sábado, 27 de junho de 2020

REFLEXÃO LITÚRGICA DA SOLENIDADE DOS SANTOS APÓSTOLOS PEDRO E PAULO – ANO A - 28/06/2020




“TU ÉS PEDRO E SOBRE ESTA PEDRA EDIFICAREI A MINHA IGREJA”
                                                                                                                  
Dom José Aparecido Gonçalves de Almeida
Bispo Auxiliar de Brasília-DF

A
 SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO APÓSTOLOS é antiquíssima. Estando na origem da fé da Igreja, eles permanecerão definitivamente como seus patronos e guias. A verdadeira grandeza da Roma se deve mais a Pedro e Paulo, que lá derramaram o sangue, do que aos césares. Quem são estes homens?

Simão, nato em Betsaida às margens do lago de Tiberíades, foi introduzido pelo irmão André entre os discípulos de Jesus. Simão e André, juntamente com os dois filhos de Zebedeu, foram convidados pelo Senhor a abandonar as redes para se tornarem “pescadores de homens”. Jesus deu a Simão o nome de Pedro e o constituiu fundamento da Igreja e detentor das chaves do reino dos céus.

Com Tiago e João, Pedro foi testemunha da transfiguração do Salvador no Tabor e da angústia de Jesus no Getsêmani. Na última ceia Jesus lhe confiou a missão de confirmar na fé os irmãos. Durante a paixão de Cristo, renegou o seu Mestre, mas imediatamente chorou amargamente a traição. O Ressuscitado, ao ouvir de Pedro a tríplice confissão de amor, confiou-lhe o supremo pastoreio de toda a grei cristã.

Depois de Pentecostes governou por algum tempo a Igreja de Antioquia e depois a Igreja de Roma. Sob a perseguição de Nero, ele e Paulo obtiveram a coroa do martírio.

Paulo, antes chamado Saulo, nasceu em Tarso da Cilícia. Em Jerusalém foi discípulo de Gamaliel e tornou-se um zeloso doutor da lei e fariseu. Tomou parte como testemunha da morte de Estêvão e foi implacável perseguidor dos discípulos de Jesus.

A caminho de Damasco, a experiência de encontro com o Ressuscitado o transformou num apaixonado pregoeiro do Evangelho. Após alguns anos de solidão e silêncio, chamado por Barnabé, foi acolhido em Antioquia. De lá partiu para inúmeras viagens missionárias, viagens estas que deram vida a muitas Igrejas de cristãos provenientes dos gentios. Preso muitas vezes, arrostou fadigas e perigos com fortaleza e amor ardente. Combateu o bom combate da fé até a efusão do sangue sob Nero.

A missa do dia testemunha a confiança da Igreja na intercessão “destes Apóstolos que nos deram as primícias da fé” (Coleta). O Evangelho evidencia singular missão de Pedro na Igreja. Jesus anuncia que o novo povo de Deus tem o seu fundamento na Rocha que, após a Sua Ascensão aos céus, será Pedro. A ele confia as chaves: Tu és Pedro…! Esta missão de Pedro será transmitida aos seus sucessores, os Papas. O Papa Francisco é o sucessor de Pedro, o primeiro dos Apóstolos, mas também de Paulo, apóstolo das gentes. Princípio visível de unidade como Pedro e testemunha da universalidade da mensagem de Cristo, como Paulo.

Confiando na intercessão dos santos Apóstolos Pedro e Paulo, a Igreja no Brasil celebra o dia do Papa, atendendo ao constante pedido do Santo Padre Francisco: “Rezem por mim”.

Bom dia... 27/06/2020


sábado, 20 de junho de 2020

REFLEXÃO LITÚRGICA DO XII DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO A - 21/06/2020




“O TEMOR DE DEUS, PRINCÍPIO DA SABEDORIA”

Dom José Aparecido Gonçalves de Almeida
Bispo Auxiliar de Brasília-DF

N
este XII DOMINGO DO TEMPO COMUM, a Igreja coloca nos lábios do sacerdote uma súplica que nos enche de esperança nesse tempo de particular aflição e de medo: “Senhor, nosso Deus, dai-nos por toda a vida a graça de vos amar e temer, pois nunca cessais de conduzir os que firmais no vosso amor”. O temor de Deus, bem diferente do medo que paralisa, é um dom do Espírito Santo que nos orienta para a sabedoria e se harmoniza muito bem com a piedade filial. No amor filial, o respeito e a ternura se abraçam. Quem assim “teme” a Deus, “não tem medo”.

