terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

MINISTÉRIOS EXERCIDOS POR LEIGOS NA EQUIPE DE LITURGIA

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s Equipes de Liturgia são formadas para o exercício dos ministérios particulares, próprios dos cristãos leigos, dado o sacerdócio batismal destes, conhecido como sacerdócio comum dos fiéis. Exercidos nas celebrações litúrgicas, em profunda união e comunhão com o sacerdócio ministerial ordenado, não são, pois, os ministérios leigos como que uma ajuda material aos sacerdotes, mas sim participação mais plena no mistério da Liturgia, sendo então, ao mesmo tempo, direito e dever de todos os cristãos, como batizados.

    Na sua nova concepção, as Equipes de Liturgia são, pois, um fruto feliz da renovação litúrgica do Concílio Vaticano II. De fato, a reforma teve o mérito de enfatizar a participação dos fiéis na liturgia, como direito e como dever, dada a sua condição de batizados, inseridos que foram no mistério de Cristo, quando, sacramentalmente, renascem para uma vida nova, também ela essencialmente missionária, a serviço e a caminho do Reino.

    Em paróquias com diversas comunidades, estas precisam de ter sua própria equipe. Neste caso, é desejável que tenham o mesmo espírito e estejam articuladas com a equipe principal. Também é de esperar que cada equipe de liturgia tenha um coordenador, que seja aceito por todos. Deve ele coordenar a equipe, convocando e dirigindo suas reuniões, e, sempre com outros membros, procurar o crescimento espiritual de todos.

    Os membros de uma equipe litúrgica devem estar conscientes não só de sua participação na Liturgia, que deve ser sempre mais plena, mas também de que estão voltados para o serviço do louvor de Deus e santificação dos homens, dimensão essencial da Liturgia, o que supõe não só atitude orante, mas também preparação e disposição e, mais ainda, o testemunho existencial e cúltico, manifestado por uma fé não só rezada e crida, mas também plenamente vivida.

    Algumas orientações, de sentido mais celebrativo, são dadas nesse Manual, o qual, por sua vez, implicitamente, vai exigir encontros de formação, de interiorização, de avaliação etc., pois é desejável que as Equipes de Liturgia alcancem, por exigência de sua própria natureza, uma compreensão mais viva de todo o mistério da salvação que a Igreja celebra, na dinâmica salvífica do Ano Litúrgico e ao ritmo sobretudo de nossas eucaristias. Pensando em atualização, as orientações aqui formuladas já estão fundamentadas na nova Instrução Geral sobre o Missal Romano.

OS MEMBROS DA EQUIPE DE LITURGIA

São membros de uma equipe litúrgica: o acólito, o ministro extraordinário da comunhão, o leitor, o salmista, o grupo dos cantores ou coral, o cantor (ou animador do canto), o organista, o comentarista, os que acolhem os fiéis, os que fazem as coletas ou delas cuidam, como ainda o sacristão.

AS DIVERSAS FUNÇÕES NA LITURGIA

FUNÇÕES DO ACÓLITO

O acólito é instituído para o serviço do altar, auxiliando assim o sacerdote e o diácono. Na procissão de entrada leva a cruz entre dois ministros. Durante toda a celebração, cabe ao acólito aproximar-se do sacerdote ou do diácono para lhes apresentar o livro (Missal e Evangeliário) e ajudá-los em outras tarefas necessárias. Convém, portanto, que ocupe um lugar do qual possa facilmente cumprir o seu ministério, quer junto à cadeira presidencial quer junto ao altar. No rito das oferendas, e na ausência do diácono, o acólito põe sobre o altar o corporal, o sanguinho, o cálice, a patena, a pala, as âmbulas com hóstias para a consagração e o Missal, como também auxilia na preparação das oferendas e no Lavabo.

    Quando há incensação, o acólito apresenta ao sacerdote o turíbulo e o auxilia. A incensação na missa acontece: no início, quando são incensados o altar, a cruz e imagem, se for o caso. A imagem de um santo só é incensada uma vez, no início. A incensação vai continuar depois: na proclamação do Evangelho, no rito das oferendas (oferendas, cruz, altar e, em seguida, o sacerdote e o povo) e nas elevações durante a consagração.

    Como ministro extraordinário da comunhão, o acólito instituído ajuda a distribuir a comunhão e no rito sobre as duas espécies ele deve ministrar o cálice, função esta, porém, que cabe ao diácono, quando presente. Pode ainda, quando legalmente instituído, terminada a distribuição da comunhão, ajudar o diácono ou o sacerdote na purificação dos vasos sagrados, o que se recomenda seja feito na credência, e não no altar como se costuma fazer.

FUNÇÕES DO MINISTRO EXTRAORDINÁRIO DA COMUNHÃO

Na ausência de acólito instituído, o ministro extraordinário da comunhão pode exercer todas as suas funções, entendendo-se que, naquelas situações em que há a presença tanto do acólito como dos demais ministros extraordinários, as funções do altar devem ser assumidas em primeiro lugar pelo acólito ou acólitos instituídos. Na síntese das funções, eles são equiparados, mas só por ordem prática, dada a distinção entre ministério instituído (acólito) e ministério por mandato (ministro extraordinário da Comunhão).

