sábado, 28 de outubro de 2023

REFLEXÃO LITÚRGICA PARA O 30º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 29/10/2023


Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News

A

 primeira leitura deste domingo, tirada do livro do Êxodo, nos anuncia o relacionamento fraterno que deverá reinar entre os homens, fruto da justiça e do amor.

Nas sociedades vizinhas a Israel e, também nas nossas, o pequeno, o derrotado, o fraco, o empobrecido, os sem oportunidades são embrutecidos pelos poderosos, pelos ricos, pelos vitoriosos, pelos que tiveram tudo isso. Deus diz a Israel e também a nós, que nosso modo de proceder em relação ao pequeno não deverá ser assim, pelo contrário. O empobrecido deverá ser ocasião de nossa demonstração de amor a Deus e de abertura para os ditames de seu coração.

No Evangelho de Mateus, mas em um capítulo anterior ao que a liturgia de hoje nos propõe, Jesus repete de forma positiva o que o rabino Hilel ensinou: “O que não te agrada, não o farás a teu próximo! Esta é toda a lei: o restante é comentário”. Jesus disse: “Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o também vós a eles: nisto estão toda a Lei e os Profetas”.

A passagem escolhida para hoje fala que o maior mandamento da Lei é amar o Senhor de todo o coração e com toda alma e todo entendimento e o segundo é amar o próximo como a si mesmo. Na verdade esse mandamento é um só. Amar a Deus sobre todas as coisas é mais do que reservar um tempo para atividades piedosas de oração, é amar com toda intensidade seus filhos, é venerá-lo em cada ser humano, especialmente nos mais pequenos. Ele disse que aquilo que fizermos ao menor de seus irmãos, será a Ele que estamos fazendo.

Portanto não existe outra forma para amar e reverenciar o Senhor do que amar e servir seus filhos queridos, criados à sua própria imagem e semelhança.

E aí vem a questão dos desafortunados pela sorte. Jesus se fez homem pobre, sofredor, humilhado e, também em seus discursos, se assemelhou a eles. Na celebração do amor, na última ceia, fez o papel de escravo, lavando os pés de seus discípulos.

Morreu em um suplício abominável, humilhado e nu, no meio de dois bandidos, como malfeitor.

O Senhor, quando foi tentado no deserto, rejeitou Satanás com suas pompas e suas obras.

Que nosso batismo seja recordado em cada momento de nossa vida, ao abandonarmos os falsos deuses do egocentrismo, do poder e da soberba, ao assumirmos o serviço de Deus único e verdadeiro no relacionamento fraterno, que nos foi proposto desde o Antigo Testamento.

ADORAR E SERVIR O SENHOR É AMAR E SERVIR O PRÓXIMO!

Mensagem do dia... 28/10/2023

 


sábado, 21 de outubro de 2023

REFLEXÃO LITÚRGICA PARA O 29º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 22/10/2023

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

A

 primeira leitura nos fala de como um rei estrangeiro, não pertencente ao povo judeu, recebe de Deus a missão de salvá-lo.

Ciro, o rei persa, sente-se imbuído de justiça e realiza a missão messiânica de libertar os judeus. Isso, à luz do Evangelho que veremos em seguida, significou dar a Deus o que é de Deus, ou seja a seu Povo. Os judeus, sendo libertados, poderão voltar para casa, para o Templo e, com mais facilidade prestarão culto a Javé.

Deus é o Senhor da História, por isso pode tocar no coração de quem não O conhece, para que exerça a missão confiada por Ele, na História da Salvação.

No Evangelho, os judeus para apanharem Jesus em algum erro desastroso, preparam-lhe uma armadilha. Seja qual for a resposta do Senhor, ele se dará mal. Mas Jesus, conhecendo os corações das pessoas, intuiu a malícia e devolveu a pergunta com outra, altamente inteligente, que eles poderão, caindo na própria armadilha, só o perceberão depois.

Para os judeus, por causa da proibição de fazer imagem de criatura alguma, a moeda com o retrato do imperador era uma transgressão, no entanto, certamente por causa das necessidades econômicas, se esqueciam disso e a utilizavam normalmente.

