sábado, 29 de julho de 2023

REFLEXÃO LITÚRGICA PARA O 17º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 30/07/2023

Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News

N

a primeira leitura extraída do Primeiro Livro dos Reis, fica muito claro a sabedoria de Salomão não apenas pelo conteúdo de sua oração, mas pelo modo como se dirige a Deus. No seu modo de falar com o Senhor, fica explícita sua humildade e a consciência de seu lugar: apesar de rei, diante de Deus ele é servo.

Ele também demonstra sabedoria ao não se sentir proprietário do povo, mas condutor do rebanho que pertence a Deus.

Finalmente ele pede sabedoria para praticar a justiça. Deus não só aceita a oração de Salomão, mas o abençoa com o dom do discernimento em um coração sábio e inteligente.

A parábola de Mateus apresentada hoje pela liturgia, termina com o relato do discernimento feito pelos pescadores que “recolhem os peixes bons nos cestos e jogam fora os que não prestam.”

Jesus, ao falar do Reino dos Céus o comparou a “uma rede lançada ao mar e que apanha todo tipo de peixe”.  Nossa atitude em relação ao Reino, aos seus valores, nos identificará como bons ou não. Até onde somos capazes de renúncias, mudanças de vida, despojamento por causa do Reino, por causa de justiça?

A segunda leitura nos fala de nossa predestinação à felicidade plena.

Deus nos criou para sermos salvos, para agirmos neste mundo em favor da justiça e da paz, como cidadãos do Reino que virá, ou melhor, que já está instaurado neste mundo através da ação dos homens de boa vontade, daqueles que são imagem de Cristo.

Concluindo, podemos tirar para nossa vida que a sabedoria, o discernimento estão presentes no coração daqueles que se sentem servos diante de Deus e dos irmãos, daqueles que possuem e lutam pelos valores do Reino, daqueles que lutam pela justiça e pela paz. Esses confirmam a predestinação para o Céu, pois são no mundo imagem e semelhança de Cristo.

Mensagem do dia... 29/07/2023

 


quarta-feira, 26 de julho de 2023

QUER EVANGELIZAR ALGUÉM? INICIE PELA SUA FAMÍLIA!

D

o princípio de que a FAMÍLIA é o berço de nossa formação, e de que é nela que aprendemos a ser cidadãos e também cristãos (ao sermos conduzidos à pia batismal, lugar de nossa confirmação como filhos de Deus), devemos entender que, se queremos que alguém viva uma vida autenticamente cristã, é preciso que a FAMÍLIA, da qual fazemos parte, seja o lugar onde possa encontrar o ambiente privilegiado para seu contato com Deus através da experiência com Jesus Cristo.

É preciso que a FAMÍLIA resgate seu papel de evangelizadora, vencendo as dificuldades às quais está exposta a cada dia, para que assim possa cumprir sua missão de ser o primeiro lugar do anúncio da Palavra de Deus para seus membros.

No livro dos Atos dos Apóstolos, encontramos o exemplo de conversão de Cornélio e de sua família ao cristianismo. Cornélio era centurião romano e foi o primeiro estrangeiro convertido. Segundo o relato, “ele e todos os de sua casa eram tementes a Deus. Dava muitas esmolas ao povo e orava constantemente”. (At 10,12) Quando o encontrou, Pedro exclamou: “Em verdade, reconheço que Deus não faz distinção de pessoas, mas em toda nação lhe é agradável aquele que o temer e fizer o que é justo”. (At 10,34)

Em tempos moralmente conflituosos e, por isso mesmo, mais exigentes, quando a resposta necessita ser mais direta e eficaz, se queremos evangelizar alguém, é preciso que iniciemos por evangelizar sua FAMÍLIA para que, assim, ela possa cumprir sua tarefa diante da sociedade.

