sábado, 29 de agosto de 2020

REFLEXÃO LITÚRGICA DO XXII DOMINGO DO TEMPO COMUM – 30/08/2020



“JESUS RETRIBUIRÁ A CADA UM
DE ACORDO COM A SUA CONDUTA!”

Pe. Leomar Antonio Montagna
Arquidiocese de Maringá – PR

N
a Liturgia deste XXII DOMINGO DO TEMPO COMUM, veremos, na 1ª Leitura (Jr 20, 7-9), o drama interno de alguém que se entrega completamente à atividade profética e sofre hostilidade e perseguição. Frente aos desafios, o profeta Jeremias não encontrou apoio nem na sua família nem na sociedade, sofreu angústia, crise pessoal e pensou em abandonar a sua missão profética. Fácil seria acomodar-se para ganhar o êxito e o aplauso! Os profetas verdadeiros, os cristãos verdadeiros, não costumam ser populares e, frequentemente, terminam mal por denunciar injustiças. O profeta é a figura de Jesus no seu caminho de paixão e de todo cristão que quiser ser consequente com a sua fé. Algumas vezes, o profeta tem a tentação de cair fora ou até de deixar de existir: “Maldito o dia em que nasci! Nem abençoado seja o dia em que minha mãe me deu à luz. Maldito o homem que levou a notícia a meu pai e que o cumulou de felicidade ao dizer-lhe: Nasceu-te um menino! Por que não me matou, antes de eu sair do ventre materno?! Minha mãe teria sido meu túmulo e eu ficaria para sempre guardado em suas entranhas! Por que saí do seu seio? Para só contemplar tormentos e misérias, e na vergonha consumir meus dias?” (Jr 20, 14-17).

Mas, sustentado pela Palavra, não desiste e, pela Palavra, compreende sua missão: “Foi-me dirigida nestes termos a palavra do Senhor: Antes que no seio fosses formado, eu já te conhecia; antes de teu nascimento, eu já te havia consagrado, e te havia designado profeta das nações. Porquanto irás procurar todos aqueles aos quais te enviar, e a eles dirás o que eu te ordenar. Não deverás temê-los porque estarei contigo para livrar-te. Eis que coloco minhas palavras nos teus lábios. Vê: dou-te hoje poder sobre as nações e sobre os reinos para arrancares e demolires, para arruinares e destruíres, para edificares e plantares” (Jr 1, 4-10). Por fim, o profeta percebe que Deus está ao seu lado, amparando-o com sua presença e força, então, sua confiança em Deus permanece inabalável.

Na 2ª Leitura (Rm 12, 1-2), Deus nos faz um apelo: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito”.

No Evangelho (Mt 16, 21-27), apresentamos algumas chaves de leitura para uma melhor compreensão:

1ª) Jesus vai à Jerusalém, isto é, assume o compromisso com a cruz: renúncia, aceitação. Essas são as condições para o seguimento: renunciar a ser o centro de si mesmo ou a buscar o caminho mais fácil, ter medo das consequências. Não fazer como Pedro, que queria um caminho mais fácil, triunfante, vencer a qualquer preço, queria um Jesus bem-sucedido, Jesus do sucesso, com isso, tornou-se um obstáculo ao Reino. Jesus vence essa tentação. Alguns querem seguir Jesus do jeito que pensam, imaginam ou querem, mas não necessariamente devemos oferecer ao povo o que este quer, mas o que precisa.

Alguns querem que toda a Igreja seja reduzida à sua ‘pequena cabecinha’. Sempre comento: “É melhor errar com a Igreja do que querer acertar sozinho”.

2ª) Jesus é o centro: “Convém que Ele cresça e eu diminua”. O mundo e os bens não são o fim último para o ser humano. É preciso renunciar aos apegos, mesmo aos mais afetivos. O mundo se torna menos humano à medida que deixamos de seguir o Cristo, isto é, perdemos o sentido do sobrenatural. A economia, o lucro, não podem comandar tudo, isso levaria a perdas humanas, ecológicas, sociais, espirituais etc.

3ª) Jesus retribuirá a cada um de acordo com sua conduta: O céu ou o inferno começam aqui, na história. O ser humano é o único que sabe e pode antever o seu fim. Mas aqui mesmo, antes de passarmos à vida eterna, há recompensas existenciais importantes quando nos doamos ao que é bom e justo. Quando ajudamos, quando somos generosos, ficamos felizes. Devemos permitir aos outros que, também, nos ajudem. O Senhor espera que façamos o bem nas coisas de nosso dia a dia.

