sábado, 26 de agosto de 2023

REFLEXÃO LITÚRGICA PARA O 21º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 27/08/2023

Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News

N

esta liturgia do 21º DOMINGO DO TEMPO COMUM, se reflete sobre o tema do poder. De acordo com a leitura do profeta Isaías, aquele que usa do poder em seu próprio benefício e deixa o povo passar necessidades, deve ser destituído, pois não honra a confiança nele depositada por Deus. Isso é o que se entende com a deposição de Sobna, administrador do rei de Jerusalém, que deixa o povo na miséria e constrói para si um túmulo de alto luxo. Em seu lugar é empossado Eliacim, investido de poderes para abrir e fechar a Casa de Davi, ou seja, para que todos tenham vida.

Do mesmo modo, Jesus, estando com seus discípulos, dá a eles o poder de abrir e fechar as portas do Reino dos Céus. Todo e qualquer poder cristão é dado para servir, para dar vida ao Povo. Mas Jesus só entrega esse poder aos apóstolos depois de ser identificado por eles como Messias, como aquele que tem a missão de redimir. Portanto ter poder na Igreja , no mundo cristão, significa identificar-se com a missão de Jesus, daquele que lavou os pés de seus discípulos, daquele que disse ter vindo para servir e não ser servido, daquele que não tinha onde reclinar a cabeça.

O hino de louvor colocado por Paulo em sua Carta aos Romanos, nos fala da misericórdia de Deus, que supera nosso conhecimento, nossa justiça, sempre nos servindo, sejamos cristãos ou não.

Dentro da perspectiva cristã o poder deve acabar com o egocentrismo, com a imaturidade e despertar na pessoa generosidade, esquecimento de si e radical entrega à causa da vida.

Quando, no Brasil, nos prepararmos para as próximas eleições, reflitamos sobre nosso poder de voto. Também ele deve se fazer cumprir como serviço à vida. Vivo em um país democrático e tenho esse poder para desempenhá-lo com dignidade cristã, sendo temente a Deus, reconhecendo que o poder vem Dele para que seja concretizado em favor de seus filhos e não em favor de uma ideologia, de um partido, de um grupo de pessoas. Votar deve ser não apenas um exercício de um poder democrático, mas um ato de religião, um ato de fé na Vida.

Neste 21º Domingo do Tempo Comum, em Maceió-AL e por toda Arquidiocese, a Igreja reza a Liturgia da Festa da Padroeira, Nossa Senhora dos Prazeres.

Mensagem do dia... 26/08/2023

 


quarta-feira, 23 de agosto de 2023

DIA DA PADROEIRA DA ARQUIDIOCESE DE MACEIÓ - O FERIADO DE 27 DE AGOSTO

M

aceió é conhecida como sendo o Paraíso das Águas, mas um dos marcos do povo maceioense constitui-se a fé e devoção à NOSSA SENHORA DOS PRAZERES, padroeira da Catedral e Arquidiocese de Maceió. Diz-se Nossa Senhora dos Prazeres ou Nossa Senhora das Sete Alegrias fazendo menção às sete grandes alegrias vivenciadas pela Mãe de Jesus: “a anunciação do anjo Gabriel; a saudação de Santa Isabel; o nascimento de seu filho Jesus Cristo; a visita dos Reis Magos; o encontro de Jesus no templo; a primeira aparição de Jesus Cristo após a ressurreição e, por fim, a sua coroação como rainha do céu e da terra”.

A devoção a Nossa Senhora dos Prazeres é percebível em várias cidades brasileiras: Na catedral e diocese de Lages (SC), onde ela é a padroeira; em Vila Velha (ES) no Santuário de Nossa Senhora da Penha; em Diamantina e Lavras Novas (MG); em Piracicaba (SP) e num santuário dos Montes Guararapes em Recife (PE), do qual se acredita tenha originado essa devoção, quando a então Matriz de Nossa Senhora dos Prazeres, em Maceió, pertencia a Diocese de Olinda. Data que a escultura da Padroeira de Maceió, foi ofertada pelo Barão de Atalaia em 31 de dezembro de 1859, contando com a presença de D. Pedro II, quando da bênção do grandioso templo.

