sábado, 31 de dezembro de 2022

MARIA: Verdadeira Mãe de Deus!

 

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o dia 1º de janeiro, Dia Universal da Paz, o calendário dos santos se abre com a festa de Maria Santíssima no ministério de sua Maternidade Divina. É a primeira festa mariana que apareceu na Igreja ocidental, a festa de Maria Santíssima, substituiu o costume pagão das dádivas e começou a ser celebrada em Roma, no século IV.

   Concebido pelo Espírito Santo, Jesus o filho de Maria veio ao mundo para trazer redenção e lembrar o amor incondicional de Deus por todos nós. Maria é a "mãe Virgem", "Filha de seu Filho" e ideal sublime de humildade.

      Ao assumir a missão divina que lhe foi confiada, Maria sabia que também teria seu calvário, enquanto mãe daquele que morreria para salvar toda a humanidade. Em tempos difíceis de angústia, Maria, Mãe de Jesus e de todos nós, está sempre pronta para nos ajudar.

Não se pode aceitar o filho sem aceitar a mãe. No evangelho de São Lucas (6,43) Jesus nos esclarece: "Uma árvore boa não dá frutos maus, uma árvore má não dá bom fruto”. O Fruto de Maria é Jesus, sendo assim ela trouxe o Salvador ao Mundo em seu ventre abençoado. Deus se faz carne por meio de Maria. Ela é o elo de união entre o Céu e a Terra!

Esta data é considerada Oitavas de Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo. Simboliza o mistério da encarnação que fez com que a Virgem Maria se tornasse a "Mãe de Deus".

Muitos não compreendiam como e imaginavam duas pessoas distintas, a humana e a Santa, mas na verdade elas são apenas uma, uma mãe de todos, e desta forma não é somente nossa mãe, mas também nossa irmã.

A Maternidade Divina: dogma solenemente proclamado pelo Concílio de Éfeso (431 d.C.) e tempos depois, proclamado por outros Concílios universais, o de Calcedônia e os de Constantinopla. Refere-se à Virgem Maria como a verdadeira Mãe de Deus, ou seja, Maria é Mãe de Jesus – O Verbo Divino em suas duas naturezas (humana e divina).

No dia Universal da Paz, celebrar a Santidade Maternal de Maria é celebrar Jesus, Reis dos Reis e nosso Salvador. Oremos à mãe de Jesus para abençoar nosso ano novo!

Bom dia... 31/12/2022

 




quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

ORAÇÃO FAMILIAR, UM CANAL DE COMUNICAÇÃO PERMANENTE COM DEUS!

Valdeci Toledo

 

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 oração em família tem grande importância pois é o canal de comunicação permanente com Deus. Quando a família se reúne para rezar há um movimento natural para união, compreensão e perdão. Os pais cristãos, de modo particular as mães, sabem bem da necessidade de rezar pelos seus filhos, de confiá-los à ação bondosa de Deus. A família é considerada “IGREJA DOMÉSTICA” e os pais deveriam ser os primeiros catequistas de seus filhos.

No seio da família deveria acontecer a iniciação à vida cristã e a prática da oração, como nos ensinou São João Paulo II: “A Igreja reza pela família cristã e educa-a a viver em generosa coerência com o dom e o dever sacerdotal, recebido de Cristo Sumo Sacerdote. Na realidade, o sacerdócio batismal dos fiéis, vivido no Matrimônio-Sacramento, constitui para os cônjuges e para a família o fundamento de uma vocação e de uma missão sacerdotal pela qual a própria existência quotidiana se transforma num ‘sacrifício espiritual agradável a Deus por meio de Jesus Cristo’: é o que acontece não só com a celebração da Eucaristia e dos outros sacramentos e com a oferenda de si mesmos à glória de Deus, mas também com a vida de oração, com o diálogo orante com o Pai por Jesus Cristo no Espírito Santo”.

A oração familiar tem as suas características. É uma oração feita em comum, marido e mulher juntos, pais e filhos juntos. A comunhão na oração é ao mesmo tempo fruto e exigência daquela comunhão que é dada pelos sacramentos do Batismo e do Matrimônio.

Aos membros da família cristã podem aplicar-se de modo particular as palavras com que Cristo promete a sua presença: “Digo-vos ainda isto: se dois de vós se unirem sobre a Terra para pedir, seja o que for, o conseguirão de meu Pai que está nos Céus. Porque onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mt 18,19-20).