    Se na igreja, casa de oração, já se pede aos fiéis respeito, reverência e atitude piedosa, muito mais se espera dos diferentes ministros. Que todos saibam, pois, portar-se com dignidade, e estejam atentos às suas responsabilidades. Evitem deslocamentos desnecessários, no presbitério ou no altar, e não chamem atenção para si. Em deslocamento, às vezes necessário, sejam discretos e simples, sem desviar a atenção da assembleia.

    É desejável que tantos os acólitos como os ministros extraordinários da comunhão cultivem uma espiritualidade eucarística mais plena, e a eles seja lembrado o que o bispo diz no rito da instituição: “Designados de modo especial para este ministério, esforçai-vos por viver mais intensamente do sacrifício do Senhor, conformando-vos mais plenamente a ele. Procurai entender o sentido profundo e espiritual daquilo que fazeis, oferecendo-vos todos os dias como oblações espirituais, agradáveis a Deus por Jesus Cristo”. E mais: “Servi, portanto, com sincero amor, o corpo místico de Cristo, que é o povo de Deus, especialmente os fracos e os enfermos…”

SÍNTESE DAS FUNÇÕES DOS ACÓLITOS E MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS DA COMUNHÃO

  • Na procissão de entrada, conduzir a cruz processional e as velas. Chegando ao altar, fazer a inclinação simples, isto é, da cabeça.
  • No evangelho, levar as velas até o ambão.
  • No rito das oferendas, ajudar o sacerdote a recebê-las. Outros ministros podem preparar o altar, como indicado mais acima.
  • Ajudar na distribuição da Comunhão, buscando antes as reservas eucarísticas no Sacrário. Aqui, depois de abri-lo, e na volta, antes de fechá-lo, o ministro faz a genuflexão. Na celebração da Palavra com Comunhão, ajudar também na distribuição.
  • Na Comunhão sob as duas espécies, ministrar o cálice, tarefa que é do diácono, quando presente.
  • Ajudar na purificação dos vasos sagrados, que pode ser na credência ou na sacristia.
  • Levar a Comunhão aos doentes
  • Expor o Santíssimo Sacramento para a adoração (mas não podem dar a bênção).
  • Durante a celebração, como já foi dito, apresentar o Missal ao sacerdote, nos momentos requeridos (início da celebração e nas orações presidenciais).

Nota: Deve-se distribuir as funções aqui referidas entre os vários ministros, quando for o caso, reservando-se aquelas mais diretamente ao altar, no auxílio ao sacerdote e ao diácono, como já se falou, para os acólitos instituídos.

FUNÇÕES DO LEITOR

Tudo aquilo que se diz do acólito instituído e que, na sua ausência, pode ser assumido por outros leigos, como os ministros extraordinários da comunhão, aqui também, com relação ao leitor instituído, acontece o mesmo: não havendo aqueles que receberam o ministério pela instituição, então outras pessoas, devidamente preparadas, podem assumir a sua função.

    O leitor tem o mérito de ser aquele pelo qual a Palavra de Deus chega inicialmente à assembleia, em preparação do ponto culminante, que vai ser o Evangelho. Ele é, pois, um arauto da mensagem salvífica, um precursor da Boa Nova, podemos dizer. Daí, a importância e a dignidade de sua função ministerial. Por isso, é preciso que ele se prepare para o exercício de tão nobre função, familiarizando-se com o texto, também quanto ao gênero literário (profecia, parábola, sapiencial, epístola etc.), revelando pela leitura ter assimilado a mensagem que transmite à assembleia.

    Cristo Nosso Senhor, na Sagrada Liturgia, primeiro nos é dado como Palavra salvadora (o Pão da Palavra) e, depois, como Pão da vida eterna, a Eucaristia. Por isso falamos também de duas mesas, a da Palavra (ambão), e a do Pão Eucarístico (altar). Vê-se, pois, que a Palavra de Deus, na Liturgia, é de valor sacramental. Assim, não deve ser apenas lida, mas proclamada, como coloca agora a nova Instrução Geral. Proclamada, a Palavra de Deus se torna celebração, festa, um acontecimento, pois, salvífico.

    Uma orientação, de ordem prática: no exercício de seu ministério, o leitor não precisa dizer, por exemplo: “Proclamação da profecia de Isaías…”, ou “Leitura da epístola de São Paulo aos romanos”, mas melhor seria simplesmente dizer: “Profecia de Isaías”, ou “Carta de São Paulo aos romanos”. Em sentido litúrgico, não é necessária também a citação de capítulos e versículos do livro sagrado. Também o diácono ou o sacerdote deveria dizer: “Evangelho de NSJC, segundo Mateus”, por exemplo, preferível a “Proclamação do Evangelho…”

    Para o bom exercício de seu ministério, algumas exigências, mínimas, de ordem técnica, devem ser lembradas e pedidas ao leitor, como:

a) – Vocalização, isto é, o cuidado especial em pronunciar bem cada sílaba, cada palavra.

b) – Regulação do volume da voz, de modo que se ouça bem o que é dito, especialmente em fins de frase.

c) – Regulação do ritmo da leitura, reduzindo ou acelerando a emissão de voz, segundo o caso, mas sobretudo intercalando pausas nas vírgulas e nos pontos.

d) – Modulação da voz, ou seja, mudando de tom, quando as variações do texto assim o exigir. Isto acontece porque o texto deve ser lido de acordo com o seu gênero literário.

