Ana Lucia Santana
Possui mestrado
em Teoria Literária pela USP
O
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Natal é
uma festa que comemora o nascimento de Jesus entre os homens. Esta homenagem ao
Menino Jesus é, ao lado da Páscoa, a cerimônia mais respeitável do calendário
cristão. Este evento desperta entre os cristãos do mundo todo sentimentos de
solidariedade e fraternidade, instaura-se no Planeta um clima de amor e união.
Apesar de hoje estar subvertida pelo consumismo voraz, sufocada pelo
materialismo vigente, esta festa preserva um significado especial, como se
realmente Jesus renascesse entre nós. Mesmo os que não acreditam na vinda do
Messias se deixam contagiar pela atmosfera reinante na Terra.
A palavra Natal vem do latim ‘natális’, com
origem no verbo ‘nascor, nascéris, natus sum, nasci’, denotando nascer, ser
inserido no mundo. Os cristãos primitivos tinham o hábito de cultivar cada
passagem da vida de Jesus, especialmente os que estão ligados à Paixão e à
Morte na Cruz. Mas, curiosamente, naquela época não se comemorava o aniversário
de ninguém, portanto não se considerava importante gravar o dia do nascimento
das pessoas. Por esse motivo não se legou para a posteridade a data do
aparecimento de Jesus em nosso mundo. No século IV, o Papa Júlio I instituiu o
dia 25 de dezembro para a comemoração do Natal. Sua celebração oficial foi
decretada pelo Papa Libério, no ano 354 d.C. Isso não significa que Jesus tenha
realmente nascido neste dia.
O Natal é uma festa que, na verdade, ocupa o
lugar de uma comemoração pagã, um culto ao deus Mitra, divindade persa que
revelava o retorno do Sol no auge do inverno no Hemisfério Norte – fenômeno
chamado de Solstício de Inverno. A veneração a este deus teve início em Roma no
último século antes da vinda de Cristo, e era uma das religiões que mais
agradava ao povo romano durante o Império. Aos poucos o Cristianismo foi
moldando essa celebração à sua imagem e semelhança. Assim, a Igreja não
precisou proibir estas festas pagãs, mas apenas realizar uma espécie de
sincretismo religioso, conferindo-lhes um caráter cristão.
Segundo a visão bíblica, no mês que, pelo
calendário gregoriano, está em correlação com o mês judaico da época do
nascimento de Jesus, a segunda metade de dezembro, o frio seria tão intenso que
não se encontraria ninguém fora de um abrigo, mas Lucas, em seu Evangelho, se
refere a pastores que habitavam ao ar livre com seus rebanhos na região onde
Jesus nasceu. Assim, os pesquisadores acreditam que o Messias não pode ter
nascido neste momento, mas sim em algum período na primavera ou no verão. Mas
também pode ser que esta passagem evangélica seja apenas simbólica.
O Natal é impregnado de magia, é um ritual
que, ao longo do tempo, englobou cultos, canções específicas, dramas
religiosos, entre outros elementos. Atualmente, várias festas são realizadas,
como o Auto de Natal – uma pequena reprodução do nascimento de Jesus, desde a Anunciação
do anjo Gabriel à Maria até a visita dos Reis Magos –; a Folia de Reis - festa
de origem portuguesa que relembra anualmente a visita dos Reis Magos a Jesus,
entre outras. A Árvore de Natal simboliza a transformação da vida, o nascimento
do Messias, o pinheiro foi eleito em função de suas folhas estarem sempre
viçosas, plenas de vida. Esta tradição apareceu pela primeira vez na Alemanha.
A troca de presentes é uma herança das oferendas dos Reis Magos ao Menino Jesus
por ocasião de seu nascimento. As velas significam boa vontade, a receptividade
das pessoas. Os cartões apareceram na Inglaterra em 1843, foram concebidos por
John C. Horsley, que elaborou o primeiro deles para doá-lo a um amigo. Já os
alimentos próprios do Natal representam a abundância, uma vez que na
Antiguidade grande parte das pessoas passava fome e valorizava a carne como um
prato de extrema importância.
O Presépio é um retrato da gênese de Jesus em
uma estrebaria, tendo como berço a manjedoura. São Francisco de Assis foi o
artífice do primeiro presépio, em 1223. Hoje este ritual se perpetua, não mais
nas mãos de uma elite ou de ordens religiosas, mas sim através da tradição
popular.
Papai Noel, por sua vez, foi baseado em São
Nicolau Taumaturgo, arcebispo de Mira, no século IV. Ele costumava auxiliar,
anonimamente, qualquer pessoa que se encontrasse com problemas financeiros. São
Nicolau tinha o hábito de depositar um saco com moedas nas chaminés das casas
dos seus protegidos. Depois de ser declarado responsável por vários milagres,
ele foi declarado santo e tornou-se um símbolo do Natal, a partir também da
Alemanha.
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