Dom Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
Cardeal Arcebispo de Brasília
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Palavra de Deus nos apresenta
dois estilos diferentes de vida, duas maneiras diferentes de pensar e viver. Na
primeira leitura, o profeta Jeremias distingue os que colocam a sua confiança
no homem e os que colocam a confiança em Deus. Para tanto, ele recorre a duas
imagens muito significativas: as plantas sem vida, no deserto, e a “árvore
plantada junto às águas”, que se mantém verde em tempo de seca. Na
mesma perspectiva, coloca-se o Salmo Responsorial.
A passagem das bem-aventuranças narrada por S. Lucas expressa também
dois estilos de vida e duas lógicas opostas. São felizes, bem-aventurados, os
pobres, os que passam fome, os que choram e os que são perseguidos por causa de
Jesus. Deles é o Reino de Deus! É importante recordar a narrativa de S. Lucas
proclamada no 3º Domingo deste Tempo Comum, apresentando a missão de Jesus, na
sinagoga de Nazaré. Ungido pelo
Espírito, ele vem para anunciar a boa nova aos pobres, a liberdade aos oprimidos,
a visão aos cegos e o ano da graça para todos (Lc 4, 14-21). É bem-aventurado quem aceita o Reino de Deus proclamado por Jesus
Cristo e o reconhece como Messias. É feliz quem ouve Jesus e o segue, numa vida
nova, segundo os critérios do Reino. Infelizes são aqueles que seguem outro
modo de pensar e de viver, rejeitando a boa nova do Reino anunciada por Jesus,
ao preferir o gozo das riquezas e da fartura, os elogios e a alegria mundana,
indiferentes aos que sofrem com a pobreza e aflições.
Diante da Palavra de Deus, necessitamos fazer escolhas coerentes com a
fé que professamos e celebramos. Ser feliz, ser bem-aventurado é um dom que nos
é oferecido por Cristo e que exige a nossa resposta, o nosso “sim”,
bem como os esforços necessários para caminhar na nova vida.
São Paulo apresenta a o sentido pleno da nossa vida e da nossa fé na
ressurreição de Jesus. A nossa vitória sobre a morte é consequência da vitória
de Cristo ressuscitado. Ele adverte para os que vivem somente “para
esta vida” (1 Cor 15,19), esquecendo-se da
vida futura de ressuscitados. Não podemos viver neste mundo como se aqui fosse
a nossa morada definitiva, apegados a bens passageiros. Devemos viver o momento
presente, com responsabilidade, construindo o mundo segundo os critérios do Reino
de Deus, mas sabendo que a nossa esperança não se esgota na vida presente.
Diante da riqueza inesgotável da Palavra de Deus proclamada, por ela
iluminados e animados, nós proclamamos que é “feliz o homem quem a Deus se
confia” e “encontra a seu prazer na lei de Deus” (Salmo 1).
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