    A exemplo do que se recomenda aos acólitos e aos ministros extraordinários da comunhão, com referência a espiritualidade, aos leitores também se faz a mesma exortação. É desejável, pois, que eles, no exercício de sua função, se dediquem ao cultivo da espiritualidade bíblica, familiarizando-se não só com a Sagrada Escritura, mas também com os lecionários e com a dinâmica litúrgica da Palavra de Deus nos três ciclos de A, B e C. Daí, a necessidade de encontros de formação, de retiro, para uma compreensão mais plena, por exemplo, da dinâmica do Ano Litúrgico em toda a Liturgia.

    Útil a todos os leitores, e não somente aos que receberam o ministério instituído, é a exortação do bispo no rito de instituição: “ Tornando-vos leitores ou proclamadores da Palavra de Deus, ireis colaborar nessa missão. Recebereis assim um ministério especial dentro do povo de Deus e sereis delegados para o serviço da fé, que se fundamenta na Palavra de Deus. Proclamareis esta Palavra na assembleia litúrgica, instruireis as crianças e os adultos, preparando-os para receberem dignamente os sacramentos”. E ainda: “Anunciando aos outros a Palavra divina, sede também dóceis ao Espírito Santo, recebendo-a de coração aberto, e meditando-a assiduamente, a fim de amá-la cada vez mais. Manifestai pelas vossas vidas Jesus Cristo, nosso Senhor”.

SÍNTESE DAS FUNÇÕES DO LEITOR

Na procissão de entrada pode o leitor levar o Evangeliário, que colocará sobre o altar. Neste caso, caminha à frente do sacerdote e, chegando ao altar, não faz nenhuma inclinação. Não levando o Evangeliário, caminha junto com os outros ministros e com estes faz inclinação do corpo. Atente-se para o “pode”: isto significa que, na procissão de entrada, é facultativo levar ou não o Evangeliário, mas, saibamos: a presença do livro contribui para um rito mais solene, principalmente com a presença do Bispo.

    Além de proferir as leituras bíblicas, exceto o Evangelho, o leitor pode igualmente propor as intenções para a oração universal, e, na ausência do salmista, pode também cantar ou recitar o salmo entre as leituras. Pode ainda recitar, no momento próprio, as antífonas do Missal. No rito de instituição, o Bispo diz que os leitores são catequistas da Palavra de Deus.

UMA NOTA SE FAZ NECESSÁRIA:

Dada a ênfase que se dá hoje à participação dos fiéis na Sagrada Liturgia, o ideal, porém, é que haja verdadeira distribuição de funções, como deixa transparecer também a Instrução Geral (nº. 91), referindo-se aos princípios da reforma litúrgica do Vaticano II, que diz: “Nas celebrações litúrgicas, cada qual, ministro ou fiel, ao desempenhar a sua função, faça tudo e só aquilo que pela natureza da coisa ou pelas normas litúrgicas lhe compete” (SC 28).

    Embora então o próprio Missal permita para o leitor as diversas funções, como se explicitou acima, não devemos cair na tentação de procurar o lado prático, admitindo, em circunstâncias não aplicáveis ao espírito da Liturgia, que um mesmo leitor, por ter qualidades maiores, venha a monopolizar tais funções.

FUNÇÕES DO SALMISTA

Compete ao salmista proclamar o salmo ou outro cântico bíblico colocado entre as leituras. Para bem exercer sua função, é necessário que o salmista saiba salmodiar e tenha boa pronúncia e dicção (IGMR 102).

    Embora a Instrução Geral fale de “proclamar”, e que é correta, dada a natureza poética do salmo, contudo, liturgicamente, é melhor falar de canto ou recitação, principalmente na modalidade “responsorial”, que é a mais antiga. O salmo é a resposta da assembleia à palavra ouvida, portanto tem dimensão ascendente, e, na modalidade proposta, o salmista canta ou recita a antífona, que a assembleia responde no mesmo tom, continuando o salmista a cantar ou recitar as estrofes entre as quais a assembleia repete a antífona.

    A Instrução Geral fala apenas de “saber salmodiar e ter boa pronúncia e dicção”, mas recomenda-se ao salmista cultivar também a espiritualidade bíblica e sálmica, identificando-se com o autor sagrado nos diferentes gêneros sálmicos. Aqui, é desejável, pois, a formação bíblica, especialmente aquela ligada à salmodia

FUNÇÕES DOS CANTORES, CORAL, ANIMADOR DO CANTO, MÚSICOS E ORGANISTAS

Entre os fiéis, exerce sua função litúrgica o grupo dos cantores ou coral. Cabe-lhe executar as partes que lhe são próprias, conforme os diversos gêneros de cantos, e promover a ativa participação dos fiéis no canto (IGMR 103).

    Vê-se pela Instrução que não é função dos cantores substituir os fiéis na execução do canto litúrgico, mas favorecer e ajudar a sua participação. Mas isso, às vezes, não acontece. Muitos cantam sozinhos, em tom exageradamente alto, dificultando a participação de todos. Outras vezes são os instrumentos que acabam abafando a voz dos fiéis. Ouve-se a música, mas não se ouve a mensagem da letra, e esta é mais importante. Também, às vezes, canta-se algo que é apenas do gosto dos cantores, sem nenhuma fidelidade ao tempo litúrgico ou à festa que se celebra. Tudo isso precisa ser avaliado e repensado sempre, para que o canto litúrgico recupere a sua importância no âmbito da Liturgia.

