sábado, 31 de outubro de 2020

REFLEXÃO LITÚRGICA DA SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS - 01/11/2020

Pe. Françoá Costa

S

omente Deus é santo! A ele toda a glória e adoração! É isso que nós dizemos em cada celebração eucarística: Santo, Santo, Santo! Desta maneira nós celebramos a transcendência de Deus, que está acima de tudo e do qual tudo depende. Diante do Deus Santo e, neste sentido, do Totalmente Outro, a nossa proclamação acaba por emudecer-se, pois diante dele cessam as palavras humanas: “à medida que nos aproximamos do cimo, as nossas palavras diminuirão e, no final da subida a essa montanha, nós estaremos totalmente mudos e plenamente unidos ao Inefável” (Pseudo-Dionísio Areopagita, Teologia Mística, c. 3).

Não obstante, Deus quis fazer-nos participantes da sua santidade. Por seu desígnio salvador, nós fomos consagrados no momento do nosso batismo e nos aproximamos da montanha da santidade. A partir daquele momento, a santidade para nós pode ser descrita como um processo no qual confluem a graça de Deus e a generosa correspondência humana. Neste processo tem lugar uma luta constante na qual um filho de Deus vai se parecendo cada vez mais com o seu Pai-Deus à espera que um dia se manifeste a plena semelhança com a divindade no próprio ser da criatura.

A santidade é acessível a todos porque Deus quer que todos os homens e mulheres sejam santos, isto é, participem da sua Vida e do seu Amor. O Pai deseja que, através da ação do Espírito Santo em nós, nos pareçamos cada vez mais com o seu Filho Jesus Cristo. Em resumo, a santidade é o desenvolvimento da nossa filiação divina: “desde agora somos filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o que havemos de ser. Sabemos que quando isto se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porquanto o veremos como ele é” (1 Jo 3,2).

Como se pode observar, a serpente astuta que aparece no livro do Gênesis, enganando os nossos primeiros pais, não estava tão equivocada: podemos ser como deuses, ou seja, podemos ser divinizados pela graça de Deus e parecer-nos a ele já aqui nesta terra e depois, eternamente, no céu. O erro da serpente não estava nesta afirmação – sereis como deuses – mas no método para alcançar esse objetivo. A serpente demoníaca propôs o orgulho e a desobediência para alcançar a divinização. Nada mais contraditório! O caminho é justamente outro: a humildade e a obediência acompanhadas da mais nobre de todas as virtudes, a caridade.

“Deus é amor” (1 Jo 4,8.16) e nós podemos amar, “mas amamos, porque Deus nos amou primeiro” (1 Jo 4,19). A santidade se mede pelo amor: quem mais ama é mais santo; quem menos ama é menos santo; quem não ama nada, não é santo. De tudo isso é fácil concluir que a santidade não é algo exterior, caricaturesca, rígida, sombria ou até mesmo triste. Não! O santo é uma pessoa com uma profunda vida interior, com uma grande unidade de vida, uma pessoa coerente, flexível, cheia de luz e de alegria. Uma pessoa santa é um ser humano bem normal no seu dia-a-dia, mas os outros intuem que leva dentro de si algo diferente: o amor de Deus atuante e atualizador. Se Deus, o Totalmente Outro, quis fazer-se um de nós, quanto mais nós, sendo o que somos, devemos ser nós mesmos! Que sejamos cada vez mais simples, amemos de verdade, façamo-nos próximos aos outros seres humanos. Nós estamos, efetivamente, inseridos na grande massa humana, nós somos como os outros. E, no entanto, Deus nos conhece pelo nome, nos fez seus filhos e quer ver-nos um dia com ele no céu.

