sábado, 29 de outubro de 2022

Reflexão Litúrgica para o 31º Domingo do Tempo Comum – 30/10/2022

Vatican News

Devemos procurar, como e com Jesus, ir ao encontro daqueles que não têm mais esperança, que perderam a fé, que precisam de uma palavra amiga; devemos dar testemunho cristão do anúncio evangélico.

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 liturgia deste 31º DOMINGO DO TEMPO COMUM, que encerra o mês de outubro, mês das Missões, é muito rica, pois fala de arrependimento, perdão, conversão e encontro com o Senhor.

Encontro com o Senhor, como fez Zaqueu, no Evangelho de hoje, que instaurou com ele um diálogo sincero e uma profunda conversão. Zaqueu teve a felicidade de encontrar Jesus, pessoalmente, porque recebeu o perdão dos seus pecados e a graça da conversão. Segundo a tradição, Zaqueu tornou-se discípulo de Pedro e bispo de Cesareia.

Este episódio da conversão de Zaqueu encontra-se apenas em Lucas, o “evangelista da misericórdia de Cristo”, que destaca o amor de Cristo pelos pecadores, bem como a universalidade da salvação que ele trouxe ao mundo.

Zaqueu era um “chefe de publicanos”, cobradores de impostos dos romanos opressores. Ele podia usar desta sua profissão também para se enriquecer e cobrar mais do que a taxa justa, contrariamente ao significado do seu nome, que, em aramaico, significa homem puro.

Zaqueu era um cobrador de impostos na cidade de Jericó, uma grande cidade de comércio, situada à margem fértil do rio Jordão, uma encruzilhada que levava a Jerusalém.

Zaqueu sempre ouvia o povo falar de um homem, chamado Jesus de Nazaré e queria conhecê-lo de perto. Certo dia, cansado de trabalhar só com coisas materiais, decidiu matar a sua curiosidade, ou melhor, seguir a voz interior da sua consciência, a ponto de subir numa árvore, um “Sicômoro”, devido à sua pequena estatura, embora fosse um homem rico. Ele queria pelo menos ver aquele Nazareno, sobre o qual falavam tão bem, de cima de uma árvore, por causa da grande multidão que o seguia. Ao passar por aquele lugar, Jesus levantou os olhos e viu aquele homem e lhe disse: “Zaqueu, desce depressa, pois hoje quero me hospedar em sua casa”.

Com este gesto, o evangelista Lucas destaca a bondade e a condescendência de Jesus, que, diante dos olhos humanos, ia comer na casa de um pecador público. No entanto, este gesto do Senhor o levou à conversão, a uma mudança radical de vida. Tanto é verdade, que a avareza do “chefe de publicanos” foi compensada com uma grande generosidade, quando disse: “Senhor, vou dar a metade dos meus bens aos pobres e restituir quatro vezes mais o prejuízo que causei a alguém”. E Jesus lhe respondeu: “Hoje, a salvação entrou nesta casa”.

Este gesto de Jesus, hoje, nos leva a refletir sobre o acolhimento de quem vêm ao nosso encontro, pedindo ajuda, compreensão, conforto, consolação!

Devemos procurar, como e com Jesus, ir ao encontro daqueles que não têm mais esperança, que perderam a fé, que precisam de uma palavra amiga; devemos dar testemunho cristão do anúncio evangélico, que Jesus nos confiou; ir ao encontro dos que não professam nenhuma religião e são ateus.

Como o evangelista Lucas, devemos pregar o “Deus misericordioso” e trabalhar pelo progresso e a paz no mundo”.

Bom dia... 29/10/2022

 


sábado, 22 de outubro de 2022

Reflexão Litúrgica do 30º Domingo do Tempo Comum - 23/10/2022

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

“Jamais seremos perfeitos e tudo o que fizermos de bom será realizado com a ajuda da graça de Deus”

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 parábola que o Senhor nos relata neste domingo fala de dois homens que vão rezar no Templo de Jerusalém. Os dois são filhos de Deus e os dois sentiram um apelo à oração, por isso podemos dizer que foram chamados a se encontrar com Ele.

Mas quem são esses homens? Um é fariseu, pessoa voltada ao cumprimento da Lei, a fazer um enorme esforço para sempre estar de acordo com o que Deus pedia. O outro, um publicano, alguém pertencente a um grupo de má fama, um homem de má fama.

O primeiro era uma pessoa honesta e íntegra. Fazia até mais do que era prescrito. Contudo, isso lhe provocava um certo orgulho, uma certa vaidade e, ao mesmo tempo, um desprezo pelos pecadores.

O segundo, o publicano, era um esperto cobrador de impostos, oprimia os pobres e, para se redimir, deveria pagar uma soma exagerada, praticamente impossível. No entanto, o Senhor diz que a oração do publicano foi ouvida e a do fariseu, não. Por quê?

