domingo, 30 de junho de 2019

Solenidade de São Pedro e São Paulo




Dom Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília

C
elebramos, neste domingo, a SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO, louvando a Deus pela vida e a missão destes dois grandes apóstolos, especialmente pelo martírio de ambos. A cor litúrgica vermelha, utilizada nesta celebração, expressa justamente o sangue derramado por S. Pedro e S. Paulo, por fidelidade a Cristo.

O livro dos Atos dos Apóstolos destaca a figura de Pedro, que se encontrava na prisão, por anunciar o Evangelho, mas foi libertado pelo Senhor. Em meio a tanto sofrimento não lhe faltaram orações da Igreja e auxílio do Senhor. “Enquanto Pedro era mantido na prisão, a Igreja rezava continuamente a Deus por ele” (At 12,5). A passagem se conclui com a afirmação de Pedro: “Agora sei, de fato, que o Senhor enviou o seu anjo para me libertar…” (At 12,11).

Deus sustenta com sua graça os que são perseguidos por serem testemunhas fiéis e corajosas de Jesus Cristo. Conforme rezamos no Salmo 33, “o anjo do Senhor vem acampar ao redor dos que o temem e os salva; é feliz o homem que tem nele o seu refúgio”.

A 2ª Carta de São Paulo a Timóteo nos apresenta o testemunho de S. Paulo, também perseguido e preso por causa da pregação do Evangelho, destacando a sua confiança em Deus naquela situação tão difícil. Afirma o Apóstolo: “O Senhor esteve a meu lado e minhas forças” (2Tm 4,17); “o Senhor me libertará de todo mal e me salvará para o seu reino celeste” (2Tm 4,18). No fim de sua vida, Paulo pode dizer que “combateu o bom combate e conservou a fé” (2Tm 4,7).

A fé, por eles anunciada e testemunhada através do martírio, foi proclamada por Pedro, em resposta à pergunta de Jesus sobre o que os apóstolos diziam dele: “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo” (Mt 16,16). Diante dessa confissão de fé, temos a palavra de Jesus dirigida a Pedro, que fundamenta a missão exercida por ele e por seus sucessores, na Igreja; “Tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as chaves do reino dos céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16,19). Por isso, celebramos sempre, por ocasião desta solenidade, o Dia do Papa.

Rezemos pelo atual Sucessor de Pedro, o Papa Francisco, seguindo o exemplo da Igreja nascente que estava unida ao apóstolo Pedro em oração. Hoje, também nós somos convidados a permanecer unidos ao Santo Padre, rezando por ele e acolhendo os seus ensinamentos.

Como sinal de comunhão e de partilha, ofereçamos generosamente,
nas missas desta Solenidade, o ÓBOLO DE SÃO PEDRO,
oferta a ser enviada ao Papa para atender às necessidades da Igreja.

Bom dia... 30/06/2019


terça-feira, 25 de junho de 2019

Quem mudará o Brasil?


 
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte
Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)

M
uitas são as respostas possíveis diante desta questão: QUEM HÁ DE MUDAR O BRASIL? Mas é preciso encontrar a indicação capaz de efetivamente levar à superação dos descompassos que conduzem todos ao caos. Buscar a solução assertiva é desafio exigente. Tarefa a ser assumida por todos. Se houver resposta adequada a essa interrogação-chave, a solução pode desencadear transformações profundas, vencer cenários que ameaçam a vida. O primeiro passo é superar o entendimento de que apenas uma pessoa tem o poder de transformar o Brasil. O contexto contemporâneo, tão complexo, necessita muito mais que a ação de um indivíduo para promover a virada civilizatória almejada por todos.

Transformar o Brasil exige agregação, integração. Dos líderes, espera-se competência para gerar harmonia, qualidade humana e espiritual que é vetor de mudanças. Não existe lugar para pessoas com perfis que investem nas submissões ditatoriais, lideranças fanáticas que fazem promessas impossíveis de cumprir. A realidade é complexa e as propostas são simplórias, revelando as limitações de seus autores, que agem como “marinheiros de primeira viagem”. Os “barcos” são as muitas instituições nas quais exercem a liderança.

