sábado, 30 de setembro de 2023

REFLEXÃO LITÚRGICA DO 26º DOMINGO DO TEMPO COMUM - 01/10/2023

 

Folheto Litúrgico Celebrando a Vida, Diocese de São Mateus, ES.

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 liturgia deste 26º Domingo do Tempo Comum nos coloca diante da prerrogativa de que a salvação é oferecida a todos. O convite para o serviço é feito para todos os filhos. Mas também nos indaga na responsabilidade pessoal da salvação. Nos é apresentado um sério confronto: a vontade de Deus que chama e a vontade humana que responde. É preciso entender, com clareza, esta questão, pois dela depende o nosso destino.

A mensagem de hoje é fruto de nossa livre colaboração e de nossa liberdade. Diante do chamado de Deus cada pessoa é chamada a dar uma resposta. A fidelidade a Deus e a sua justiça não se limita apenas no dizer sim em palavras, mas sim em agir conforme os seus ensinamentos. "Nem todo aquele que diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino do Céu. Só entrará aquele que põe em prática a vontade de meu Pai que está no Céu" (Mt 7,21). Isso revela que temos grande responsabilidade dentro do processo de salvação, pois as escolhas e decisões são nossas.

Na primeira leitura o profeta Ezequiel fala ao povo que está no exílio. Estas pessoas estão imbuídas de ideias erradas e fatalistas sobre o pecado e a salvação. Afirmam que Deus faz cair sobre os filhos a culpa pelos erros dos pais. Isso para justificar a condição que estavam vivendo e dessa forma não se comprometerem com a realidade vivida e com a mudança de vida. O profeta se opõe a esse modo de pensar e agir e afirma que Deus não castiga uns pelos erros dos outros, mas sim que cada um é responsável pelos seus atos, seja pelo pecado ou pela salvação.

No Evangelho, Jesus explica essa verdade da responsabilidade pessoal na salvação, usando a parábola dos dois filhos. A salvação, que é a vontade de Deus para todos os seus filhos, não se trata de uma concessão, mas exige um esforço pessoal. Jesus derruba a compreensão cômoda de alguns que se sentiam privilegiados. Não basta apenas dizer sim, ter uma vinha, ser filho de Abraão, pertencer a uma casta privilegiada, bem como outros privilégios. A salvação é coisa pessoal, exige a livre resposta e o comprometimento com o projeto assumido. Na parábola, um filho disse sim e não foi trabalhar, o outro disse não, depois mudou de ideia e foi realizar a atividade. Com essa parábola Jesus indaga os sacerdotes e anciãos do Templo a reverem suas atitudes que eram de se beneficiar dos privilégios e desprezar os pecadores. Deixa claro que esses vivenciam um processo de conversão e acolhem a Boa Nova enquanto aqueles continuam em suas arrogâncias.

Nesta mesma sintonia, Jesus fala também a nós. Como estamos nos relacionando com o processo de salvação? Como estamos acolhendo o chamado de Deus para servir? Estamos assumindo a proposta salvífica de Jesus que é servi-lo nos mais necessitados e colaborar com a evangelização? Com qual dos dois filhos nos assemelhamos? A liturgia de hoje nos convida a esta reflexão. Não se trata de achar que já estou salvo ou condenado, mas que preciso assumir a responsabilidade na condução de minha vida. E o melhor modelo para essa caminhada de fé é Jesus Cristo. Foi isso que nos ensinou o Apóstolo Paulo na segunda leitura. Que nossas ações não sejam feitas por obrigação, imposição, raiva, etc., mas sim com amor, conservando os mesmos sentimentos de Cristo que em tudo foi obediente ao Pai.

Hoje iniciamos o Mês Missionário. Diante desta liturgia que nos convida ao serviço, peçamos que o Espírito Santo fortaleça todos os missionários e missionárias que disseram sim e estão trabalhando na vinha do Senhor. Mas também, que encoraje cada vez mais jovens para responderem sim ao chamado e saírem em missão. Que todos nós sejamos fortalecidos para assumirmos a missão de conduzir a comunidade em suas pastorais, movimentos e serviços em vista da evangelização e salvação de todos.