Jesus lhes pergunta de quem é a efígie, ou seja, quem está retratado na moeda. Ingenuamente colocam a mão no bolso, tiram uma moeda e dizem que o retrato é de César, do imperador. Ora, só o fato de trazerem consigo um objeto, no caso a moeda, com o retrato de alguém, demonstra a conivência deles em relação ao preceito de não fazer imagens ou outros objetos que retratam criaturas. Jesus nada fala a esse respeito, pois o constrangimento é geral.

Mensagem do dia... 21/10/2023

 


sábado, 14 de outubro de 2023

REFLEXÃO LITÚRGICA DO 28º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 15/10/2023

Folheto Litúrgico Celebrando a Vida, Diocese de São Mateus, ES.

T

odos são convidados para o banquete do Noivo; quem ousa recusar? Muitas vezes na Sagrada Escritura, o Reino dos Céus é comparado a um banquete! Para os orientais, o banquete, a festa ao redor da mesa, é sinal de bênção, pois é lugar da convivência que dá gosto de existir, da fartura que garante a vida e do vinho que alegra o coração. É por isso que Jesus hoje nos diz que "o Reino dos Céus é como a história do rei que preparou a festa de casamento do seu filho". Deus, desde a criação do homem, pouco a pouco, foi preparando a festa de casamento do seu Filho, Jesus Cristo, com a humanidade.

Já no Antigo Testamento, Deus falava a Israel sobre o destino da vida, luz e paz que ele preparava para toda a humanidade: "O Senhor dará neste monte, para todos os povos, um banquete de ricas iguarias, regado com vinho puro, servido de pratos deliciosos e dos mais finos vinhos. Ele removerá, neste monte, a ponta da cadeia que ligava todos os povos.

O Senhor Deus dominará para sempre a morte e enxugará as lágrimas de todas as faces…" O pensamento e o desejo de Deus para o povo são de paz; de vida, de liberdade, de felicidade! Se o Senhor havia escolhido Israel como seu povo, era para que fosse ministro dessa salvação. O monte Sião seria o lugar de onde brotariam a salvação e a bênção de Deus para toda a humanidade. Infelizmente, Israel não compreendeu sua missão.

No Evangelho de hoje, Jesus mostra o que aconteceu ao povo de Israel, especialmente por parte de suas lideranças religiosas, a partir de imagens: o rei é o Pai; o casamento do Filho (Jesus) é a Aliança nova que Deus quer selar com toda a humanidade; os empregados são os profetas e os apóstolos. Deus preparou tudo e por seu Filho fez o convite: "Vinde

para a Festa!", mas o povo (Israel) não aceitou! A festa era para acolher o Messias, o Filho amado! Aquele que traz a vida para toda a humanidade!

O que fazer diante da recusa dos convidados? O rei ordena aos servos: "'Ide até às encruzilhadas dos caminhos e convidai para a festa todos os que encontrardes!' E a sala ficou cheia de convidados".

Somos nós, os que antes éramos pagãos e não conhecíamos o Deus de Israel. Pela voz dos Apóstolos e dos pregadores do Evangelho, o Senhor nos reuniu de todos os povos da terra, das encruzilhadas dos caminhos da vida, e nos fez o seu povo, o novo povo, a Igreja! Assim, a sala do banquete, a sala da aliança eterna, ficou repleta, porque o desejo de Deus é que todos se salvem! Ainda hoje muitas pessoas recusam o convite de vir participar do Banquete da Eucaristia e do Reino por causa das novelas, jogos, bares, internet, lazeres e até por causa de pessoas!

A Igreja, da qual fazemos parte como membros e filhos, é fruto de um desígnio do amor do Pai eterno que, na plenitude dos tempos, nos chamou e reuniu em Cristo Jesus! Nunca deveríamos esquecer que este Banquete eucarístico do qual participamos agora é o Banquete que o rei, o Pai eterno, nos preparou: banquete da aliança do seu Filho, o Esposo, com a Igreja, sua Esposa! Somos os convidados para o banquete das núpcias da aliança do Cristo com a sua amada Esposa e o alimento, o Cordeiro, é o próprio Jesus dado e recebido em comunhão!