Escolhas ultrapassadas, ancoradas em um tempo que já passou, podem ser sinal de covardia, ou falta de competência humana e espiritual.  Em vez de se optar pelos caminhos ditatoriais e absolutistas, é imprescindível investir no entendimento e na agregação, a partir de parâmetros humanísticos límpidos. Essa é a via que leva a transformações necessárias e a respostas novas, impossíveis de serem encontradas por quem simplesmente ocupa uma cadeira, possui título ou é considerado “a bola da vez”. É preciso investir em processos educativos, para além dos parâmetros formais de ensino. Processos relacionados a uma profunda transformação cultural, com impactos nos modos de ver e de agir de cada cidadão.

Sem esse investimento, as instituições permanecem enjauladas na mediocridade de indivíduos. Lamentavelmente, prevalece o personalismo que sacrifica diferentes organizações, submetendo-as à irracionalidade, desfigurando-as, tornando-as cenários de vaidades. Um risco que ameaça também os poderes da República e as instituições religiosas. É preciso superar esse quadro com inovações capazes de libertar a sociedade das amarras ideológicas que prometem soluções fáceis para problemas complexos. No mundo do empreendedorismo, por exemplo, prevalece a submissão à idolatria do dinheiro, que se desdobra em uma economia da exclusão. A todo custo, busca-se a riqueza, mesmo que isso signifique mais desigualdade social, sacrifícios à Casa Comum e aos mais pobres. O dinheiro passa a ser o deus que tudo conduz.

E assim se perpetua a injustiça social, que gera violência, impedindo avanços civilizatórios. No campo político, os ideais republicanos deixam de ser parâmetros para projetos e ações. E a autoridade política ignora a sua real missão:  servir a comunidade, o povo a quem deveria representar. Configura-se, assim, a necessidade inadiável de uma ampla qualificação, em diferentes segmentos, para reformular os funcionamentos institucionais e fortalecer a esperança em um tempo melhor. A qualificação que requer investimentos urgentes deve contemplar o desenvolvimento da capacidade de conviver civilizadamente, cultivando a fraternidade nas relações.

Essa mudança que todos esperam é um processo que não se efetiva da “noite para o dia”. Assim, para responder à questão “quem pode mudar o Brasil?”, é fundamental ter a clareza de que as transformações almejadas pedem o compromisso de todos para encontrar e trilhar novos caminhos. Não se chega a lugares diferentes pelas mesmas estradas. Por isso, cada pessoa deve assumir novas posturas a serem vividas e testemunhadas, na construção de transformações sociais profundas. Definitivamente, não está, pois, nas mãos de um indivíduo, mas nas atitudes de todos os brasileiros, a força para mudar o Brasil.

Bom dia... 25/06/2019


domingo, 23 de junho de 2019

Reflexão Dominical - QUEM DIZEIS QUE EU SOU? (Lc 9,18-24)




Antônio Carlos Santini
Comunidade Católica Nova Aliança

N
o Evangelho proclamado por São Lucas (Lc 9,18-24) neste domingo, mostra-se à luz do dia o contraste entre a multidão e o discípulo. A turba levanta hipóteses sobre Jesus, mas não o conhece. O discípulo, acima da carne e do sangue, sabe identificar o Mestre.

Eis a reflexão de André Louf: “Somente aquele que é discípulo conhece a Jesus em sua identidade profunda. O discípulo – isto é, aquele que deixou tudo para segui-lo, que caminha com ele, que vive em sua intimidade e que, como ele, não tem uma pedra onde repousar a cabeça. Só esta proximidade de cada dia, de cada hora, entreabre a porta do conhecimento de Jesus.