SANTIDADE! Esse é o segredo que o cristão deve ter para aproximar muitas pessoas de Deus. Mas, por favor, não vamos mostrar a santidade como uma coisa esquisita, rara, estranha. Vamos ser bem normaizinhos: comemos, bebemos, trabalhamos, saímos com os amigos e… até tomamos uma cervejinha (com moderação!). Na verdade, nós somos as pessoas verdadeiramente normais porque a vivência das virtudes humanas (prudência, justiça, fortaleza, temperança etc.) e sobrenaturais (fé, esperança e caridade) vai não somente nos divinizar, mas também humanizar-nos cada vez mais. Quem quer ser uma pessoa humana verdadeiramente realizada não tem mais que olhar para aquele que é Perfeito Homem, Jesus Cristo, e unir-se a ele para ser divinizado por ele, que é Perfeito Deus.

Quem são os santos? Uns bem-aventurados, os felizes desta terra. Quem pode ser santo? Todos. Como ser santo? Basta unir-se a Deus através dos sacramentos, da oração e duma luta contínua para dar gosto ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. Qual é a finalidade de uma pessoa santa? Unir-se ao Santo dos santos e arrastar livremente muitas outras pessoas que lutaram para alcançar a santidade, a felicidade, a plenitude da vida.

Bom dia... 31/10/2020


sábado, 24 de outubro de 2020

REFLEXÃO LITÚRGICA DO XXX DOMINGO DO TEMPO COMUM – 25/10/2020

A CARIDADE É A PLENITUDE DA LEI
Dom José Aparecido Gonçalves de Almeida

Arquidiocese de Brasília - DF

 

A

 Igreja, neste trigésimo Dia do Senhor do Tempo Comum, através da Liturgia da Palavra, oferece à nossa meditação a lembrança de que plenitude da Lei – como, aliás, de todas as Escrituras Sagradas – é o amor.

Na primeira Leitura (Ex 22,20-26), a Palavra de Deus une à exigência de tratar com dignidade o estrangeiro e de não fazer mal ao órfão e à viúva, a promessa de dar a justa punição aos que os oprimem desprezando a Palavra. Logo a seguir, acrescenta o dever de solidariedade para com o próximo como sinal de pertença ao seu povo. Fica bem claro que os preceitos da Lei sobre convivência entre os eleitos são expressão do verdadeiro culto de amor a Deus e da obediência à Sua santa vontade. E o clamor dos mais fracos, no momento da opressão, toca as entranhas de misericórdia do Deus justo e bom: “Se clamar por mim, eu o ouvirei, porque sou misericordioso” (Ex 22,26). A fé de Israel no Deus justo e misericordioso se expressa na universalidade do amor, que não se limita aos membros da mesma família, da tribo ou do povo eleito, mas alcança também o estrangeiro.

O Salmista nos ensina que o clamor do pobre se traduz em oração de confiança: “Eu vos amo, ó Senhor, sois minha força e salvação, minha rocha, meu refúgio e salvador” (Sl 17,2-3). Quantas vezes, no nosso apostolado, ao visitar os mais pobres, não nos admiramos com o testemunho de uma confiança sobrenatural e inabalável na misericórdia de Deus. Esta confiança muitas vezes se esvai no aburguesamento provocado pela vida cômoda e dissipada pela preguiça daqueles a quem nada falta.

“É necessário que os fiéis tenham amplo acesso à Sagrada Escritura” (Dei Verbum 22), às Santas Palavras, para que encontrem a Verdade e cresçam no amor autêntico. Este amor que é a plenitude da Lei se exprime em dois atos indissociáveis. O primeiro ato, que tem precedência na ordem do princípio, é o culto de adoração a Deus: “amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento” (Mt 22,34-40). O segundo ato, que se expressa nas obras de misericórdia e tem a precedência na ordem da prática, é o amor ao próximo: “O segundo é semelhante a esse: Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. As obras de misericórdia não são mera filantropia sem raiz sobrenatural, são um ato de amor que São Vicente de Paulo não teme identificar com a adoração a Deus.

Sim, a plenitude da Lei é o amor. E este amor traz ao coração humano uma alegria inigualável, compatível com o mistério da Cruz. Paulo diz aos Tessalonicenses: “E vós vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, acolhendo a Palavra com a alegria do Espírito, apesar de tantas tribulações” (I Tes 1,6). Esta alegria exige, portanto, um conhecimento mais íntimo de Cristo e uma escuta sempre dócil de sua Palavra, que dá pleno sentido à vida.

