domingo, 24 de fevereiro de 2019

7º Domingo do Tempo Comum – Misericordiosos como o Pai




Dom Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília

C
ontinua a ecoar na vida da Igreja, especialmente na liturgia de hoje, o lema do Jubileu da Misericórdia, proclamado pelo Papa Francisco e concluído em 2016: “Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso”.

O Antigo Testamento já conhecia a exigência do amor ao próximo. “Amarás o teu próximo como a ti mesmo!”, afirmava o Levítico (Lv 19,18). Na primeira leitura, com o Primeiro Livro de Samuel, recordamos o exemplo de Davi, que tendo ocasião de eliminar o inimigo que o perseguia, preserva-lhe a vida, rejeitando recorrer à violência. Contudo, Jesus vai muito além da compreensão que se tinha do amor ao próximo, incluindo o amor até ao inimigo. No Evangelho (Lc 6,27-38), Jesus nos mostra como amar o próximo, ampliando e tornando mais exigente o que até então se afirmava na Lei. O que diferencia a atitude dos seus discípulos da conduta dos que não o seguem?

Os discípulos de Jesus não devem amar apenas aqueles que os amam ou saudar apenas os próprios irmãos. Para amar como Jesus ama e como ele ensinou a amar, é preciso incluir no mandamento do amor ao próximo o que ele hoje nos diz: “amai os vossos inimigos”, amar não somente aqueles que nos amam, indicando-nos as atitudes a serem cultivadas diante deles: fazer o bem, rezar, não recorrer à violência, à vingança, não condenar, perdoar. Felizes aqueles que acreditam nesta Palavra de Jesus e se esforçam para vivê-la. Felizes são os misericordiosos, como o Pai Celeste.

O “homem natural” ou “terrestre”, o velho homem, ao qual se refere São Paulo, recorrendo à figura de Adão, é chamado a uma vida inteiramente nova, a ser um novo homem, o “homem espiritual” ou “celeste”, à imagem de Cristo, graças à sua ressurreição (1Cor 15,45-49). A vivência e o testemunho do amor ao próximo, como Jesus nos ensinou, caracterizam a vida nova e o homem novo.

O Salmo que hoje rezamos também nos leva a voltar os olhos para o Pai misericordioso, proclamando que “o Senhor é bondoso e compassivo”. Podemos viver no amor misericordioso, graças à misericórdia do Pai, cujo amor é sem limites. Com o Salmo 102, nós louvamos a Deus reconhecendo que ele perdoa as nossas culpas, “cerca de carinho e compaixão”, “é indulgente, é favorável, é paciente, é bondoso e compassivo”.

PODEMOS AMAR ATÉ O INIMIGO, PORQUE DEUS NOS AMA E SUSTENTA O NOSSO AMOR.

Bom dia... 24/02/2019


domingo, 17 de fevereiro de 2019

6º Domingo do Tempo Comum – É feliz quem confia no Senhor!




Dom Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília

A
 Palavra de Deus nos apresenta dois estilos diferentes de vida, duas maneiras diferentes de pensar e viver. Na primeira leitura, o profeta Jeremias distingue os que colocam a sua confiança no homem e os que colocam a confiança em Deus. Para tanto, ele recorre a duas imagens muito significativas: as plantas sem vida, no deserto, e a “árvore plantada junto às águas”, que se mantém verde em tempo de seca. Na mesma perspectiva, coloca-se o Salmo Responsorial.

A passagem das bem-aventuranças narrada por S. Lucas expressa também dois estilos de vida e duas lógicas opostas. São felizes, bem-aventurados, os pobres, os que passam fome, os que choram e os que são perseguidos por causa de Jesus. Deles é o Reino de Deus! É importante recordar a narrativa de S. Lucas proclamada no 3º Domingo deste Tempo Comum, apresentando a missão de Jesus, na sinagoga de Nazaré.  Ungido pelo Espírito, ele vem para anunciar a boa nova aos pobres, a liberdade aos oprimidos, a visão aos cegos e o ano da graça para todos (Lc 4, 14-21). É bem-aventurado quem aceita o Reino de Deus proclamado por Jesus Cristo e o reconhece como Messias. É feliz quem ouve Jesus e o segue, numa vida nova, segundo os critérios do Reino. Infelizes são aqueles que seguem outro modo de pensar e de viver, rejeitando a boa nova do Reino anunciada por Jesus, ao preferir o gozo das riquezas e da fartura, os elogios e a alegria mundana, indiferentes aos que sofrem com a pobreza e aflições.

