sábado, 27 de fevereiro de 2021

Reflexão Litúrgica do 2º Domingo da Quaresma – 28/02/2021

 


Pe. Luís Rodrigues Batista, C.Ss.R.

ESTE É MEU FILHO AMADO!

A

 fé nos leva a comprometer-nos com o projeto de Deus. Pela fé somos provados a assumir o projeto divino e deixar de lado, muitas vezes, os nossos próprios. O projeto de Deus é vida e de muitos modos ele nos conduz para que o descubramos na caminhada existencial. Abraão, modelo de fé, simboliza cada um de nós, quando nos colocamos abertos para realizar projetos de vida que vão além da nossa pequenez e compreensão.

A fé, portanto, é exigente, pede o que nos é caro, pediu a Abraão o sacrifício de Isaac, porém na hora “H” a resposta veio com a alternativa que poupou a vida daquele filho a quem tanto amava. A experiência de Abraão fez com que sua obediência tivesse o beneplácito de Deus como sinal de bênção para si e para os de sua descendência.

Os caminhos indicados pela fé não significam caminhos mais fáceis e seguros, pelo contrário, são aqueles que nos tiram do conforto, das trilhas já conhecidas e nos expõem para novos horizontes, para a descoberta de lugares, pessoas e valores que nunca tínhamos experimentado. Os caminhos percorridos pela fé podem surpreender-nos, porque mudam o nosso jeito de pensar e agir. As nossas comunidades cristãs têm de passar, necessariamente, pelo crivo da fé para sair de si e ir avante como sinal de abertura para os caminhos que Deus apontar.

Contudo, a experiência humana necessita de apoio e proteção. Aquilo que nos agrada também nos faz acomodados. É bom ficarmos aqui, ou seja, sentimo-nos realizados e satisfeitos a ponto de não mais voltar para a realidade e luta do dia a dia. A missão indica o contrário. Temos de deixar o conforto da nossa casa, temos de descer da montanha e obedecer à ordem, até o momento oportuno. Obedecer é ato de fé. Somos pela fé levados a reconhecer que Jesus é o Filho Amado de Deus. Os sinais são sensíveis e frágeis a ponto de muitos daqueles que conviviam com ele não o reconhecerem. Movidos pela fé, somos levados a testemunhar o projeto de Deus com dinamismo e busca, não com estagnação, tradição e segurança que impedem a criatividade, a abertura para o novo.

Bom dia... 27/02/2020


sábado, 20 de fevereiro de 2021

Reflexão Litúrgica do 1º Domingo da Quaresma – 21/02/2021

  


Pe. Luís Rodrigues Batista, C.Ss.R.

OS CAMINHOS DO SENHOR SÃO VERDADE, SÃO VIDA!

A

experiência que fazemos, a partir da história bíblica, é de dinamismo e crescimento na compreensão do que Deus nos revela. Porque nos ama incondicionalmente, Deus não se cansa de recriar. Não se cansa de renovar a aliança amorosa com a humanidade e a obra da criação. Sentimos no coração que somos conduzidos com uma pedagogia paciente e misericordiosa, até que ganhemos força e estatura, para corresponder com a mesma ternura e bondade.

Os caminhos do Senhor são verdade e amor. De muitos modos ele nos conduz para que tenhamos experiência de vida, de retidão, de justiça. O caminho do bem nos atrai e nos conduz. O nosso coração e a nossa mente nos indicam quando nos afastamos do caminho do Senhor. Temos a sensação de saudade, desejo ardente de poder retornar para os caminhos já percorridos, quando fomos amados, acolhidos e amparados. Somos convidados a celebrar o amor que nos reconcilia com Deus e com os nossos irmãos.

A aliança de amor que Deus fez conosco foi eternizada por meio de Jesus, seu Filho. Da parte de Deus não há nada mais a acrescentar. Ele já nos ofereceu tudo, restando-nos a parcela que corresponda a esse plano amoroso. À arca corresponde o batismo que salva. Fomos revestidos em Jesus para tomar parte com ele, para obtermos consciência da sua ressurreição e vida. Ele está no céu, é o Senhor da vida e da história.