“A dignidade e a responsabilidade da família cristã como Igreja doméstica só podem, pois, ser vividas com a ajuda incessante de Deus, que não faltará se implorada com humildade e confiança na oração.” (Exortação Apostólica Familiaris Consortio, 59)

Precisamos renovar nossa confiança no poder da oração, de modo particular na intercessão das mães. Todas as famílias têm problemas, passam por dificuldades seja no âmbito das finanças, da saúde ou de relacionamento. Precisamos trabalhar e buscar resolver nossas dificuldades, porém, não podemos esquecer que Deus nos ouve e quer nos ajudar.

Lisa M. Hendey, autora do livro O manual da mãe católica, destaca que “Felizmente, nós pertencemos a uma família muito maior, que é a nossa Igreja Católica. Tenho a firme convicção de que, dentro de nossas tradições católicas, nós temos muitas das ferramentas que são necessárias para atualizar e renovar nossas almas” (O manual da mãe católica. Editora Ave-Maria. São Paulo, 2013, p. 10).

Em nossa tradição eclesial, confiamos na intercessão que os santos fazem por nós. Acreditamos na comunhão deles pois aqueles que se encontraram com o Senhor, ao partirem desta vida, foram para a casa do Pai e junto a Jesus intercedem por cada um de nós.

Que Maria Santíssima, mãe de Deus e nossa mãe, interceda por nós para que sejamos cada vez mais semelhantes ao seu filho Jesus. Que São José, pai adotivo de Jesus e patrono da Igreja, interceda por nós. Que o Espírito Santo de Deus nos inspire e nos ensine a rezar como convém.

 

Ø  VALDECI TOLEDO, possui graduação em TEOLOGIA pela Pontifícia Universidade Lateranense (2000), graduação em FILOSOFIA pelo INSTITUTO SÃO BOAVENTURA DE ENSINO (1997) e mestrado em TEOLOGIA pela Pontifícia Universidade Lateranense (2002).

Bom dia... 29/12/2022

 


sábado, 24 de dezembro de 2022

NATAL: Momento de renascer e deixar que Deus penetre em nossas almas!

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o período natalino somos motivados a dar melhores rumos aos nossos atos; principalmente quando recebemos mensagens nos lembrando a importância do amor em todas as manifestações dos seres humanos. É um momento especial de nossas vidas, no qual vivemos a oportunidade de congraçarmos com as pessoas com as quais cruzamos, sejam nossos parentes, nossos amigos, nossos companheiros de trabalho ou quem nos presta ou aos quais prestamos serviços. O significado do Natal, muitas vezes esquecido, é o nascimento de Jesus Cristo e sua comemoração acontece, há mais de 2.000 anos, no dia 25 de dezembro.

O Papa Francisco, disse: “O Natal costuma ser sempre uma ruidosa festa; entretanto se faz necessário o silêncio, para que se consiga ouvir a voz do Amor”.

Natal são todos nós, quando se dispomos a renascer e deixar que Deus penetre em nossas almas. O pinheiro de Natal são todos nós, quando com nossa força, resistimos aos ventos e dificuldades da vida. Somos todos a decoração de Natal, quando nossas virtudes são cores que enfeitam nossas vidas.

Somos o sino de Natal, quando chamamos, congregamos, reunimos. A luz de Natal são todos nós, quando com uma vida de bondade, paciência, alegria e generosidade conseguimos ser luz a iluminar o caminho dos outros.

Somos todos nós, os anjos do Natal quando conseguimos entoar e cantar Sua mensagem de paz, justiça e de amor. A estrela-guia do Natal somos todos nós, quando conseguimos levar alguém, ao encontro do Senhor.

Todos nós somos os Reis Magos, quando conseguimos dar, de presente, o melhor de nós, indistintamente, a todos. A música de Natal somos todos nós, quando conseguimos também Sua harmonia interior.

O presente de Natal são todos nós, quando conseguimos comportar-se como verdadeiros amigos e irmãos de qualquer ser humano. O cartão de Natal somos nós, quando a bondade está escrita no gesto de amor de nossas mãos.

Todos nós seremos "votos de Feliz Natal" quando perdoarmos, restabelecendo de novo a paz, mesmo a custo de nosso próprio sacrifício. A ceia de Natal somos todos nós, quando saciamos de pão e esperança, qualquer carente ao nosso lado.

O Natal, enfim, somos eu, você e todos que acreditamos no aniversariante do próximo dia 25, Jesus Cristo; Aquele que deu sua vida para a humanidade e sempre praticou sua pregação; o filho de Deus vindo à terra para redimi-la de seus pecados e de seus erros.

Cabe-nos louvá-lo, amá-lo e proclamar, ainda uma vez, aquela frase tão difundida: "Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade". De boa vontade e de amor ao próximo, o mundo e as pessoas estão carentes. Daí a importância de levarmos para o nosso cotidiano, em meio às dificuldades inerentes, o espírito de Natal. Do Natal todo dia.

