Dom
Sergio da Rocha
Cardeal
Arcebispo de Brasília
C
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ontinua a ecoar na
vida da Igreja, especialmente na liturgia de hoje, o lema do Jubileu da
Misericórdia, proclamado pelo Papa Francisco e concluído em 2016: “Sede
misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso”.
O Antigo Testamento
já conhecia a exigência do amor ao próximo. “Amarás
o teu próximo como a ti mesmo!”, afirmava o Levítico (Lv 19,18). Na primeira leitura, com o
Primeiro Livro de Samuel, recordamos o exemplo de Davi, que tendo ocasião de
eliminar o inimigo que o perseguia, preserva-lhe a vida, rejeitando recorrer à
violência. Contudo, Jesus vai muito além da compreensão que se tinha do amor ao
próximo, incluindo o amor até ao inimigo. No Evangelho (Lc 6,27-38), Jesus nos mostra como amar o próximo, ampliando e
tornando mais exigente o que até então se afirmava na Lei. O que diferencia a
atitude dos seus discípulos da conduta dos que não o seguem?
Os discípulos de
Jesus não devem amar apenas aqueles que os amam ou saudar apenas os próprios
irmãos. Para amar como Jesus ama e como ele ensinou a amar, é preciso incluir
no mandamento do amor ao próximo o que ele hoje nos diz: “amai
os vossos inimigos”, amar não somente aqueles que nos amam,
indicando-nos as atitudes a serem cultivadas diante deles: fazer o bem, rezar, não recorrer à
violência, à vingança, não condenar, perdoar. Felizes aqueles que
acreditam nesta Palavra de Jesus e se esforçam para vivê-la. Felizes são os
misericordiosos, como o Pai Celeste.
O “homem natural” ou “terrestre”, o velho homem,
ao qual se refere São Paulo, recorrendo à figura de Adão, é chamado a uma vida
inteiramente nova, a ser um novo homem, o “homem
espiritual” ou “celeste”,
à imagem de Cristo, graças à sua ressurreição (1Cor 15,45-49). A vivência e o testemunho do amor ao próximo, como
Jesus nos ensinou, caracterizam a vida nova e o homem novo.
O Salmo que hoje
rezamos também nos leva a voltar os olhos para o Pai misericordioso,
proclamando que “o Senhor é bondoso e compassivo”.
Podemos viver no amor misericordioso, graças à misericórdia do Pai, cujo amor é
sem limites. Com o Salmo 102, nós louvamos a Deus reconhecendo que ele perdoa
as nossas culpas, “cerca de carinho e compaixão”, “é indulgente, é favorável, é paciente, é bondoso e
compassivo”.
PODEMOS AMAR ATÉ O INIMIGO, PORQUE DEUS
NOS AMA E SUSTENTA O NOSSO AMOR.
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