Muito mais forte do que o sinal do arco nas nuvens, o sinal da cruz de seu Filho expressa o infinito amor dele para conosco. Na pessoa de Jesus o Reino de Deus se realiza, está próximo de nós. Ele é a verdade, a vida que o mundo tanto precisa. A trajetória da pessoa de Jesus revelou a sua identidade e missão. É a salvação de Deus presente no mundo, encarnada, isto é, assumida totalmente como expressão plena de amor e redenção. A história bíblica prefigura essa nova realidade, havida em Jesus. Na sua pessoa é recapitulada a história amorosa de Deus pelo mundo. Deste modo, a promessa de Deus é estabelecer aliança com o mundo e com a humanidade que não se quebra, mas se restabelece.

Bom dia... 20/02/2020


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Quarta-feira de Cinzas, início da Quaresma!


Pe. Sérgio Dinis

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 cada ano, na QUARTA-FEIRA DE CINZAS, os católicos iniciam o tempo da QUARESMA, tempo no qual a liturgia da Igreja Católica nos convida a uma reflexão e atuação sobre as nossas vidas, sobre o seu sentido, a sua origem, a sua missão, o seu destino último.

Trata-se, portanto, de um tempo forte para a conversão que, em teologia e vida cristã, significa uma adequação de nosso ser, existir e atuar à própria vida de Jesus Cristo, ao seu evangelho, aos seus valores, às suas convicções, à sua proposta de vida: gastar a vida ao serviço do evangelho, ou seja, a favor dos outros, especialmente dos mais necessitados, para obter a vida eterna, a vida feliz, a vida plena.

Por isso, a Quaresma é um caminho bíblico, pastoral, litúrgico e existencial, para cada crente, pessoalmente, e para a comunidade cristã em geral, que começa com as cinzas e conclui com a noite da luz, a noite do fogo e da luz: a noite santa da Páscoa de Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.

A Quaresma simboliza, assinala e recorda um passo, uma Páscoa, um itinerário a seguir de maneira permanente: a passagem do nada à existência, das trevas à luz, da morte à vida, do insignificante à vida abundante em Deus, por meio de seu Filho Jesus Cristo. E é que converter-nos significa destruir, deixar para trás, queimar, tornar cinzas o homem velho, o homem-sem-Cristo, para revestir-nos do homem novo, o homem-no-espírito, que é fogo novo no mundo.

Na quarta-feira de Cinzas, enquanto o sacerdote impõe as cinzas ao penitente, diz estas duas expressões alternadamente: Convertei-vos e acreditai no Evangelho e/ou Lembra-te, que és pó e ao pó hás de voltar. Sinal e palavras que expressam a nossa condição de criaturas, a nossa absoluta dependência de Deus, o nosso peregrinar rumo a uma pátria definitiva, a nossa caducidade…

A Quarta-Feira de Cinzas em particular e a Quaresma em geral, são um tempo litúrgico e um convite a voltar nosso olhar e vida para Deus e aos princípios do Evangelho. Assim, se a Quaresma é tempo para a conversão, para melhorar no processo de humanização pessoal e comunitário, então a Quaresma coincide com a própria vida de todo crente, com o ser e missão de toda a Igreja e com a vocação da comunidade humana inteira.

A Quaresma é um convite a mudar aquilo que temos de mudar, na busca de ser melhor e mais feliz, um convite a construir em vez de destruir e a olhar e voltar para formas de vida mais justas, mais solidárias, mais humanas. A Quaresma é um convite a buscar diligentemente novas formas de ser e fazer Igreja, sendo melhores e mais autênticos discípulos do Crucificado Ressuscitado.

O tempo litúrgico da Quaresma, como a nossa própria existência, é percorrido com o olhar dirigido para a Páscoa da Ressurreição e para a Páscoa definitiva em Deus. Páscoa de vida abundante que se opõe a toda forma de discriminação e de envelhecimento do ser humano, da sua dignidade, a toda forma de atropelo e violência, a toda forma de mentira, maldade e morte, a toda forma de corrupção e divisão, a toda forma de marginalização e opressão. Porque a Páscoa, como ponto de chegada, cume e superação da Quaresma, é absoluta novidade de vida, da vida abundante que Deus nos oferece e à qual Deus nos convida neste tempo e em todo momento.

Bom dia... 17/02/2021


sábado, 13 de fevereiro de 2021

Reflexão Litúrgica do 6º Domingo do Tempo Comum – 14/02/2021

Pe. Luís Rodrigues Batista, C.Ss.R.

CRISTO ACOLHE, AMPARA E LIBERTA!