 

(Autor desconhecido)

Bom dia... 24/12/2022

 


terça-feira, 20 de dezembro de 2022

EXÉQUIAS ECLESIÁSTICAS: CELEBRAÇÃO DA MORTE DE UM CRISTÃO!

Um dos ritos presentes em todas as religiões é o rito de partida, despedida, ou como costumamos dizer, o funeral de um ente querido. Em todo o sentido, o fato da morte de uma pessoa, está relacionado e presente na vida de cada Comunidade.

Padre Guanair da Silva Santos

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 sacerdote em sua missão especial (consagração), é confiada a “tarefa de manter intata e regular a relação com a divindade ou com as forças celestes, mediante culto sacrifical organizado e normalizado com regras fixas (ritos) (BLANK, J.: 1993).

Daí que, “os ritos e orações que a Igreja previu por ocasião da morte de um cristão não podem ser vistos como simples prova de sentimento humanitário. Mas se em todas as culturas os funerais tiveram um valor e um significado religioso, muito mais no cristianismo, para o qual todo o autenticamente humano é susceptível de adquirir sentido sagrado” (LLOPIS, J: 1988).

A finalidade desta matéria é levar o leitor a perceber a importância e valor da celebração das exéquias eclesiásticas, na vivência de sua catolicidade. Por assim dizer, foi que o Concilio Vaticano II manifestou o desejo de que o “o rito das exéquias deve exprimir mais claramente o sentido pascal da morte cristã e responder melhor às circunstâncias de cada país” (SC,81). Entendemos que, o funeral está, em intima comunhão com o mistério pascal de Cristo, mistério pascal de Cristo, “o grande Kairós, o momento propício no qual Deus se aproxima do homem, chamando-o à salvação” (TABORDA, F.: 2019). Então, todo sacramento celebra o fato, importante, da vida do cristão e da comunidade em sua referência ao mistério pascal. Neste sentido, “os sacramentos estão ordenados para santificação dos homens, para a edificação do Corpo de Cristo e, em última análise, para prestar culto a Deus; mas, enquanto sinais, têm também um fim pedagógico. Não só supõem a fé, mas, ao mesmo tempo, alimentam-na, robustecem-na e exprimem-na por meio de palavras e coisas; por esta razão chamam-se sacramentos da fé” (SILVA e SOUSA: 2004).

Assim sendo, o sacramento do batismo e eucaristia, pelo que significam, a vida nova em Cristo, confere nossa participação no mistério pascal, portanto “a centralidade dos dois sacramentos maiores é ainda corroborada por serem ambos constitutivos do ser cristão e edificadores da Igreja enquanto tal” (TABORDA, F.: 2019).

Prescrutando o Catecismo da Igreja Católica que também acentua esta centralidade dos dois sacramentos, compreendemos que: “foi na sua Páscoa que Cristo abriu a todos os homens as fontes do Batismo.  O Batismo, cujo sinal original e pleno é a imersão, significa eficazmente a descida ao túmulo, por parte do cristão que morre para o pecado com Cristo, com vista a uma vida nova. Fomos sepultados com Ele, pelo Batismo, na sua morte, para que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos, pela glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova” (Rm 6,4) (Catecismo 625). De certo o Catecismo da Igreja proclama que “as exéquias eclesiásticas são uma celebração litúrgica da Igreja. A Igreja honra nas exéquias o corpo do defunto por razões de fé: o corpo do cristão é templo do Espírito Santo (1Cor 6,19-20) e está chamado à ressurreição gloriosa” (POUILLY, A.: 1993).

Antes, porém, de seguirmos nossa reflexão, permita-me apresentar uma preciosa informação dada pelo professor e doutor em Liturgia Pe. Gregório Lutz ssp, de saudosa memória, onde diz: O costume de celebrar a Eucaristia durante o funeral ou em presença do defunto não é tão antigo como o da missa no 3º, 7º, 30º dias e no aniversário da morte. Não conhecemos nenhum documento anterior ao sétimo século que ateste a celebração da missa nas exéquias. Parece que este costume se iniciou no enterro de monges e religiosos. No VI século foi iniciado o costume de celebrar missas pelos defuntos independentemente dos dias mencionados. Da época de Gregório Magno, por volta de 600 d.C., sabemos que um sacerdote celebrava, durante vários dias seguidos, missas para um determinado defunto. A reforma litúrgica do Concílio Vaticano II aboliu as missas pelos defuntos no 3º, 7º e 30º dias. (LUTZ, G. 2003).