    Conforme a Instrução Geral, “o que se diz do grupo de cantores vale também, com as devidas ressalvas, para os outros músicos, sobretudo para o organista”. E conclui dizendo que “mesmo não havendo um grupo de cantores, compete ao cantor dirigir os diversos cantos, com a devida participação do povo”.

    É desejável que o canto litúrgico tenha nas celebrações o seu devido apreço, visto ser ele integrante das ações litúrgicas, e não mero enfeite festivo. Por isso, seus ministros precisam conhecer a real função do canto litúrgico, isto é, sua ministerialidade na Liturgia. Na prática muitas vezes se vê um canto sem tanta importância litúrgica elaborado, porém, com muito esmero, e outro, de maior importância, como que não trabalhado devidamente, o que acaba por manifestar desconhecimento por parte dos responsáveis pela equipe do canto. Fala-se aqui dos graus de importância do canto na Liturgia, ou seja, da compreensão de sua graduação.

FUNÇÕES DO COMENTARISTA

Sobre o comentarista, devemos dizer que sua função, a serviço dos fiéis, deve conter breves explicações e exortações, visando dispor a comunidade para uma participação também mais plena e consciente. Sejam então suas explicações cuidadosamente preparadas, sóbrias e claras. Deve ele exercer a sua função em lugar adequado, voltado para a assembleia, uma vez que está a serviço dela, mas não deve fazê-lo do presbitério e, muito menos, do ambão.

    Com relação ao ministério do comentarista, algumas orientações, de ordem também pratica, talvez sejam valiosas. Assim, na Liturgia da Palavra, por exemplo, em vez de antecipar explicações de sua temática, melhor seria se ele convidasse a assembleia simplesmente a ficar assentada, predispondo-a para a escuta atenta da Palavra de Deus.

    Entendamos: referindo-se à “primeira leitura”, “segunda leitura”, o comentarista está falando o óbvio, isto é, aquilo que toda a assembleia já sabe. Voltando ao tema da Palavra de Deus, muitas vezes aquilo que ele diz não é o que a Liturgia de fato está celebrando, dada a riqueza da revelação bíblica, com suas múltiplas aplicações. Melhor, pois, é deixar que Deus fale. Cabe à assembleia ouvir. De acordo então com o que aqui se propõe, o comentarista poderia, quando muito, dizer, com sobriedade: “Assentados. Vamos celebrar a Liturgia da Palavra. Atentos, ouçamos o que Deus vai nos dizer, pelo profeta e pelo Apóstolo (quando for o caso). No Evangelho, diria simplesmente: “De pé, vamos aclamar e ouvir o Evangelho. É o próprio Cristo que nos fala, como Palavra de vida e de paz”.

    Não é preciso nem conveniente que o comentarista diga exatamente as palavras acima, mas são exemplos que podem ser mudados, melhorados e atualizados. Em algumas comunidades, costuma-se dizer o nome do leitor, mas não é recomendável, pois a atenção deve voltar-se para o Senhor que fala, sendo aqui o leitor instrumento que Deus usa para comunicar-se com o seu povo.

FUNÇÕES DA EQUIPE DE ACOLHIDA

É desejável que em todas as celebrações, principalmente as da Eucaristia, haja um grupo de leigos que, no espírito da liturgia, acolham os fiéis, levando-os aos seus lugares, principalmente quando se trata de pessoas idosas, de crianças e de deficientes. Tal acolhida muito os ajudará na participação, na compreensão e na descoberta do espírito fraterno, que sempre deve manifestar-se na Liturgia. É claro que a equipe de acolhida deve ser constituída por pessoas comunicativas, respeitosas e alegres. Um grupo de “cara fechada” poria tudo a perder. Lembremo-nos de que, se a Igreja não sabe acolher os seus membros, muito menos saberá acolher os de fora (aqui o mundo inteiro) para pregar-lhes o Evangelho da salvação.

FUNÇÕES DA EQUIPE DAS OFERENDAS

Como sabemos, nos primórdios da Igreja, os dons do pão e do vinho, como também a ajuda para os mais necessitados, eram trazidos de casa pelos fiéis e apresentados ao sacerdote neste momento (que nós chamamos de preparação e apresentação das oferendas, não mais portanto de ofertório, como se dizia antigamente).

    O verdadeiro ofertório, como se sabe, só é celebrado após a consagração. Portanto, esse momento, por causa de sua simbologia, deve, em nossas celebrações, ser assumido pela assembleia, representada por alguns de seus membros, que serão previamente convidados para tal função, também na modalidade de equipe. Cada comunidade, porém, pode ter aqui a sua criatividade e sua liberdade, e, variando, convidar, por exemplo, pessoas que tenham alguma identificação com o tema celebrado (dia das mães, dos pais, dos catequistas, das crianças etc.). Os que fazem a procissão das oferendas sejam instruídos para que, chegando ao altar, façam inclinação simples, atendendo a orientação da Instrução Geral.

