sábado, 24 de setembro de 2022

Reflexão Litúrgica do 26º Domingo do Tempo Comum - 25/09/2022


Padre Cesar Augusto. SJ - Vatican News

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 reflexão sobre a primeira leitura da liturgia deste domingo nos coloca no interior de uma sociedade onde um grupo, formado pelos nobres da Samaria (governantes, palacianos, chefes políticos e latifundiários) desfrutava das conquistas militares do rei Jeroboão.

Nesse ambiente surgiu a fala discordante do Profeta Amós que dizia estarem enganados os poderosos ao esperarem o Dia de Javé como um dia de glória. O Dia de Javé será um dia de castigo, culminando com a destruição da própria Samaria e com o exílio de seus moradores. Ele foi claríssimo ao dizer: “o bando dos gozadores será desfeito”.

Eis os motivos: enriquecimento à custa do pobre e “não se preocupar com a ruína do povo”.

Será que também não existem pobres que desejariam usufruir dessas benesses e sonham em ser como um desses ricos? Pessoas vendem seu corpo, sua inteligência para poderem conviver nesse mundo de privilegiados. Deixam-se corromper para isso.

O Evangelho nos apresenta a reflexão de Jesus diante desse quadro. Ele usa a parábola do rico e de Lázaro para nos dar o seu recado. O rico, que nem nome possui, é descrito como alguém que se veste com luxo, usando roupas importadas, se banqueteando diariamente e morando em uma mansão.

Do lado de fora, um sem-teto, Lázaro. Ele via entrar os comensais em traje de festa. Sentia vontade de comer, queria matar a fome, a sede, mas nada lhe era dado. Ao contrário, ainda era incomodado pelos cães que lambiam suas feridas. Era o excluído!

Contudo, Deus - que optou preferencialmente pelos pobres - ao permitir a morte dos dois, acolhe Lázaro em sua casa, enquanto o rico continua em seu fechamento, agora absolutizado pela morte. Neste momento, o nome Lázaro revela seu significado, Deus ajuda, e de fato Deus o ajudou. Enquanto o rico, sem nome, fica agora totalmente ignoto, morto, sepultado e desconhecido!

Dentro da parábola vemos também o resultado, a consequência da atitude surda, absolutamente insensível do rico. O abismo que ele criou, excluindo o pobre de toda e qualquer participação nos bens que ele julgava possuir, volta agora contra ele mesmo. É tão grande que é impossível haver comunicação entre eles. Pior, a inversão foi drástica. Aquele que sempre esteve saciado suplica por uma gota d’água e pede que Lázaro faça isso.

Existe nesse trecho do Evangelho algo que muitas vezes passa despercebido e que não deveria, porque é importante. Quando Abraão fala com o rico, apesar de se dirigir a uma pessoa, usa o plural – “... nem os daí poderiam atravessar até nós.” O rico não está só. Outros o antecederam na ocupação de acumular bens gananciosamente.

Mas o rico faz um segundo pedido a Abraão, que salve os irmãos dele, para que não tenham a mesma sorte. Para isso ele pede a ida de Lázaro à casa deles, para que, vendo um morto, se convertam. Abraão diz ser inútil isso. Para salvá-los, já existe Moisés e os profetas. Veladamente aí está que nem a ressurreição de Jesus irá salvá-los, caso não se abram ao pobre. De fato, quantas pessoas batizadas vivem uma existência surda e insensível em relação aos excluídos! A partilha gera vida, o acúmulo, morte!

 

A única força capaz de mudar o coração do rico, de ser fechado em si mesmo, é a Palavra de Deus. Ela tem o poder de abrir os corações!

Bom dia... 24/09/2022

 


quarta-feira, 21 de setembro de 2022

PAI, MÃE, SOGRO, SOGRA... E O NOVO CASAL!

Deonira L. Viganó La Rosa - Terapeuta de Casal e Família

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m nossos Encontros com Noivos é comum ouvirmos: “Chamem nossos pais para um encontro como este”. Noivos sentem que seus pais não estão preparados para deixá-los formar uma nova família, sem interferir excessivamente.

No fracasso conjugal, parece que os casais não costumam considerar como importantes os problemas com a família ampliada (a família dele + a família dela). Este tema merece análise.

DEBAIXO DO VÉU DA NOIVA E DA CASACA DO NOIVO...

O casamento tende a ser erroneamente entendido como a união de dois indivíduos. O que ele realmente representa é “a união de duas famílias”, sistemas extremamente complexos. Cada nubente carrega ao altar seu “kit familiar”. A afirmação de que existem seis no leito conjugal é até suave em relação à realidade.

Às vezes, a incapacidade de estabelecer um relacionamento de casal indica que os pretendentes ainda estão muito emaranhados com suas próprias famílias e se tornam incapazes de definir um novo sistema e aceitar as implicações desse realinhamento. Os parentes por afinidade podem ser intrusivos demais e o novo casal ter medo de colocar limites.