Segundo a legislação canônica (CIC 1177 §1;2;3) o lugar adequado dos funerais é a paróquia do defunto, também quando ele tiver falecido em outro lugar. Foi na comunidade paroquial que ele recebeu o sacramento do batismo e eucaristia e ali cresceu e desenvolveu sua vida cristã. Aqui, e sem querer forçar a barra, como alguns poderão pensar, cabe ao pároco a presidência das exéquias. Todo fiel, por si mesmo ou por sus representantes, pode escolher o lugar da celebração das exéquias. A escolha há-de ser pessoal ou pelos representantes do defunto e expressa de modo que possa ser acreditada. Esta eleição deve ser livre, não de forma coacionada, segundo afirma Manuel Fernando Sousa e Silva, em Direito Sacramental I. Assim sendo, imaginamos que, todos os que participam com certa frequência da celebração de missas em Comunidades e Paróquias estão conscientes de que o tema principal das leituras e orações das missas pelos mortos no novo missal é a Páscoa, a passagem desta vida para a outra, passagem esta que Jesus Cristo realizou como “primogênito dos mortos” (Cl 1,18). Neste caso o cristão não vive sozinho, o cristão não morre sozinho, mas o faz cercado pela comunidade de crentes, família, Igreja a qual, foi acolhido no dia de seu batismo. E assim, incorporados a Cristo pelo batismo, como nos ensina o Apostolo Paulo, nós fomos sepultados com ele na morte para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim nós vivamos vida nova (Rm 6,2-4).  Neste sentido, a missa exequial torna-se evidentemente um ato eclesial e requer de nossa parte, ministros ordenados por ser um direito dos fiéis e uma obrigação da Igreja. Todavia, “este direito radica na condição de comunhão do fiel, isto é, direito a participar na vida e auxílios do Povo de Deus, mormente dos seus tesouros da Palavra de Deus, dos Sacramentos e, neste caso, dos sufrágios da Igreja” (SILVA e SOUSA:2004).

O Deus de Jesus Cristo não faz acepção de pessoas. A celebração da missa, o mistério pascal, é simultaneamente “fonte e cume de toda atividade da Igreja” (SC 10). Tendo em conta as normas litúrgicas do Vaticano II, as leis canônicas, bem como a Nova Instrução Geral ao Missal Romano, aqui faço um destaque específico entre os números 379-385, encontramos as normas para Missa pelos fiéis defuntos que assim descreve: entre as missas dos fiéis defuntos ocupa o primeiro lugar a missa de exéquias, que pode ser celebrada todos os dias, exceto nas solenidades de preceito, na Quinta-feira da Semana Santa, no Tríduo Pascal e nos Domingos do Advento, da Quaresma e da Páscoa, observando, além disso, tudo o que é de direito (380).  Além, disso, os pastores levem especialmente em conta aqueles que por ocasião das exéquias comparecem às celebrações litúrgicas e escutem o Evangelho, tanto os não católicos como católicos que nunca ou raramente participam da Eucaristia, ou parecem ter perdido a fé, pois os sacerdotes são ministros do Evangelho de Cristo para todos (385).

Diante do exposto, surge para nós uma questão de cunho pastoral. Delicada em si. Que exige de cada ministro ordenado, principalmente neste tempo de pandemia vigente, uma atenção toda especial, que é a missa exequial, ou dos defuntos ou ainda de corpo presente. Fixando nosso olhar para a Cruz de Cristo, ele que nos amou em primeiro e consagrados a seu serviço, como temos dado atenção, a dor, ao sofrimento das famílias que nos pedem rezar a missa de corpo presente? Em nossa Igreja Particular, na nossa paróquia a missa exequial tem tido um lugar especial em nossa ação pastoral? Temos consciência de que as missas pelos defuntos como previsto pelo Magistério da Igreja é, um direito de todos os fiéis? E, não somente para alguns escolhidos e preferidos do sacerdote? Deixamos nossas atividades burocráticas/administrativas para ir ao encontro destas famílias, em luto? Fato marcante, foi o testemunho que o Papa Francisco nos deu, diante da morte do Cardeal Vicentino Agostino Cacciavillan, suas exéquias foram celebradas pelo cardeal decano Giovanni Battista Re e ao final da missa, o Papa Francisco presidiu o rito da Última Commendatio e Valedictio, deixando assim, de estar retirado em oração mais intima com Deus nos exercícios espirituais, onde unido a oração de toda a Igreja, reza pela família humana, paz no mundo, o conforto e consolação de Deus aos perseguidos, abandonados, migrantes e falecidos, para estar ali presente, o Pastor que conduz a ovelha a morada eterna (Sl 23 (22)). 

PADRE GUANAIR DA SILVA SANTOS é Pároco da Paróquia São Vicente de Paulo, em Coronel Pacheco/MG e Mestre em Liturgia.