Recentemente, o Papa Francisco assim se expressava, em uma de suas homilias:

Quando tocamos em algo, deixamos as nossas impressões digitais. Quando tocamos as vidas das pessoas, deixamos nossa identidade. A vida é boa quando você está feliz; mas a vida é muito melhor quando os outros estão felizes por causa de você. Seja fiel ao tocar os corações dos outros, seja uma inspiração. Nada é mais importante e digno de praticar do que ser um canal das bênçãos de Deus. Nada na natureza vive para si mesmo. Os rios não bebem sua própria água; as árvores não comem seus próprios frutos. O sol não brilha para si mesmo; e as flores não espalham sua fragrância para si. Jesus não se sacrificou por si mesmo, mas por nós. Viver para os outros é uma regra da natureza. Todos nós nascemos para ajudar uns aos outros. Não importa quão difícil seja a situação em que você se encontra; continue fazendo o bem aos outros.

Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.

Bom dia... 29/08/2020


sábado, 22 de agosto de 2020

REFLEXÃO LITÚRGICA DO XXI DOMINGO DO TEMPO COMUM – 23/08/2020


 

“TU ÉS O MESSIAS, O FILHO DO DEUS VIVO!”

Dom José Aparecido Gonçalves de Almeida
Arquidiocese de Brasília – DF

N
este quarto domingo do mês de agosto, a nossa Igreja nos convida a rezar pela vocação dos fiéis leigos. O Concílio Vaticano II ensina que “aos leigos pertence por vocação própria buscar o reino de Deus tratando e ordenando segundo Deus os assuntos temporais” (LG 31). Os leigos participam segundo a própria vocação da única missão evangelizadora e salvífica da Igreja.

O profeta Isaías vê na destituição de Sobna e na nomeação de Eliacim como superintendente real a ocasião para falar do modo como Deus, por sua providência, se faz o verdadeiro guia do seu povo ao longo da história. Este episódio permite ver que a história de Israel é na verdade história de salvação do gênero humano. Ao entregar a chave da casa de Davi a Eliacim, Deus o reveste de autoridade, para conduzir como um pai os habitantes de Judá. A autoridade humana, como é a de Eliacim, iluminada pela fé pode governar com justiça e expressar a paternidade de Deus: “ele será um pai para os habitantes de Jerusalém e para a casa de Judá” (Is. 22,21).

Mateus nos permite ver na “chave de Davi” entregue a Eliacim para governar a Jerusalém da terra uma antevisão das “chaves do reino dos Céus” (Mt. 16,19). Estas chaves, Jesus as entrega a Pedro para governar com autoridade a Igreja constituída sobre a rocha, que é o próprio Cristo. Jesus torna Pedro participante da Sua missão de Pastor: “Tu és Pedro; sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt. 16,18). Aqui se vê o papel proeminente de Pedro entre os Doze e junto com eles. Não se trata de um papel de mediação, pois somente Jesus, o Filho, é Mediador. Mas Pedro, e com ele os demais apóstolos, são o fundamento da Igreja do Deus vivo. Se esta missão de Pedro comporta algo de único no tempo, é necessário alguns aspectos continuem através dos séculos na Igreja, mediante a sucessão apostólica. A missão de Pedro será transmitida aos seus sucessores em Roma, pois lá, na colina Vaticana, ele testemunhou a fé derramando o sangue por amor a Cristo.

Mas Pedro recebeu esta missão única somente após ter declarado a Jesus: “Tu és o Messias, o filho do Deus vivo”. Pedro proclamou em nome próprio e da Igreja a fé na divindade de Jesus, superando as muitas opiniões, que ontem como hoje, querem Jesus à condição de um homem bom, exemplar, mas simplesmente homem. Jesus louva Pedro: “Feliz de ti, Simão, Filho de Jonas, porque não foram a carne e o sangue que to revelaram, mas sim meu Pai que está nos Céus”.

A vocação dos fiéis leigos é, portanto, dar na vida quotidiana o testemunho da “profundidade da riqueza, da sabedoria e da ciência de Deus” (Rm. 1,33) que revelou a Pedro que Jesus é o Messias, o filho do Deus vivo.

Bom dia... 22/08/2020


terça-feira, 18 de agosto de 2020

Cônego Manoel Henrique comemora 47 anos de sacerdócio

Cônego Manoel Henrique de Melo Santana


"O Sacerdote é o amor do Coração de Jesus.
Quando virdes o padre, pensai em
Nosso Senhor Jesus Cristo.”
São João Maria Vianney

O
 nosso querido PADRE MANOEL HENRIQUE DE MELO SANTANA (atualmente, Cônego), que por muitos anos foi assessor eclesiástico atuante do MOVIMENTO FAMILIAR CRISTÃO EM ALAGOAS, celebrou no último dia 15 de agosto, seu 47º ANIVERSÁRIO DE ORDENAÇÃO SACERDOTAL.