Mensagem do dia... 30/09/2023

 


domingo, 17 de setembro de 2023

REFLEXÃO LITÚRGICA DO 24º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 17/09/2023

Dom Carlos Silva - Bispo Auxiliar de São Paulo

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 Tempo Comum, na liturgia, nos permite contemplar o extraordinário no ordinário e nos ensina, a partir da vida de Jesus, um caminho de aprendizado e esperança. E o ensinamento que Ele nos propõe, neste 24º DOMINGO DO TEMPO COMUM, é o exercício do perdão.

As leituras mostram que o ato de perdoar é uma forma de expressar o amor. A primeira leitura, do livro do Eclesiástico, apresenta um ensinamento prático: engana-se quem pensa que a sabedoria está em deixar-se consumir pelos sentimentos de rancor, raiva ou vingança. O autor sagrado destaca que ser sábio é justamente fazer o contrário, isto é, saber perdoar e compadecer-se do próximo. E esse exercício do perdão se relaciona diretamente ao perdão de Deus. Ele se pergunta: “se alguém guarda raiva contra o outro, como poderá pedir a Deus a cura?” (Eclo, 28,3). Pelo contrário, quem perdoa a ofensa alheia, recebe para si o perdão divino. Por isso, como o autor exorta, devemos nos recordar sempre do nosso fim, perseverar nos mandamentos e não nutrir em nosso coração esses sentimentos que nos desumanizam. Nossas relações humanas devem nos conduzir ao que é bom e, certamente, isso passa pelo perdão e pela compaixão. Só assim a confiança no perdão de Deus começará a ser possível, visto que, como descreve o Salmo 102(103), o Senhor é bondoso, compassivo e carinhoso.

No Evangelho, São Mateus dirige o discurso a toda Igreja, aos discípulos de ontem e hoje. A antiga tradição religiosa de Israel ensinava o perdão ao próximo em ocasiões específicas, restrito a alguns casos limitados. Pedro pergunta a Jesus quantas vezes era preciso perdoar o seu irmão, até sete vezes? (Mt, 18,21). Lembrando que, na Bíblia, o número “sete” indica também a totalidade. Cristo vai além do ensinamento da tradição judaica e responde: “não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete” (Mt, 18,22), quer dizer, o perdão precisa ser dado a todos, sem restrição, de modo contínuo e ilimitado. Em seguida, Jesus narra aos discípulos a parábola do patrão e seus empregados para ilustrar como a misericórdia de Deus é infinita. O empregado implora ao patrão e recebe dele o perdão de sua dívida, mas, quando deveria fazer o mesmo com seu próximo, é incapaz de agir com a mesma compaixão que recebeu. Essa atitude indigna o patrão, que alerta ao empregado e a todos nós sobre o verdadeiro exercício da compaixão e da misericórdia, tal como as recebemos infinitamente do nosso Pai.

No entanto, sabemos que, no dia a dia, o ato de perdoar os irmãos e irmãs nem sempre segue a mesma lógica da infinitude e da gratuidade. Muitas vezes, quando somos tomados por sentimentos de ira, rancor, ódio, vingança, afastamo-nos daquilo que Deus espera de nós: ser a expressão de seu amor misericordioso e perdoar nosso próximo infinitamente. O perdão é uma tarefa diária, exige conversão e oxigena nossa vida de fé. No exercício do perdão, tal como Jesus, transformamos nossa condição humana frágil em expressão concreta do amor de Deus, que nos pede sempre abertura ao outro, a bondade, a fraternidade e vida em comunhão. Portanto, que o Senhor nos conceda a graça de perdoar sempre, mesmo aqueles que, por qualquer eventualidade, possam ter nos magoado ou ofendido, pois é somente com o coração perdoado que iremos promover uma cultura de paz, de fraternidade e ser a expressão do amor misericordioso do Pai.