Bom dia... 20/12/2022

 


sábado, 17 de dezembro de 2022

REFLEXÃO LITÚRGICA PARA 4º DOMINGO DO ADVENTO – 18/12/2022


Padre Cesar Augusto – Vatican News

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 primeira leitura da liturgia deste 4º DOMINGO DO ADVENTO, apresenta a aliança entre dois reis, com a finalidade de depor um terceiro, Acaz,  rei de Jerusalém.  Com isso a dinastia dravídica se esfacelaria e outro rei, de outra família, ocuparia o trono de Jerusalém.

Mas Deus é fiel e manterá sua promessa de que um descendente de Davi seria o rei de Judá. Contudo o rei Acaz não dá muita importância à palavra de Deus, não confia em suas palavras, mas confia em sua aliança com um 4º rei.

O profeta Isaías fica preocupadíssimo com o modo de agir do rei Acaz e percebe que tudo será um desastre para Israel.

O povo confia em Deus, mas fica estarrecido com menosprezo que Acaz dá à situação e sua atitude em relação aos ídolos pagãos a ponto de oferecer seu filho aos mesmos.

Por isso ele, de modo falso, diz que não irá incomodar Deus, quando lhe é dito de pedir um sinal a Deus.

Nesse momento é dado, pelo profeta Isaías, um sinal: a virgem dará à luz um filho que se chamará Emanuel.

Acaz se torna inflexível, perde a guerra, os assírios se tornaram colonizadores de Israel, mas Deus se manteve fiel. Ezequias, o filho da virgem, descendente de Davi, nasceu e se tornou rei, um bom rei. Ele foi visto como a presença de Deus, de Deus que não abandona, de Deus que está com seu povo, do de Deus que se chama Emanuel – Deus conosco!

Essa leitura questiona nosso modo de pensar e de agir quando não confiamos em Deus e não damos a Ele a primazia em nossas decisões, quando confiamos mais no mundo, em nossos feitos e amizades, em nossas “orações” e “novenas”, em nossas supertições e não na palavra dele de que nos ama, de que se entregou por nós, na presença de Nossa Senhora ao nosso lado. Não somos nossa providência, ninguém é nossa providência, só o Senhor é a Providência.

Deus conosco é o tema também do Evangelho de Mateus, proclamado nesta liturgia, que nos fala da gravidez de Maria, após a realização do contrato nupcial entre ela e José, mas ainda sem coabitarem.

O sinal de que Isaías falava para o rei Acaz pedir a Deus, é concretizado no nascimento de Jesus, o Deus Conosco, o Emanuel.

Maria é a virgem, que confiou absolutamente em Deus e se entregou totalmente à missão que Ele lhe confiava. Também Jose, o justo, porque entre situações muito embaraçosas, optou por não cometer injustiças, mas deixar tudo nas mãos de Deus e confiar na divina Providência.

Que nós, neste Natal, saibamos ser como José, deixando tudo nas mãos do Senhor, confiando em Sua divina ação. “Deixa aos cuidados do Senhor o teu destino; confia nele, e com certeza ele agirá”, diz o salmo 36.

Também sejamos como Maria, não pedindo explicações, mas sabendo que o Senhor é poder e Amor.

Entreguemo-nos, confiadamente, ao Senhor que vem a nós em forma de uma criança, para habitar conosco, a cada dia de nossa vida, presente em cada segundo de nosso existir, afinal Ele é o Amor, o Emanuel, o Deus conosco!

Bom dia... 17/12/2022

 


terça-feira, 13 de dezembro de 2022

ISABEL CRISTINA É A NOVA BEATA BRASILEIRA

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ulher, jovem e leiga, a mártir Isabel Cristina Mrad Campos foi proclamada beata no último sábado, 10 de dezembro. Isabel Cristina foi elevada às honras dos altares e proclamada beata, a primeira da Arquidiocese de Mariana. A cerimônia realizada no Parque de Exposições da cidade de Barbacena (MG). Mais de dez mil pessoas, incluindo dezoito bispos participaram da cerimônia que pode ser acompanhada ao vivo pelos canais da Arquidiocese de Mariana e do Santuário Nossa Senhora da Piedade, em Barbacena (MG).

Isabel Cristina viveu os valores cristãos e espiritualidade vicentina, que inspiraram a sua caminhada de fé e atenção aos mais pobres e necessitados. Nascida na cidade de Barbacena (MG), em 29 de junho de 1962, filha do Sr. José Mendes Campos e da Sra. Helena Mrad Campos. Teve somente um irmão mais velho, o sr. Paulo Roberto Mrad Campos. Era uma família humilde e muito católica. Cresceu numa convivência de fé e amor nas relações em família, sempre muito respeitosa com seus pais e muito afetuosa e amável com seu irmão.