Bom dia... 24/10/2020


sábado, 17 de outubro de 2020

REFLEXÃO LITÚRGICA DO XXIX DOMINGO DO TEMPO COMUM – 18/10/2020

Dom José Aparecido Gonçalves de Almeida

Arquidiocese de Brasília - DF 

N

este ano, este caminho missionário de toda a Igreja continua à luz da palavra que encontramos na narração da vocação do profeta Isaías: «Eis-me aqui, envia-me» (Is 6, 8). É a resposta, sempre nova, à pergunta do Senhor: «Quem enviarei?». Esta chamada provém do coração de Deus, que interpela quer a Igreja quer a humanidade na crise mundial atual. O sofrimento e a morte fazem-nos experimentar a nossa fragilidade humana; mas, ao mesmo tempo, todos nos reconhecemos participantes dum forte desejo de vida e de libertação do mal.

No Sacrifício da Cruz, onde se realiza a missão de Jesus, Deus revela que o seu amor é por todos e cada um. E pede-nos a nossa disponibilidade pessoal para ser enviados…. Por amor dos homens, Deus Pai enviou o Filho Jesus. Jesus é o Missionário do Pai: a sua Pessoa e a sua obra são, inteiramente, obediência à vontade do Pai. Por sua vez, Jesus crucificado e ressuscitado por nós, no seu movimento de amor atrai-nos com o seu próprio Espírito, que anima a Igreja, torna-nos discípulos de Cristo e envia-nos em missão ao mundo e às nações.

A missão não é um programa, um intuito concretizável por um esforço de vontade. A missão é resposta, livre e consciente, à chamada de Deus. Mas esta chamada só a podemos sentir, quando vivemos numa relação pessoal de amor com Jesus vivo na sua Igreja. Perguntemo-nos: estamos prontos a acolher a presença do Espírito Santo na nossa vida, a ouvir a chamada à missão quer no caminho do matrimónio, quer no da virgindade consagrada ou do sacerdócio ordenado e, em todo o caso, na vida comum de todos os dias? Estamos dispostos a ser enviados para qualquer lugar a fim de testemunhar a nossa fé em Deus Pai misericordioso, proclamar o Evangelho da salvação de Jesus Cristo, partilhar a vida divina do Espírito Santo edificando a Igreja? Como Maria, a Mãe de Jesus, estamos prontos a permanecer sem reservas ao serviço da vontade de Deus? Esta disponibilidade interior é muito importante para se conseguir responder a Deus: Eis-me aqui, Senhor, envia-me.

A compreensão daquilo que Deus nos está a dizer nestes tempos de pandemia torna-se um desafio também para a missão da Igreja. Longe de aumentar a desconfiança e a indiferença, esta condição deveria tornar-nos mais atentos à nossa maneira de nos relacionarmos com os outros. E a oração, na qual Deus toca e move o nosso coração, abre-nos às carências de amor, dignidade e liberdade dos nossos irmãos, bem como ao cuidado por toda a criação. Neste contexto, é-nos dirigida novamente a pergunta de Deus – «quem enviarei?» – e aguarda, de nós, uma resposta generosa e convicta: Eis-me aqui, envia-me. Deus continua a procurar pessoas para enviar ao mundo e às nações, a fim de testemunhar o seu amor, a sua salvação do pecado e da morte, a sua libertação do mal.

A caridade manifestada nas coletas das celebrações litúrgicas do terceiro domingo de outubro tem por objetivo sustentar o trabalho missionário, realizado pelas Obras Missionárias Pontifícias, que acodem às necessidades espirituais e materiais dos povos e das Igrejas de todo o mundo para a salvação de todos.

Bom dia... 17/10/2020


sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Bispo natural de Alagoas será o bispo coadjutor de Serrinha (BA).