A Igreja precisa atentar para as realidades que sugerem mais sua atenção pastoral, a fim de preparar melhor seus fiéis para que possam “estar no mundo sem ser do mundo”, e não se fecharem aos novos desafios questionadores que se apresentam, para os quais muitas vezes os cristãos ainda não têm resposta, seja pela velocidade como as coisas acontecem no mundo de hoje, ou mesmo pela efemeridade de tais novidades que surgem e desaparecem, dando lugar a outras realidades num rápido prazo de tempo.

À Igreja é dada a missão de zelar por seus fiéis, que a ela foram entregues por Nosso Senhor Jesus Cristo, quando de sua ascensão. Aos discípulos foi dada a responsabilidade de ir pelo mundo anunciando o Evangelho a todos os povos, tornando-os discípulos dele (cf. Mc 16,15). Dessa forma, quem crer e for batizado será salvo. Essa salvação pode também passar pela FAMÍLIA, Igreja doméstica.

São João Paulo II, na Familiaris Consortio, convocou as famílias a se tornarem aquilo que são, afirmando que “cada família deve ser uma comunidade de vida e de amor, numa busca que, como para cada realidade criada e redimida, encontrará a plenitude no Reino de Deus”. Com essa convocação, o Santo confirma que cada pessoa no seio de sua FAMÍLIA precisa receber o anúncio e tornar-se também anunciadora, para que dessa forma o mundo possa conhecer, a partir da família, a beleza do amor que Deus tem para com os homens.

Não é difícil para os evangelizadores perceber que cada pessoa deve ter em sua FAMÍLIA a referência de encontro com Deus. Por esse motivo as FAMILIAS, tão fragilizadas no mundo de hoje, precisam de atenção especial da parte da Igreja, e não se pode medir esforços para que ela se fortaleça e, mesmo, se restabeleça das feridas deixadas pelo mundo. Por isso podemos afirmar: QUER EVANGELIZAR ALGUÉM? INICIE PELA SUA FAMÍLIA!

Mensagem do dia... 26/07/2023

 


sábado, 22 de julho de 2023

REFLEXÃO LITÚRGICA PARA O 16º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 23/07/2023

Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News

A

 demora na realização das promessas de Deus possibilita aos discípulos e a nós, entrarmos em crise. Percebendo essa situação, Jesus conta para eles e para nós, a parábola das sementes.

A Palavra de Deus é, em si mesma, boa e, se bem apresentada, produzirá muitos frutos; mas isso não depende só da Palavra; depende também das diversas situações em que se encontra o terreno onde ela é depositada, isto é, das diversas respostas.

A Palavra é oferecida e exatamente por ser oferecida, conserva em si todo o risco da negligência, do descaso, da não aceitação, da oposição.

De acordo com a parábola, ela poderá ser comida pelos pássaros, poderá cair entre as pedras e não criar raízes e, finalmente, poderá cair entre os espinhos e morrer sufocada.

Vamos refletir sobre cada um desses alertas feitos por Jesus. O primeiro se refere à semente que pode ser ciscada pelos pássaros. É o nosso medo do sofrimento, em relação ao caminho da cruz, tantas vezes abordado por Jesus e a busca incessante de realizações, de êxito. É  como aquela pessoa que vê na possibilidade de exercer um serviço eclesial, como uma ocasião de prestígio, de ter status.

A semente que caiu entre as pedras e não criou raízes, representa aqueles que só externamente aceitaram a Palavra. Ela não foi aceita com profundidade. Teme-se que a adesão a Cristo seja ocasião de constrangimento, de envergonhar-se.

A que caiu entre os espinhos é a semente sufocada, imagem de muitíssimos cristãos. As preocupações da vida presente, a atração exercida pelo ter, pelo poder, pelo possuir, pelo ganhar se impõem, são obstáculos para o acolhimento da Palavra.