Ela foi batizada no Santuário Nossa Senhora da Piedade, em Barbacena, no dia 15 de agosto de 1962, crismada na Basílica de São José Operário, no dia 22 de abril de 1965 e fez sua Primeira Comunhão na Capela de Nossa Senhora das Graças, também em Barbacena.

Isabel Cristina teve uma experiência bonita de fé em família, tendo o exemplo de seus pais que eram vicentinos, membros assíduos da Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP). Seu pai foi Presidente do Conselho Central de Barbacena da SSVP e sua mãe consorcia da Conferência Santa Mônica. Isabel Cristina não chegou a ser registrada na SSVP, mas foi uma vicentina de alma, pois sua espiritualidade era vicentina, participava assiduamente das atividades da SSVP, especialmente dos vários encontros de jovens vicentinos. Desde criança até a juventude soube viver sua fé na Igreja, participando das atividades de sua Paróquia, assídua aos Sacramentos. Aprendeu com seus pais a testemunhar a fé pela caridade, visitando a Vila Vicentina, onde prestava serviço voluntário em favor dos idosos. ela cresceu na vivência da fé e cultivando uma relação de carinho e amor em família.

Em 1º de setembro de 1982, aos 20 anos, ela foi brutalmente assassinada em Juiz de Fora (MG), onde estava morando para preparar-se para o vestibular de medicina. O seu agressor tentou violentá-la sexualmente e não obtendo êxito, deferiu-lhe 15 facadas, além de golpeá-la com uma pequena cadeira, lembrança de seu aniversário de três anos.

Em entrevista aos meios de comunicação, Monsenhor Danival Milagres Coelho - coordenador geral da cerimônia de beatificação, para a Arquidiocese de Mariana, bem como a Igreja no Brasil e no mundo, é uma graça ter a beatificação de uma leiga, jovem, que soube viver a sua fé na defesa corajosa dos seus valores. Ainda, na opinião do sacerdote, a mártir e Beata é uma referência para os jovens. ‘Isabel Cristina afirmou: “é preciso resistir ao mal, custe o que custar’. E custou a vida dela. Por isso, nós agradecemos a Deus o testemunho de fé desta jovem”, enfatiza.

Assim como Santa Maria Goretti e a Beata Benigna Cardoso da Silva, a Beata Isabel Cristina também foi vítima de violência contra a mulher. Nesse sentido, monsenhor Danival aponta que “na pessoa da futura Beata Isabel Cristina, nós queremos também lembrar a vida de tantas mulheres vítimas da violência, vítimas da tentativa de abuso sexual e todos esses crimes contra a mulher”.

Devido a forma como ocorreu sua morte, mas sobretudo como viveu, em 26 de janeiro de 2001, foi instaurado oficialmente o tribunal para a causa de beatificação da jovem Isabel Cristina. Em 1º de setembro de 2009, o processo foi encerrado em âmbito arquidiocesano, quando também aconteceu a exumação dos seus restos mortais e a trasladação deles para o Santuário Nossa Senhora da Piedade, em sua cidade natal.

Após onze anos, em 27 de outubro de 2020, o Papa Francisco autorizou a publicação do decreto reconhecendo o martírio de Isabel Cristina, possibilitando que ela seja proclamada beata. Na opinião de Monsenhor Danival, a beata foi vítima não somente de um, mas de dois martírios, sendo um físico e outro moral.

“Isabel Cristina sofreu dois martírios porque, além de ter sofrido a violência física que a levou à morte, ao longo de todo o processo criminal, foram levantadas suspeitas e assim, apresentaram acusações falsas contra a moralidade da sua vida e da sua pessoa. Ela foi vítima também de calúnia e mentiras, para tentar defender o criminoso. Mas a justiça, graças a Deus, levou muito a sério o processo, revelando e comprovando toda a verdade do fato que a levou a esta morte tão violenta”, afirma.

Bom dia... 13/12/2022

 


sábado, 10 de dezembro de 2022

Reflexão Litúrgica para o 3º Domingo do Advento – 11/12/2022

Jesus responde aos discípulos citando Isaías, ou seja, dizendo que sua missão é de redenção, por isso os sinais que faz são de salvação. Deus ama a todos, bons e maus. Todos são seus filhos, foram criados por amor.

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

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iante de um mundo arrasado, de um ambiente de profunda desolação, de corações sofridos e enlutados, Isaías clama Vida, Alegria, Ressurreição! O texto da primeira leitura de hoje, extraído do livro de Isaías, nos leva à Esperança. O Profeta quebra a rotina desoladora e nos aponta a ação de Deus, a regeneração do mundo, a redenção do ser humano. Mas o Senhor que pode fazer tudo sozinho, quer nossa colaboração, quer fazer-nos partícipes de sua obra salvífica. Nesse próprio ato de pedir nossa colaboração já está a redenção.