O

 Papa Francisco nomeou DOM HÉLIO PEREIRA DOS SANTOS, atual bispo auxiliar de Salvador (BA), como bispo coadjutor de Serrinha (BA). Dom Hélio é natural da cidade de Pão de Açúcar, em Alagoas, foi nomeado bispo pelo Papa Francisco em 27 de abril de 2016. O anúncio foi feito no Site da CNBB, nesta sexta-feira, 16 de outubro de 2020.

     Dom Hélio cursou Filosofia no Seminário Arquidiocesano de Maceió (AL); e Teologia na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ). É pós-graduado em História pelo Centro de Estudos Superiores de Maceió (CESMAC), em Ensino de Língua Inglesa pela Universidade Cândido Mendes e em Licenciatura em Letras pela Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL).

     Como padre, Dom Hélio foi reitor do Seminário São João Maria Vianney, em Palmeira dos Índios (AL), nos anos de 1997 e 1998; capelão da capela Nossa Senhora Aparecida na paróquia São Vicente entre os anos de 1998 e 2007. Atuou como coordenador de Pastoral de 1999 a 2001. Foi professor na Fundação Estadual da Saúde no Sergipe (2000-2001), no CESMAC (2000-2001) e na Faculdade São Tomás de Aquino (2001-2005). Foi capelão na capela Divina Pastora, da paróquia Nossa Senhora do Amparo, de 2006 a 2007; vigário na paróquia Nossa Senhora da Saúde, em Igaci, de 2008 a 2009; pároco na paróquia Bom Jesus dos Pobres, em Quebrangulo, de 2009 a 2016.

     Dom Hélio atuou ainda como chanceler da Cúria Diocesana de Palmeira dos Índios (AL) entre 2002 e 2016; vigário geral da diocese de 2013 a 2016; e membro do Conselho Presbiteral e do Colégio dos Consultores. No dia 22 de julho de 2016 recebeu a Ordenação Episcopal e tomou posse como bispo auxiliar da Arquidiocese de Salvador (BA) no dia 6 de agosto do mesmo ano.

 *Com informações da CNBB

Bom dia... 16/10/2020


quinta-feira, 15 de outubro de 2020

A importância da Missa e da Eucaristia


Ana Lúcia Vasconcelos, Jornalista

N

o seu livro Eucaristia O Sacramento da Cura, o Pe. Roberto De Grandis, SSJ (Editora Raboni Caixa Postal 1700- 1996 -Campinas - SP), já na 6ª. Edição, diz na introdução que sempre que encontra ex-católicos lhes pergunta o que pensam sobre a Eucaristia. E geralmente a resposta é mais ou menos esta: “Não sei”, ou “Não pensei sobre isso”. “A Eucaristia é o centro da nossa fé. Você pode conceber alguém que diz: ‘Até logo, Jesus. Vou para aquela outra igreja onde a música é melhor, a pregação é mais poderosa e as pessoas são mais amáveis’? “O que se faz necessário na Igreja”, ele continua, “é proclamar o Evangelho e ressaltar o extraordinário dom da sagrada Eucaristia: o próprio Jesus. O ideal é que tivéssemos adoração perpétua em todas as paróquias, de modo que as pessoas pudessem crescer nesse relacionamento pessoal e profundo com Jesus.” Continua dizendo que nos seus retiros para sacerdotes costuma enfatizar a cura através da Eucaristia e pede que preguem muito sobre a “fonte e ápice de toda a vida cristã”. E aqui ele cita outro livro seu intitulado Healing Through the Mass (A cura pela missa-Mineola, NY Ressurection Press, 1992.)