Diante da Palavra de Deus, necessitamos fazer escolhas coerentes com a fé que professamos e celebramos. Ser feliz, ser bem-aventurado é um dom que nos é oferecido por Cristo e que exige a nossa resposta, o nosso “sim”, bem como os esforços necessários para caminhar na nova vida.

São Paulo apresenta a o sentido pleno da nossa vida e da nossa fé na ressurreição de Jesus. A nossa vitória sobre a morte é consequência da vitória de Cristo ressuscitado. Ele adverte para os que vivem somente “para esta vida” (1 Cor 15,19), esquecendo-se da vida futura de ressuscitados. Não podemos viver neste mundo como se aqui fosse a nossa morada definitiva, apegados a bens passageiros. Devemos viver o momento presente, com responsabilidade, construindo o mundo segundo os critérios do Reino de Deus, mas sabendo que a nossa esperança não se esgota na vida presente.

Diante da riqueza inesgotável da Palavra de Deus proclamada, por ela iluminados e animados, nós proclamamos que é “feliz o homem quem a Deus se confia” e “encontra a seu prazer na lei de Deus” (Salmo 1).

Bom dia... 17/02/2019


domingo, 10 de fevereiro de 2019

5º Domingo do Tempo Comum – Avance para águas mais profundas




Dom Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília

O
 Evangelho segundo Lucas, que estamos lendo nos Domingos deste Tempo Comum, nos relata uma situação vivida pelos discípulos de Jesus que ilumina muito a vida dos cristãos de qualquer época (Lc 5,1-11). Na primeira cena, os discípulos, que eram pescadores, estavam desistindo de pescar. Fala-se de “barcas paradas”, de “pescadores que haviam desembarcado e lavavam as redes”, porque, segundo Simão Pedro, trabalharam a noite inteira e nada pescaram. Esta situação faz pensar em muitas outras que ocorrem na vida das pessoas, mas que se aplica especialmente à missão pastoral e evangelizadora, pois a pesca é símbolo da missão. Diante das dificuldades e aparentes insucessos que ocorrem na ação pastoral, é grande o risco de querer desistir.  Contudo, a história contada pelo Evangelho se conclui de modo bastante diferente, falando de barcas e redes cheias de peixes e de pescadores admirados com tamanho resultado. O que aconteceu para que a situação mudasse tanto?

Jesus entrou na barca de Simão e passou a orientar a pesca, dizendo-lhe, primeiramente: “avance para águas mais profundas”. Ao invés de desistir, era preciso avançar, deixando a comodidade da margem. Acomodação não condiz com pesca frutuosa. Simão deveria avançar, assim como cada um dos discípulos, mas lançar as redes deveria ser tarefa a ser assumida em conjunto. Por isso, na segunda parte da frase, Jesus utiliza o plural, afirmando: “lancem as redes para a pesca”.

Simão, que era pescador experiente, não via razão para continuar a pesca, porém, se dispõe a lançar as redes, por causa da palavra de Jesus. Um pescador certamente teria dificuldade de aceitar, em assunto de pesca, a palavra de um carpinteiro, como era conhecido Jesus. Naquele episódio, Simão Pedro demonstra ver em Jesus mais do que um carpinteiro, chamando-o de “Mestre” e, depois, de “Senhor”. Ele expressa confiança em Cristo, ao responder “em atenção à tua palavra”.  E “assim fizeram”, afirma o Evangelho, isto é, cumpriram a palavra de Jesus.

“Não tenha medo”, afirma Jesus a Simão. Ao invés do medo que paralisa, a fé em Cristo leva a agir e a superar, com coragem, as dificuldades que surgem, perseverando na missão. Quem confia em Jesus, jamais se desespera.

Hoje, perante tantos desafios, é preciso reaprender a lição que o Evangelho nos transmite. Ao invés de desistir de “lançar as redes”, é preciso avançar: com fé em Jesus Cristo, confiando em sua palavra, cada um fazendo a própria parte e buscando sempre trabalhar juntos. E, acima de tudo, nunca desistir do caminho do bem e da verdade, mas permanecer fiel, vivendo da fé em Cristo e do cumprimento de sua palavra.