Pelas mãos de Dom Adelmo Machado - arcebispo metropolitano de Maceió, na Catedral de Maceió, recebeu o sacramento do presbiterato, seguindo todo ritual da Liturgia de Paulo VI. Um outro inesquecível assessor eclesiástico do MFC, Padre Celso foi quem o ensinou a celebrar as Santas Missas.

O então PADRE MANOEL HENRIQUE voltou para o Seminário Central do Ipiranga, em São Paulo, e, como aluno padre, terminou seu curso de Teologia. A Teologia que era marcada pelo espírito do Concílio do Vaticano II.

Viçosa, Cajueiro, Pilar e Maceió (Ponta Verde e Tabuleiro Novo), foram suas paroquias. Na Arquidiocese de Maceió, foi Vigário Episcopal. Na Comissão Regional do Clero, substituiu o Padre José Edwaldo Gomes, de Casa Forte, em Recife. Na CNBB, em Brasília, ocupou a Presidência da Comissão Nacional do Clero. Presidiu os primeiros Encontros Nacionais de Padres. De posse de sua memória, voltou a se encontrar com os padres, fortalecer a caminhada dos companheiros, em tempos e lugares completamente diferentes. Na ESMAL – Escola Superior da Magistratura, ocupou o cargo de Coordenador Pedagógico, alcançando índices excelentes no cenário nacional.

CÔNEGO MANOEL HENRIQUE tem formação acadêmica invejável: Títulos de Membro do Núcleo de Pesquisa do CESMAC e da Universidade Católica de Pernambuco; Mestrado em Ciência da Religião na Universidade Católica de Pernambuco; Coordenador do Curso de Teologia do CESMAC; Professor de Teologia do Curso de Teologia do CESMAC e da Universidade Federal de Alagoas; Especialização em ENSINO RELIGIOSO; Graduado pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção no curso de Bacharel em Teologia; Pontifícia Universitá Facoltá di Teologia Gregoriana – Roma; Graduação em Curso de Teologia Bíblica da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Mogi das Cruzes; Graduação em Curso de Teologia no Seminário Arquidiocesano São José, Rio Comprido-RJ; Graduação em Filosofia na Escola Teológica da Congregação Beneditina – RJ; Doutorando na Université Grenoble 3, na França.

Em seu currículo consta ainda o curso de Pedagogia Catequética; realizado no Palácio Arquiepiscopal, em Belém – PA; Curso sobre "UMA REFLEXÃO SOBRE POESIA" na Faculdade de Filosofia de Campo Grande - RJ; Curso de Higiene Mental do Comportamento Humano no Serviço Social da Indústria; Curso de Estudo de Problemas Brasileiros na Educação, na Faculdade de Filosofia Nossa Senhora Medianeira, no Rio de Janeiro – RJ.

No MFC - MOVIMENTO FAMILIAR CRISTÃO, participou com destacada atuação dos Encontros Nacionais (ENA) em Araraquara-SP e Vila Velha-ES, de inúmeras Nucleações do MFC MACEIÓ, Palestras, Encontros Quaresmais, Encontros Regionais e Estaduais, Retiros e outros inúmeros eventos organizados pelo MFC.

Celebrar aniversário de ordenação sacerdotal é celebrar a vida. E momento de rendemos os nossos louvores a Deus pelo sim do CÔNEGO MANOEL HENRIQUE, pois compreendemos que o sacerdócio é uma linda vocação. É dar ouvidos ao chamado de Deus. É renúncia. É abrir mão da família, do conforto, dos amigos, para ofertar-se a Deus! É querer Jesus todo e ser todo de Jesus!

Parabéns, CÔNEGO MANOEL HENRIQUE DE MELO SANTANA! O Movimento Familiar Cristão se alegra por tê-lo conosco e poder celebrar seus 47 ANOS DE SACERDÓCIO e lhe deseja vida longa, com saúde, paz e sonhos realizados.

Que Deus o abençoe, hoje e sempre!

Bom dia... 18/08/2020


sábado, 15 de agosto de 2020

REFLEXÃO LITÚRGICA DA SOLENIDADE DA ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA – 16/08/2020



“APARECEU NO CÉU UM GRANDE SINAL!”