Jeremias vive um combate interior entre a experiência de sentir-se seduzido por Deus (20,7) e a de maldizer o dia em que nasceu (20,14) e, nesse contexto, eleva a Deus uma oração de confiança (20, 10-13). O temor a Deus se transforma em louvor e faz fenecer o medo que a injustiça dos inimigos lhe provoca. Estes sentimentos de confiança também são expressos pelo salmista: “O Senhor é minha luz e minha salvação, a quem poderia eu temer? O Senhor é o baluarte de minha vida, perante quem tremerei?” (Sl 26, 1-2).

Na segunda leitura, vemos São Paulo ir além da justiça da lei e convida os cristãos de Roma a pôr toda a confiança no Senhor, porque “o dom da graça de Deus concedido através de um só homem, Jesus Cristo, se derramou em abundância sobre todos” (5, 15). O pecado não se compara com o dom da graça de Deus. A experiência da misericórdia do Senhor comunica paz.

O trecho do evangelho se abre com Jesus conclamando os Apóstolos à coragem profética: “Não tenhais medo dos homens…” (Mt. 10,26). E Jesus repete várias vezes a exortação a não ter medo, garantindo fortaleza àqueles que se entregam ao anúncio do Evangelho: “todo aquele que se declarar a meu favor diante dos homens, também eu me declararei em favor dele diante do meu Pai que está nos céus” (v. 32). No Pai que tudo vê encontramos a fortaleza, a luz, a verdade que salva.

Diante de tantas aflições do tempo presente – as contendas políticas e ideológicas, o terror dessa enfermidade que ceifa tantas vidas – vem espontânea a pergunta: onde está Deus? O discípulo, seduzido pelo amor de Jesus, responde sem titubear: Ele está aqui! Pela ação do Espírito Santo, o Ressuscitado, o Emanuel, permanece conosco. Jesus é o Deus que se faz próximo, que nos acolhe na sua intimidade como discípulos. Nada perturba a quem encontra nesse Deus tão próximo o abraço consolador da misericórdia.

“Aquele que crê – já dizia Bento XVI – não se assusta diante de nada, porque sabe que está nas mãos de Deus, sabe que o mal e o irracional não têm a última palavra, mas o único Senhor do mundo e da vida é Cristo, o Verbo de Deus encarnado, que nos amou até se sacrificar a Si mesmo, morrendo na Cruz para a nossa salvação”.

A Virgem Maria, Mãe da Igreja está sempre com seu Filho, está sempre conosco.

Bom dia... 20/06/2020


sábado, 13 de junho de 2020

REFLEXÃO LITÚRGICA DO XI DOMINGO DO TEMPO COMUM




“SOMOS UM POVO SACERDOTAL”

Dom José Aparecido Gonçalves de Almeida
Bispo Auxiliar de Brasília-DF

O
s textos bíblicos, que ouvimos neste XI DOMINGO DO TEMPO COMUM, nos ajudam a compreender a realidade da Igreja. A primeira leitura (Ex. 19, 2-6a) evoca a Aliança que Deus estabeleceu com Moisés no Monte Sinai, durante a fuga do Egito; o Evangelho (Mt 9, 36 – 10, 8) nos narra o chamamento e a missão dos doze Apóstolos. Por meio da Palavra inspirada, o Espirito Santo nos revela a constituição íntima da Igreja. Estas palavras são dirigidas a cada um de nós, à comunidade da qual somos pedras vivas, como um convite a reavivar o ardor da nossa vocação missionária para dilatar o Evangelho do Reino, porque o Senhor – pelo sangue do nosso resgate – faz de nós “um reino de sacerdotes, uma nação santa” (Ex. 19, 6a).