Mas é preciso não se enganar. Bem disse Pedro: o Messias de Deus. E Jesus não recusa essa identidade. Mas Pedro sabe exatamente o que isso significa? Quem esse Messias de Deus? Tão logo ele pronunciou este nome prestigioso, Jesus intervém para proibir que ele seja revelado. ‘Primeiro – acrescenta ele – é preciso que o Filho do homem sofra muito, que ele seja rejeitado pelos anciãos, que seja morto e, ao terceiro dia, ressuscite’.

Está claro que Pedro não pensava em tudo isto quando saudou Jesus com o nome de Messias. Ao menos por enquanto, ele não o saberia compreender, nem anunciar. Mais tarde ele o compreenderá. Quando o Messias tiver completado sua corrida, quanto tiver atravessado o sofrimento e a morte, quando for elevado sobre a cruz e, através da cruz, o Pai o tiver salvado e revestido de glória.

Mas será necessário algo a mais por parte de Pedro. Por sua vez, Pedro deverá ter caminhado sobre o mesmo caminho, ter carregado a mesma cruz. Para compreender a Deus, não há outro caminho a não ser Jesus crucificado. “E não há outro caminho para compreender Jesus crucificado a não ser a cruz. A cruz só pode ser compreendida pela cruz, isto é, por aquele que a carrega, que a leva, por sua vez, atrás de Jesus.”

Não é uma pequena conversão, não é um breve trajeto aquele que nos permite abrir mão da imagem sonhada de um Messias glorioso, um Cristo vencedor, de cuja glória participaremos todos. Bem antes, vem o áspero tempo da cruz, a trilha do Calvário, o único lugar onde o Mestre e o discípulo chegam à verdadeira comunhão.

Sim, há grupos cristãos pregando a felicidade aqui na Terra e o fim de todo sofrimento. Deveriam aprender com Pedro...

Bom dia... 23/06/2019


quinta-feira, 20 de junho de 2019

Solenidade do Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue de Cristo




Padre Geraldo Afonso
Administrador paroquial
Paróquia Senhora  Sant´Ana de Patis – MG

I
nstituída na Igreja pelo papa Urbano IV em 1264 através da Bula “Transiturus de hoc mundo ad patrem”, (Passagem deste mundo para o Pai) É a festa de Corpus Christi uma grande solenidade que visa reviver e comemorar a instituição da eucaristia da quinta-feira santa. Além de fazer memória a este evento, toda a Igreja universal celebra a eucaristia convencida de que, através do pão consagrado, Jesus permanece conosco “todos os dias até a consumação dos séculos (Mt 28,20). No mais, a Igreja tem consciência de que este sacramento é por excelência o alimento indispensável a sua jornada terrena, pois “o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo” (disse Jesus) João 6,51.  “Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue verdadeiramente uma bebida” (Jo 6,55). E este alimento “Não tende a nada mais do que tornar-nos aquilo que recebemos”. É visto também, como o alimento que nutre a Igreja e nos fortalece para a missão.

Como dizia São João Paulo II: “Para evangelizar o mundo, necessita-se de apóstolos peritos na celebração, adoração e contemplação da eucaristia”. No mais, lembra-nos o Concílio Vaticano II, que este alimento (a Eucaristia) “é fonte e ápice de toda a evangelização”. Visto por este viés, a Igreja estará sempre em perigo uma vez que ela deixar de nutrir-se deste tesouro que é a eucaristia, em detrimento de deturpações provenientes de ideologias pagãs. Embora Cristo esteja oculto nas aparências do pão e do vinho, Ele se revela a nós nos pobres e abandonados e nos desafia como cristãos a acolhê-los. “Em verdade vos digo: cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos pequeninos, a mim o fizeste” (MT 25, 40).