De seu altar a Virgem Senhora dos Prazeres viu a Maceió crescer, assim como, o desenrolar dos primeiros passos da ação evangelizadora em território maceioense. Como padroeira, defensora, protetora, nossos antepassados lhe confiaram o comando espiritual de nossa capital. Essa mesma devoção ainda hoje se faz notar quando o povo canta com o coração e a alma: “Sem vós, nossa luta é renhida. Somos pobres e humílimos seres. Defendei-nos, ó Virgem querida. Sustentai-nos, ó Mãe dos Prazeres”. Daí a magnitude espiritual do feriado de 27 de agosto.

Para melhor celebrar a devoção a Nossa Senhora dos Prazeres, o povo corresponde o chamado da Arquidiocese e Catedral de Maceió e a festa da padroeira alcança seu brilhantismo próprio.

Os católicos maceioenses nunca se esquecem de que estão sob a proteção de Nossa Senhora dos Prazeres, para que assim, proclamem sempre: “Maceió vos venera, Maria, tomai conta de nossa cidade. É um povo que em vós se confia, defendei-nos de toda maldade”.

Mensagem do dia... 23/08/2023

 


sábado, 19 de agosto de 2023

A ASSUNÇÃO DE MARIA

Ir. Maria Freire da Silva, ICM – Vatican News

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m 1950, o Papa Pio XII definiu como verdade de fé: “É dogma revelado por Deus que a Imaculada Mãe de Deus, a Virgem Maria, terminado o curso de sua vida terrena, foi elevada em corpo e alma à glória celestial”. Mas a FESTA é mais antiga. Era a “Dormição” de Maria e a transferência de seu corpo para o paraíso. Em Jerusalém, fazia-se uma procissão ao túmulo de Maria.

Maria, imagem da Igreja. (Ap 11,19a; 12,1-10ab). Como Maria, a Igreja gera na dor um mundo novo. Como Maria participa na vitória de Cristo sobre o mal? A visão do “Grande Sinal”, leva-nos a reconhecer que, no seguimento de Jesus, e na pessoa de Maria, a nova humanidade já é acolhida junto de Deus. Maria, nova Eva (1Cor 15,20-27). Jesus faz da Virgem Maria uma nova Eva, sinal de esperança para todos os homens. O texto é uma longa demonstração da Ressurreição. A Assunção é uma forma privilegiada de participação na Ressurreição de Cristo. O apóstolo não evoca Maria, mas esta leitura, na Assunção, leva a reconhecer o lugar eminente da Mãe de Deus no movimento da Ressurreição.

SINAL ESCATOLÓGICO DA IGREJA

Maria Assunta é figura e primícia da Igreja que um dia será glorificada; é consolo e esperança do povo ainda peregrino. É a Ponte da passagem de Israel para a Igreja. É um sinal humano de esperança. A contemplação de Maria na glória faz-nos ver a vitória da esperança sobre a angústia, da comunhão sobre a solidão, da vida sobre a morte.

A formulação da verdade mariana vem diretamente vinculada ao mistério trinitário, com o cristológico e eclesiológico, conforme definida no Concílio de Éfeso 431, ao tratar da maternidade divina (MANELLI,2014). Nos séculos seguintes, com o aprofundamento patrístico, a presença e a intensidade do Senus fidelium (senso dos fiéis) do povo de Deus, e a reflexão do Magistério da Igreja, finalmente veio a definição dogmática da Imaculada em 1854 e da Assunção em 1950.

O texto do Ap 12, 1ss, foi usado como fundamentação para o dogma da Assunção, consciente de que inicialmente esse dado bíblico está relacionado à comunidade. Porém, Maria está relacionada à vida das comunidades, e, portanto, é vista como defensora da vida do discipulado de Jesus. No entanto, por si só, o fundamento através desse texto não é sólido. Outros estudiosos recorreram ao proto-evangelho (Gn 3, 15). Pio XII usa para fundamentar o dogma, a Tradição Patrística na Encíclica Munificentíssimus Deus. Porém, muito antes de ser definida como dogma, a Assunção de Maria já fazia parte do depósito da fé da Igreja.

É importante perceber a trajetória da revelação de Deus e como Maria se insere na História de Salvação. Sua participação no mistério de Cristo e da Igreja refletido e experimentado pelos fiéis ao longo dos séculos. Vale ainda perguntar sobre as consequências do mistério da Assunção em nossa vida. Em que a ressurreição de Maria afeta nossa existência enquanto pessoa humana, em nosso corpo? O que significa ser elevada à glória celeste em corpo e alma? O psicanalista Karl Jung havia dito que a Assunção de Maria no contexto de sua definição e proclamação vinha carregado de arquétipos humanos, mas sobretudo, colocou em relevância o dogma como expressão de renovada esperança de cumprimento das aspirações que se move no mais profundo da alma, garantindo a paz e o equilíbrio de saúde e de vida.