Dom José Aparecido Gonçalves de Almeida
Arquidiocese de Brasília – DF

E
nquanto contempla o mistério da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria aos céus em corpo e alma, a Igreja no Brasil se dedica neste domingo a refletir sobre a vocação à Vida Consagrada, como expressão da presença de testemunhas e sinais do Reino de Deus presente e atuante na história. Suplicamos com a Virgem Mãe elevada à glória dos Céus que muitos irmãos e irmãs se disponham a discernir a própria vocação para o seguimento de Jesus através da profissão dos conselhos evangélicos de castidade, pobreza e obediência.

A primeira leitura, extraída dos capítulos 11 e 12 do Apocalipse apresenta o grande sinal da “mulher que tem o sol por manto, a lua sob os pés, e uma coroa de doze estrelas na cabeça” (Ap 12,1). Nela, a piedade e a iconografia católica reconhecem a Virgem Imaculada que foi assunta ao céu. Nela a Tradição da Igreja reconhece a imagem da Igreja, o novo povo de Deus, sempre ameaçada pelo Dragão infernal. Nessa página da Revelação, o Dragão significa ao mesmo tempo a antiga serpente (Gen. 3,15) e os poderes mundanos, causa segunda da ação diabólica daquele que é o homicida, dos que então como hoje perseguem à morte os discípulos de Jesus. No dogma da Assunção da Virgem Maria, proclamado por Pio XII, dia 1 de novembro de 1950, a Igreja nos ensina que não há comparação entre os sofrimentos do tempo presente e a glória que nos está reservada no céu (cf Rom 8,18). Conforme às promessas feitas por Deus já no protoevangelho (Gen 3,15) a antiga serpente é derrotada pela descendência da mulher, abrindo-nos assim o caminho da vida. A Igreja aplica à Santíssima Virgem e ao amor esponsal da vida consagrada as palavras do salmo 44, rezado neste domingo.

Na primeira Epístola aos Coríntios, descobrimos o fundamento da graça da Assunção de nossa Senhora precisamente na vitória de Cristo sobre a morte e sobre todos os principados e potestades. A antiga serpente foi posta debaixo dos pés do Ressuscitado e já não tem poder sobre os redimidos.

Do evangelho (Lc 1,38-56) a Igreja aprende a perpetuar no tempo o seu Magnificat pelas grandes coisas realizadas na história através da jovem Myriam de Nazaré. E assim, no seio da assembleia orante, os consagrados e consagradas unem sua voz à da Igreja para celebrar a glorificação da Mãe do Senhor: “Hoje, a Virgem Maria, Mãe de Deus, foi elevada à glória do céu. Aurora e esplendor da Igreja triunfante, ela é consolo e esperança para o vosso povo ainda em caminho, pois preservastes da corrupção da morte aquela que gerou, de modo inefável, vosso próprio Filho feito homem, autor de toda a vida” (Prefácio).

A Liturgia a este ponto prossegue aclamando a esperança da glória eterna, unindo a Igreja peregrina à triunfante para cantar o hino ao Deus três vezes santo, fonte de todos os dons.

Confiantes na materna intercessão de Maria Assunta, peçamos a Deus santas vocações para a vida Consagrada em nossa amada Igreja Católica Apostólica Romana.

Bom dia... 15/08/2020

 

sábado, 8 de agosto de 2020

REFLEXÃO LITÚRGICA DO XIX DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A – 09/08/2020


 

“JESUS CAMINHA SOBRE AS ÁGUAS!”

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
Bispo Emérito de Santo Amaro – SP

A
pós despedir o povo e enviar os discípulos para a outra margem do lago, “Jesus subiu ao monte, a fim de orar”. Retira-se para a montanha, para perto de Deus. Silêncio e solidão. Logo após, Ele vai ao encontro de seus discípulos, que, num barco, se dirigiam a Cafarnaum. “Na quarta vigília da noite”, nos primeiros albores do dia, Jesus se aproxima deles “caminhando vida e estilo sobre o mar”. Soprava um vento forte e impetuoso, quando eles avistam, em meio às águas encapeladas, um vulto que se aproxima. Vendo aquilo, sentiram medo e chegaram a exclamar: “É um fantasma!”

Assustados, eles viam o vulto se aproximar, andando sobre as águas. Mas exatamente naquele instante, ouviu-se uma voz serena que os tranquilizava: “Não temais, sou eu!” Imediatamente, eles reconhecem que é o Mestre, que faz menção de passar adiante, como o fez com os discípulos em Emaús. Provocação para despertá-los à responsabilidade da liberdade, pois Deus é aquele que passa. Assim se deu na primeira Páscoa do Egito ou nas grandes visões de Moisés ou de Elias, como também na sua vinda entre os homens. “Jesus não acorre logo para salvar os discípulos, observa S. João Crisóstomo, mas os instrui, através do temor, a afrontar os perigos e aflições”.