Devemos estar de qualquer jeito? No Batismo recebemos uma veste pura e santa. Cabe a cada um zelar para que a nódoa do pecado não manche nossa veste. Devemos ter e vestir sempre a veste da justiça do Reino de Deus. O Senhor pergunta: "Amigo, como entraste aqui sem o traje de festa?" Diz que "O homem nada respondeu!". No nosso caso: o compromisso com a justiça do Reino é a única resposta coerente que podemos dar ao chamado gratuito de Deus no banquete de casamento com a humanidade. Só assim seremos, além de convidados a fazer parte de Reino, escolhidos para participar, com dignidade, da festa do Cordeiro.

O anúncio do Reino e a conversão devem acontecer em todos os momentos; tanto na miséria como na abundância. Pela vida digna e justa somos fortalecidos no Senhor e chamados por Ele, em todos os momentos da vida, para testemunhar o Reino de justiça, amor e paz. É verdade que muitas forças nos convidam a manchar a veste festiva do nosso Batismo, mas aquele que confia no Senhor pode dizer: "Tudo posso naquele que me dá força" e seguir como verdadeiro discípulo missionário.

Que o Senhor nos dê a graça de fazermos parte de seu Reino. Que Ele nos conceda força e coragem para não desanimarmos no trabalho missionário e resistir às tentações.

Mensagem do dia... 14/10/2023

 


quinta-feira, 12 de outubro de 2023

SALVE, NOSSA SENHORA APARECIDA, PADROEIRA DO BRASIL!


E

m 1928, o Papa Pio XI batizou Nossa Senhora Conceição de Aparecida como Rainha e Padroeira do Brasil. Mas somente em 1954 que a Santa passou a ser homenageada, especificamente no dia 12 de outubro, dedicado a Ela.

COMO TUDO COMEÇOU

A devoção à Santa vem de longa data. Mais precisamente em 12 de outubro de 1717, quando três pescadores, Domingos Garcia, Felipe Pedroso e João Alves, após jogarem suas redes no rio Paraíba, pescaram a imagem da Santa, em madeira, com aproximadamente 40 centímetros. Um sinal para a farta pescaria que viria a seguir.

Felipe guardou a imagem em sua casa, onde recebeu várias pessoas que queriam ver Nossa Senhora e fazer orações e novenas. Cinco anos depois, ao se mudar para outro bairro, ele deu a imagem a seu filho Athanásio, e pediu que a guardasse.

Na casa de Athanásio, foi construído um altar de madeira onde todos os sábados ele e os vizinhos rezavam um terço em sua devoção. Neste altar, os fiéis acreditam que Nossa Senhora fez seu primeiro milagre, apagando duas velas no momento da reza. Os presentes ainda tentaram reacendê-las mas não conseguiram.

O SANTUÁRIO

Em 1735, o vigário da cidade de Guaratinguetá construiu uma capela no Morro dos Coqueiros aberta à visitação pública. Mas o número de fiéis aumentava ano após ano, o que exigiu a construção de um basílica, batizada de Basílica Velha, localizada na cidade de Aparecida, em São Paulo.

A necessidade de uma basílica maior fez com que fosse construído o Santuário Nacional de Nossa Senhora de Aparecida, na mesma cidade, em 1955. Em tamanho, só perde para a de São Pedro, no Vaticano.

Abrigando a imagem encontrada no rio Paraíba, a basílica nova recebe romeiros o ano todo, aumentando quando se aproxima 12 de outubro e tem capacidade para receber milhares de pessoas vindas de todas as regiões do Brasil e do exterior.

A devoção foi crescendo e com o passar do tempo a imagem foi sendo chamada pelo povo de Senhora da Conceição Aparecida. Seu escultor foi, com grande probabilidade, Frei Agostinho de Jesus OSB por volta de 1650, em Sant’Ana do Parnaíba. Supõe-se que alguém, por estar a imagem quebrada, lançou-a às águas do rio.

A IMPORTÂNCIA DE MARIA

A importância da figura de Maria na Igreja, prende-se à importância do papel que ela teve na história da salvação, particularmente importante no mistério da encarnação junto ao Messias: Mãe. Discreta durante o nascimento do Redentor, foi também uma presença discretíssima durante a vida pública de Jesus. Quantos fatos ela apenas “guardava em seu coração”!

