a salvação, pois Jesus veio para chamar os pecadores (cf Lc 5,32). Isto exige, além da fé, a humildade, cuja importância é tão grande que a parábola se conclui com uma séria advertência: “quem se eleva será humilhado e quem se humilha será elevado” (Lc 18,14).

Estamos concluindo a leitura da segunda Carta a Timóteo, meditando um trecho comovente considerado como um testamento de S. Paulo. Ele fala de sua vida como oferta a Deus, mencionando as dificuldades que superou, por graça de Deus, e colocando-se em atitude de serena espera do término de sua missão. A atitude de S. Paulo é muito diferente daquela do fariseu (2 Tm 4,17). A confiança dele não está nas obras que realizou, mas brota da fé em Cristo.

Neste domingo conclui-se o Sínodo Especial para a Amazônia. Com ação de graças, humildade e confiança em Deus, nós continuamos a rezar pela Igreja na Amazônia, em comunhão com o Papa Francisco, procurando ser mais solidários com as suas comunidades e com os missionários.

Bom dia... 27/10/2019


sábado, 19 de outubro de 2019

Reflexão Litúrgica do 29º Domingo do Tempo Comum – REZAR SEMPRE!




Dom Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília

A
 Palavra de Deus nos leva, hoje, a refletir sobre a oração em nossa vida. O Evangelho proclamado ressalta a necessidade da perseverança na oração. No início, São Lucas explica que “Jesus contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre e nunca desistir” (Lc 18,1). A viúva que recorre ao juiz, com insistência, clamando por justiça, torna-se modelo da perseverança na oração para os discípulos de Cristo. Além disso, destaca-se a resposta de Deus, que ouve a prece perseverante dos “que dia e noite gritam por ele” (Lc 18,7). A parábola se conclui com uma interrogação de Jesus que nos faz pensar na importância da fé para a oração: “O Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?” (Lc 18,8). A oração brota do coração e dos lábios de quem crê em Deus e, por isso, nele confia e espera.

O livro do Êxodo apresenta o exemplo de constância na oração deixado por Moisés. Ele intercede pelo povo que passava por grande dificuldade a caminho da nova terra. As suas mãos levantadas em oração eram condição para alcançarem a vitória. “Enquanto Moisés conservava a mão levantada, Israel vencia” (Ex 17,11). Quando ele não conseguia mais conservar as mãos erguidas, foram ajudá-lo. Quando necessário, nós também devemos ajudar os irmãos a perseverarem na oração e na vida cristã.

A verdadeira oração é acompanhada da vivência da Palavra de Deus. A segunda Carta de São Paulo a Timóteo destaca a importância da Sagrada Escritura. Ela tem “o poder de comunicar a sabedoria”, sendo “útil para ensinar, para argumentar, para corrigir e para educar na justiça” (2Tm 3,15-16). Por isso, a Palavra deve ser proclamada com insistência.

Neste espírito de oração confiante e perseverante, nós rezamos o Salmo 120, afirmando: “Do Senhor é que me vem o meu socorro, do Senhor que fez o céu e fez a terra”.

Continuamos a viver o Mês Missionário Extraordinário, celebrando o Dia Mundial das Missões. Rezemos pelos missionários presentes no mundo inteiro. Como sinal de comunhão e de apoio aos missionários, realiza-se hoje, em todo o mundo, a coleta para as Missões. Reze e participe da coleta missionária. Seja também missionário, na vida cotidiana. O tema deste Mês Missionário nos recorda que somos “batizados e enviados”.

Bom dia... 19/10/2019


sábado, 12 de outubro de 2019

Reflexão Litúrgica do 28º Domingo do Tempo Comum - FÉ E GRATIDÃO




Dom Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília

N
ós temos muito a aprender com a atitude dos dez leprosos, assim como do sírio Naamã. Eles buscam a Deus!  “Jesus, mestre, tem compaixão de nós!” (Lc 17,13) é o grito que os dez dirigem a Jesus. A cura de Naamã, no tempo do profeta Eliseu, é também um forte sinal da busca sincera por Deus da parte daquele homem. Em ambos os casos, o poder de Deus se manifesta, mas a atitude de fé é fundamental. A narrativa do Evangelho se conclui com a palavra de Jesus àquele que retornou para agradecer: “Levanta-te e vai! Tua fé te salvou” (Lc 17,19). S. Lucas apresenta aquele samaritano como modelo de fé, de gratidão e louvor, tendo já apresentado outro samaritano como modelo de caridade. Semelhante testemunho de fé é destacado na figura de outro estrangeiro, Naamã, o sírio. Os textos meditados ressaltam a gratidão, como consequência da fé e do reconhecimento da ação de Deus. Naamã insiste em retribuir a Eliseu o grande bem recebido. O homem que retornou para agradecer a Jesus é elogiado.