Mensagem do dia... 17/09/2023

 


terça-feira, 12 de setembro de 2023

SANTA TERESA DE CALCUTÁ

A Igreja Católica celebrou no dia 5 de setembro, a memória litúrgica de Santa Teresa de Calcutá.

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onxha Agnes, conhecida como Madre Teresa de Calcutá ou Santa Teresa de Calcutá, foi uma religiosa católica de etnia albanesa naturalizada indiana, fundadora da congregação das Missionárias da Caridade, cujo carisma é o serviço aos mais pobres dos pobres por meio da vivência do Evangelho de Jesus Cristo. Em 2015, a congregação fundada por ela contava com mais de 5 mil membros em 139 países. Por seu serviço aos pobres, tornou-se conhecida ainda em vida pelo codinome de "Santa das Sarjetas".

Nascida no ano de 1910 em Skopje, aos 18 anos Agnes Gonxha Bojaxhiu ingressou na Casa Mãe das Irmãs de Nossa Senhora de Loreto, na Irlanda, sendo enviada posteriormente para a Índia, onde iniciou seu noviciado.

Desde pequena, foi acostumada, pelos seus pais, a viver louvando ao Senhor e ajudando os mais necessitados. Não causa surpresa, portanto, quando, aos dezoito anos, fez a escolha de se tornar missionária.

Em setembro de 1928, Gonxha Agnes deixa a sua casa e entra para o Instituto da Bem-aventurada Virgem Maria, em Dublin, onde recebeu o nome de Maria Teresa.

No ano seguinte, foi para a Índia, onde, por quase vinte anos, viveu feliz em uma escola da sua Congregação, lecionado aos jovens ricos da região.

No dia 24 de maio de 1931, fez sua profissão religiosa, adotando o nome Teresa, em homenagem à Santa Teresa de Lisieux, carmelita francesa padroeira dos missionários. Durante 17 anos atuou como professora em Calcutá com as filhas das famílias mais tradicionais da cidade.

Em 10 de setembro de 1946, ocorreu o que Madre Teresa definia como a sua “chamada na chamada”. Naquele dia, Jesus revela-lhe a sua tristeza pela indiferença e o desprezo dos pobres e pede à religiosa para ser o reflexo da sua Misericórdia: “Venha, seja minha luz. Não posso caminhar sozinho”.

No dia 7 de outubro de 1950, a congregação das Missionárias da Caridade foi aprovada pela Santa Sé, expandindo-se por toda a Índia e pelo mundo inteiro. A Santa foi homenageada com o Prêmio Nobel da Paz em 1979.

Inesquecível o seu discurso na entrega do Prêmio Nobel da Paz, em 17 de outubro de 1979: “O maior destruidor da paz – afirmou na ocasião – é o aborto”. E frisou: “A vida das crianças e dos adultos é sempre a mesma vida. Toda existência é a vida de Deus em nós”.

Nos últimos anos da sua vida, apesar da sua enfermidade e da “noite escura do espírito”, ela não poupou esforços e continuou a se dedicar, incessantemente, às necessidades dos que mais precisavam.

Sempre pronta a inclinar-se diante dos pobres e necessitados, Madre Teresa dedicou-se, com todas as suas forças, à defesa da vida nascente.

Santa Teresa de Calcutá faleceu no dia 5 de setembro de 1997, tendo sido beatificada por São João Paulo II em 19 de outubro de 2003 e canonizada pelo Papa Francisco em 4 de setembro de 2016.

 Frases de Santa Teresa de Calcutá

“A força mais potente do universo é a Fé”.

“O fruto do silêncio é a oração, o fruto da oração é a fé, o fruto da fé é o amor, o fruto do amor é o serviço, o fruto do serviço é a paz”.

“Deus se manifesta no silêncio”.

“A oração torna nossos corações transparentes e só um coração transparente pode escutar a Deus!”.

“Sou um pequenino lápis nas mãos do meu senhor, é Ele que faz tudo”.