E justamente lembra que neste livro ele quer focalizar nossa atenção para este maravilhoso sacramento e propor algumas considerações a respeito dos diversos passos para receber Nosso Senhor na sagrada comunhão. Espera que este trabalho desperte os leitores para o ritual mais importante de nossa vida: receber Jesus em nosso coração. E termina a introdução citando um livro The Way of Divine Love (O Caminho do amor divino) de Rockford, IL, Tan Books and Publishers, (1981), onde Jesus fala à irmã Josefa Menendez:

“Quero falar-lhes das dores lancinantes que encheram Meu coração na Última Ceia. Se para Mim foi motivo de alegria pensar em todos aqueles a quem Eu seria tanto Companheiro quanto Alimento celeste, em todos aqueles que estariam Comigo até o final dos tempos, em adoração, reparação e amor... isso de forma alguma diminuiu Minha tristeza por todos aqueles que Me deixariam abandonado em Meu Tabernáculo e que nem mesmo acreditariam em Minha presença real.” Em quantos corações corrompidos pelo pecado Eu precisaria entrar... e quantas vezes essa profanação de Meu Corpo e Sangue seria a causa de sua derradeira condenação... A sagrada Eucaristia é a criação do amor... Ainda assim, quão poucas almas correspondem a esse amor que por elas se esgota e se consome!

“E sobre a importância da Missa vários santos deixaram seus testemunhos como Santo Agostinho: “Uma só missa a que houveres assistido em vida será mais salutar que muitas a que os outros assistirão por ti depois da morte. Será ratificada no Céu a benção que do Sacerdote recebes na Santa Missa”. Santa Mectildes declarou: “Todas as missas tem um valor infinito, pois são celebração pelo próprio JESUS CRISTO, com uma devoção e amor acima do entendimento dos Anjos e dos homens, constituindo o meio mais eficaz que nos deixou Nosso Senhor JESUS CRISTO para a salvação da humanidade”. São Francisco de Assis: “Sinto-me abrasado de amor até o mais íntimo do coração pelo santo e admirável Sacramento da Santa Missa e deslumbrado por essa clemência tão caridosa de Nosso SENHOR, a ponto de considerar grave falta, para quem, podendo assistir a uma Missa, não o faz”.

Bom dia... 15/10/2020


sábado, 10 de outubro de 2020

REFLEXÃO LITÚRGICA DO XXVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM – 11/10/2020

  


Dom José Aparecido Gonçalves de Almeida

Arquidiocese de Brasília - DF

 

N

este Domingo vibramos na feliz esperança da ressurreição e da participação no Banquete do Cordeiro. No seu grande apocalipse, Isaías anuncia que o Senhor dos exércitos, após o juízo sobre a humanidade infiel à antiga aliança, preparará “para todos os povos, um banquete de ricas iguarias, regado com vinho puro, servido de pratos deliciosos e dos mais finos vinhos” (Is 25,6), libertando-os de toda cadeia. Este banquete é prefiguração da Eucaristia e do Banquete escatológico antecipado na história pela mesma Eucaristia.

Esta promessa escatológica não nos livra das dificuldades da vida presente. Na segunda Leitura, São Paulo confidencia: “Eu aprendi o segredo de viver em toda e qualquer situação, estando farto ou passando fome, tendo de sobra ou sofrendo necessidade. Tudo posso naquele que me dá forças” (Flp 4,12-13). Cheio de gratidão, ele glorifica o Deus providente, que o sustém pelas mãos generosas dos irmãos, e nos conforta na esperança da vida eterna.

Ao dar este banquete, “o Senhor Deus eliminará para sempre a morte, e enxugará as lágrimas de todas as faces” (Is 25,8). Paulo aludirá a esta promessa afirmando que a ressurreição de Cristo comportou a vitória definitiva sobre a morte (cf. 1Cor 15,54-55). João dela se lembrará ao anunciar a salvação que o Cordeiro morto e ressuscitado trará, enxugando toda lágrima e destruindo a morte, a dor e todo pranto (cf. Ap 21,4 e 7,17). Ao pedir que Deus receba os mortos no Seu Reino, a Igreja assume esta esperança: “Unidos a eles, esperamos também nós saciar-nos eternamente da vossa glória, quando enxugardes toda lágrima dos nossos olhos. Então, contemplando-vos como sois, seremos para sempre semelhantes a vós e cantaremos sem cessar os vossos louvores” (Oração Eucarística III).