A Assunção de Maria não é apenas a plenitude da realização de Maria, mas se torna a resposta à pergunta pelo sentido da vida, pois assunto é o Sim de Deus aos anseios mais profundos do ser humano: mulher e homem. A glorificação de Maria no corpo é a glorificação de toda Igreja que será cidadã da Pátria celeste. Maria goza da Páscoa total e é modelo para a Igreja e prelúdio da Páscoa da história e do Cosmo inteiro, destinado a recapitulação para tributar a glória ao Pai na unidade do Espírito Santo, no dinamismo do Ressuscitado.

O corpo aparece como espaço de Salvação, habitação da Divina Trindade, onde Maria encontrou sua habitação e deixou-se habitar em um total descentramento de si para encontrar o tudo de sua vida. Afirmar a Assunção de Maria é afirmar que ela já participa da realidade em que todos participarão. O corpo não é expressão de morte, de destruição, mas, de uma transfiguração em Cristo pela força da Ressurreição. Somos um corpo físico e transcendente, espaço do falar, do ser, do querer, do agir, do pensar, do sair de si, para encontrar os outros e para se relacionar, interagir no somatório de forças e experiências de Deus e da vida em desenvolvimento e criatividade, na harmonia e adesão ao Projeto de Deus.

Maria é a mulher da plenitude da beleza, da bondade e da graça harmoniosa de Deus que, como mulher, vence o dragão pisoteando-lhe a cabeça. Mulher que colocou seu corpo a serviço de Jesus de Nazaré, que andou, que meditou sobre a Palavra de Deus e a vida da Comunidade apostólica da qual fez parte, a serviço dos pobres.

Trazendo esses elementos para o mundo moderno e pós-moderno, vemos que o corpo, ao mesmo tempo em que deve ser cuidado embelezado e cultuado, é extremamente desrespeitado. Tornou-se objeto do mercado. É configurado de acordo com os resultados financeiros. O corpo se reveste da beleza do produto, tem valor à medida em que evidenciar tal produto e esse, dinamizar a alma do mercado: o dinheiro. A sexualidade vem articulada simplesmente ao prazer, às relações sexuais, minadas em sua abrangência relacional como um todo que articula a totalidade do ser numa beleza sinfônica e harmoniosa.

A Assunção de Maria traz, para a mulher e para o homem, um novo e promissor futuro. É a afirmação de que uma mulher participa integral e plenamente da glória do Deus vivo, o que significa resgatar o corpo da humilhação que sobre ele fez pesar a civilização Judaico-cristã. O corpo é o espaço da busca incessante da Vontade de Deus, da esperança e do esperançar em um permanente doar-se ao Projeto de vida. O corpo não é objeto de posse de alguém, mas a Shekináh divina, que o transforma em expressão sempre maior da criatividade missionária do encontro que salva o outro, que o resgata das estruturas, que o encarcera sob os arquétipos não trabalhados e nem compreendidos. Maria é portadora da alegria daqueles e daquelas que acreditam que o ser humano constitui um todo, criado para exprimir-se como imagem e semelhança da Trindade Santa.


*Irmã Maria Freire da Silva, Diretora Geral Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria; Bacharel e mestra pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, de São Paulo e doutora em Teologia Dogmática pela Pontifícia Universidade Gregoriana, Roma, Itália.

FONTES DE PESQUISA:
PAMI, L`Assunzione di Maria Madre di Dio. 2001.
MANELLI,S,. La Mariologia nella storia dela salvezza, 2014.

Mensagem do dia... 19/08/2023

 


domingo, 13 de agosto de 2023

SER PAI É ASSIM MESMO! FELIZ DIA DOS PAIS!

E

le procura estar sempre presente. Nos momentos de maior necessidade, demonstra firmeza, coragem, confiança.

        Ele nunca falha; é o amigo de verdade. Mesmo quando erramos ou nos distanciamos, ele procura estar por perto para nos ouvir e cuidar da gente. É o nosso herói.

Muitos deles são mãe e PAI ao mesmo tempo: dão o melhor de si para que sejamos felizes. Ele ajuda; é companheiro de verdade; é protagonista da sua missão para o resto da vida.