P

ara além dos estereótipos que podemos enxergar nas pessoas, somos chamados a ver em todas elas, que se trata de um ser humano, imagem e semelhança do Criador, irmão que tem sua história de vida e jamais poderá ser ignorada a sua presença perto de nós. A atitude cristã tende a ser de acolhida e respeito, sobretudo se for alguém considerado entre outros o mais frágil e vulnerável.

         À nossa frente poderá estar um marginalizado que, pela sua condição, denuncia a nossa maneira de organizar a vida. Denuncia ainda mais uma prática religiosa que cria barreiras, discrimina, classifica e rotula as pessoas, reduzindo-as à sentença do pode ou não pode, das normas legais que levam a prejudicar, de modo irreparável, aqueles mais sofredores.

O leproso, tanto no Antigo Testamento como os contemporâneos de Jesus, ilustra com propriedade o que um sistema, uma organização política, um tipo de mentalidade cultural e social podem fazer em detrimento ao direito fundamental e essencial, a vida e a dignidade do ser humano.

O Evangelho aponta para caminhos novos. Abre-nos o coração e a mente para enxergar todas as coisas de maneira diferente. A prática de Jesus é inclusiva, revela o Pai Misericordioso que perdoa, acolhe e devolve ao pecador arrependido a alegria pela vida. A comunidade cristã tem a missão de retratar essa prática, acolhendo, perdoando, promovendo e defendendo sem distinção os que mais precisam. Tudo seja feito para a glória de Deus, jamais para o reconhecimento meramente humano.

A gratuidade de Deus é parâmetro para o nosso agir evangélico. Jesus demonstra ter compaixão do leproso, do pobre, do enfermo, do pecador. Ele tem compaixão de cada um de nós. O apóstolo Paulo fez o mesmo que Cristo, imitando-o, e nos exorta para fazer igualmente. Jesus tem poder de curar, mas a condição está naquele que vai receber a cura. Disposição e abertura para mudar de vida, sair da situação que discrimina e oprime. O mais importante: reconhecer a pessoa de Jesus como o Filho de Deus presente no meio de nós, que acolhe e liberta.

Bom dia... 13/02/2021


sábado, 6 de fevereiro de 2021

Reflexão Litúrgica do 5º Domingo do Tempo Comum – 07/02/2021


Pe. Luís Rodrigues Batista, C.Ss.R.

ANUNCIAR, SERVIR, AMAR E TESTEMUNHAR

E

star na presença de Deus não significa ausência de dor e angústia. Ao contrário, quando nos damos conta do amor de Deus, a nossa vida ganha sentido e objetivo diferentes. Se a dor e o sofrimentos atingir o profundo da nossa alma, do nosso existir, também nos levam ao crescimento humano, à maturidade, à experiência do amor e da fidelidade de Deus que fez aliança conosco. Esse aprendizado podemos constatar na história de inúmeros personagens bíblicos que foram provados e testados pela dor, perseguição e impiedade de tantos.

O amor autêntico apresenta, necessariamente, uma lógica diferente daquela que o mundo, oponente ao plano de Deus, prega e valoriza. Por outro lado, vanglória e ostentação não combinam com o anúncio do Evangelho. Somente aquele que recebe a missão de pregar o Evangelho que o faça. Ora, são condições e identidade de todos que fazem parte dos amigos de Jesus, anunciar e testemunhar o Evangelho com a própria vida, seja pelo sofrimento e perseguição, seja pela alegria e esperança. Somos chamados, dia  a dia, a aderir ao projeto de Jesus para caminhar de modo novo como discípulo dele.

O Evangelho, ao contrário de muitas teorias, é prático, é encarnado, liberta-nos e nos ensina a assumir compromissos concretos de doação e caridade, sendo solidários em favor dos pequenos, indefesos e pobres. O agir cirstão nos leva a fazer tudo para ter parte nele. Jesus cura os doentes e os liberta das amarras que os tornam prisioneiros de mentalidades e práticas culturais e religiosas, que impõem condições para servir. Mas a única condição para servir é o amor.

As ações de Jesus são sustentadas na comunhão dele com o Pai. Ao ser encontrado pelos discípulos, Jesus toma atitude de ir mais adiante, para outros lugares da redondeza, não para fugir, mas para pregar e expulsar tudo aquilo que causa divisão e impede a vida, isto é, a realização do reinado de Deus. Encontramos em Jesus clareza da sua identidade e missão, diante da humanidade e do mundo; por isso, Ele é caminho, é vida, é mestre.

Bom dia... 06/02/2021