FUNÇÕES DO SACRISTÃO

A Instrução nomeia também a figura do sacristão, que é aquele “que dispõe com cuidado os livros litúrgicos, os paramentos e outras coisas necessárias para a celebração da missa”. Acrescentamos ainda: para cuidar das hóstias não consagradas, do vinho, da igreja, como casa de oração, abrindo-a e fechando-a. É função simples, mas de importância capital, que deve, pois, ser exercida no mesmo espírito de todos os ministérios.

Mensagem Diária... 28/02/2023

 


sábado, 25 de fevereiro de 2023

REFLEXÃO LITÚRGICA PARA O I DOMINGO DA QUARESMA – 26/02/2023

 Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News

C

omeçamos a Quaresma com um texto que nos possibilita refletir sobre o projeto de Deus a respeito do ser humano. O livro do Gênesis nos apresenta o homem sendo criado como o ponto alto de toda a criação, como imagem e semelhança de Deus. Exatamente por isso ele deverá proceder como superior a tudo e não se deixar influenciar por nenhuma qualidade de qualquer coisa criada, deverá permanecer sempre livre!

É nesse exato momento que entra o a perversão do Mal ao provocar no homem o forte e imperioso desejo de experimentar a fruta proibida, ao ponto de apequenar-se  cedendo às  qualidades olfativas e visuais da fruta em detrimento da orientação do Criador.

Foi o primeiro ato em que o ser humano demonstrou que renunciava a sua liberdade para satisfazer seus instintos, sua curiosidade e, tragicamente, querer ser igual a Deus. Deixou de se reconhecer criatura, homem, vindo da terra, do humus e querendo, com seu próprio poder chegar a ser onipotente. O ser humano trocou a humildade pela soberba, eis o primeiro pecado.

No Evangelho, Jesus, o Homem Perfeito, a verdadeira imagem do Pai, vence o Mal ao manter-se submisso ao Pai e mostrar-se um homem livre. Não será a comida, a satisfação de suas necessidades biológicas que irá submetê-lo às propostas do Mal; nem a tentação do orgulho, da vaidade, do ser renomado, do ser famoso, do prestígio irá fazê-lo aceitar a imposição de Satanás e nem a sedução do poder o derrotará em sua fidelidade ao Pai.

Para nós, a ação de Jesus, sua postura, nos interpela quando em nossa vida somos tentados a satisfazer nossas necessidades naturais, nossos desejos de prestígio e nossa sede de poder. Olhemos para o Homem Perfeito, a Imagem Visível do Deus Invisível, e suas respostas serenas às perturbadoras tentações.

No trecho da Carta aos Romanos, São Paulo nos fala sobre os modos de vida de Adão e de Cristo. O primeiro, como vimos no início de nossa reflexão, mostrou-se fraco. Contudo, essa debilidade foi herdada por todos nós, seus descendentes. Somos conscientes de que titubeamos e fracassamos diante das tentações.

Em Cristo temos exatamente a realização da vocação da natureza humana, ser superior a tudo sendo imagem de Deus, sendo livre!

Mais ainda, não podemos comparar a graça de Deus ao pecado de Adão, nos fala o Apóstolo. Se “pela desobediência de um só homem a humanidade toda foi estabelecida em uma situação de pecado, assim também, pela desobediência de um só, toda a humanidade passará para uma situação de justiça”, que é ser plenamente livre e plenamente unida a  Deus.

Mensagem do dia... 25/02/2023


 

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

QUARTA-FEIRA DE CINZAS

 

 

A

 Celebração da Missa na QUARTA-FEIRA DE CINZAS com a IMPOSIÇÃO DAS CINZAS tem um grande significado para os cristãos, pois marca o início da Quaresma, tempo de preparação, oração e penitência para a Páscoa do Senhor.

A Missa de Cinzas deste ano marca também a abertura da Campanha da Fraternidade 2023, que este ano traz o seguinte tema: “FRATERNIDADE E FOME” e o lema: “DAI-LHE VÓS MESMO DE COMER!” (Mateus 14,16).

De acordo com o Missal Romano, ao longo da Missa da Quarta-Feira de Cinzas, após a homilia, o celebrante abençoa as cinzas, que provêm da queima dos ramos abençoados no Domingo de Ramos do ano anterior, aspergindo água benta sobre elas.

Com as cinzas úmidas, é marcado a testa ou a cabeça de cada fiel, pronunciando uma dessas frases: “Lembra-te que és pó e que ao pó voltarás” ou “Convertei-vos e Crede no Evangelho”.

Esse gesto traz a reflexão sobre a origem e o fim de cada um de nós e também mostra a importância e a urgência de nossa conversão, de renascermos das cinzas, de deixarmos para traz todo o pecado, pois não sabemos quando iremos partir dessa vida. Por essa razão, devemos nos preparar, dia a dia, para a nossa vida definitiva, que está na eternidade com Deus.

A Quarta-Feira de Cinzas continua a ser dia de jejum e abstinência. O cristão católico deve participar da Missa a ser celebrada em todas as Paróquias do Brasil.

Qualquer pessoa pode receber as cinzas, segundo o Catecismo (1670 ss.), mas para isso, a Igreja aconselha jejum e abstinência neste dia, assim como também na Sexta-feira Santa, para as pessoas maiores de 18 e menores de 60 anos.