SER PAI É ASSIM MESMO!

É vocação, doação, persistência, capacidade de decisão, razão! Mas também é emoção e sensibilidade!

Ser PAI é ter responsabilidade, assumir o compromisso e não abandonar jamais a jornada.

Ser PAI é ter a capacidade de se esvaziar totalmente em prol da família; é ser presença, mesmo que não fisicamente perto.

Ser PAI é um pouco da presença de Deus em nossas vidas. Corrige quando é necessário; protege quando precisamos, perdoa quando não correspondemos aos seus ensinamentos. Sempre está disposto a recomeçar.

Neste dia tão especial, queremos pedir por todos aqueles que souberam na vida abraçar a vocação de PAI.  Mas também rezemos por todos os filhos, para que nunca deixem de amar e de valorizar os seus PAIS.

Que Deus, nosso PAI DO CÉU, abençoe todos os PAIS da terra! Recompense e acolha na eternidade os PAIS já falecidos! E aos que ainda estão conosco, que vivam felizes com saúde, paz e cobertos de carinho e de atenção de sua família.

Aos PAIS adotivos, PAIS amigos, PAIS que estão aqui, PAIS que vivem fora, PAIS singelos e simples, aos mais sofisticados, aos PAIS jovens e aos mais idosos, àqueles que nos ensinam as verdades sobre Deus, àqueles que nos ensinam os valores e nos orientam sobre o caminho a seguir, o nosso reconhecimento e a nossa oração de agradecimento a Deus!

Que São José, PAI adotivo de Jesus, cuide de todos os PAIS e os inspire a viver uma vida familiar baseada no amor fraterno, na paz e no respeito mútuo!

Por tudo isso, amemos nossos PAIS, porque se aqui estamos, é porque ele, com a benção de Deus, nos deu a vida.

Que vivam um FELIZ DIA DOS PAIS, com as bênçãos de Deus e que Nossa Senhora os cubra com seu manto sagrado.

Mensagem do dia... 13/08/2023

 


sábado, 12 de agosto de 2023

REFLEXÃO LITÚRGICA PARA O 19º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 13/08/2023

Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News

T

odos nós já vivemos momentos de tensões, de adversidades, de solidão. A liturgia deste domingo quer nos situar a Presença e a ação do Senhor, ao nosso lado, quando experienciamos essas situações adversas.

Dentro de uma situação de perseguição por ter se mantido fiel a Deus e por ter lutado pela preservação do autêntico culto, o Profeta Elias sofre bastante e tem de fugir. Deus não o livra de situações dolorosas, mas se manifesta de modo firme e com linguagem diferente da dos opressores. Deus se torna presente a Elias através de uma brisa leve. Isso nos fala a primeira leitura, extraída do 1º Livro dos Reis.

Esta página do Evangelho, cap. 14 de Mateus, nos apresenta Jesus fazendo com que seus discípulos experimentem situação adversa. O Senhor proporciona aos Apóstolos a experiência de confiarem n’Ele, de sentirem-se seguros, em meio a situações adversas, apenas em Sua Palavra.

Eis a cena: após a multiplicação dos pães e dos peixes, após ter curado as pessoas, Jesus impele, leva os discípulos a embarcarem e a aguardá-lo na outra margem. Os Apóstolos estão alegres e confiantes. O Mestre fez belo discurso, curou os doentes, deu comida para todos e agora vai rezar. Eles sentem-se obrigados a deixar aquele que é o porto seguro e a atravessarem sozinhos o mar, viver uma situação de risco e até de desamparo. Contudo, o Mestre avisou que se encontrariam no outro lado. Portanto, não foi uma despedida, mas um até logo, apesar de terem a missão de atravessar a zona tenebrosa do mar, já dentro de um horário em que a luz diminuía e se dirigindo para uma região pagã.

Jesus permanece em oração, certamente pedindo ao Pai para fortalecer aqueles que Ele lhes dera.

No meio da noite, no meio do escuro, da incerteza, da dúvida, a barca onde estão os discípulos é agitada pelo vento. É a turbulência! No trabalho, na família, nos relacionamentos, na vida pública, as turbulências se fazem presentes e colocam à prova nossas certezas, nossas seguranças, sejam físicas, psíquicas ou espirituais. Os discípulos, já amedrontados, gritam de pavor quando avistam no mar um vulto. O medo é tamanho que são incapazes de refletir que Jesus já demonstrara amá-los e exercer seu poder para preservá-los. Gritam de medo!