O Senhor nos trata como pessoas maduras, capazes, pessoas criadas à Sua imagem e semelhança. Por isso não é próprio do fiel ficar de braços cruzados, desanimado e acomodado. Aquele que crê levanta a cabeça, solta os braços e busca dentro de si a força do Senhor, e imediatamente começa a colaborar com o Criador. O fiel reage contra qualquer ação oriunda da cultura de morte. Ele crê na Vida! Assim aconteceu com a escravidão no Egito, em outras situações em que os protagonistas foram os pobres, os marginalizados, os portadores de deficiência, os pequenos segundo o mundo. Assim fez Jesus Cristo, colocando-se como servo de todos, à disposição do Pai para assegurar a felicidade eterna ao Homem.

No Evangelho de hoje, temos em primeiro lugar a dificuldade de João Batista em reconhecer em Jesus o Messias prometido. Na pregação de João Batista, como vimos no domingo passado, Jesus deveria tratar os pecadores com bastante dureza, destruí-los até.  Mas ele não o faz, ao contrário, provoca mudanças em seus corações, possibilitando a salvação, faz refeições com eles e até se torna amigo deles. Isso desorienta o Batista.

Quando interrogado pelos discípulos de João, Jesus responde citando Isaías, ou seja, dizendo que sua missão é de redenção, por isso os sinais que faz são de salvação. Deus ama a todos, bons e maus. Todos são seus filhos, foram criados por amor.

Em segundo lugar, Jesus elogia a pessoa do Batista dizendo que ele é mais que um Profeta, o maior entre os nascidos de mulher – dirá o Mestre. Ao dizer que “O menor no Reino dos céus é maior do que o Batista”, Jesus afirma que esse menor entendeu que Deus vem ao encontro do Homem para perdoá-lo, acolhê-lo e amá-lo. Menor e maior. Sem depreciar em nada a figura de João Batista, já que os tempos do Reino transcendem inteiramente aqueles que os precederam e prepararam, essas duas palavras opõem duas épocas da obra divina, duas “economias”, conforme nos esclarece a Bíblia de Jerusalém.

Finalmente, na 2ª leitura, São Tiago nos exorta a que fiquemos firmes até e chegada do Senhor. Firme para Tiago significa manter a fé, a esperança e a caridade. Por isso, ele toma como exemplo o agricultor que trabalha e depois fica à espera do fruto prometido e nos aconselha a não nos queixarmos dos irmãos.

Bom dia... 10/12/2022

 


quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

IMACULADA CONCEIÇÃO DE MARIA

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a solenidade da IMACULADA CONCEIÇÃO DE MARIA, a Igreja exalta uma das grandes maravilhas da história de nossa salvação: MARIA, que durante toda a sua vida terrena, foi livre da mancha do pecado. Verdade reconhecida pela Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, é muito antiga. “Entrando, o anjo disse-lhe: ‘Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo’” (Lucas 1,28). Muitos religiosos e doutores da Igreja Oriental, ao exaltarem a grandeza de Maria, Mãe de Deus, usavam expressões como: cheia de graça, lírio da inocência, mais pura do que os anjos.

A Igreja Ocidental, que sempre amou a Santíssima Virgem, tinha uma certa dificuldade para a aceitação do mistério da Imaculada Conceição. Não por repulsa a Nossa Senhora, mas para conservar a doutrina da redenção operada por Cristo em favor de todos.

Em 1304, o Papa Bento XI reuniu na Universidade de Paris uma assembleia dos doutores mais eminentes em Teologia, para terminar as questões de escola sobre a Imaculada Conceição da Virgem.

Rapidamente, a doutrina da Imaculada Conceição de Maria, no seio de sua mãe Sant’Ana, foi introduzida no calendário romano. José de Anchieta foi o apóstolo que propagou essa doutrina no Brasil. Desde o início de sua colonização dedicou a esse ministério igrejas.

A própria Virgem Maria apareceu em 1830 a Santa Catarina Labouré pedindo que se cunhasse uma medalha com a oração: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós”. Esta medalha, anunciada em todo o mundo, possibilitou a devoção a Maria Imaculada, induzindo os bispos a solicitarem ao papa a definição do dogma, que já era vivenciado entre os cristãos.

Sendo assim, no dia 8 de dezembro de 1854, através da bula Ineffabilis Deus do Papa Pio IX, a Igreja oficialmente reconheceu e declarou solenemente como dogma: “Maria isenta do pecado original”.

A própria Virgem Maria, na sua aparição em Lourdes, em 1858, confirmou a definição dogmática e a fé do povo dizendo para Santa Bernadette e para todos nós: “Eu sou a Imaculada Conceição”.