A Palavra não é ineficaz, mas falta o acolhimento. A Palavra se adapta às condições do terreno, ou melhor, aceita as respostas que o terreno dá e que com frequência  são negativas. É necessário preparar o terreno, os corações, para que percam o endurecimento causado pelos ídolos das  ideologias, do consumismo, do dinheiro, do prazer, das demais riquezas.

Se o terreno, se os corações forem trabalhados pela simplicidade, pela autenticidade, pela educação libertadora daqueles ídolos, a Palavra descerá qual chuva fina, penetrando a terra e fazendo a semente frutificar.

Mensagem do dia... 22/07/2023

 


quarta-feira, 19 de julho de 2023

SAIBA O QUE DESTRÓI O AMOR!

T

odo casal já brigou por causa de dinheiro ou de ciúme. Assim como crises sexuais e divergências geradas por visões de mundo distintas são comuns. Brigas e discussões fazem parte – e, se não acontecem, é um indício de que algo vai mal. Uma união deixa de ser saudável quando o que seria uma crise normalmente se torna uma constante. Um casal que compete agressivamente entre si, por exemplo, vive uma relação doentia. É o que o psicólogo argentino Bernardo Stamateas chama de “relação tóxica”. Ele reuniu em livro os nove tipos de relação que considera maléficos ao casal.

Em “Paixões Tóxicas”, recém-lançado no Brasil (editora Academia), Stamateas mostra como esses modelos de união geram desgastes que podem levar ao divórcio. E oferece possíveis saídas para quem vive um relacionamento com essas características. “Uma simples crise vira uma relação tóxica quando ela não é resolvida e passa a se repetir”, diz o autor.

Em uma relação assim, as duas partes se acusam entre si e buscam culpados para o problema. Segundo o autor, eles vão atrás de ajuda profissional muito mais para confirmar que seus pontos de vista são os corretos do que para encontrar uma solução. A relação está tão contaminada que ambos só querem ter razão. Para o psicólogo, não há receita de sucesso para uma união. Uma coisa, no entanto, ele garante: o bom humor é ingrediente básico para um casamento saudável. “A falta de senso de humor é certamente uma das maiores inimigas de um casal”, defende.

A seguir, conheça os nove modelos de relacionamento fadados ao fracasso:

1. HUMILHANDO O PARCEIRO

Um desmerece o outro o tempo todo nas “relações de desqualificação”.

O parceiro que sempre diminui e desqualifica o outro, inclusive na frente das demais pessoas, está buscando um culpado para os seus problemas. “Ninguém é só defeitos. Além disso, se você escolheu aquela pessoa para dividir a vida, é porque certamente viu qualidades em um primeiro momento”, alerta o psicólogo Bernardo Stamateas. Portanto, faça um resgate dessas qualidades. E não se esqueça de assumir a sua parcela de responsabilidade nas coisas. Não aponte o dedo em busca de culpados.

2. SOLIDÃO A DOIS

São as “relações de estancamento”, ou seja, quando reinam a indiferença e a falta de diálogo.

Sabe aquele casal que está há tanto tempo junto que nem lembra mais por que se casou? Eles estão estancados. Uma vida tediosa, vivida em nome dos filhos e da convenção social. “São aqueles casais que não estão bem, mas também não estão ‘tão mal assim’ a ponto de querer mudar”, explica Stamateas. Esperam que a paixão inicial se reacenda um dia. Mas só esperam, não fazem nada para que isso aconteça. Segundo o psicólogo Ailton Amélio, especialista em relacionamentos afetivos, as relações de estancamento são, hoje, a maior causa das separações. “Mais do que as abaladas pela infidelidade”, garante ele, autor do livro “Para Viver um Grande Amor” (Editora Gente). Para sair dessa estagnação, Stamateas aconselha: reative os sentidos. “Escute o seu parceiro, olhe mais para ele e diga o que você está sentindo”, diz. E não espere pelo movimento do outro. Tome a iniciativa.

3. PAPÉIS SOCIAIS EM CONFLITO

Nas “relações dos modelos culturais”, o choque existe quando a expectativa é diferente da realidade.