Um dos pontos altos desta celebração de Corpus Christi, além da santa missa, é a tradicional procissão eucarística. Na maioria das vezes o cortejo com o Santíssimo é feito a pé pelo bispo local, padres, diáconos ministros extraordinários da eucaristia e os fiéis, porém, nada impede que Ele seja conduzido em um veículo decorado com motivos religiosos. O incenso, as velas, aos toques dos sinos e os cantos (Tantum Ergo Sacramentum e etc…) conferem a esta celebração um clima de santidade e solenidade. As ruas por onde vai passar o cortejo, também são decoradas com tapetes confeccionados de serragens coloridas, borras de cafés e outros materiais. Assim, entre louvores e cantos de reverência o povo se vê nas palavras de Isaías que conclama: “Exulta e louva o senhor, ó casa de Sião, porque o Grande, o Santo de Israel está no meio de ti” (Is 12,6). É um acontecimento místico sublime e inefável, onde o Divino é o autor principal e o ser humano contempla a sua passagem, porém, sem abarcar sua real grandeza. Os fiéis por sua vez, interagem, cada qual à sua maneira com o Deus de Jesus Cristo que assumiu a nossa história e caminha conosco. Com este Deus que viveu de forma plena e extraordinária a nossa natureza, exceto o nosso pecado. O Deus próximo, designado do céu (Mt 1,20 / Lc 1, 31-32) mas que também é Deus dos pobres e abandonados (Lc 16, 19-30/ Lc 21 1-4). O ungido do Espírito Santo que veio “para evangelizar os pobres (…) “anunciar a boa-nova aos pobres (…) e “por em liberdade os oprimidos” (Lc 4, 18-19).

Bom dia... 20/06/2019


domingo, 16 de junho de 2019

SANTÍSSIMA TRINDADE – “ORAÇÃO E VIDA TRINITÁRIA”




Dom Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília

A
 Santíssima Trindade está sempre presente na sagrada liturgia ao longo de todo o ano. Pela centralidade do mistério da Santíssima Trindade na vida e missão da Igreja, na doutrina e na liturgia, dedica-se a ela uma solenidade especial, logo após o término do Tempo Pascal. É uma ocasião privilegiada para cada membro da Igreja e para cada comunidade refletirem, rezarem e, acima de tudo, reavivarem a vida trinitária, que é dom e tarefa. A Santíssima Trindade está sempre presente em nossa vida e na vida da Igreja. Fomos batizados em nome da Santíssima Trindade!

A celebração eucarística inicia-se e termina em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A oração eucarística é concluída com um grande louvor trinitário, dirigindo-se ao Pai, “com Cristo, por Cristo, em Cristo, na unidade do Espírito Santo”.  As principais orações da missa são trinitárias. Nos domingos e solenidades, nós rezamos o “Creio” professando a nossa fé na Santíssima Trindade.

Necessitamos valorizar mais a Trindade Santa em nossas orações e em nosso modo de viver. É importante tomar consciência da importância da Trindade na liturgia, prestando atenção e valorizando mais as referências a ela. Iniciar e terminar o dia, assim como as principais atividades, invocando a Santíssima Trindade dá um sentido maior ao que fazemos e certamente nos leva a realizar nossas ações segundo a vontade de Deus. Contudo, a dimensão trinitária da liturgia e das orações cotidianas se manifesta e se completa no nosso modo de viver.  É preciso que a vida seja trinitária. Sendo a Santíssima Trindade mistério inesgotável de amor e de comunhão, a vida de cada um de nós e de cada comunidade devem ser feitas de amor e de comunhão, especialmente em nosso tempo marcado por tantas situações de egoísmo, divisão e violência. Necessitamos ser pessoas e comunidades trinitárias, à imagem da Santíssima Trindade, glorificando a Deus também pelo nosso modo de viver.

A palavra “mistério” aplicada a Santíssima Trindade não significa algo complicado. Conforme a concepção bíblica,  o “mistério” se manifesta, mas não se esgota. Ele se revela, sendo por nós acolhido e experimentado, mas não se reduz aos limites do nosso pensar e de nosso sentir. A Santíssima Trindade é o mistério do amor infinito de Deus, que sendo um só se manifesta nas pessoas do Pai Criador, do Filho Redentor e do Espírito Santificador. Este mistério encontra-se revelado na Sagrada Escritura e tem sido transmitido pela Igreja, ao longo de sua história. Por isso, nós cremos no Pai, no Filho e no Espírito Santo, “um só Deus e um só Senhor; não uma única pessoa, mas três pessoas num só Deus”, conforme o prefácio da missa desta solenidade.