ESTABELECENDO FRONTEIRAS E LIMITES

Como o novo casal vai estabelecer um território com alguma independência da influência dos pais dele e dela? O ideal para o novo casal seria manter independência em relação à família e ao mesmo tempo manter laços carinhosos com ela.

Um grande número de problemas conjugais deriva de problemas não resolvidos com a família dele e dela. É possível que um homem escolha uma esposa totalmente inaceitável para seus pais e então deixe que ela lute com eles a batalha que ele mesmo não foi capaz de travar, tornando-se assim um inocente espectador. Em vésperas de casar-se, uma noiva lamentava que sua futura sogra ainda fazia jantares para a ex-namorada do filho, agora seu noivo.

Um recém-casado, ou até casado a mais tempo, pode estar sentindo que seus pais não lhe deram "permissão" para ter um bom casamento e então “cumpre a vontade deles” tornando-se um desastre na relação com a mulher (o homem). E pode ser mais fácil para uma nora odiar sua sogra por ser "intrusiva" do que enfrentar o marido por ele não se comprometer inteiramente com o casamento e não querer colocar limites em relação aos de fora e da sua família. Uma noiva se queixava que a sogra a recriminava porque não comia cebola e o noivo nada dizia. Ele respondeu que esperava o momento adequado. Ela contestou: Faz CINCO ANOS que você espera!

No tempo de noivado e primeiros meses de casamento fica muito mais fácil esclarecer as dificuldades e aceitar os membros da família ampliada do que durante outros estágios posteriores do ciclo de vida. Esta é a hora de listar o que incomoda, o que está bom, o que os dois vão conservar de suas famílias e quais padrões não serão adotados de jeito nenhum.

A falta de negociação antes e no começo do casamento será um problema para o futuro desse casamento: o cônjuge deixará de representar quem ele é, e passará mais vezes a representar o pai, a mãe, o irmão e a irmã.

OS PAIS TAMBÉM PRECISAM MUDAR

Os pais precisam modificar a maneira de lidar com os filhos depois do casamento. Uma cisão pode ser criada num casamento recente devido à intromissão dos pais, em geral sem muita percepção do que está causando mal-estar.

Muita ajuda benevolente pode ser tão danosa para o jovem casal quanto a censura destrutiva.

Quando os pais continuam a prover apoio financeiro, há uma barganha implícita ou explícita sobre o direito que eles terão de ditar o modo de vida em troca daquele apoio.

O novo casal precisa aprender o poder da sua própria força como casal, e também a força dos pais ou outros familiares. Deve conhecer o poder manipulativo da família de origem.

O casamento requer que o casal negocie novos relacionamentos com irmãos, avós, sobrinhos e amigos. Com frequência, as mulheres se aproximam mais da sua família de origem e os homens se afastam mais, mudando seu vínculo primário para a nova família nuclear (ciúmes).

O aumento da tensão dos pais em relação ao filho ou filha, ao genro ou nora, provavelmente seja uma manifestação do sentimento de perda do filho ou filha e não precisa ser tomada como algo pessoal.

Quando os pais ou familiares interferem demais na nova família, um sinal vermelho está aceso: indica que o novo casal está fragilizado e ainda não estabeleceu limites claros para sua família e, portanto, torna-se corresponsável pela invasão dos pais. Precisa fortalecer-se e conquistar o respeito.

Bom dia... 21/09/2022

 


sábado, 17 de setembro de 2022

Reflexão Litúrgica do 25º Domingo do Tempo Comum

Cônego Rui José de Barros Guerreiro - Paróquia de São Luís – Faro - Portugal

O CONHECIMENTO DA VERDADE

A

 noção de salvação é comum a todas as religiões e transmite a ideia de libertação de uma situação de sofrimento, de morte e de ameaça de perigo. Na tradição bíblica o salvador é sempre Deus que, por vezes, se serve de homens e mulheres. No Novo Testamento o Salvador é Jesus de Nazaré. O termo salvação deriva de um termo grego que tem uma amplitude de sentido. Na verdade, ele não designa unicamente o ato de salvação, mas também o seu resultado, ou seja, uma vida íntegra, a saúde e a plenitude de vida com Deus. Assim sendo, a salvação não é só a libertação de uma situação negativa, mas um aumento qualitativo de vida.