E finalmente nos é dada como Mãe, pelas palavras do próprio Salvador. Maria, repleta dos dons do Espírito Santo, Mãe da Igreja, prolonga sua preciosa presença até o fim dos tempos, derramando sobre os membros de Cristo as graças que possui em plenitude.

A presença de Maria é um fio de ouro encontrado no tecido da história da salvação. Daí os cristãos, desde o início da Igreja reconhecerem a grandiosidade desta figura e prestarem culto a Deus através dos mais importantes momentos da vida de Maria e suplicarem sem cessar sua intercessão.

Mensagem do dia... 12/10/2023

 


segunda-feira, 9 de outubro de 2023

MISSÃO – IDENTIDADE DA IGREJA!

Padre Ademir Bernardelli

A

 missão é parte constitutiva da identidade da Igreja, chamada pelo Senhor a evangelizar todos os povos. Sua razão de ser e agir como fermento e como alma da sociedade, que deve renovar-se em Cristo e transformar-se em família de Deus. Por isso, a missão que se realiza deve, antes de tudo, animar a vocação missionária dos cristãos, fortalecer as raízes de sua fé e despertar sua responsabilidade para que todas as comunidades cristãs se ponham em estado de missão permanente. Trata-se de despertar, nos cristãos, a alegria e a fecundidade de serem discípulos de Jesus Cristo, celebrando com verdadeiro a alegria de “estar-com-Ele” e o “amar-com-Ele” para serem enviados para a missão.

A missão nos leva a viver o encontro com Jesus num dinamismo de conversão pessoal, pastoral e eclesial, capaz de impulsionar os batizados à santidade e ao apostolado, e de atrair os que abandonaram a Igreja, os que estão distantes do influxo do Evangelho e os que ainda não experimentaram o dom da fé.

O espírito missionário é um despojar se de si para doar-se por completo, sem ver as suas necessidades, mas a do outro, é ir onde ninguém que é abraçar o compromisso com evangelho e viver intensamente, e fazer com a palavra de Deus chegue aos corações, e que seja meramente um enfeite para a vida onde se fala de boca pra fora, mas que fale na boca o que trás no coração, ser missionário tem que ser verdadeiro e autentico , fala explicitamente da palavra de Deus sem medo ou reservas para que todos possam compreender o que é a lógica do Reino.

O trabalho missionário é muito mais que uma visita a um lar , deve ser algo que incentive a viver a vida da fé e volte a assumir a comunidade como parte integrante da família cristã, e neste trabalho descobrir novas lideranças e pessoas que assumam o compromisso cristão em comunidade, onde o lema deve ser: Viver e crescer em Comunidade”, onde a vida cristã acontece e onde as pessoas se apõem umas nas outras para caminharem juntas. E o entusiasmo missionário deve estar no DNA de cada cristão pois isso recebemos na pia batismal no dia do batismo.

Para que um trabalho missionário acontece na sua eficácia não pode ser feito a toque de caixa, é preciso antes fazer uma visita na comunidade, reunir alguns membros, conversar sobre o assunto e tomar as decisões de como devemos fazer uma missão em comunidade. Depois reunir os grupos de ruas e encontrar coordenadores de cada grupo, para que antecipadamente se faça uma reunião explicando como de ser realizada a missão. Isso se chama pré-missão, depois vem a segunda etapa, onde os grupos vão se reunir nas casas e refletir a palavra fazendo suas orações, sempre com um livrete apropriado e formativo já levando cada membro ir percebendo o como será a missão , terminada esta etapa acontece a missão propriamente dita, o Tempo da Missão, este será o tempo forte onde os missionários irão fazer as grande celebrações e pregações  levando o povo a uma tomada de consciência de seu Papel na Igreja, povo de Deus que caminha na fé. Terminada o tempo de missão vem a tomada de consciência  da comunidade do que precisa fazer e agir para que os frutos da missão venham acontecer com eficácia na comunidade, aí que surgem as lideranças,  pessoas que buscam viver e cresce nesta comunidade dando sua contribuição e fazendo o reino acontecer. “Podemos chamar esta etapa de: O povo de Deus persevera”, daí o pároco será o grande missionário incentivador que vai ajudar a comunidade perseverar. E neste trabalho missionário tem o grande objetivo de criar comunhão, fazendo com os membros da comunidade e todas as famílias são convidadas a viver este com intensidade o espírito missionário que está sendo fermento na massa.