“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota”.

“A santidade não é um luxo de poucos. É um dever muito simples para você, para mim – você na sua posição, no seu trabalho, e eu e os outros, cada um de nós, no trabalho, na vida em que demos a nossa palavra de honra para Deus”.

“Buscar a face de Deus em tudo, em todos, o tempo todo, e a mão dele em tudo o que acontece; é isso o que significa ser contemplativo no coração do mundo”.

“O senhor não daria banho em um leproso nem por um milhão de dólares? Nem eu. Somente por amor se pode dar banho em um leproso”.

“A pobreza no Ocidente é um tipo diferente de pobreza – não é só uma pobreza de solidão, mas também de espiritualidade. Há uma fome de amor e uma fome de Deus”.

 ORAÇÃO A SANTA TERESA DE CALCUTÁ

Santa Teresa de Calcutá, tu permitiste ao sedento amor de Jesus na Cruz tornar-se uma chama viva dentro de ti. Chegaste a ser luz do Seu amor para todos. Obtém do coração de Jesus… (pedir a graça).

Ensina-me a deixar Jesus penetrar e possuir todo o meu ser, tão completamente que a minha vida também possa irradiar a Sua luz e amor para os outros. Amém.

Mensagem do dia... 12/09/2023

 


sábado, 9 de setembro de 2023

REFLEXÃO LITÚRGICA PARA O 23º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 10/09/2023

Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News

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 que é perdoar e como perdoar? Neste domingo, o Evangelho nos propõe uma reflexão sobre o ato de perdoar, do perdão. A primeira atitude do cristão é ir em direção ao pecador e tratá-lo como irmão, com respeito e atenção.

O falar mal e pelas costas, nada adianta, piorará a situação quando o faltoso souber que seu erro foi tema de conversas de outras pessoas. Ele é o mais interessado e não outros. Se ele não sabe e é deixado alheio do que se fala dele, isso se chama, em bom português, fofoca. É uma atitude mundana e nada cristã.

Por outro lado, quem vai falar com o faltoso, deverá ir na qualidade de quem já perdoou a falta cometida, colocando-se na posição de irmão, jamais de juiz.

Muitas pessoas, com determinação, possuem o costume de dizer a verdade, doe a quem doer. Tudo bem! Contudo, nos casos em que a verdade, ao ser dita, poderá provocar rancores e ódios, ela não deverá ser falada. Nem tudo deve ser dito, mas apenas aquilo que gera vida e não morte.

Tudo deverá ser feito em clima de sigilo, respeitando a dignidade e a privacidade do outro. Se por acaso o faltoso não ouvir o irmão que o procurou com caridade, este deverá se cercar de mais outros dois irmãos semelhantes no respeito e na busca da salvação do faltoso. Procurar o mesmo e entabular uma conversa fraterna.

Nesse momento, onde o faltoso está sozinho de um lado, tendo à frente três outras pessoas que comentam sua má ação,  o transgressor jamais poderá ser colocado contra a parede e sentir-se acuado. Se isso acontecer, não será a conversa proposta por Jesus no Evangelho, mas exatamente o que jamais deveria estar acontecendo entre irmãos. O objetivo do papo é a recuperação do transgressor e não sua humilhação e condenação.

Por último chegamos ao terceiro passo da proposta do Senhor. Se nem com a admoestação de mais dois irmãos, o que cometeu um delito não se arrepende e não se propõe a não mais cometer tal falta, a Igreja, ou seja, a Comunidade dos cristãos deverá anunciar que a postura daquela pessoa não corresponde à Boa Nova pregada por ela, que aquele homem não pode ser tomado como um dos seus, posto que sua atitude é exatamente contrária aos princípios cristãos.

Por exemplo, poderá ser tido como membro da Igreja aquele homem que propaga ideias racistas, discriminação, violência e o abuso econômico? A Igreja terá o direito e o dever de tornar público seu absoluto desacordo com aquela pessoa.