Bom dia... 10/02/2019


domingo, 3 de fevereiro de 2019

4º Domingo do Tempo Comum – Jesus continuou o Seu caminho




Dom Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília

O
 Evangelho, hoje proclamado, dá sequência ao episódio apresentado na liturgia do último domingo. Conforme o Evangelho segundo S. Lucas, Jesus foi a Nazaré, entrou na sinagoga e foi convidado a ler e a comentar um trecho do Profeta Isaías. Ele o fez, aplicando a si próprio a passagem anunciada.  O trecho de hoje (Lc 4,21-30) relata a reação dos habitantes de Nazaré diante das palavras de Jesus. Num primeiro momento, eles ficam admirados. Contudo, a admiração inicial, demonstrada pelos seus conterrâneos, logo se desfaz. Eles o conheciam há muito tempo; sabiam da sua origem humilde, chamando-o de “filho de José”, o carpinteiro. A reação de desprezo se completa com a dura rejeição a Jesus: “levantaram-se e o expulsaram da cidade”; pretendiam até “lança-lo no precipício”. O que aconteceu para que “todos” na sinagoga ficassem tão “furiosos”?

Jesus se referiu, corajosamente, à rejeição sofrida pelos profetas na própria terra e recordou a manifestação da misericórdia de Deus e a acolhida da salvação entre os que não pertenciam ao povo eleito, nos tempos de Elias e Eliseu: a viúva de Sarepta e o leproso Naamã, que era sírio. Assim sendo, esta passagem do Evangelho não fala apenas de recusa sofrida por Jesus e pelos profetas da parte dos seus conterrâneos. Ela fala, sobretudo, do amor misericordioso de Deus, oferecido a todos os que creem e acolhem a sua Palavra, sejam membros do povo eleito, sejam habitantes de outros povos. O alcance universal da salvação, testemunhado na alusão a Elias e Eliseu, se manifesta e se cumpre plenamente em Jesus Cristo.

Em meio a perseguições, o profeta sabe que pode contar com a presença de Deus que o sustenta e anima na missão, conforme a vocação de Jeremias. “Não tenhas medo”, “eu estou contigo para defender-te” (Jer 1,17.19), fala o Senhor aos que envia em missão. A firmeza e a fidelidade que Deus espera dos profetas encontram a sua realização plena em Jesus Cristo. Nesta perspectiva, Lucas ressalta que “Jesus, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho” (Lc 4, 30). Nada impede Jesus de caminhar fielmente para Jerusalém, onde consumará a sua missão, através do mistério de sua morte na cruz.

Na segunda leitura, a Liturgia de hoje nos recorda o verdadeiro sentido do amor cristão, a caridade, conforme nos descreve a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios. O belíssimo hino à caridade nos mostra como viver o mandamento do amor.

Bom dia... 03/02/2019


sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Fevereiro é o mês do combate a leucemia



F
evereiro é o MÊS DO COMBATE À LEUCEMIA, doença maligna originada na medula óssea – local em que as células de sangue são formadas. Esse tipo de câncer acomete os leucócitos, também conhecidos como glóbulos brancos, os quais começam a se reproduzir de maneira descontrolada, dando início aos primeiros sinais da leucemia. A doença cresce a cada ano, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer – INCA.

SINTOMAS
Os primeiros sintomas são um reflexo do acúmulo das células anormais, as quais prejudicam a produção dos glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e plaquetas. Dessa forma, podendo causar anemia, palidez, sonolência, fadiga, palpitação, sangramentos na gengiva e nariz, manchas roxas na pele ou pontos vermelhos.  Outros sinais da doença são gânglios linfáticos inchados e sem dor (principalmente, na região das axilas e pescoço), perda de peso sem motivo aparente, febre ou suores noturnos, desconforto abdominal (inchaço do baço ou fígado), dor nas articulações e ossos.

A leucemia ainda possui uma classificação própria, de acordo com a velocidade da divisão das células, sendo crônica quando se desenvolve lentamente e aguda quando é mais rápida. Diante disso, a doença é dividida em quatro subtipos: leucemia mieloide aguda (LMA), leucemia mieloide crônica (LMC), leucemia linfoide aguda (LLA) e leucemia linfoide crônica (LLC).

DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é feito por uma avaliação médica e por meio da coleta de medula óssea para exames específicos. Em geral, o tratamento inclui a quimioterapia e pode ser indicado também o transplante de medula óssea.

Referência: Instituto Nacional do Câncer – INCA.

Bom dia... 01/02/2019