Tudo isso foi de experiência vivida através de anos como missionário redentorista, que me ajudou e continua me ajudando no dinamizar a comunidade paroquial, pois este entusiasmo missionário trago em minha vida pois foi na escola da missão que vive grande parte de minha caminhada vocacional, sempre tudo isso para ajudar a Igreja nesta caminhada missionária.

Que o ardor missionário incentive a todos nós na missão da Igreja para que sejamos sempre portadores da Boa Nova do Evangelho e que Maria a grande missionária do Pai nos dê a graça da perseverança em nossa caminhada como povo de Deus em missão.


*Padre Ademir Bernardelli é Pároco na Paróquia Santa Maria (Jaguariúna) e Assessor Eclesiástico das Campanhas da Fraternidade e da Evangelização na Diocese de Amparo-SP.

Mensagem do dia... 09/10/2023

 


sábado, 7 de outubro de 2023

REFLEXÃO LITÚRGICA DO 27º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 08/10/2023


Folheto Litúrgico Celebrando a Vida, Diocese de São Mateus, ES.

A

 alegoria da vinha inaugura o tema das núpcias de Javé com Israel, tema que voltará frequentemente na literatura bíblica. Às vezes, Israel é designado como vinha, outras vezes, como a esposa acariciada e depois repudiada. Neste cântico de Isaías, as duas linhas se misturam perfeitamente, através de uma superposição de imagens. A intervenção do profeta lembra o papel do amigo do Esposo.

As atenções dadas à vinha são as mesmas que Deus dá à sua esposa (Ef 5,25-33: Cristo amou e ama sua igreja!). O julgamento que Deus faz sobre a vinha se efetua em público, como exigia a Lei em caso de adultério. Enfim, a condenação da vinha à esterilidade é a maldição prometida à esposa infiel (Os 2,4-15). A figura da vinha, como aliás a da esposa, se tornam como que um exemplo da história da salvação, do modo de agir de Deus perante seu povo e o mundo inteiro. O amor de Deus pelos homens se revela de modo dramático, mas por fim é sempre o amor que triunfa sobre a recusa e a infidelidade do homem.

Sob forma de parábola, na qual a vinha representa Israel e o amado representa Deus, tem-se um discurso de acusação, movido pelo amigo de Deus, o profeta. Na introdução encontra-se um cântico popular com duplo significado (v. 1a). Na primeira estrofe (vv. 1b-2), toma a palavra o profeta para descrever os cuidados que Deus teve por Israel. Na segunda estrofe, fala Deus, que censura a falta de correspondência à sua dedicação (vv. 3-4). Na terceira estrofe, fala ainda Deus, que tira as consequências da ingratidão (vv. 5-6). Enfim, na conclusão (v. 7), o profeta dá o sentido do cântico: "A vinha do Senhor dos exércitos é a casa de Israel, e os homens de Judá são a planta de sua predileção.

Esperei deles a prática da justiça, e eis o sangue derramado; esperei a retidão, e eis os gritos de socorro."

A parábola do Evangelho de hoje é comum aos três sinóticos (Mc 12,1-12; Lc 20,9-19). Mateus, porém, sabe dar-lhe uma característica pessoal: 1) organiza a narrativa de modo a provocar explicitamente o julgamento dos interlocutores contra os vinhateiros (v. 4), fazendo com que se volte imediatamente contra eles (v. 43); 2) além de afirmar com Mc e Lc que o filho, morto fora da vinha (v. 39; Hb 13,12), tornouse pedra angular, expõe explicitamente a ideia de povo a ele conexa (vv. 41.43); 3) e, enfim, acentua a ideia dos frutos: para Israel, o tempo de Jesus devia ser o tempo dos frutos (v. 34), isto é, o tempo do Reino (3,2; 4,17;12,28), mas Israel não o acolheu; por isso, a vinha, o reino, foi tirada de Israel dada a outros, a um povo (a Igreja) que a fará frutificar (vv. 41.43). Uma igreja de "braços cruzados" é inconcebível.