Na segunda leitura deste domingo, retirada da carta a Timóteo, encontramos uma das afirmações centrais da fé cristã: “Deus quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade”. Deus que por amor nos criou para a felicidade quer que todos os homens se salvem, alcancem a qualidade de vida própria dos filhos de Deus: uma vida que é comunhão à imagem da Santíssima Trindade. É este o grande desafio e o grande dom que Deus dá a cada homem. É esta a vocação de todo o homem: a vida de comunhão no seio da Trindade. Paralelamente, para alcançar o conhecimento da verdade, Paulo exorta as comunidades à oração, pois nela se manifesta o grande coração de Cristo, que não faz acepção de pessoas, distinções de raça, de tribo, de nacionalidade, posição social ou riqueza, e abre o coração do Homem ao amor de Deus, que abraça a todos os povos, e ao conhecimento da verdade.

CAMINHOS DE DESTRUIÇÃO

O Homem na sua peregrinação quotidiana nem sempre escolhe os caminhos de salvação. Deste modo, ao longo da história da salvação, Deus vai suscitando profetas que denunciam os caminhos de destruição pelo qual a humanidade opta. É o caso do profeta Amós, profeta das causas sociais, denuncia o modo como alguns dos seus concidadãos enriquecem, uma vez que procuram roubar o mais possível, explorando os pobres. Quando deixamos que seja o materialismo a conduzir a nossa vida não enveredamos por um caminho de salvação, mas de destruição. Mas Deus está atento a esta situação e porque quer que todos se salvem e sejam felizes é que promete solenemente que irá atuar: “Mas o Senhor jurou pela glória de Jacob: nunca esquecerei nenhuma das suas obras”.

OS BENS MATERIAIS ESTÃO AO SERVIÇO

Neste domingo, podemos confessar que, à primeira vista, a parábola do Evangelho suscita um certo embaraço, pois parece elogiar o administrador desonesto e não é possível recomendar aos cristãos que o imitem. No entanto, é importante ter presente que, ao louvar a esperteza de uma pessoa, não significa que Jesus esteja de acordo com o que ela fez. Para Jesus, este administrador foi esperto porque entendeu apostar nos amigos e não nos bens, nos produtos que deveria receber e que poderiam apodrecer ou serem roubados. Contudo, o principal ensinamento que Jesus nos apresenta está no servo que não pode servir a dois senhores, a Deus e ao dinheiro. No fundo, nós não existimos para servir o dinheiro, mas ao contrário, os bens materiais existem para servir o Homem. Os bens materiais, como toda a criação, são bons porque foram criados por Deus e com eles podemos fazer verdadeiros milagres. No entanto, alguns usos que fazemos dos bens materiais são perversos. Os bens estão ao nosso serviço para proporcionarem a todos condições de vida dignas. Os bens existem para servir a nossa relação com Deus, com a família e com os irmãos e não para destrui-las. Quantos insensatos que trabalhando pela ilusão da felicidade do ter sacrificam o tempo e a disponibilidade para Deus, para a família e para os irmãos, fonte de verdadeira felicidade!

Bom dia... 17/09/2022

 


sábado, 10 de setembro de 2022

Reflexão Litúrgica do 24º Domingo do Tempo Comum – 11/09/2022


Cônego Rui José de Barros Guerreiro - Paróquia de São Luís – Faro - Portugal

N

a liturgia deste domingo o Senhor dirige-nos palavras de confiança, chama-nos à conversão, promete o perdão, fala da alegria na casa do Pai, porque o pecador se arrependeu e voltou ao convívio familiar.

Esta mensagem deve despertar em nós o desejo de nos pormos em paz conosco próprios, com os outros e sobretudo de nos aproximarmos mais de Deus.

A INFIDELIDADE DOS ISRAELITAS LIBERTADOS DO EGITO

O povo hebreu, depois da sua saída da escravidão do faraó no Egito, percorreu o deserto numa marcha lenta e muito penosa. As dificuldades dessa vida errante depressa levaram ao esquecimento de todos os prodígios que o Senhor havia realizado em seu favor.

Assim, enquanto Moisés se encontra no monte a falar com o Senhor, os israelitas dão a Aarão as suas joias e, com o ouro reunido e fundido, fazem um touro e adoram-no.  Desviado do reto caminho o povo depressa pratica a idolatria. A ideia de um Deus único e indivisível é substituído por um ídolo de fabrico humano. Moisés, alertado para o facto pela indignação de Deus, ora ao Senhor lembrando a Sua grande bondade: quanto fizera pelo seu povo e quanto lhe havia prometido. Se o pecado dos homens é grande, maior é o perdão de Deus.

O PERDÃO, AMOR GRATUITO DE DEUS

O comportamento dos israelitas é a imagem do que fazemos também nós. Quando escutamos a palavra de Deus, sentimo-nos impelidos a segui-la com entusiasmo. Mas, passados alguns dias ou até mesmo algumas horas, tudo volta a ser como antes.

O homem nunca deixa de ser pecador, repete sempre os mesmos pecados, não se arrepende. Mas não deve desesperar. A única maneira de obter a salvação é confiar na infinita bondade de Deus, pois o Seu amor nunca será vencido por nenhuma infidelidade, por maior que esta seja.