Homens e mulheres ainda assumem papéis sociais baseados naquilo que a sociedade e a família esperam de cada gênero. Os exemplos clássicos são o do macho provedor e o da mulher dedicada aos filhos e ao lar. Na hora em que duas pessoas com históricos diferentes se juntam, o conflito naturalmente acontece. Quando o modelo de um fere os princípios do outro, aí a união se torna um problema. Para tentar entender por que o outro se comporta dessa forma, é preciso enxergar o contexto no qual ele foi criado, aconselha Stamateas. “Questione-se sempre: quais são os padrões familiares que nos acompanham?”, diz. E, a partir disso, proponha mudanças. Uma mulher que trabalha fora e carrega todas as tarefas de casa nas costas, por exemplo, deve convocar o marido para também realizar os afazeres domésticos. “Uma família é uma equipe. Todo mundo deve ajudar a fazer tudo”, afirma o psicólogo.

4. QUANDO DINHEIRO É O PROBLEMA

Nas “relações das crises financeiras”, até a vida sexual pode ser afetada.

Brigar por dinheiro vira uma questão tóxica quando se estabelece uma relação de poder – quem ganha mais se sente no direito de controlar a vida do outro. “É mais problemático ainda quando é a mulher que ganha mais. Isso gera até problemas sexuais para o casal”, constata a psicóloga Silvia Aguilar. A questão financeira também faz mal à saúde do casamento quando as duas partes não conseguem chegar a um acordo sobre como o dinheiro deve ser gasto. “Nesses casos, o relacionamento vai bem do dia 1º ao dia 15 e mal no resto do mês”, brinca o Stamateas. Os mitos do dinheiro, como os do sexo, também só atrapalham. “Achar que ganhar mais ou gastar menos vai resolver a questão é uma lenda”, diz ele. “O equilíbrio financeiro deve ser obtido com sabedoria, a partir de muito diálogo.”


5. SOB CONTROLE TOTAL

As “relações de possessividade” são marcadas pelo ciúme.

Quem vive um relacionamento assim tem a sensação de que está sempre em um detector de mentiras. “Onde você estava? Com quem?” são perguntas comuns nesse tipo de união. O controlador também checa tudo do parceiro: e-mails, carteira, bolsos. Esse tipo de união é das mais tóxicas, sobretudo quando a pessoa controlada acha que possessão é manifestação de amor. O controlador é inseguro por natureza, teme ser passado para trás. É ciumento e manipulador. Os primeiros sinais de ciúme e possessão surgem no começo do namoro. “Por isso digo que o primeiro princípio para uma relação bem-sucedida é escolher bem o parceiro”, ressalta Ailton Amélio. Mas, se pessoa mergulhou numa relação dessas e a situação se tornou insuportável, é preciso reagir. “Ela precisa lembrar que é livre, capaz e cheia de projetos próprios. E precisa saber dizer não”, diz Stamateas.

6. COMPORTAMENTO SEXUAL INADEQUADO

Nas “relações da sexualidade tóxica”, o sexo não é vivido de forma saudável.

Mulheres que trocam sexo por afe­to e homens que justificam traições múltiplas porque “é instintivo” são exemplos de comportamentos sexuais tóxicos. Obrigar o outro a fazer coisas que ele não quer, idem. “É muito comum ver no meu consultório mulheres que se submetem ao desejo do outro sem ter vontade só por medo de perdê-lo”, conta Silvia. “Isso faz com que ela passe a temer o sexo.” Dos nove tipos de relacionamentos “ruins” citados por Stamateas, o da sexualidade tóxica é o que mais envolve mitos – e um dos maiores motivos para a busca de terapia. Para não ser intoxicado por esse tipo de relação, fuja dos mitos, pare de medir a satisfação alheia e fale sobre o tema com o outro.

7. AMOR COMPETITIVO

O casal disputa tudo e todos nas “relações de competitividade”.