Vemos assim, imediatamente, a diferença entre a primeira leitura e o evangelho; enquanto, segundo o profeta, Deus abandona a vinha que não produz frutos, na parábola ela é confiada a outros "vinhateiros que lhe darão os frutos a seu tempo". Desse modo é indicada a tarefa da Igreja depois da morte de Jesus. A Igreja é o novo povo que tem a missão de "dar frutos". Por isso, tomou o lugar de Israel e o tomou por ocasião da Páscoa, quando "a pedra que os construtores haviam rejeitado tornou-se pedra angular". Esta pedra é Jesus, que, rejeitado e crucificado, agora ressuscitou, e se torna o fundamento estável sobre o qual deverá apoiar-se toda construção futura.

Essa palavra do Apóstolo Paulo é muito animadora e encorajadora. Alegrai-vos no Senhor, ele nos diz. A alegria é uma constante no coração do cristão. Coração este que é espaço do Espírito Santo. Fala também que não adianta deixar as tristezas e preocupações tomarem conta dos nossos corações e pensamentos. O cristão vence pelo poder e força da oração. "Em qualquer circunstância, apresentai a Deus vossas necessidades, pela oração (comunitária), no momento da súplica, juntamente com sentimentos de gratidão". Na ação litúrgica, a comunidade eleva sua súplica a Deus (oração dos fiéis), não se esquecendo de agradecer-lhe por tudo, mesmo pelas perseguições. O que é especificamente cristão vem da convicção de que não é possível obter sucesso sem a oração.

Mensagem do dia... 07/10/2023

 


segunda-feira, 2 de outubro de 2023

APARECIDA DO NORTE, CAMINHO DA FÉ!

N

este mês de outubro - especialmente nas datas próximas ao dia 12 de outubro, dedicado a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil - pelos caminhos que levam à Aparecida do Norte - SP, encontramos caravanas de carros, caminhões, ônibus, motocicletas, bicicletas, cavalos, carros de bois... e uma multidão de pessoas caminhando a pé rumo à casa da Mãe Aparecida. São caminhadas duras, cansativas e de muitas alegrias, verdadeiras caminhadas de fé.

As caminhadas de fé tornaram-se também uma rota oficial do turismo religioso, que passa por diversos Estados até chegar à Aparecida do Norte - SP, o conhecido “Caminho da Fé”. Embora o culto à Virgem Aparecida envolve uma grande diversidade de classes sociais e de motivações pessoais, são notadamente os das classes dos menos favorecidos, os que em maior número se dirigem ao Santuário, motivados pela gratidão e pela fé.

De fato, uma grande parcela do povo brasileiro é de pessoas que vivem com dificuldades financeiras, e sua maior parte é constituída de pobres e de remediados. Ou seja, a maioria absoluta da população não faz parte do grupo das tão propaladas grandes riquezas. 

Há uma identificação histórica e cultural do povo brasileiro com a imagem de Aparecida. A imagem de Nossa Senhora Aparecida representa a Imaculada Conceição, é uma imagem pequena e foi encontrada escurecida pela lama do rio Paraíba do Sul – SP, quebrada em dois pedaços, uma imagem desprezada, porque quebrada e, por isso, jogada fora, no rio Paraíba do Sul. No fundo desse rio, passou muito tempo, por isso ficou de cor negra. Torna-se ainda mais desprezível aos olhos de uma elite social desprovida de qualquer fundamento. Uma imagem quebrada, escurecida e pequena, mas representando Maria sem pecado desde seu nascimento. É uma representação verdadeira do povo brasileiro, na sua maioria, forjado na opressão, na violência e na espoliação, sempre consequências da busca de lucro desenfreado por um sistema financeiro que não olha para a pessoa nem para a natureza. Mas um povo que se reinventa, cria um caldo cultural riquíssimo e sobrevive em defesa de sua dignidade.

A devoção a Nossa Senhora Aparecida, exige de nós uma caminhada espiritual, um longo percurso de fé ao interior de nós mesmos e de nossas histórias, uma caminhada de redescoberta e de reconciliação com nossas origens, uma caminhada de perdão àqueles e àquelas que, por ganância, historicamente nos tiram a vida.

Mensagem do dia... 02/10/2023