A oração de Moisés em favor dos seus irmãos israelitas leva o Senhor a desistir do castigo com que tinha ameaçado o seu povo.

Assim também nós, não devemos confiar apenas nas nossas forças, na nossa capacidade de realizar gestos virtuosos, pois teríamos motivos suficientes para desesperar. Ponhamos então a nossa confiança no amor gratuito de Deus e na sua misericórdia.

E DA SUA PROFUNDA MISERICÓRDIA

No Evangelho deste domingo escutamos o relato de três parábolas denominadas «parábolas da misericórdia». Os destinatários destas parábolas são os fariseus e os escribas que se consideram “justos” perante Deus e são chamados, por Jesus, à conversão. Estes não compreendem o facto de Jesus acompanhar e comer com aqueles que eles consideram como pecadores.

Os pecadores, para eles, eram essa “gente perdida”, as moedas, as ovelhas perdidas, o filho esbanjador e dissoluto que regressa a casa. Agora estão todos à volta de Jesus. Vivem em casa com Ele, estão a fazer festa, comem alegremente.

Quem agora necessita de um apelo à conversão não são eles, mas os “justos”. As noventa e nove ovelhas são os “justos”, são as nove dracmas, o filho mais velho, que se arriscam a perder a festa. Não compreendendo o que está a acontecer, são apanhados de surpresa pela nova realidade.

O que Jesus quer fazer compreender é que começou uma festa organizada para gente indigna, que causa problemas aos “justos”. O comportamento de Jesus, que acolhe os pecadores e come com eles, revela o rosto de Deus que os fariseus não podem aceitar: é escandaloso.

O Deus de Jesus é Alguém que salva gratuitamente a todos, é Alguém que raciocina com o coração; é Alguém que organiza a festa não para quem a julga merecer, mas para quem está triste, para quem tem fome; é Alguém que «não quer que se perca nenhum destes pequenos».

Quem é que se deve converter? Os pecadores? Evidentemente. Mas devem converter-se sobretudo os “justos”. Estes, para além de terem de corrigir a sua vida (porque todos somos pecadores, sendo difícil definir quem é mais ou menos pecador), devem corrigir principalmente as suas falsas ideias acerca de Deus, pois inventam uma “religião dos méritos”. Deus alegra-Se em sentar-Se à mesa com o pecador.

As duas primeiras parábolas põem em relevo a iniciativa da conversão, que não parte do homem, mas de Deus. É Ele que vai à procura do que se perdera. A parábola do chamado “filho pródigo”, que Jesus conta logo a seguir, põe em relevo o respeito de Deus pela liberdade do homem, pelo que deveríamos antes chamar-lhe a parábola do “pai misericordioso e compreensivo”. Este pai misericordioso não força o filho a ficar em casa, mas também não o obriga a voltar: mas sabe esperar.

S. Paulo, na segunda leitura, sublinha que Deus usou de misericórdia para com ele que era um blasfemador, um perseguidor e um violento. Se alguém como ele, inimigo da fé, “o primeiro entre os pecadores” como afirma, obteve misericórdia, poderá ainda alguém ter medo de que Deus o trate com severidade?

Saibamos, pois, agradecer este amor que o Senhor nos tem, sem merecimento nosso, e consideremos seriamente este apelo contínuo à conversão.

Bom dia... 10/09/2022

 


quarta-feira, 7 de setembro de 2022

7 DE SETEMBRO, Independência do Brasil!


Por que se deve pagar “Espórtulas” na Igreja?

 

E

spórtulas (taxas ou ofertas) são os valores que devem ser pagos à Igreja quando esta ministra alguns sacramentos como palestras, batismo, crisma e matrimônio, especialmente a Santa Missa por alguma intenção ou momento especial, na Igreja ou fora dela.

A Espórtula não é para cobrar pelo sacramento ministrado. Cada um deles é impagável, porque custou o preço do Sangue precioso de Jesus para a nossa salvação. Os sete sacramentos brotaram do coração de Jesus transpassado pela lança na cruz. É por meio deles que as graças da salvação, conquistadas a nós por Cristo, chegam a nós, e isso é impagável!

ENTÃO, POR QUE A IGREJA COBRA UMA TAXA PARA CELEBRAR ALGUNS DELES?

A prática das Espórtulas é inspirada no Novo Testamento e existe durante quase dois mil anos. Essa prática tem duplo sentido:

1) para quem oferece sua dádiva, é uma forma de participar, de maneira mais íntima, da oblação Eucarística e dos frutos desta. É expressão da fé e do amor com que tem acesso ao Pai por Cristo no Espírito Santo. Assim, as Espórtulas se justificam como a expressão da fé e do amor dos fiéis que desejam participar mais intimamente dos frutos da Santa Missa.