Jesus, o Príncipe da Paz, faz jus ao seu nome e anuncia: “Tende confiança, sou eu, não tenhais medo!” Apesar do que vê, apesar das experiências passadas, Pedro ainda pergunta pedindo prova:

       “Senhor, se és tu, manda que eu vá ao teu encontro sobre as águas.” Jesus diz sim e Pedro começa a caminhar, mas quando o vento sopra, surge a insegurança e Pedro começa a afundar. Ele acredita mais na força do perigo da água do que na Palavra de Jesus. Confia mais na insegurança, no poder da fragilidade, do que no amor de Jesus.

A dúvida o fez afundar e o mesmo acontece conosco! Quem não arrisca, afunda sempre!

Aí ele grita pedindo socorro. Jesus estende a mão e o repreende: “Homem fraco na fé, por que duvidaste?”

Jesus sobe à barca e o vento cessa. Quando temos consciência de que Jesus está conosco, de que ele é o Emanuel, todo e qualquer perigo desaparece de nossa mente. A certeza da presença, do companheirismo de Jesus é determinante para atravessarmos qualquer turbulência.

Certos disso, os Apóstolos deram glória a Deus ao se prostrarem e professarem a fé: “Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus”!

Vivamos na fé. O Senhor é nosso companheiro por toda a vida. Em qualquer situação que estejamos vivendo, Jesus está ao nosso lado e pede ao Pai por nós, para que sejamos fiéis a Ele, para que saibamos que nada de mal nos poderá suceder porque Deus está conosco!

Vivamos nossa vida, cumpramos nossa missão, atravessemos com garbo as dificuldades, certos de que jamais estamos sozinhos. Poderemos fazer tudo isso não baseados em nós mesmos, mas no poder de Deus. “Quando sou fraco, então é que sou forte!

Mensagem do dia... 12/08/2023

 


sábado, 5 de agosto de 2023

REFLEXÃO LITÚRGICA DA FESTA DA TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR – 06/08/2023

Cônego Rui José de Barros Guerreiro

A

 celebração da Transfiguração do Senhor é um acontecimento extraordinário na centralidade do mistério pascal de Jesus. Nesta revelação, “um pedaço de céu na terra”, os apóstolos são testemunhas de excelência: contemplaram a beleza, a santidade e a glória de Cristo.

Assim no mistério da cruz, iluminado pela glória do ressuscitado, irão compreender a fidelidade amorosa de Jesus à vontade do Pai, a novidade do seu messianismo e a sua entrega incondicional em sacrifício pascal pela salvação de todos. Esta forte experiência dá aos seus discípulos a sabedoria da cruz e a contemplação da divindade do crucificado e da Sua vitória. E tornará estes homens frágeis em audazes servidores do evangelho e doadores de suas vidas na mesma cruz.

A palavra de Deus para esta celebração usa verbos muito fortes. Um deles é o verbo ver. Também se usa o contemplar ou olhar. É um dos sentidos fortes em nossa vida.

No nosso itinerário de fé, o sentido que mais se nos pede é o ouvir ou escutar. O ver pertence mais à eternidade. Depois já não faremos mais perguntas porque O veremos tal qual Ele é.

O Profeta Daniel vê sinais maravilhosos que revelam a grandeza, a santidade de Deus, que se centralizam no filho do homem, a quem foi entregue o poder, a honra e a realeza e que todos os povos irão servir. Ele vê o ponto culminante da história da salvação, o Reino que jamais passará.

Pedro, Tiago e João são testemunhas do acontecimento que marca as suas vidas: a transfiguração. Estes são presenteados com uma maravilhosa manifestação de Deus. Tal fica gravado nos seus corações e na sua vida e servirá para ser referência nas horas de humilhação do Seu Mestre e sobretudo da morte na cruz. E servirá de estímulo no anúncio/testemunho de Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, morto e ressuscitado. É uma história de amor verdadeiro com o selo da sua autenticidade: a cruz, fonte de sabedoria e renovação de todas as coisas. Criação nova amassada no sangue de Cristo e no sopro pentecostal do Espírito, consequência da entrega de Cristo na cruz.