A primeira Leitura exalta justamente a fidelidade de Deus à Sua promessa. O Evangelho (Mt 22,1-14), contudo, nos faz refletir sobre a exigência de uma adequada resposta humana: “Amigo, como entraste aqui sem o traje de festa?” (v.8). Da parte de Deus tudo está dado. A nossa correspondência, porém, será fruto da experiência exigente da caridade, a veste nupcial. “Ninguém – diz são Josemaría – é excluído da salvação, se livremente abre as portas às amorosas exigências de Cristo” (É Cristo que passa, 180). Para saborear as ricas iguarias e os vinhos mais finos é preciso afastar o coração de tudo o que afasta de Deus.

Bento XVI assim conclui uma meditação sobre esta Parábola do Evangelho de Mateus: “Todos nós somos convidados a ser comensais do Senhor, a entrar com fé no seu banquete, mas devemos vestir e guardar o hábito nupcial, a caridade, viver um profundo amor a Deus e ao próximo” (Homilia, 9.X.2011).

        A Igreja missionária anuncia a alegria e a esperança do Evangelho pelas ruas e encruzilhadas das nossas cidades, convidando todos ao Banquete do Reino.

Bom dia... 10/10/2020


quarta-feira, 7 de outubro de 2020

IMAGENS: Veneração respeitosa, não uma adoração!



Padre Sarmento (*)

 

É

 importante saber que na bíblia, há uma enorme diferença entre ídolos e imagens. Deus em sua bíblia condenou os ídolos (ex. 32, 1-5), mas ao mesmo tempo mandou fazer imagens. Você acredita? Pois bem, pegue sua bíblia e leia no livro de êxodo 25, 18-22; 37, 7-9. Deus não só mandou fazer imagens de anjos, como também declarou que falaria solenemente para o povo, do meio das duas imagens de querubins (Números 7, 8-9; 2 Samuel 6,2).

Além das imagens de anjos, Ele também mandou fazer imagem de uma serpente para o povo olhar para ela (Números 21,4-9), e Jesus reconheceu o valor simbólico dessa imagem que era uma prefiguração da sua morte na cruz (João 3,14).

O templo de Deus, construído ricamente pelo rei Salomão, estava cheio de imagens de escultura e javé se manifestou nesse templo e o encheu de sua glória; (Ezequiel 41, 17-20; 43,4-6). Nesse templo havia até imagens gigantes (I Reis 6,23-35 e 2 Crônicas 3,10-14). Tinha a serpente de bronze, querubins de ouro, grinaldas de flores, frutos, árvores, leões... etc. (Números 21,9; êxodo 25,13; Ezequiel 1,5;10,20; I Reis 6, 1B, 23; Números 8,4).

Depois de termos todas as passagens bíblicas aqui citadas, concluímos que não é ruim termos uma imagem como recordação de um fato ou de uma pessoa a quem amamos. A propósito, até mesmo os nossos irmãos protestantes que tanto nos criticam e nos julgam injustamente têm imagens em suas casas e em suas igrejas, como: a Arca de Noé; de Moisés e o povo de Deus atravessando o Mar Vermelho; da Natureza; Matas e até da própria bíblia.

“É certo que Deus proibiu fazer ídolos, porque o povo correria o risco de adorar a deuses estranhos, como aconteceu no deserto quando o povo abandonou a Javé, fabricou e adorou um Bezerro de Ouro, como se fosse Deus”.

Precisamos, porém, entender que nossas imagens não são ídolos, mas recordações dos nossos irmãos na fé. Ídolo é aquilo que toma o lugar de Deus. Assim, os maiores ídolos de hoje são: o poder, o prazer, as riquezas… quando causam injustiças, exploração, corrupção e morte.

É bom que fique bem claro que nós católicos não adoramos a nenhuma imagem, nenhum objeto e nenhuma pessoa humana, pois a igreja nunca ensinou nem mandou adorar a quem quer que seja; mas sempre ensinou em sua doutrina que devemos adorar unicamente a Deus, que é o Pai, o Filho e o Espírito Santo. “A honra devolvida nas santas imagens é uma veneração respeitosa, não uma adoração. Pois, esta convém unicamente a Deus”.