Com esta parábola, o Senhor não deseja dar lição de moral, de mostrar quem está certo ou errado, mas o Mestre quer nos instruir no relacionamento com Deus

A grande falha do fariseu foi atribuir sua vida honesta e seus atos corretos a si mesmo, como mérito seu, e apresentá-los como dignos de justificação. Deus não deveria fazer nada mais do que elogiar os atos do fariseu e lhe dar o prêmio merecido com sua atitude de homem do bem. Era esse o pensamento do fariseu. Ele não pede a Deus uma justificação, uma redenção, mas um reconhecimento. Ele se esqueceu que foi Deus quem o conduziu pelo bom caminho e lhe proporcionou fazer o bem e viver com dignidade.

Quanto ao publicano, ele se apresenta de modo humilde, sabendo de suas imperfeições e confiando na misericórdia e na graça de Deus. Ele não se desculpa, mas sabe que Deus tem um coração enorme, que é Pai, que é Amor.

Jesus deseja que nós purifiquemos nossa visão de Deus. Ele não é um contador bancário e nem um entregador de prêmios. Jesus não quer que sejamos soberbos e nem tenhamos posicionamentos egocêntricos, colocando o acento em Nós e não no Pai. Se somos bons, se cumprimos os mandamentos  e fazemos o que nos pede o Evangelho, é porque Deus nos deu sua graça.

Jesus é contra o grupo dos bons verso o grupo dos maus. Ele morreu por todos e não lhe agrada que nos sintamos especiais e desprezemos os outros. E por falar na morte de Jesus, ele escolheu morrer entre dois ladrões. Um ciente de ser pecador e culpado de seus crimes, se reconheceu em débito com Deus, mas absolutamente confiante na misericórdia divina. O outro, não só não estava arrependido, mas desafiou Jesus a largar a cruz e salvá-los.

Tenhamos sempre a atitude humilde de saber que, por mais que nos esforcemos, jamais seremos perfeitos e tudo o que fizermos de bom será realizado com a ajuda da graça de Deus.

Bom dia... 22/10/2022

 


sábado, 15 de outubro de 2022

Reflexão Litúrgica do 29º Domingo do Tempo Comum - 16/10/2022

 REZAR SEM CESSAR.

NECESSIDADE DE UMA VIDA DE ORAÇÃO!

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

Jesus narra a parábola da viúva e do juiz iníquo. A viúva pede com insistência ao Juiz de mau caráter até conseguir!”.

A

 primeira leitura extraída do livro do Êxodo, nos fala da necessidade da oração insistente. O povo luta contra seus inimigos e, apesar de sua bravura e do grande conhecimento de batalhas de seu comandante Josué, o líder religioso Moisés rezava. Contudo, quando o líder, cansado, parava de orar, o povo ficava em situação desfavorável e pedras foram colocadas sob os braços de Moisés para que suas mãos permanecessem estendidas em direção a Deus e, assim, o povo obtivesse a vitória.

A grande lição dessa cena é mostrar para todos nós que a sabedoria humana é muito importante, mas acima dela está o poder de Deus, seu amor por seus filhos. O homem deve ser humilde e confiar apenas em Deus. Fazer tudo, como se tudo dele dependesse, mas entregar e confiar em Deus, sabendo que d’Ele emana toda força, poder e amor.

No Evangelho, Lucas nos fala de Jesus contando a parábola da viúva e do juiz iníquo. Apesar desse juiz ser um mau caráter, a viúva não cessa de insistir e o vence exatamente por ser inoportuna.

Do mesmo modo, devemos ser insistentes com o Pai, nos diz Jesus. Se a viúva foi insistente com um homem que não era bom e conseguiu, quanto mais nós com o Deus de bondade, de amor, que é nosso Pai, que nos criou por amor e por amor enviou Seu Filho para nos salvar!

Rezar sem cessar! Mais que ser insistente, orar sem cessar significa levar uma vida de oração, de estar permanentemente em atitude de escuta, de discernimento.

Inácio de Loyola nos ensina à luz de Deus, todo dia passar os principais acontecimentos do dia, aqueles que nos chamaram atenção porque nos disseram algo. Ver aí o que o Senhor nos falou neles. Isso é orar sem cessar, é uma atitude de vida orante.

Bom dia... 15/10/2022

 


segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Aparecida do Norte, o caminho da Fé.

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os meses de outubro - especialmente nas datas próximas ao 12 de outubro, dedicado a Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil - pelos caminhos que levam à Aparecida do Norte - SP, encontramos caravanas de carros, caminhões, ônibus, motocicletas, bicicletas, cavalos, carros de bois... e uma multidão de pessoas caminhando a pé rumo à casa da Mãe Aparecida. São caminhadas duras, cansativas e de muitas alegrias, verdadeiras caminhadas de fé.