Nossa Senhora da Imaculada Conceição, rogai por nós!

Bom dia... 08/12/2022

 


sábado, 3 de dezembro de 2022

Reflexão Litúrgica para o 2º Domingo do Advento – 04/12/2022

 Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

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 liturgia deste 2º Domingo do Advento - Ano A, de modo especial, nos propõe uma mudança radical que nos torne pessoas de acordo com o coração de Deus. A primeira leitura tirada do livro do Profeta Isaías nos dá uma visão do mundo querido por Deus e pelo qual deveríamos trabalhar para que se tornasse realidade: a harmonia reinando entre as criaturas, sejam animais racionais ou irracionais. O Evangelho nos leva à radicalidade ao apresentar a pessoa de João Batista: ele prega a metanoia, a mudança de mentalidade.

O termo técnico usado pela espiritualidade ao falar de mudança de pensar e de querer é a palavra grega metanoia. Usamos geralmente a palavra metamorfose para falar de mudança de forma. Metanoia é mudar de cabeça, de maneira de pensar e de agir.

João Batista prega isso ao falar em conversão e a mostra quando se apresenta com um modo de proceder bastante simples e voltado para aquele que virá – Jesus Cristo!

Se vivo voltado para mim mesmo, se sou consumista, se me fecho em meu mundinho formado por minha família e minha roda de amigos, se desconheço a realidade que está à minha volta e se penso apenas nos negócios da família, necessito de conversão. Se continuo assim, nunca será Natal em minha vida, mesmo que minha casa esteja bem iluminada e decorada, mesmo que em cada canto haja um presépio, mas será o famoso Natal consumista, sem a presença do aniversariante porque não existe lugar para ele com seus valores em nossa vida.

O Natal autêntico é a abertura do coração ao Senhor para que venha até nós e se instale como quiser. Certamente os frutos serão a fraternidade, a alegria sincera, o serviço despretensioso, a gratuidade no ser e no agir.

Existe uma fábula de La Fontaine - o Cordeiro e o Lobo -  onde fica claro que o mais forte sempre possui uma razão para devorar o mais fraco, mesmo que seja sem culpa alguma do primeiro. Também nós, fechados em nosso mundo e confiantes em nossa sabedoria e discernimento, sempre encontramos razões para continuar fazendo o que nos agrada e julgar que sempre temos razão e os errados são os outros. Deixemo-nos questionar pela Palavra de Deus! É a nossa salvação, a libertação de nós mesmos! Eis o tempo propício à conversão, à mudança de mentalidade.

Se o coração não estiver mudado, o Senhor não virá até cada um de nós. A imagem usada pelo Batista deixa claro que para o rei poder chegar ao seu povo, necessita de haver caminhos endireitados, caso contrário se torna impossível. Não é que o Senhor exija caminhos, mas como entrar em um coração fechado, em uma mente que não se abre para acolher novas ideias e para sempre deixar outras? Como acolher o outro se temos muros que impedem o acesso a nós?

Na Eucaristia celebramos o mundo da partilha, onde Deus e não o dinheiro é o Pai. O caminho é o da austeridade de vida e o da solidariedade. E isso com todos os bens que possuímos, desde os materiais até os espirituais, passando pelos psicológicos, os afetivos, os intelectuais. O sacrificar-se pelo outro e até a própria liberdade se for o caso, faz parte dessa dinâmica, pois Eucaristia é o sacrifício da Vida, realizado pelo Amor, partilhada em favor de todos.

A segunda leitura nos ensina que essa acolhida será para todos os homens, sejam fracos ou fortes, sem preconceito algum. Mas ela também nos diz a necessidade de unirmos nossos sentimentos, a exemplo de Jesus Cristo.

Além disso é preciso criar raízes. Nos primeiros tempos da Evangelização do Brasil, os nossos índios, após um tempo em que os missionários estavam contentes pelos aparentes frutos colhidos, voltavam aos antigos costumes, deixando com isso os missionários muito tristes com a falta de perseverança dos nativos. É necessário mudança radical!

Nesse segundo domingo peçamos ao Senhor que invada nosso coração e aplaine nossa afetividade, corrija nossos valores e derrube nossos muros. Que nossa vida, com toda sua riqueza seja colocada em favor da paz, da harmonia entre os homens. Que a paz e a beleza da noite de Natal, quando veio ao mundo o Príncipe da Paz, não seja impedida pelo nosso egoísmo, mas permitida pelo nosso querer e agir, pelo nosso coração. Advento/Natal é tempo de amar, tempo de mudar de vida para amar mais, em plenitude.

Nossa vocação é o Amor! Vivamos o Amor sem limites, sem empecilhos, sem barreiras, o Amor da Noite de Natal!