Situando-nos no versículo 9 do cap. 33 de Ezequiel, 1ª leitura da liturgia de hoje: “Todavia, se depois de receber tua advertência para mudar de proceder, nada fizer, o faltoso perecerá devido a seu pecado, enquanto tu salvarás a vida”.

Ao sermos responsáveis pela vida dos outros, em favor da justiça, agindo com misericórdia, é que ganhamos a nossa!

Mensagem do dia... 09/09/2023

 


quinta-feira, 7 de setembro de 2023

7 DE SETEMBRO - INDEPENDÊNCIA DO BRASIL!

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INDEPENDÊNCIA DO BRASIL é um dos fatos históricos mais importantes de nosso país, pois marca o fim do domínio português e a conquista da autonomia política. Muitas tentativas anteriores ocorreram e muitas pessoas morreram na luta por este ideal. Podemos citar o caso mais conhecido: Tiradentes. Foi executado pela coroa portuguesa por defender a liberdade de nosso país, durante o processo da Inconfidência Mineira.

DIA DO FICO

Em 9 de janeiro de 1822, D. Pedro I recebeu uma carta das cortes de Lisboa, exigindo seu retorno para Portugal. Há tempos os portugueses insistiam nesta ideia, pois pretendiam recolonizar o Brasil e a presença de D. Pedro impedia este ideal. Porém, D. Pedro respondeu negativamente aos chamados de Portugal e proclamou: "Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico."

O PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA

Após o Dia do Fico, D. Pedro tomou uma série de medidas que desagradou Portugal, pois preparavam caminho para a independência do Brasil. D. Pedro convocou uma Assembleia Constituinte, organizou a Marinha de Guerra, obrigou as tropas de Portugal a voltarem para o reino. Determinou também que nenhuma lei de Portugal seria colocada em vigor sem a sua aprovação. Além disso, o futuro imperador do Brasil, conclamava o povo a lutar pela independência.

O príncipe fez uma rápida viagem a Minas Gerais e a São Paulo para acalmar setores da sociedade que estavam preocupados com os últimos acontecimentos, pois acreditavam que tudo isto poderia ocasionar uma desestabilização social. Durante a viagem, D. Pedro recebeu uma nova carta de Portugal que anulava a Assembleia Constituinte e exigia a volta imediata dele para Portugal.

Estas notícias chegaram às mãos de D. Pedro quando este estava em viagem de Santos para São Paulo. Próximo ao riacho do Ipiranga, levantou a espada e gritou: "INDEPENDÊNCIA OU MORTE!". Este fato ocorreu no dia 7 de setembro de 1822 e marcou a Independência do Brasil. No mês de dezembro de 1822, D. Pedro foi declarado imperador do Brasil.

Mensagem do dia... 07/09/2023

 


sábado, 2 de setembro de 2023

REFLEXÃO LITÚRGICA DO 22º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 03/09/2023

Reflexão do Papa Francisco

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ambém hoje, há a tentação de querer sempre seguir um Cristo sem cruz, aliás, de ensinar a Deus a estrada certa, como fez Pedro: “Não, não Senhor, isto não, nunca acontecerá”. Mas Jesus recorda-nos que o seu caminho é o do amor, e não há amor verdadeiro sem o sacrifício de si mesmo. Somos chamados a não nos deixarmos absorver pela visão deste mundo, mas a estar cada vez mais cientes da necessidade e da fadiga para nós cristãos de caminhar contracorrente e em subida. Jesus contempla a sua proposta com palavras que exprimem uma grande sabedoria sempre válida, porque desafiam a mentalidade e os comportamentos egocêntricos. Ele exorta: «Aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas aquele que tiver sacrificado a sua vida por minha causa, recobrá-la-á» (v. 25). Neste paradoxo está contida a regra de ouro que Deus inscreveu na natureza humana criada em Cristo: a regra que só o amor dá sentido e felicidade à vida. Dedicar os próprios talentos, as próprias energias e o próprio tempo só para salvar, proteger e realizar-se a si mesmos, leva na realidade a perder-se, ou seja, a uma existência triste e estéril. Ao contrário, vivamos pelo Senhor e construamos a nossa vida no amor, como fez Jesus: poderemos saborear a alegria autêntica, e a nossa vida não será estéril, será fecunda.