2) para a Igreja, é um meio de sustentação legítimo, baseado na tradição bíblica e que não se trata de simonia, isto é, de comércio com as coisas sagradas. Após o Concílio do Vaticano II (1962-1965), que fez um balanço da vida eclesial, considerando as suas necessidades, o Papa Paulo VI regulamentou as Espórtulas da Missa, em 13/06/1974, quando publicou o Motu Próprio Firma in Traditione, em que dizia:

“É tradição firmemente estabelecida na Igreja que os fiéis, movidos por seu espírito religioso e seu censo eclesial, acrescentem ao sacrifício eucarístico um certo sacrifício pessoal, a fim de participar mais estritamente daquele. Atendem assim às necessidades da Igreja e, mais particularmente, à subsistência dos seus sacerdotes. Isso está de acordo com o espírito das palavras do Senhor: ‘o trabalhador merece o seu salário’ (Lc 10,7), palavras que São Paulo lembra em sua primeira carta a Timóteo (5,18) e na primeira aos Coríntios (9,7-14)”.

“O clero que, por seu trabalho, merece receber o necessário para se sustentar, deveria ter sua subsistência garantida por um sistema de financiamento independente de ofertas feitas por particulares ou pelos fiéis que peçam serviços religiosos.”

O QUE DIZ O CÓDIGO DE DIREITO CANÔNICO?

Depois disso, o assunto foi regulamentado também pelo Papa João Paulo II, em 22 de janeiro de 1991, no Decreto Sobre as Espórtulas, preparado pela Sagrada Congregação para o Clero. O Código de Direito Canônico, promulgado em 25/11/83, quando fala das Espórtulas, diz entre outras coisas:

Cânon 945 – § 1. Segundo o costume aprovado pela Igreja, a qualquer sacerdote que celebra ou concelebra a Missa, é permitido receber a Espórtula oferecida para que ele aplique a Missa segundo determinada intenção. § 2. Recomenda-se vivamente aos sacerdotes que, mesmo sem receber nenhuma Espórtula, celebrem a Missa segundo a intenção dos fiéis, especialmente dos pobres.

Cânon 946 – Os fiéis que oferecem Espórtula para que a Missa seja aplicada segundo suas intenções concorrem, com essa oferta, para o bem da Igreja e participam de seu empenho no sustento de seus ministros e obras.

Cânon 947 – Deve-se afastar completamente das Espórtulas de Missas até mesmo qualquer aparência de negócio ou comércio.

No início da Igreja, os cristãos, ao participarem da Santa Missa, levavam consigo dons naturais (pão, vinho, leite, frutas, mel etc.). Depois, passou a se fazer doações também em dinheiro por ser mais prático. A Igreja, como uma sociedade também humana e inserida neste mundo, precisa de dinheiro para exercer a missão de pregar o Evangelho, confiada a ela pelo próprio Cristo, desde os tempos d’Ele. Os doze apóstolos tinham uma caixa comum (cf. Jo 12,6). Jesus aceitava que algumas mulheres os ajudassem com seus bens, entre elas, Maria Madalena, Joana, mulher de Cuza; Susana e várias outras (cf. Lc 8,1-3).

A primeira comunidade cristã em Jerusalém praticava a voluntária partilha de bens (cf. At 2,44; 5,1-6). Jesus elogiou a oblação da viúva no Tesouro do Templo: “Em verdade eu vos digo que esta viúva, que é pobre, lançou mais do que todos os que ofereceram moedas ao Tesouro. Pois todos os outros deram do que lhes sobrava; ela, porém, na sua penúria, ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver” (Mc 12,42-44).

E AQUELES QUE NÃO TÊM DINHEIRO PARA MANDAR CELEBRAR A SANTA MISSA?

A Igreja reza diariamente por todas as grandes intenções e necessidades da humanidade (os doentes, os moribundos, os encarcerados, os falecidos etc.), também pelas almas do Purgatório em todas as Celebrações Eucarísticas. Assim, não há almas abandonadas no Purgatório por falta de dinheiro da parte dos familiares.

Quando todos os católicos pagarem o dízimo que a Igreja não obriga que seja 10% do que a pessoa ganha, embora isso seja bom, então, certamente, não será mais preciso cobrar taxas para a celebração dos sacramentos, como o batismo, o crisma e o matrimônio. Mas isso ainda não é comum; por isso a Igreja precisa das taxas para suas necessidades materiais.

O CÓDIGO DE DIREITO CANÔNICO AFIRMA:

Cânon 222 § 1. “Os fiéis têm obrigação de socorrer às necessidades da Igreja, a fim de que ela possa dispor do que é necessário para o culto divino, para as obras de apostolado e de caridade e para o honesto sustento dos ministros.”

O que o Catecismo da Igreja Católica diz no §2043: “Os fiéis cristãos têm ainda a obrigação de atender, cada um segundo as suas capacidades, as necessidades materiais da Igreja”.