A resposta do Senhor: “não temais”, recorda a promessa a Isaías: “Não temais, pois eu estou convosco”, isto é, “crede unicamente”. Para os Apóstolos, suas palavras são um apelo para que eles estejam abertos interiormente à presença divina, sempre surpreendente. Nesse sentido, ao concluir: “Sou eu”, Jesus lembra as manifestações inauditas de Deus, conduzindo o povo de Israel no deserto, como agora Ele o faz, acompanhando de modo inefável o seu povo à Jerusalém celeste.

Do mesmo modo que o Pai, Jesus exige dos discípulos confiança e entrega irrestrita, atitude fundamental, graças à qual eles participarão do seu poder, significado no fato de Ele permitir que Pedro, representante dos Doze, caminhe sobre as águas. Caso afundem ou vacilem, não lhes
faltará sua mão misericordiosa, que os conduzirá ao barco, onde estarão em companhia do seu Mestre e alcançarão a serenidade (apátheia) e o repouso (hesychia). “Assim que subiram ao barco, o vento amainou”.

Bom dia... 08/08/2020


sábado, 1 de agosto de 2020

REFLEXÃO LITÚRGICA DO XVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A – 02/08/2020


 


“DAI-LHES VÓS MESMOS DE COMER”

Dom José Aparecido Gonçalves de Almeida
Arquidiocese de Brasília - DF

N
este primeiro domingo do mês de agosto, próximo da memória litúrgica do Cura d’Ars, a Igreja nos convida a meditar sobre as vocações ao ministério ordenado e a rezar pelos sacerdotes. A liturgia dominical descortina algumas características marcantes missão de Cristo, que devem impregnar a vida dos bispos e presbíteros.

Os escritos de Isaías (Is. 55,1-3), aludem aos tempos do exílio da Babilônia. Os exilados, torturados pela fome e pela sede, tentavam conseguir com as próprias forças o bem-estar. Deus convida os exilados a procurar n’Ele os bens fundamentais: “apressai-vos, vinde e comei”. E os convida a confiar na liberalidade com que os ama: “vinde comprar sem dinheiro”. Deus convoca os famintos a crer na Sua Palavra. Neste tempo de graves dificuldades, é bem fácil perguntar a Deus se Ele ainda mantém suas promessas. Ao sentir a tentação de pedir que transforme as pedras em pão, vamos ouvir de Jesus: “Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus”.

A multiplicação dos pães (Mt 14,13-21) alude aos sinais de Jesus que cumprem as promessas messiânicas. Ao sair do barco, Jesus vê uma grande multidão, se compadece deles, curando os que estavam doentes. O Messias compassivo que cura os enfermos e passa o dia a ensinar. Ao cair da tarde, os discípulos sugerem mande embora as multidões cansadas para comprarem comida nos povoados. A compaixão dos discípulos não se traduz em iniciativas aptas a saciá-los. Jesus ordena aos discípulos: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Ficam perplexos: só têm cinco pães e dois peixes. Jesus, com gestos que conhecemos bem, toma os pães e os peixes, olha para o céu e pronuncia a bênção. Depois parte o pão e os peixes. Dá-os aos discípulos para que distribuam às multidões. Envolve os discípulos na sua missão messiânica: tem compaixão, ensina, dá de comer através das mãos daqueles que nada tinham de próprio para dar a não ser os míseros cinco pães e dois peixes. É o banquete messiânico. Deus não se cansa de derramar os seus bens para o povo que ama qual Sua Esposa. Esta cena aponta para a Eucaristia e o ministério daqueles a quem Jesus dirá depois: “Fazei isto em memória de mim”. Deus cumpre as promessas em Jesus e por meio dos que Ele constitui seus ministros.

“Quem nos separará do amor de Cristo?” – pergunta o Apóstolo (Rm 8,35ss). E, em seguida, professa a mais absoluta confiança no amor de Cristo, a quem ele entrega a sua vida.

Os sacerdotes somos chamados a nutrir a Esposa de Cristo com o Pão da Vida: “apascentar é ofício de amor” (Agostinho). Mas resta o problema da fome no mundo. Ao alimentar-nos com o banquete do Reino, Ele continua a nos dizer: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. É pelas mãos dos justos da Cidade de Deus que a fome existente na cidade dos homens pode encontrar solução.

DEDIQUEMOS À VIRGEM MÃE DE DEUS ESTE DIA DE ORAÇÃO PELOS SACERDOTES.

Bom dia... 01/08/2020