Dentre os que foram incorporados a Cristo e passaram a fazer parte desse povo sacerdotal, “não existe membro que não tenha parte na missão de todo o povo” (PO 2). Pelo sacerdócio comum a todos os fiéis, os batizados oferecem sacrifícios espirituais e anunciam os poderes d’Aquele que das trevas os chamou à sua luz admirável (cf. LG 10). No entanto, o Senhor também escolhe, separa e consagra alguns irmãos para o sacerdócio ministerial, com a missão de formar e apascentar a grei de Cristo, e oferecer o sacrifício eucarístico em nome de todo o povo e em seu favor. Se pelo sacerdócio comum, os fiéis leigos são chamados a santificar as realidades em que se movem e vivem, pelo sacerdócio ministerial os bispos e presbíteros são chamados a oferecer aos irmãos os bens espirituais de que necessitam para viver santamente a sua vocação. Por isso o Concílio Vaticano II quis lembrar que o sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial se ordenam um ao outro.

Ao ver as multidões abatidas, Jesus se compadeceu delas e disse aos discípulos: “A messe é grande, os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita” (Mt 9, 37-38). Ele chamou os doze e lhes conferiu os poderes da sua missão messiânica, primeiro Pedro e, com ele, os demais. Em seguida enviou os Doze em missão. Convidou a rezar, chamou e enviou. E os Doze partiram imediatamente para anunciar que o Reino de Deus está próximo.

Bom dia... 13/06/2020


sábado, 6 de junho de 2020

REFLEXÃO LITÚRGICA DA SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE



A IGREJA REUNIDA PELA UNIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE

“Glória a Vós, Trindade Santíssima que sois um só Deus, antes de todos os tempos, agora e pelos séculos eternos. Amém”

Dom José Aparecido Gonçalves de Almeida
Bispo Auxiliar de Brasília-DF

N
este Domingo a Igreja celebra a SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE, e propõe “à nossa contemplação e adoração a vida divina do Pai, do Filho e do Espírito Santo: vida de comunhão e amor perfeito, origem e meta de todo o universo e de todas as criaturas, Deus” (Papa Francisco).

No Sinai (Ex. 34, 4ss.), enquanto Deus passa, Moisés o aclama com voz forte: “Senhor, Senhor! Deus misericordioso e clemente, paciente, rico em bondade e fiel”. Prostrado por terra, suplica a Deus que caminhe com o seu povo, que o perdoe e que o acolha com “propriedade sua”. No Deus da Aliança, a misericórdia e a justiça se abraçam. A revelação do Deus uno na primeira Aliança liberta o povo de Israel da idolatria dos falsos deuses e da escravidão aos que, em nome dos ídolos, pisam a dignidade humana. A Igreja sempre reconheceu que o Deus uno e trino revelado plenamente no Novo Testamento é o mesmo Deus de misericórdia que agiu com amor e com braço forte na história do primeiro Israel.

Na segunda leitura, o Apóstolo convida a comunidade cristã a alegrar-se vivendo na comunhão e na concórdia, para que o Deus do amor e da paz esteja conosco (cf. 2Cor 13,11). Saúda os irmãos de Corinto desejando que “a graça do Senhor Jesus, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos” (v. 13). Vislumbra-se aqui a Trindade Santíssima como modelo da Igreja, à qual fomos chamados para nos amar como Jesus nos amou. O amor é o sinal concreto que manifesta a fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo.

O Papa Francisco, comentando o Evangelho dominical, salienta a natureza missionária da nossa vocação cristã. Somos todos chamados a testemunhar e anunciar a mensagem que «DEUS É AMOR», que ele está próximo de nós, que nos ama a tal ponto que se fez homem, que veio ao mundo não para o julgar mas para que o mundo se salve por meio de Jesus (cf. Jo 3, 16-17). “A Igreja peregrina é por sua natureza missionária, pois ela se origina da missão do Filho e da missão do Espírito Santo, segundo o desígnio de Deus” (Ad Gentes n. 2). A evangelização é a dilatação do amor que nos impele em direção aos irmãos.

Bom dia... 06/06/2020