“Eu ganho mais que você, tenho mais amigos e estou bem mais em forma!” Em um relacionamento no qual há competição, o segundo passo é um querer boicotar o outro. Esquecer datas importantes, desautorizar o cônjuge na frente dos filhos, perder a hora quando o outro precisa de ajuda e gastar dinheiro que havia sido poupado para um projeto em comum são alguns exemplos de boicote do “amor competitivo”. Segundo Silvia, terapeuta de casais, os casamentos estão cada vez mais individualistas. “É cada um por si, como se fossem dois amigos bem-sucedidos vivendo juntos e que, de vez em quando, fazem sexo e saem para jantar”, diz. Não ter sonhos e projetos em comum pode levar à relação de competitividade. “Casais inteligentes que se ajudam mutuamente não entram em disputa. Sabem qual é o sonho do outro e o ajudam a realizá-lo”, resume Stamateas.

8. TRAIÇÃO, CAMINHO RÁPIDO PARA O FIM

As “relações de infidelidade” resultam em perda de confiança, o que deteriora o relacionamento.

Este, de acordo com os especialistas, é um dos relacionamentos tóxicos mais difíceis de ser superado. “Ninguém está preparado para enfrentar uma frustração como essa. Por isso muita gente até finge que não vê a traição, para não ter que enfrentar o sofrimento”, explica Silvia. “O problema é que isso vira um bicho-papão dentro de um armário, mexe com a autoestima, com a confiança, e a relação vai se deteriorando.” Quem é traído passa pelo seguinte processo: desilusão, desconfiança, controle do outro, perda da capacidade de amar e sentimento de rejeição e abandono. A pessoa tende a buscar a culpa em si própria – “fui eu que fiz alguma coisa errada?” – ou nos outros – “minha vida estava tão perfeita com ele! Deve ter sido bruxaria de alguém!” Evitar a traição é, para Stamateas, o melhor caminho. “Veja o que está faltando no seu casamento e procure resolver”, aconselha. Mas, se acontecer, os dois precisam estar dispostos a reinvestir no matrimônio.

9. A AGRESSÃO É A TÔNICA

Nas “relações de emoções explosivas”, os casais se agridem o tempo todo.

Quando o hábito de brigar virou uma constante e acontece em qualquer ocasião, mau sinal: a toxidade tomou conta. Especialmente quando uma parte se sente vítima das ofensas do outro e passa a guardar rancor. “Quem vive uma raiva silenciosa vai querer vingança em algum momento”, ressalta Stamateas. A relação de emoções explosivas acontece, em geral, com pessoas inseguras que querem manter o controle sobre a outra. “Ninguém foi criado para ser maltratado. Não se acostume a viver assim nem responda na mesma moeda”, aconselha o psicólogo.


Fonte: ISTO É GENTE

Mensagem do dia... 19/07/2023

 


sábado, 15 de julho de 2023

REFLEXÃO LITÚRGICA PARA O XV DOMINGO DO TEMPO COMUM – 16/07/2023

Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News

A

 demora na realização das promessas de Deus possibilita aos discípulos e a nós, entrarmos em crise. Percebendo essa situação, Jesus conta para eles e para nós, a parábola das sementes.

A Palavra de Deus é, em si mesma, boa e, se bem apresentada, produzirá muitos frutos; mas isso não depende só da Palavra; depende também das diversas situações em que se encontra o terreno onde ela é depositada, isto é, das diversas respostas.

A Palavra é oferecida e exatamente por ser oferecida, conserva em si todo o risco da negligência, do descaso, da não aceitação, da oposição.

De acordo com a parábola, ela poderá ser comida pelos pássaros, poderá cair entre as pedras e não criar raízes e, finalmente, poderá cair entre os espinhos e morrer sufocada.