 

*PADRE SARMENTO: Faleceu em 26 de maio de 2013, com a saúde fragilizada, mas lúcido, aos 97 anos, o cônego Luiz Geraldo Wanderley Sarmento, mais conhecido como “Padre Sarmento”, que por 64 anos, foi pároco da Igreja de São Benedito, no Centro de Maceió.

Bom dia... 07/10/2020


sábado, 3 de outubro de 2020

Bom dia... 03/10/2020

 


REFLEXÃO LITÚRGICA DO XXVII DOMINGO DO TEMPO COMUM – 04/10/2020


 

“ARRENDARÁ A VINHA A OUTROS VINHATEIROS…”

 

Dom José Aparecido Gonçalves de Almeida

Arquidiocese de Brasília – DF 

O

 mês de outubro é tradicionalmente dedicado ao Santo Rosário e às Missões. No Brasil, as Pontifícias Obras Missionárias, em colaboração com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, e outros organismos, realiza a Campanha Missionária, que neste ano reflete sobre o tema “A vida é missão”, inspirando-se em Isaías 6,8: “Eis-me aqui, envia-me”. A Igreja de Brasília acolhe a Campanha com o propósito de robustecer o seu ardor missionário e, assim como o Papa Francisco disse aos católicos chineses, nós também suplicamos “uma nova efusão do Espírito Santo, para que em vós possam resplandecer a luz e a beleza do Evangelho, poder de Deus para a salvação de quem acredita”.

A Igreja se reconhece na belíssima imagem da Vinha do Senhor apresentada pelo profeta Isaías (cf. LG 6). Este cântico nupcial mostra o amor e os cuidados do Senhor com a Sua vinha: “O que poderia eu ter feito a mais por minha vinha e não fiz?” (Is 5,4), embora num dado momento tenha dela se desencantado. Por isso o começo lírico se converte depois em anúncio de castigos. A casa de Israel deverá reconhecer a sua culpa para voltar a produzir “frutos de justiça e obras de bondade” (5,7). Do contrário, como veremos no Evangelho, o Senhor confiará a vinha a novos vinhateiros: o novo Israel. As vicissitudes históricas do povo da primeira Aliança se tornarão ocasião para a abertura universal do anúncio da salvação.

 Na parábola dos vinhateiros homicidas (Mt 21,33-43), Jesus se refere ao rechaço de Israel a seu Deus e à decisão divina de criar para Si um novo povo. Começa com uma evocação implícita da profecia narrada na primeira leitura (Is 5,1-7), dirigindo-se às classes dirigentes de Israel. Deus enviou os profetas, que não recolheram os frutos por Ele desejados, e foram maltratados ou mortos.

Finalmente, Jesus se refere a Si mesmo: o divino Vinhateiro enviou Seu Filho. Os profetas eram servos, Jesus é o Filho. Mateus, que escreve para judeus, é o único a dizer que Deus entregará a vinha a um outro povo, aludindo assim à Igreja, novo povo de Deus, que sofre perseguição como o seu Senhor.

 O Apóstolo Paulo, já preso por causa do Evangelho, dirige-se aos filipenses, também imersos em adversidades. Ele exorta-os a depositar a confiança no Senhor através da oração: “Irmãos, não vos inquieteis com coisa alguma, mas apresentai as vossas necessidades a Deus, em orações e súplicas, acompanhadas de ação de graças” (Fl 4,6). Se o Senhor, o Esposo, a verdadeira Videira, do qual os filipenses são novos sarmentos, é perseguido, também os ramos o serão. Portanto, é preciso confiar no Senhor, “ocupando-nos de tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro…”, e o Deus da paz estará com a Sua Vinha, com o Seu povo.

 Com o Rosário, a oração dos simples, suplicamos neste mês a graça de sermos sempre uma Igreja Missionária.