Glorifiquemos a Santíssima Trindade com os lábios, o coração e a vida!

Bom dia... 16/06/2019


sábado, 15 de junho de 2019

Bem-aventurada Albertina Berkenbrock


 
Bem-aventurada Albertina Berkenbrock
A
 bem-aventurada Albertina Berkenbrock, primeira mártir brasileira, nasceu em Santa Catarina em 11 de abril de 1919.

Desde cedo despontava na vida de oração, no amor à família e ao próximo. Se unia ao crucificado por meio de penitências. Jovem, mas centrada no mistério da Eucaristia, tinha vida sacramental, penitencial e de oração.

Albertina cuidava do rebanho de seu pai que deu a seguinte ordem: ela devia procurar um boi que se extraviou. No caminho, encontrou um homem de apelido “Maneco Palhoça”, que trabalhava para a família. Ela perguntou a ele se sabia onde estaria o boi perdido. Ele indicou um lugar distante, e a surpreendeu lá, tentando estuprá-la, porém, não teve o êxito.

A jovem resistiu, pois não queria pecar. Por não conseguir nada, ele pegou-a pelo cabelo, jogou-a ao chão e cortou seu pescoço, matando-a imediatamente.

Maneco acusou outra pessoa, que foi presa imediatamente. Ele fingia que velava a menina, e ao se aproximar do corpo, o corte vertia sangue. Ele fugiu, mas foi preso e confessou o crime. Maneco deixou claro que ela não cedeu porque não queria pecar.

Tudo isso aconteceu em 15 DE JUNHO DE 1931. Por causa da castidade, Albertina não cedeu.

Bem-aventurada Albertina Berkenbrock, rogai por nós!


Fonte: Cancão Nova

Bom dia... 15/06/2019


domingo, 9 de junho de 2019

Solenidade de Pentecostes - Vem Espírito de Amor e de Paz!




Dom Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília

C
om a solenidade de Pentecostes, estamos concluindo o Tempo Pascal, suplicando a presença do Espírito Santo. “Enviai o vosso Espírito, Senhor, e renovai a face da terra”, rezamos no Salmo 103. “Daí aos corações vossos sete dons”, pedimos através do hino litúrgico conhecido como “Sequência” de Pentecostes.

Pentecostes era uma festa hebraica, celebrada cinquenta dias após a Páscoa. Era, originalmente, uma festa de caráter agrícola, pois nela se ofertavam a Deus as primícias dos campos. Com o passar do tempo, passou a ser dedicada à celebração da Aliança no Sinai.  Conforme narra o livro dos Atos dos Apóstolos (At 2,1-11), quando era celebrada a antiga festa de Pentecostes, em Jerusalém, no início da pregação apostólica, aconteceu a efusão do Espírito Santo sobre os discípulos reunidos no cenáculo. Por isso, Pentecostes recebeu um novo significado para os cristãos, passando a celebrar a vinda do Espírito Santo.

Nós cremos no Espírito Santo “que procede do Pai e do Filho e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado”, conforme rezamos na fórmula mais longa do “Creio” (Credo Niceno-Constantinopolitano). Nós cremos no Espírito da Verdade, o Defensor, o Consolador (Jo 14,26), que nos ilumina e fortalece na vivência e no testemunho do Evangelho. Por isso, confiantes, suplicamos a sua presença, unidos à Igreja presente no mundo inteiro.