Vamos refletir sobre cada um desses alertas feitos por Jesus. O primeiro se refere à semente que pode ser ciscada pelos pássaros. É o nosso medo do sofrimento, em relação ao caminho da cruz, tantas vezes abordado por Jesus e a busca incessante de realizações, de êxito. É como aquela pessoa que vê na possibilidade de exercer um serviço eclesial, como uma ocasião de prestígio, de ter status.

A semente que caiu entre as pedras e não criou raízes, representa aqueles que só externamente aceitaram a Palavra. Ela não foi aceita com profundidade. Teme-se que a adesão a Cristo seja ocasião de constrangimento, de envergonhar-se.

A que caiu entre os espinhos é a semente sufocada, imagem de muitíssimos cristãos. As preocupações da vida presente, a atração exercida pelo ter, pelo poder, pelo possuir, pelo ganhar se impõem, são obstáculos para o acolhimento da Palavra.

A Palavra não é ineficaz, mas falta o acolhimento. A Palavra se adapta às condições do terreno, ou melhor, aceita as respostas que o terreno dá e que com frequência são negativas. É necessário preparar o terreno, os corações, para que percam o endurecimento causado pelos ídolos das ideologias, do consumismo, do dinheiro, do prazer, das demais riquezas.

Se o terreno, se os corações forem trabalhados pela simplicidade, pela autenticidade, pela educação libertadora daqueles ídolos, a Palavra descerá qual chuva fina, penetrando a terra e fazendo a semente frutificar.

Mensagem do dia... 15/07/2023

 


quarta-feira, 12 de julho de 2023

Sob a tua proteção buscamos refúgio, Santa Mãe de Deus...!

D

errotar o monstro invisível que lentamente extingue seu fôlego em um quarto de hospital - ou quem sabe na rua, porque simplesmente não há um hospital para ir - e procura fazê-lo ficando de joelhos.

         Poderia parecer uma solução adequada mais em tempos em que antigas superstições coletivas competiam pelo campo contra as palavras jovens do Evangelho, do que em uma era como a nossa em que um individualismo exacerbado e reivindicado em quase todos os lugares tende a rebaixar o sentido de uma ação de comunidade, especialmente se intangível como a espiritual.

A PROMESSA

         Na realidade, Mateus 18, versículo 19, bastaria para dissipar dúvidas e hesitações sobre a eficácia da oração compartilhada, que relata uma garantia de Jesus: “Se dois de vós se unirem sobre a terra para pedir, seja o que for, o conseguirão de meu Pai que está nos céus”. Uma promessa concreta, capaz de suscitar uma grande esperança se aqueles dois se tornam um grande povo unido por uma única intenção. É uma expectativa ainda mais forte se o pedido chega a Deus por intercessão da "Advogada nossa", a Mãe daquele que fez aquela promessa.

O RITMO DA DEVOÇÃO

         Os primeiros cristãos, talvez por serem filhos de um Evangelho ainda sine glossa, compreenderam isso imediatamente. As catacumbas estão cheias de inscrições que confiavam alguém ou alguma coisa a Maria. Antes ainda que o Concílio de Éfeso a reconhecesse como Mãe de Deus, certas orações, às vezes pouco mais do que sussurros grafitados na rocha, subiam aos lábios daqueles que se sentiam em perigo e consideravam Nossa Senhora a fortaleza contra qualquer mal.

         Sub tuum praesidium“Sob a tua proteção buscamos refúgio, Santa Mãe de Deus ...” é uma invocação que a Igreja recita há pelo menos 1.800 anos e a história cristã é também a história desta devoção a Maria, ilimitada e convicta. É a história de incontáveis ​​graças de “curas” e quem sabe quantos milagres particulares. E é a devoção que então encontrou no Rosário um ritmo universal, o espaço da esperança de uma ou mais almas juntas, o tempo de um conforto talvez granulado na solidão sob um tubo de oxigênio, com a energia de um penúltimo suspiro.