A resposta divina encontra-se no centro da narrativa. A cura é sinal do poder de Deus e de sua compaixão, oferecendo a salvação a todos e manifestando o seu amor aos que mais sofrem, como os leprosos ou os estrangeiros. As consequências da cura alcançada são ressaltadas.  Naamã declara que não ofereceria mais sacrifícios a outros deuses, mas somente ao Senhor (2Rs 5,17). O samaritano glorifica a Deus, prostra-se diante de Jesus com fé e gratidão, alcançando a graça de ser salvo. S. Lucas destaca que os dez foram curados, mas que o samaritano foi salvo pela fé em Cristo.

Nós também glorificamos a Deus, recorrendo ao belo hino da segunda carta de S. Paulo a Timóteo, que nos motiva a viver na fidelidade a Cristo. Neste domingo, nós bendizemos a Deus pela canonização de Irmã Dulce, na Basílica de São Pedro. Ela é a primeira mulher nascida no Brasil a ser canonizada, tendo testemunhado o seu amor aos pobres e enfermos, ao longo de sua vida, na Bahia. Na mesma ocasião, serão canonizados o Cardeal inglês John H. Newmann, um dos principais intelectuais cristãos do século 19, e outras três religiosas.

Neste mês missionário, rezemos por tantos missionários que doam a sua vida a serviço da Igreja, no Brasil e no Mundo. Sejamos todos missionários, através da oração e do testemunho de vida cristã!

Bom dia... 12/10/2019


sábado, 5 de outubro de 2019

Reflexão Litúrgica do 27º Domingo do Tempo Comum - AUMENTA A NOSSA FÉ!




Dom Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília

O
 Evangelho proclamado inicia-se com um pedido dos apóstolos a Jesus: “Aumenta a nossa fé!” (Lc 17, 5). Diante dos desafios do mundo atual e da nossa fragilidade, sentimos a necessidade de repetir, com os apóstolos: “Aumenta a nossa fé!”. Na vida de cada um, a fé necessita crescer, purificar-se, fortalecer-se e amadurecer. O texto de S. Lucas se conclui com uma afirmação de Jesus que nos pensar na necessidade de vivenciar a fé no dia a dia, a fim de poder dizer: “somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer” (Lc 17,10). Para isso, é fundamental a atitude permanente de servo–discípulo que procura fazer sempre a vontade do Senhor, com fidelidade e humildade. Além disso, pedir a Jesus pelo aumento da fé significa reconhecer humildemente que a fé é dom de Deus e se sustenta pela graça divina. A fé é sempre muito necessária, especialmente quando queremos superar os graves problemas do mundo de hoje.

Na primeira leitura, o profeta Habacuc interpela Deus, esperando a sua intervenção para por fim a violência, a maldade e a discórdia. Em resposta, Deus suscita a esperança e dá a certeza de que não falhará, advertindo para a consequência da iniquidade, que é a morte, e proclamando que “o justo viverá por sua fé” (Hab 1,4). Conforme a segunda leitura, no serviço à comunidade, é preciso viver da fé e da fidelidade, guardando o “precioso depósito” em “matéria de fé e de amor em Cristo Jesus” (2Tm 1,13-14).

Tem início, neste domingo, o Sínodo Especial para a Amazônia, presidido pelo papa Francisco, reunindo, no Vaticano, os bispos e outros representantes da Igreja na Amazônia. Até o dia 27 de outubro, eles estarão refletindo sobre o tema “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. Unidos ao Papa Francisco, acompanhemos o Sínodo com as nossas orações!

Estamos iniciando o Mês Missionário Extraordinário. Todos nós, devemos transmitir a fé, através das palavras e do testemunho de vida. Rezemos pelos missionários! Sejamos missionários!

Bom dia... 05/10/2019