Portanto, para os que puderem pagar ou oferecer, o sacerdote tem o direito de receber uma retribuição pelo serviço prestado. No geral, é através do dízimo e da Espórtula que sobrevivem os sacerdotes.

Bom dia... 07/09/2022

 


sábado, 3 de setembro de 2022

Reflexão Litúrgica do 23º domingo do Tempo Comum - 04/09/2022

EXIGÊNCIAS PARA SEGUIR JESUS COMO DISCÍPULO

O

 Evangelho deste domingo retrata a retomada do caminho de Jesus para Jerusalém. Domingo passado Jesus estava na casa de um fariseu ilustre e lá procurou ensinar a todos convidados como se comportar em relação aos primeiros lugares. Prosseguindo sua estrada, Ele procura ensinar agora a multidão.

Lucas nos informa que junto com o pequeno grupo de discípulos, uma multidão tinha se formado. Estavam próximos, mas para Jesus ainda não eram discípulos; buscavam algo junto a Ele (curas e milagres), mas não estavam interessados em fazer parte do mesmo grupo de discípulos. Jesus conhecia aquelas pessoas que O seguiam, por isto, lhes apresenta a condição para deixarem de “ser povo” e de se tornarem “discípulos”; deixarem se serem espectadores e passarem a compor o mesmo grupo de escolhidos de Jesus; deveriam abandonar a mentalidade de “receber algo” de Jesus (prodígios e milagres) para aprender a doar-se completamente. As palavras de Cristo são profundas e exigentes.

A primeira exigência de Jesus é chocante. Usando um recurso dos grandes mestre, Jesus propõe uma ideia que chama atenção de todos para em seguida explicar seu significado. A frase começa com uma proposta e não uma imposição: “Se alguém vier…” Não há obrigação, mas se alguém decide ir até Jesus, é chamado a fazer uma escolha radical, mas por outro lado, profundamente benéfica. A multidão seguia Jesus, mas cada um com suas necessidades e exigências pessoais; Cristo apresenta suas condições para que todos possam realmente receber muito mais que um benefício físico (cura) ou uma diversão (ver um milagre). Prossegue Jesus dizendo “Se alguém vier a mim e não odiar seu pai… sua própria vida, não pode ser meu discípulo”. Não tem como não se surpreender com a condição fundamental “odiar”, colocada por Jesus.

Lucas procura preservar a força da “expressão semita” (jeito do povo da Bíblia pensar: radical e sem meio termo). Este modo de pensar e de afirmar encontramos nos profetas e nos textos da Lei que proclamam que Deus deve receber todo o amor e não parte dele. Em outro trecho de Lucas, Jesus mesmo diz que não se pode servir a dois senhores: ou odiará um e amará outro, ou há de aderir a um e desprezará outro (cf. Lc 16,13). Mateus, ao retratar a mesma citação, faz uma adaptação que nos ajuda a entender melhor a expressão em Lucas. Diz o primeiro evangelista: “Quem ama seu pai e mãe, mais do que a mim, não é digno de mim…” (Mt 10,37). Na lista de Lucas são seis tipos de pessoas (pai, mãe, filhos…) mais a vida: sete é o número. Para ser discípulo de Jesus é precisa abandonar de forma radical todos e a própria vida para segui-Lo.

Este termo é comumente traduzido no Evangelho de Lucas por “amar menos” (ou ser capaz de rejeitar), seguindo a forma do Evangelho de Mateus: “Se alguém vier a mim e não ama menos seu pai…”. Parece traduzir melhor o que Jesus pretendia dizer, pois sabemos que Nosso Senhor não era contra a família. Ele viveu com os seus até iniciar sua vida pública; Maria, sua mãe, conviveu com Jesus e até o acompanhou como discípula. Quando perguntado sobre os Mandamentos, lembrou o quarto Mandamento (honrar os pais) como condição básica para a se salvar.

Em seguida, Jesus propõe a segunda condição, desta vez, para todos que aceitarem a primeira condição. Jesus afirma que é preciso: “Tomar a cruz e segui-Lo”. Cruz do compromisso vivido ao extremo até ao ponto de “desprezar a própria vida” para que todos tenham vida. A cruz nas palavras do Jesus é aquela que Ele abraçou e conduziu até o final de sua caminhada neste mundo. Sinal do amor extremo e total para salvação do mundo. Neste sentido, a cruz não tem nada a ver com sofrimento e dores (isto a vida se encarrega de nos dar). Não foram o sofrimento e a dor que salvaram o mundo, mas o amor vivido em sua máxima expressão.