O PONTO DE LUZ

         Esta história chega aos dias atuais por meio de gestos e palavras de santas e santos, de nome ou de fato, quando o nome é desconhecido. De Papas “marianos” que não hesitaram em confiar à Mãe de Deus a humanidade que estava à beira ou no abismo das guerras e catástrofes. Vem com as palavras de Francisco, o pároco do mundo quando o mundo e estava sem paróquias, com suas intenções cotidianas na Santa Marta, uma a cada dia a violar com a consolação de uma oração “dedicada” as solidões do lockdown. E antes ainda chega de seus gestos e da oração solitária daquele 27 de março, o Papa, um simbólico ponto de luz na escuridão, que, em pé diante de um antigo ícone, implora a salus não somente para o povo romano, mas para o mundo inteiro.

UMA ORAÇÃO UNÍSSONA

         Nada mais é do que uma história de fé. Que agora é enriquecida pelo coro dos Santuários Marianos, imaginados como as contas de um terço recitado alternadamente. Recitado como os anciãos recordados pelo Papa durante a Audiência Geral, com o canto constante e nada constrangido de um filho que sabe que terá mais chances de obter do pai o que espera se sua mãe o pedir.

Mensagem do dia... 12/07/2023

 


domingo, 9 de julho de 2023

REFLEXÃO LITÚRGICA PARA O 14º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 09/07/2023

 

Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News

A

 primeira leitura nos fala de um legítimo rei da dinastia de Davi. Montado em um jumento e com atitudes pacifistas, o rei de Sião terá um reino imenso que de tão grande se estenderá até os confins da terra. Esse rei é humilde e pacificador e manifesta seu poder comunicando justiça e paz a todas as nações.

Ele não só tem essa atitude positiva, mas também destrói tudo aquilo que é sinal de morte para os povos. Assim, ele possibilita a existência da paz.

Ora, a leitura desse texto nos recorda a liturgia do Domingo de Ramos e já podemos deduzir que esse rei da paz é Jesus, o Príncipe da Paz, legítimo descendente de Davi como nos relata a liturgia do Advento.

No Evangelho vemos Jesus sentindo que sua missão pacifista desagrada os doutores da Lei, os letrados e as pessoas importantes, mas causa interesse aos pobres e marginalizados, diz “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e doutores e as revelaste aos pequeninos.” (Mt 11, 25b)

Fazemos a constatação do que vemos sempre: os instalados não precisam, não querem mudanças e até a proíbem, enquanto os marginalizados, que sentem desconforto e suas necessidades insaciadas, almejam a mudança da situação, querem justiça, querem o necessário para viver dignamente.

Nisso tudo é denunciado o perigo extremo de não se sentir necessitado de Deus e de aos poucos tornar-se materialista.

O trecho do Evangelho termina com o convite de Jesus aos que se sentem marcados, injustiçados pela sociedade materialista, repleta de pessoas egocêntricas e muito bem instaladas na cultura da morte. Ao mesmo tempo, o Senhor fala que fazer parte da Civilização do Amor, de seus seguidores, traz um peso, uma responsabilidade, mas que eles são suaves porque são provocados pelo amor, pela descentralização de si, pelo sair de seu comodismo, de desinstalar-se par ir ao outro, para servir.

Finalmente, São Paulo em sua Carta aos Romanos, nos diz que vivemos segundo o espírito e não segundo a carne, pois pertencemos a Cristo e o Espírito de Deus mora em nós. Esse Espírito foi o que ressuscitou Jesus, eliminando tudo o que conduz a criação à injustiça e à morte.

Portanto, a mensagem evangélica da liturgia deste domingo nos fala do benefício fundamental que é para nós a presença do Espírito ao nos provocar a opção pela vida e nos impedir a acomodação.

Será um momento muito importante para nossa vida de cristão, fazermos uma reflexão em que nos perguntemos: de que lado me encontro? Dos acomodados e que não sentem necessidade de mudanças profundas? Ou do lado dos marginalizados, dos inconformados, dos que anseiam pelo Senhor como “terra sedenta e sem água”, como nos fala o Sl 62, 2?