Hoje espera-se com ânsia corações apaixonados por Cristo. Que o conheçam verdadeiramente, na oração constante e permanente, como o respirar. Para tal é necessário o encontro assíduo com Ele, a escuta ávida dos sinais e da Palavra do Pai, da docilidade ao Espírito Santo. Uma relação de tu a tu capaz de atrair as vidas para uma doação incondicional. Se na realidade não formos capazes de O ver vivo, como Alguém que nos ama, nos interpela em compromisso, então também a nossa relação com Ele fica em meras recordações de sonho, de ausência de compromisso, de ausência de entusiasmo. Fica-se por uma vida de sonambulismo, de comodismo, de indiferença, de preguiça. E por isso o “Levantai-vos e não temais”.

Iluminados pelo esplendor do rosto de Cristo também a nossa vida resplandece e fica transfigurada, capaz de transfigurar outras vidas que passam para a luz, para glória a que fomos chamados.

A fé nasce da audição. A nossa fé nasce da escuta da Palavra de Deus. A capacidade para ouvir nasce no dia do nosso batismo: “efáta: abre-te”. Despertar o nosso ouvido para a voz maravilhosa de Deus que se revela: “Não foi seguindo fábulas ilusórias que vos fizemos conhecer o poder e a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo”.

Ouvir e aceitar a proposta do Pai: “Este é o meu filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência. Escutai-O”. O que o Pai mais nos pede é que escutemos Jesus. Ele também O escuta. E escuta sempre deliciando-se na beleza da palavra de Seu Filho. Escuta nas horas da sua oração: “Pai dou-te graças”, “Pai eu te louvo”. Escuta nas horas de agonia e cruz com o ouvido mais belo de amor: “faça-se a Tua vontade”! “Pai perdoa-lhe…”, “Pai, nas tuas mãos entrego o meu Espírito” E Jesus escuta o Pai com um amor e fidelidade que O comovem: “Este é o meu Filho muito amado”.

Os três discípulos escutaram, guardaram, viveram e se tornaram testemunhas. No Tabor viram coisas belas. No calvário viram a loucura da cruz. Tornaram-se testemunhas da morte e ressurreição.

Este é o tempo privilegiado para sermos testemunhas. Nós já temos muito mais que Pedro, Tiago e João. Temos uma história de amor de mais de 20 seculos com imensos apaixonados que se envolveram no mesmo projeto. Conhecemos a história desta família, a Igreja, que ultrapassou crises e dificuldades incríveis. Conhecemos a força deste amor. Ninguém pode ficar à margem. Para isso basta deixar-se apaixonar por este Filho que o Pai pede que escutemos, amemos e sigamos.

A todos os que viram e ouviram, não lhes foi pedido que assistissem a um belo espetáculo de mera curiosidade, mas que tal experiência ajudasse no anúncio e testemunho do mistério da vida e missão de Jesus Cristo.

É o que se passa com os santos. Eles não recebem experiências fantásticas para se recolherem no conforto das recordações, ou viverem na segurança da sua excelência e nos pensamentos da sua invejável santidade. Tais experiências são proporcionais à enorme tarefa que se lhes é pedida e confiada.

Os primeiros discípulos iriam ter a enorme tarefa de levar avante o projeto de Jesus Cristo. Diante de imensas e difíceis dificuldades, frente a um mundo hostil, agressivo, não tiveram medo de calcorrear caminhos. Gravaram na mente e no coração o “levantai-vos e não temais”.  Também não tiveram medo da sua pequenez e fragilidade porque iam em nome de Cristo e no dinamismo do seu amor: “Não fostes vós que me escolhestes. Fui eu que vos escolhi e vos destinei, para que deis fruto e o vosso fruto permaneça”.

Hoje vivemos também tempos de extrema fúria, radicalismos fanáticos, oposição ignorante, ventos de ódio, de indiferença e incredulidade. É toda uma onda de oposição a Deus e ao Seu Cristo. A única atitude vencedora é a sabedoria da Cruz que leva em si a glória do Ressuscitado, pois é a expressão de amor total e da vitória definitiva desse amor.

Não há testemunho sem apaixonados. Não há viragem significativa sem apaixonados da sabedoria da cruz, e sobretudo do Mestre crucificado. Este estar apaixonado permite descobrir, porque o amor vê mais longe, os que são preteridos, esquecidos, abandonados, os que sofrem. Esse estar apaixonado, como S. João da Cruz dizia: “o amor não cansa nem se cansa”. Nas horas de êxito ou de aparente fracasso: “Levantai-vos e não temais”.

Mensagem do dia... 05/08/2023