Reflexão do Cônego Rui José de Barros Guerreiro

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 Evangelho deste Domingo segue-se à profissão de fé que Pedro faz sobre Cristo, a que o próprio Cristo responde com a promessa de fazer de Pedro a pedra de fundamento da sua Igreja (cf. Mt 16, 13-20). Agora, porém, o mesmo Simão Pedro reage negativamente ao anúncio que o Senhor faz da sua própria paixão, morte e ressurreição. Imediatamente antes, Pedro falara sob a ação da graça de Deus; agora, fala sob impulso meramente humano. Como afirmou o Papa Francisco, antes Pedro foi constituído pedra de fundamento da Igreja; agora torna-se pedra de tropeço. A mentalidade de Pedro estava ainda conformada com este mundo: a salvação que ele esperava de Cristo que professara baseava-se na expectativa do sucesso, da fama, da glória e do poder humanos; não admitia o fracasso nem a derrota diante do mundo.

Por isso São Paulo exorta os cristãos, na sua carta aos Romanos: «Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, pela renovação espiritual da vossa mente». Como São Pedro – antes de ter recebido a força do Espírito no Pentecostes –, ainda hoje tantos cristãos se encontram conformados com este mundo, isto é, com uma mentalidade mundana. Muitos professam a Cristo, mas rejeitam a cruz; querem que Deus permaneça nos seus projetos, mas não querem abraçar o projeto de Deus para n’Ele permanecerem. Pior ainda: são tantos os que querem conciliar – como se isso fosse possível – Deus com uma vida mundana. Não há negociação possível: ou a vida em Deus, ou a vida mundana!

«Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua vida?» Só em Cristo encontramos a verdadeira vida, porque Ele veio para que todos «tenham vida e a tenham em abundância» (Jo 10, 10). Seguir a Cristo é seguir o caminho do verdadeiro amor. Só quem se nega a si mesmo e se sacrifica pelos outros ama verdadeiramente. No entanto, apenas com as forças humanas, isto não é possível. Mas em Jesus Cristo encontramos a graça e a força necessárias para realizar aquilo que Ele mesmo nos pede. Ele precedeu-nos no caminho do amor e da cruz. Por isso, não estamos sós neste duro trilho, que nos há de conduzir à alegria da ressurreição e da vida eterna.

Que toda a nossa vida seja uma oferta generosa de amor, agradável a Deus. Seja este o nosso culto espiritual! Deixemo-nos seduzir pelo fogo do amor de Cristo , como se deixou seduzir o Profeta Jeremias, e, por Cristo, com Cristo, Em Cristo, venceremos a cruz, as contrariedades, as perseguições, para que, na unidade do Espírito Santo, toda a nossa vida seja honra e glória a Deus Pai todo-poderoso! Amem.

Mensagem do dia... 02/09/2023

 


sexta-feira, 1 de setembro de 2023

SETEMBRO, MÊS DA BÍBLIA: “VESTIR-SE DA NOVA HUMANIDADE” (EF 4,24)


 Dom Adimir  Antonio  Mazali - Bispo de Erexim (RS)

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 mês de setembro é dedicado à Palavra de Deus. É o mês da Bíblia. A Bíblia é um livro especial, diferente dos outros, um livro antigo e atual ao mesmo tempo. A importância da Bíblia Sagrada deve-se ao fato de ser portadora da Palavra de Deus para nossa Salvação. A Palavra de Deus é o fundamento de nossa fé, de nossa espiritualidade, de nossa vida e missão. É a Palavra Sagrada “inspirada” por Deus para nos orientar em Seu projeto de amor. 