A Quarta-Feira de Cinzas é uma data relevante dentro da tradição católica e todos devem participar da celebração e receber a imposição das cinzas.

“Lembra-te que és pó e que ao pó voltarás”

“Convertei-vos e Crede no Evangelho”




Mensagem do dia... 22/02/2023

 


sábado, 18 de fevereiro de 2023

REFLEXÃO LITÚRGICA PARA O VII DOMINGO DO TEMPO COMUM – 19/02/2023

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

Chamados por Deus à Santidade: Esse é o tema da Liturgia deste domingo.

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 Senhor nos criou para sermos santos e o sermos como Ele é. Todo filho quer ser igual ao seu pai – se a referência é boa - e a menina tem em sua mãe um modelo a ser seguido.

Do mesmo modo, o Senhor se compraz que sejamos semelhantes a Ele, pois, de fato, fomos criados à sua imagem e semelhança.

A primeira leitura de hoje, tirada do Levítico nos diz: “Sêde santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo”.

E o que é ser santo? De acordo com a leitura é não ter ódio, é alertar o outro para que não peque, é não ser vingativo, é não guardar rancor e amar o próximo como a si mesmo.

Ser santo é agir de modo diferente das outras pessoas que não conhecem sua origem divina. Quem sabe de onde vem, qual é sua família e tem consciência disso, se porta de um modo nobre, porque sabe qual é o valor de seu sangue. Nós, não apenas fomos criados por Deus à sua imagem e semelhança, mas fomos lavados pelo sangue de Cristo e renascidos no batismo. Somos verdadeiramente filhos do Santo.

No Evangelho, Jesus confirma essa nossa filiação e nos propõe: “Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito!” Isso ele fala depois de nos exortar a uma vida de amor e de perdão em relação ao nosso próximo. Não retribuir ofensas e agressões, não odiar o inimigo e amá-lo, enfim agir como o Pai.

Por fim, a segunda leitura, a primeira carta de São Paulo aos Coríntios, nos alerta dizendo que “somos templo do Espírito Santo”. São Paulo acrescenta que a sabedoria deste mundo é insensatez diante de Deus. Com isso Paulo deseja nos falar que nosso modelo de vida, nosso parâmetro deverá ser Deus, nosso Pai e Jesus Cristo, o Verbo Encarnado. Não nos iludamos: os valores mundanos não nos darão a felicidade desejada, só Deus a dará. Somente Jesus tem palavras de vida eterna!

Mensagem do dia... 18/02/2023

 


terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

O CARNAVAL ANTECEDE A PÁSCOA, A MAIOR FESTA CRISTÃ

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assaram poucos dias do réveillon e já direcionamos nossos projetos para o carnaval, nossa próxima grande festa que surgiu a partir da implantação, no século XI, da Semana Santa pela Igreja Católica, antecedida por quarenta dias de jejum, a Quaresma. Esse longo período de privações acabaria por incentivar a reunião de diversas festividades nos dias que antecediam a Quarta-Feira de Cinzas, o primeiro dia da Quaresma. A palavra "Carnaval" está desse modo, relacionada com a ideia de deleite dos prazeres da carne marcado pela expressão "carnis valles", que, acabou por formar a palavra "Carnaval", sendo que "carnis" em latim significa carne e "valles" significa prazeres.

Em geral, o Carnaval dura do domingo a terça-feira que antecedem a Quarta-Feira de Cinzas. Em contraste com a Quaresma - tempo de penitência e privação, estes dias são chamados "gordos", em especial a terça-feira (Terça-Feira Gorda, também conhecida pelo nome francês Mardi Gras). O termo mardi gras é sinônimo de Carnaval.

O Carnaval da antiguidade era marcado por grandes festas, onde se comia, bebia e participava de alegres celebrações e busca incessante dos prazeres. O Carnaval prolongava-se por sete dias nas ruas, praças e casas da Antiga Roma, de 17 a 23 de dezembro. Todas as atividades e negócios eram suspensos neste período, os escravos ganhavam liberdade temporária para fazer o que quisessem e as restrições morais eram relaxadas. As pessoas trocavam presentes, um rei era eleito por brincadeira e comandava o cortejo pelas ruas (Saturnalicius princeps) e as tradicionais fitas de lã que amarravam aos pés da estátua do deus Saturno eram retiradas, como se a cidade o convidasse para participar da folia.

No período do renascimento as festas que aconteciam nos dias de carnaval incorporaram os baile de máscaras, com suas ricas fantasias e os carros alegóricos. Ao caráter de festa popular e desorganizada juntaram-se outros tipos de comemoração e progressivamente a festa foi tomando o formato atual.

Sobre a origem da palavra, há quem defenda que a palavra Carnaval deriva de carne vale (adeus carne!) ou de carne levamen (supressão da carne). Esta interpretação da origem etimológica da palavra leva-nos, indubitavelmente, para o início do período da Quaresma, uma pausa de 40 dias nos excessos cometidos durante o ano, excessos esses que incluem, segundo a religião católica, a alimentação. Assim, a Quaresma era, na sua origem, não apenas um período de reflexão espiritual como também uma época de privação de certos alimentos como a carne.