A Liturgia da Palavra nos fala do Espírito Santo. O livro dos Atos dos Apóstolos mostra o Espírito iluminando e animando os discípulos a anunciar o Evangelho, unindo os que falavam línguas diferentes e fazendo-os compreender a pregação dos Apóstolos, “pois cada um ouvia os discípulos falar em sua própria língua” (At 2,8). A unidade das línguas, dom do Espírito, se contrapõe à divisão ocorrida em Babel. S. Paulo também se refere à unidade na diversidade de dons e ministérios provenientes do mesmo Espírito, em vista do bem comum (1Cor 12,5-6), motivando os cristãos a viverem unidos. O Evangelho segundo João, ao relacionar o dom do Espírito ao Senhor Ressuscitado, destaca o perdão e a paz, assim como o envio em missão. “Como o Pai me enviou, também eu vos envio” (Jo 20,21), afirma Jesus. Assim sendo, nós somos convidados a acolher, hoje, o Espírito da unidade, do perdão e da paz, o Espírito que nos anima e fortalece na vida cristã, especialmente, no testemunho cotidiano da fé. Rezemos, especialmente, pela unidade, concluindo a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.

Bom dia... 09/06/2019


domingo, 2 de junho de 2019

Ascensão do Senhor - “Testemunhas do Senhor"




Dom Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília

A
 celebração da ASCENSÃO DO SENHOR é marcada pelo louvor pascal, pela esperança e pelo compromisso de evangelizar. A ascensão de Jesus ao céu é sinal da sua vitória sobre a morte, que temos celebrado neste Tempo Pascal. É motivo de louvor e de esperança para nós, os seus discípulos de ontem e de hoje. O Evangelho se conclui ressaltando a atitude de adoração e louvor dos discípulos diante do Ressuscitado que sobe ao céu (Lc 24,52). A vida dos discípulos de Jesus se faz de testemunho e de oração; do testemunho sustentado pela oração; do testemunho manifestado pela oração.

O olhar para o céu, motivado pela Ascensão, deve nos levar a caminhar, cumprindo a missão que Jesus deixou de anunciar o Evangelho, sendo suas testemunhas até os confins da terra (Atos 1,8). “Vós sereis testemunhas de tudo isso”, afirma Jesus (Lc 24,48). Testemunhas que anunciam o Evangelho com palavras e ações, animados pelo Espírito prometido por ele, conforme os Atos dos Apóstolos (At 1,8) e o Evangelho (Lc 24,49).  Os discípulos não podem “ficar parados”, olhando para o céu. Necessitam olhar para o céu, voltar o coração para Deus e a vida eterna, para poder olhar para o mundo presente e agir segundo o querer de Deus, evangelizando.

Hoje, somos nós, os discípulos que devem continuar a anunciar o Evangelho, recorrendo também aos meios de comunicação social. Por isso, celebra-se, neste domingo, o Dia mundial das Comunicações Sociais. O Papa Francisco, em sua mensagem para este dia, aborda o tema: “Somos membros uns dos outros (Ef 4,25): das comunidades de redes sociais à comunidade humana”. Nela, o Santo Padre nos leva a refletir sobre as nossas atitudes nas redes sociais, que deveriam ser instrumentos de encontro e comunhão entre as pessoas. Motivados pela Mensagem do Papa Francisco, procuremos fazer das redes sociais espaços de vivência da fraternidade e de testemunho da fé em Cristo, jamais propagando agressividade, ofensas e mentiras.

Estamos iniciando a preparação para Pentecostes, solenidade a ser celebrada no próximo domingo, realizando a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Rezemos pela unidade dos cristãos, para que se realize cada vez mais entre nós a súplica de Jesus ao Pai: “Que todos sejam um!” (Jo 17,21). “Recomendam-se para esta ocasião orações durante a missa, sobretudo na Oração dos fiéis e, oportunamente a celebração da missa votiva pela unidade da Igreja” (cf. Diretório da Liturgia – 2019).

SEJAMOS TESTEMUNHAS DO SENHOR, ATRAVÉS DA VIVÊNCIA DA UNIDADE!

Bom dia... 02/06/2019