O Apóstolo Paulo diz que a Bíblia foi escrita “para a nossa instrução” (1Cor 10,11), para “o nosso ensinamento” (Rm 15,4). Ela é palavra “inspirada por Deus para nos instruir, corrigir, educar na justiça, para nos qualificar para toda a boa obra” (2Tm 3,16-17). Deus “nos educa a fim de nos comunicar a sua santidade” (Hb 12,10). 

Escrita ao longo dos séculos, a Bíblia, traz o testemunho da vida de fé do povo de Israel e das primeiras comunidades cristãs e, assim, ilumina a nossa vida. Ela é portadora de uma Palavra que “permanece para sempre” (1Pd 1,25) “viva e eficaz” (Hb 4,12). Num contexto em que tudo é descartável, a Bíblia é a Palavra de Deus documentada, que nunca perde a sua validade. Por isso, ler, estudar, meditar, rezar os textos sagrados é mergulhar na experiência de Deus daquele povo. Assim sendo, a Bíblia é luz e fonte de inspiração para nós. Ela nos indica,   acima de qualquer coisa, critérios de vida e de ação. As maravilhas operadas por Deus, na história, eram transmitidas, e assim, o povo se expressava: “O que vimos e ouvimos nós vos anunciamos, para que estejais também em comunhão conosco” (1Jo 1,3) 

A Bíblia foi escrita para nos ajudar a dar “razões de nossa esperança” (1Pd 3,15), como nos afirma o próprio Evangelho de João: “Para crerdes que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e, para que crendo, tenhais a vida em seu nome” (Jo 20,31). A Palavra de Deus “não é uma palavra inútil para vós” (…) é a vossa vida e é por essa palavra que prolongueis a vossa vida” (Dt 32,47) 

Para o mês da Bíblia é sempre proposto um texto ou livro bíblico para ler e estudar. Para este ano, foi escolhida a Carta de São Paulo aos Efésios. Esta procura apresentar o sentido da unidade do Corpo de Cristo, que significa a nossa vivência como filhos e filhas reconciliados com Deus, assumindo, no cotidiano, a vida nova experimentada no Batismo, seja na dimensão pessoal ou inserida na comunidade eclesial. O lema do mês da Bíblia também é tirado da própria Carta aos Efésios: “Vestir-se da nova humanidade” (cf. Ef 4,24).  

O Evangelho deste domingo, o primeiro do mês da Bíblia, na sequência de domingo passado, apresenta Jesus que tem consciência de que o Reino de Deus precisa ser anunciado a todos. Por isso, começa a mostrar aos discípulos a necessidade de subir a Jerusalém, pois é a capital, o centro do poder. Precisa anunciar o Evangelho às autoridades também. Desse modo, para Jesus, ir a Jerusalém é abraçar o caminho da cruz, pois vai sofrer muito e ser morto. Porém, tem a certeza que Deus o ressuscitará “no terceiro dia”.  

Pedro havia descoberto que Jesus era o Messias, porém não aceitava as consequências de seu messianismo. Disse a Jesus: “Que isso nunca te aconteça” (Mt 16,22). E Jesus o repreendeu duramente, pois sua compreensão era limitada. Depois Jesus apresentou as condições para segui-Lo: “Se alguém quer me seguir…” (Mt 16,24). Isso implica renunciar a si mesmo e carregar a própria cruz.  

Jesus alertou a todos: “Quem quiser salvar a vida, vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la” (Mt 16,25). Com isso, Jesus chama a atenção a respeito de como estamos vivendo.

Se estivermos vivendo apenas para nós mesmos, Jesus deixa claro que vamos perder a vida. Só encontra realização plena quem faz de sua vida um serviço aos outros, sobretudo aos necessitados. Assim, o Evangelho diz que o cristão “encontra a Vida” na doação de sua vida, como Jesus. E como diz o lema deste mês da Bíblia: é preciso “Vestir-se da nova humanidade” (cf. Ef 4,24).

 

Fonte: Site da CNBB

Mensagem do dia... 01/09/2023