Duas condições fundamentais para seguir Jesus: amor maior e total a Cristo ao ponto de doar sua vida! Mas, para isto Jesus alerta que nada deve ser feito como algo somente para um momento da vida e sem convicção. É preciso medir suas consequências e meditar suas exigências. Por isto, Jesus conta duas parábolas que retratam a prudência e a seriedade para com as coisas da vida (construir uma torre e partir para uma guerra). Seguir Jesus vivendo as condições que Ele mesmo vivia, requer a mesma consciência e seriedade, mas de modo radical e total.

Jesus acrescenta a terceira exigência para “ser seu discípulo” (frase que repete três vezes ao final de cada condição): “Renunciar a tudo que lhe pertence”. O discípulo que Jesus deseja “atrás de si” (isto é, seguindo seus passos) é aquele que ama com toda intensidade o seu Mestre ao ponto de deixar todos e tudo em segundo plano; ser discípulo de Cristo é assumir seus passos e fazer a mesma caminhada vivendo o amor para com todos (e não somente para os familiares mais próximos), uma existência plenamente aberta para a promoção da vida de todos e não somente seus anseios pessoas; Uma vida de total doação e serviço que tem como sinal maior a própria cruz deixada por Cristo.

As exigências são duras e profundas, mas para amar o próximo  precisamos primeiro fazer a experiência do verdadeiro amor que é Jesus. Para receber o melhor, precisamos ser capazes que doar tudo primeiro. Para viver intensamente nossa vida, precisamos ser capazes que doá-la ao serviço do bem e da vida de todos. As exigências de Jesus nada mais são que o próprio estilo de vida que Ele mesmo viveu.

São grandes mistérios que somente quem consegue fazer a experiência do amor de Deus consegue entender. O amor de Deus não é egoísta e discriminatório. Jesus é a fonte do amor e quem descobre esta água vida não se fecha em si ou somente com algumas pessoas, mas semeia amor na vida de todos com quem convive. Fazer a experiência de abraçar Jesus com todo seu amor, ao final, torna-se também fonte de amor para as outras pessoas. A pessoa que faz a experiência de amar Jesus em primeiro lugar e com toda sua vida, passa necessariamente para todos os outros o mesmo amor: familiares, amigos e todas as pessoas com quem tiver contato.

A lógica de Deus e do seu amor não segue os mesmos passos e caminhos que conhecemos (primeira leitura). Somos capazes que medir e afirmar sobre muitas coisas até mesmo muito distante de nós (universo), mas a experiência do amor conforme Jesus viveu e nos ensinou, somente ela completa nossa existência, pois mais do que satisfazer o nosso conhecimento, dá sentido à nossa vida. É preciso romper com a lógica do mundo como Paulo na segunda leitura convida seu amigo Filêmon a fazer com o seu “filho na fé” (Onésimo). Não o tratar com um escravo fugitivo, mas como um irmão na fé. Se o universo pode ser desbravado com o nosso conhecimento, somente o verdadeiro amor que tem sua origem em Deus pode dar sentido a tudo e a todas as coisas. Vivemos para amar intensamente Deus e nossos irmãos!


Bom dia... 03/09/2022

 


quinta-feira, 1 de setembro de 2022

DECISÕES SIMPLES PARA VIVER OS VALORES NA FAMÍLIA!

 

F

alar de valores é fácil, mas vivê-los é difícil. Na verdade, não é tão difícil como parece, requer esforço, concentração e perseverança. Com algumas decisões simples você poderá conseguir que sua vida, suas ações e a sociedade tenham como coluna vertebral os valores.

CONHECER SUA IMPORTÂNCIA

Parece simples? Mas não é. A primeira decisão para viver os valores é ter consciência do quanto elas são importantes. Uma sociedade fundamentada em indivíduos com valores é a chave para uma convivência mais sadia. As leis civis não são o bastante. Nelas está estabelecido apenas o elementar para assegurar uma convivência medianamente decente, porém, não é suficiente apenas "cumprir a lei". Os valores vão muito mais além do que cumprir o regulamento de trânsito, vão à raiz das coisas. Por exemplo, o regulamento diz que não é permitido atravessar a rua quando o sinal está vermelho (bastante elementar para não se matar), no entanto, não diz que em um congestionamento de tráfego o fato de ceder a passagem a uma pessoa é algo amável, que faz com que todos estejamos mais contentes e pode, até mesmo, nos poupar um contratempo. O mesmo ocorre em outros âmbitos da vida. A lei estabelece uma pena por homicídio, mas não nos diz que tratar o próximo com atenção e educação nos ajuda a conviver ainda melhor. Para viver os valores, primeiramente, deve-se estar consciente de que estes são vitais, e são o que pode mudar verdadeiramente uma pessoa, uma família ou uma nação.

ANALISAR MEU CONJUNTO DE VALORES

Uma vez que se tenha aceitado a importância de viver os valores, deve-se analisar claramente quais valores são a base da sua vida.