Outra interpretação para a etimologia da palavra é a de que esta derive de currus navalis, expressão anterior ao Cristianismo e que significa carro naval. Esta interpretação baseia-se nas diversões próprias do começo da primavera, com cortejos marítimos ou carros alegóricos em forma de barco, tanto na Grécia como em Roma e, posteriormente, entre os Teutões.

O Carnaval antecede tempo de jejum, partilha e penitência, a Páscoa, a maior festa cristã, que evoca a Ressurreição de Jesus, é celebrada no domingo após a primeira lua cheia que se segue ao equinócio da primavera, no hemisfério norte.

Tertuliano, São Cipriano, São Clemente de Alexandria e o Papa Inocêncio II contestaram fortemente o carnaval, mas no ano 590 a Igreja Católica aprova que se realizem festejos que consistiam em desfiles e espetáculos de carácter cómico.

No século XV, o Papa Paulo II contribuiu para a evolução do Carnaval, imprimindo uma mudança estética ao introduzir o baile de máscaras, quando permitiu que, em frente ao seu palácio, se realizasse o carnaval romano, com corridas de cavalos, carros alegóricos, corridas de corcundas, lançamento de ovos, água e farinha e outras manifestações populares.

O Carnaval se originou na Grécia em meados dos anos 600 a 520 a.C. Através dessa festa os gregos realizavam seus cultos em agradecimento aos deuses pela fertilidade do solo e pela produção. Passou a ser uma comemoração adotada pela Igreja Católica em 590 d.C. É um período de festas regidas pelo ano lunar no cristianismo da Idade Média. O período do Carnaval era marcado pelo "adeus à carne" ou do latim "carne vale" dando origem ao termo "Carnaval". Durante o período do Carnaval havia uma grande concentração de festejos populares. Cada cidade brincava a seu modo, de acordo com seus costumes. O Carnaval moderno, feito de desfiles e fantasias, é produto da sociedade vitoriana do século XIX.

A cidade de Paris foi o principal modelo exportador da festa carnavalesca para o mundo. Cidades como Nice, Nova Orleans, Toronto e Rio de Janeiro se inspirariam no Carnaval parisiense para implantar suas novas festas carnavalescas. Já o Rio de Janeiro criou e exportou o estilo de fazer carnaval com desfiles de escolas de samba para outras cidades do mundo, como São Paulo, Tóquio e Helsinque.

O Carnaval do Rio de Janeiro está atualmente no Guinness Book como o maior Carnaval do mundo, com um número estimado de 2 milhões de pessoas, por dia, nos blocos de rua da cidade. Em 1995, o Guinness Book declarou o Galo da Madrugada, da cidade do Recife, como o maior bloco de carnaval do mundo.

Em Maceió o Carnaval é adequado a todos os públicos. Tanto para quem busca fugir da folia, quanto para quem quer conferir os agitos de um típico Carnaval no Nordeste. Na sexta-feira, uma semana antes do Carnaval, há o “Jaraguá Folia”, com desfile de blocos que saem pelas ruas do Jaraguá. Muitos foliões emendam com os blocos que desfilam pela orla da Pajuçara no sábado pela manhã, cuja concentração é a partir das 8h. “Lá desfilaram os Blocos “Pinto da Madrugada”, a ‘‘Turma da Rolinha” e “As Pecinhas”, estendendo até o início da noite.

Maceió, situada na região nordeste do Brasil, entre os Estados de Pernambuco, Sergipe e Bahia, fica às margens do Oceano Atlântico. É conhecida principalmente por suas praias que se estendem por 40 quilômetros, seu clima agradável e suas piscinas naturais, cravados em um lugar de extrema beleza, rodeado de coqueiros, extensas lagunas e o mar, é uma das cidades mais turística e atrativa do nordeste brasileiro, lugar onde os visitantes encontram nas suas praias, suas lagunas, seu rico patrimônio histórico e sua excelente gastronomia, um lugar ideal para passar férias inesquecíveis. Suas praias urbanas são as mais bonitas de todas as capitais brasileiras e o Carnaval é para todos os gostos.

Mensagem do dia... 14/02/2023

 


sábado, 11 de fevereiro de 2023

REFLEXÃO LITÚRGICA PARA O 6º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 12/02/2023


 Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

D

eus nos criou livres e depende de nós a escolha que nos fará felizes. O que dependia do Senhor já foi feito. Ele nos criou à sua imagem e semelhança, ou seja, livres, tendo no íntimo de nosso ser buscar o bem e evitar o mal. Somos feitos pelo Sumo Bem, evidentemente, só poderemos estar voltados para a prática do bem. Contudo o Senhor, exatamente porque nos criou à sua imagem e semelhança, nos fez livres. Como diz a leitura do Livro do Eclesiástico “Diante de ti, Ele colocou o fogo e a água; para o que quiseres, tu podes estender a mão. Diante do homem estão a vida e a morte, o bem e o mal; ele receberá aquilo que preferir”. Consequentemente, cada um de nós é sujeito de sua felicidade ou desgraça, à medida que tiver feito escolhas a favor da vida ou da morte.

Evidentemente, tendo herdado o pecado original, sabemos também que a nossa natural inclinação ao bem foi atingida, de modo que, muitas vezes, como nos diz São Paulo, “não faço o bem que quero, mas o mal que não quero”.