Mensagem do dia... 09/07/2023

 


quarta-feira, 5 de julho de 2023

O SENTIDO DO CASAMENTO - PROF. FELIPE AQUINO

Prof. Felipe Aquino
Comunidade Canção Nova

O

 mesmo Deus que criou o homem e a mulher uniu-os em matrimônio. A Bíblia nos diz que, ao criar o homem, Deus sentiu-se insatisfeito, porque não encontrara em todos os seres criados nenhuma criatura que o completasse.

    E Deus percebeu que não é bom que o homem esteja só (Gn 2,18a). Então, disse ao homem: Eu vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja adequada (Gn 2,18b), alguém que seria como você e que o ajude a viver. E fez a mulher. Retirou um pedaço do homem para criar a mulher (cf. Gn 2,21-22).

    Nessa linguagem figurada, a Palavra de Deus quer nos ensinar que a mulher foi feita da mesma essência e da mesma natureza do homem, isto é, à imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1,26). Santo Agostinho nos lembra que Deus, para fazer a mulher, não tirou um pedaço da cabeça do homem e nem um pedaço do seu calcanhar, porque a mulher não deveria ser chefe nem escrava do homem, mas companheira e auxiliar. Esse é o sentido da palavra que diz que Deus tirou uma costela do homem para fazer a mulher.

    Ao ver Eva, Adão exclamou feliz: Eis agora aqui, o osso de meus ossos e a carne de minha carne (Gn 2,23a). Foi, sem dúvida, a primeira declaração de amor do universo. Adão se sentiu feliz e completo em sua carência. Então, Deus disse: Por isso o homem deixa o seu pai e a sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne (Gn 2,24).

    Isso quer dizer: serão uma só realidade, uma só vida, uma união perfeita. E Jesus fez questão de acrescentar: Portanto, não separe o homem o que Deus uniu (Mt 19,6b).

    Após uni-los, Deus disse ao casal: Frutificai e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a (Gn 1,28). Aqui está o sentido mais profundo do casamento: frutificai [crescei] e multiplicai. Deus quer que o casal, na união profunda do amor, cresça e se multiplique nos seus filhos; e daí surge a família, a mais importante instituição da humanidade. A família é a célula principal do plano de Deus para os homens e ela surge com o matrimônio.

    É muito significativo que Deus tenha dito ao casal: crescei; e, em seguida, multiplicai. Isso mostra que a primeira dimensão do casamento é o crescimento mútuo do casal, realizado no seu amor fecundo. Ninguém pode multiplicar sem antes crescer. Como é que um casal vai educar os filhos, se eles, antes, não se educaram, não cresceram juntos?

    O casamento não é uma aventura nem um tiro no escuro como dizem alguns; é, sim, um projeto sério de vida a dois, no qual cada um está comprometido em fazer o outro crescer, isto é, ser melhor a cada dia. Se a esposa não se torna melhor por causa da presença do marido a seu lado, e vice-versa, então o casamento deles está sem sentido, pois não realiza sua primeira finalidade. Também um namoro, um noivado, ou até uma simples amizade, não terão sentido se um não for para o outro um fermento de auxílio e crescimento. Enfim, o casamento não é para curtirmos a vida a dois, egoisticamente; ele existe para vivermos ao lado de alguém muito especial e querido que queremos construir. É por isso que se diz que amar não é querer alguém construído, mas, sim, construir alguém querido.

    Para ajudar o outro a crescer é preciso aceitá-lo como ele é, com todas as suas qualidades e defeitos. A partir daí é possível então, com muita paciência e carinho, ajudar o companheiro a crescer; e crescer quer dizer atingir a maturidade como pessoa humana no campo psicológico, emocional, espiritual, moral, etc.