As caminhadas de fé tornaram-se também uma rota oficial do turismo religioso, que passa por diversos Estados até chegar à Aparecida do Norte, o conhecido “Caminho da Fé”. Embora o culto à Virgem Aparecida envolve uma grande diversidade de classes sociais e de motivações pessoais, são notadamente os das classes dos menos favorecidos, os que em maior número se dirigem ao Santuário, motivados pela gratidão e pela fé.

De fato, uma grande parcela do povo brasileiro é de pessoas que vivem com dificuldades financeiras, e sua maior parte é constituída de pobres e de remediados. Ou seja, a maioria absoluta da população não faz parte do grupo das tão propaladas grandes riquezas. 

Há uma identificação histórica e cultural do povo brasileiro com a imagem de Aparecida. A imagem de Nossa Senhora Aparecida representa a Imaculada Conceição, é uma imagem pequena e foi encontrada escurecida pela lama do rio Paraíba do Sul – SP, quebrada em dois pedaços, uma imagem desprezada, porque quebrada e, por isso, jogada fora, no rio Paraíba do Sul. No fundo desse rio, passou muito tempo, por isso ficou de cor negra. Torna-se ainda mais desprezível aos olhos de uma elite social desprovida de qualquer fundamento. Uma imagem quebrada, escurecida e pequena, mas representando Maria sem pecado desde seu nascimento. É uma representação verdadeira do povo brasileiro, na sua maioria, forjado na opressão, na violência e na espoliação, sempre consequências da busca de lucro desenfreado por um sistema financeiro que não olha para a pessoa nem para a natureza. Mas um povo que se reinventa, cria um caldo cultural riquíssimo e sobrevive em defesa de sua dignidade.

A devoção a Nossa Senhora Aparecida, exige de nós uma caminhada espiritual, um longo percurso de fé ao interior de nós mesmos e de nossas histórias, uma caminhada de redescoberta e de reconciliação com nossas origens, uma caminhada de perdão àqueles e àquelas que, por ganância, historicamente nos tiram a vida.

Bom dia... 03/10/2022

 


sábado, 1 de outubro de 2022

Reflexão Litúrgica do 27º Domingo do Tempo Comum - 02/10/2022

 

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

“O JUSTO VIVERÁ POR SUA FIDELIDADE”

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 Profeta Habacuc diz que o justo viverá por sua fidelidade, por sua lealdade à Palavra e à vontade de Deus, depois de ter dito ao Senhor que não concordava com a lentidão de Sua justiça diante dos tormentos sofridos pelo povo e suplicado ao Senhor que esses infortúnios cessassem.

No Evangelho deste XXVII Domingo do Tempo Comum, Jesus pede que o povo tenha mais fé em Deus, e seja mais fiel e leal ao Senhor.

Também nós elevamos preces a Deus pedindo pelo Seu povo e por todos os homens de boa vontade, cansados de sofrer agressões gravíssimas não apenas por parte de delinquentes, mas também por muitos daqueles que deveriam zelar pela justiça e pelo desvalido. Diante dessa situação clamamos a Deus: “até quando, Senhor, até quando?”

E o Senhor nos responde pedindo maior confiança, maior fé e fidelidade.

Mas como ter maior fé, se fé é crer ou não? A Fé cristã se traduz no seguimento de Jesus Cristo, por isso ela poderá aumentar ou diminuir. Dentro das comparações feitas por Jesus no Evangelho de hoje, a Fé poderá ser avaliada como a força que desenraiza uma árvore de grande porte, mesmo que ela - a fé - seja tão pequenina como o grão de mostarda.

Se pensarmos bem, não se trata da intensidade da fé, se grande ou pequena, mas de sua qualidade, se pura ou não.

Quando o Pe. Nóbrega, no Brasil Colonial, viu que os indígenas, após a conversão ao Cristianismo, estavam voltando aos antigos costumes, não os culpou, mas fez um exame de consciência para ver onde os missionários haviam errado. Ele chegou à conclusão de que o ardor e a fé missionária haviam perdido qualidade e vigor.

Foi feito um “mea culpa” e os jesuítas procuraram purificar sua fé, pondo apenas no Senhor sua confiança e esperança e agindo como colaboradores de Deus. Deixaram o protagonismo para o Espírito e permaneceram como agentes da Evangelização.

Portanto, não é o Senhor quem não escuta nossas súplicas, mas somos nós que não cremos em Seu poder e possuímos fé imperfeita. Creiamos em Deus, no poder de Seu Amor e façamos aquilo que Ele nos sugere e pede através da oração, da reflexão sobre a realidade, sem medo e sem receios. Se o Senhor está conosco, somos poderosos e poderemos mudar o mundo, ou melhor, nós não, mas o Espírito através de nossas ações iluminadas e guiadas por Ele.

Bom dia... 01/10/2022