No Evangelho vemos a proposta sobre a justiça do Reino dos Céus. Como vimos no domingo passado, somos chamados a sinalizar a aliança de sal, a perene, que não se corrompe. Essa aliança de Deus com cada um dos seres humanos é alimentada por todos nós batizados, que assumimos o projeto do Senhor. Também faz parte de nossa opção aceitarmos essa vocação dada por Jesus, de colaborarmos com Deus na construção da nova sociedade, do Reino de Justiça.

Por fim, a Primeira Carta aos Coríntios nos fala que a perfeição está na sabedoria, mas não na sabedoria deste mundo, muito menos na de seus poderosos, pois ela está voltada para a morte, para a destruição. A Sabedoria de Deus, ao contrário, seu plano de amor em benefício dos homens, está escondida e foi destinada para nossa glória, é o projeto de Deus, sua opção pelos simples, pelos marginalizados. Os poderosos não a conheceram porque, mantendo sua opção, condenaram Jesus à morte e o crucificaram. Contudo, “o que Deus preparou para os que o amam é algo que os olhos jamais viram nem os ouvidos ouviram nem coração algum jamais pressentiu” escreve São Paulo.

        
    Concluindo, a liturgia deste domingo nos exorta a mantermos nossa missão, nossa vocação optando livremente pelo anúncio do projeto de Deus, de anunciar a construção de uma nova sociedade onde a sabedoria de Deus triunfará e os marginalizados deste mundo a conhecerão. Aliás, à medida em que optamos por fazer a vontade de Deus, já desfrutamos no próprio ato de fazer o bem, a alegria e a felicidade que almejamos.

Mensagem do dia... 11/02/2023

 


sábado, 4 de fevereiro de 2023

REFLEXÃO LITÚRGICA PARA O 5º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 05/02/2023

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

“Reparte o pão com o faminto, acolhe em casa os pobres e peregrinos. Quando encontrardes um nu, cobre-o, e não desprezes a tua carne. Então, brilhará tua luz como a aurora e tua saúde há de recuperar-se mais depressa; à frente caminhará tua justiça e a glória do Senhor te seguirá.”

C

ompreendemos desse texto do Profeta Isaías que o jejum é solidariedade com os famintos, é partilhar o próprio pão e o próprio teto. Não existe culto a Deus separado da justiça social. Experimentamos Deus a partir dos sofrimentos humanos. Deus não nos pede que provoquemos dor e desconforto em nosso corpo. Ele nos pede misericórdia, compaixão com aquele que sofre, solidariedade, partilha de dons. A privação que Deus nos pede não é um gesto de ascese, de autodisciplina, mas de acolhida do outro na situação em que se encontra, é compaixão. O crescimento espiritual não pode ser voltado para si mesmo, seria estéril, mas quando me privo para ir em socorro do outro, por causa do outro, por causa de Deus e não de mim mesmo, aí cresço. Não podemos confundir o jejum cristão, os exercícios de abnegação com mera privação em que eu saio melhor porque dominei meu corpo, dominei meus desejos. Para isso não precisamos amar o próximo e nem a Deus.

O atleta, a pessoa que cultiva sua elegância física, o e a modelo também se privam de alimentos, fazem bastantes exercícios físicos, vão passar fome em um spa não por amor ao próximo ou a Deus, mas por beleza, por saúde, por vaidade. O dinheiro economizado com esse jejum, se é que economizou e não gastou mais ainda, certamente não será dado aos pobres, mas gasto em produtos que realcem o sacrifício realizado: a beleza física! Do mesmo modo, certos caminhos espirituais que propõem uma vida ascética, difícil até, mas com o único objetivo de crescimento e autodomínio, se tornam estéreis - dentro de uma visão judaico-cristã - porque se esquecem da verdadeira dimensão espiritual que direciona o culto religioso a Deus concretizando-se no serviço ao próximo. Segundo Isaías, a partilha é a transfiguração da pessoa, quando ele diz: “Então, brilhará tua luz como a aurora”!

No Evangelho Jesus diz que os seus discípulos são sal da terra e luz do mundo. Como entender isso?

No passado, como por exemplo no livro dos Números 18,19 está escrito “aliança de sal”, uma aliança que se pereniza. Ora, o Senhor ao falar que somos “sal da terra” quer nos dizer que somos aqueles em que Ele confia para perenizar entre os homens o seu amor, sua aliança, para construir o Reino de Justiça. E o sal não perde o sabor, nos alerta o Mestre, nos dizendo da necessidade de nos mantermos fiéis à nossa missão, caso contrário, se perdermos o sabor, seremos jogados por terra para sermos pisados, desprezados, pois perdemos nossa sublime missão.

A luz brilha e Jesus nos chamou de luz do mundo. Deveremos brilhar no mundo, iluminá-lo para levá-lo ao Senhor. “A luz de vocês brilhe diante das pessoas, para que elas vejam as boas obras que vocês fazem, e louvem o Pai que está no céu”.

Concluindo a mensagem deste domingo poderemos levar a seguinte mensagem: Meu relacionamento com Deus me leva a abrir meu coração e meus bens aos pobres e ser misericordioso. Com essa atitude colaborarei com o Senhor na construção do Reino de Justiça. Serei sal, conservando sua aliança de Amor com o ser humano e também serei farol, luz para aqueles que são de boa vontade e desejam chegar até Deus.