Neste momento, poderíamos estabelecer duas classes: os que você já possui e os que deseja construir. Para saber quais são os valores, em Valores para ser melhor há informação sobre cada um deles, e continuamente estamos pesquisando e publicando mais materiais, assim, o melhor que tem a fazer é dar uma olhada em todas as seções de Valores. Por outro lado, também deve fazer um esforço e meditar lentamente em quais são os princípios, normas e comportamentos fundamentais para ser melhor, para viver melhor. Quais te ensinaram em casa? Quais têm aprendido com a vida? Quais sabe que existem, mas não os vive muito? Quais gostariam de ter? Tem a necessidade de pesquisar mais sobre eles? A ideia aqui, é que você se sente em um lugar tranquilo, e em uma folha de papel: Escreva a data e faça três colunas iguais. No lado esquerdo, na primeira coluna, faça uma lista com os valores mais importantes para você, sem importar-se com a ordem e se os vive atualmente ou não, simplesmente escreva os princípios considerados fundamentais para você. Quando terminar, na coluna do meio, faça uma lista com os valores adquiridos desde criança em casa, os adquiridos com a vida, e os adquiridos ultimamente, mas que não tem vivido. Ao terminar, vá para a coluna da direita, desenhe um triângulo e escreva em cada vértice "Minhas fortalezas", "Minhas fraquezas", "O que quero ser". Faça três listras, e escreva os valores que já existem em você, que lhe definem como uma pessoa especial, e que você vive continuamente. Em "Minhas fraquezas" escreva os defeitos que você conhece e te impedem de viver melhor os valores. Por último, escreva os valores que desejaria viver em "O que quero ser". É muito importante que você guarde esta folha, pois ela é a base de teu trabalho e dos próximos passos deste guia.

O "PLANO-MESTRE"

Agora que já conhece teus valores, tuas fraquezas e o que deseja ser, torna-se necessário o uso de uma agenda. Qualquer uma será útil (de escritório, de bolso, eletrônica - um Palm Top será ideal para isto). Em outra folha, estabeleça três bases de tempo: anual, mensal e diária. Na anual, escreva o que espera alcançar em um ano. Os valores concretos que deseja alcançar (inclua os que você já vive e os que deseja viver). Dívida esta lista em uma base de tempo mensal, fixando um mês para cada atividade. Na diária, faça uma lista com o título "O que vivo e devo reforçar" e outra "O que me falta". Em tua agenda, estabeleça uma meta concreta diária (pequena, mas significativa) de valores que irá reforçar e que quer viver. Uma meta concreta diária pode ser "Falar com João por telefone", para fortalecer o valor da amizade (talvez tenha meses que não liga para alguma pessoa), ou pode estabelecer "Ajudar alguém pobre", para fortalecer ou criar a generosidade. Faça para o primeiro mês (ou seja, o mês em que você está). A cada mês deve revisar o teu "plano-mestre", estabelecer os valores de acordo com sua atividade diária e fazer uma reflexão sobre os resultados. Se, por algum motivo, não tenha ido bem em um determinado mês, não se preocupe, coloque-o novamente em teu plano diário e análise porque não pôde cumpri-lo. Reflita sobre as razões que te impediram (falta de tempo, falta de constância, esquecimento etc.) e estabeleça meios para que isto não ocorra de novo. Aqui, o importante é que esteja avançando, mesmo que a passos curtos.

O EXAME DIÁRIO

Se deseja viver realmente os valores, durante uma parte do dia (pode ser à tarde ou à noite - se for à noite, certifique-se de não estar muito cansado) reserve 10 minutos para refletir. Deve pensar em como foi o dia, se está cumprindo tua meta (ou metas) diária, o que te falta para fazer e o que já fez. Este exame é vital, se não o fizer todo o sistema para viver os valores irá se perdendo até que se esquecerá dele. O exame te permite duas coisas: analisar de maneira realista e rápida que resultados tem obtido, e te dá propósitos concretos para fazer algo e viver teus valores.

MANUTENÇÃO

A cada mês, revise teus valores, revise o que aprendeu, pense como tem ido em teus exames diários. Melhorou? Piorou? Houve um grande avanço? O fundamental neste sistema é a constância. Se fizer o teu "plano-mestre" e estabelecer tuas prioridades, mas não as viver, não fizer o exame e não seguir teus propósitos concretos, então em quinze dias terá esquecido de tudo. Se realmente quiser viver os valores deve cumprir os propósitos. Este guia está feito de tal maneira que lhe permite analisar e elaborar metas de maneira ordenada, e pequenas ações para alcançá-las. É melhor fazer uma pequena ação todos os dias do que grandes ações raramente. Teu guia é pessoal, no entanto, não duvide em compartilhar com outros amigos, e especialmente, que alguém de confiança te ajude a estabelecer os valores que seriam melhores para você, porque às vezes perdemos a perspectiva de nós mesmos ou temos defeitos que simplesmente não vemos.