Dom Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
O
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Evangelho segundo S. Lucas narra a visita que
Jesus fez à casa de Marta e Maria. Ambas acolhem Jesus, embora de diferentes
modos. A dona da casa, Marta, recebeu Jesus ocupando-se dos afazeres da casa.
Sendo ela quem recebeu Jesus em sua casa (Lc 10,38), pode-se deduzir que
agia assim para acolher bem a Jesus, pois não haveria sentido recebê-lo e não
lhe dar a devida atenção. Jesus não censura Marta por estar trabalhando, mas
por “andar agitada por muitas coisas”. Vivemos numa época em que as
pessoas andam demais preocupadas e agitadas por muitas coisas. Por isso, perdem
a paz e a alegria de viver. Não se pode viver assim!
Maria, irmã de Marta,
recebe Jesus de outro modo: “sentou-se aos pés do Senhor e escutava a sua
palavra”. O que Maria estava fazendo era muito importante e sempre
muito necessário na vida cristã. Hoje, é preciso repetir o seu gesto:
colocar-se diante do Senhor, para escutar a sua palavra e conversar com
ele. Contudo, Marta achou que sua irmã
estava errada, agindo daquele modo. Por isso, chegou a dizer a Jesus: “Senhor,
não te importas que minha irmã me deixe sozinha com tanto serviço?”,
acrescentando, “manda que ela me venha ajudar!”. Em resposta,
Jesus lhe diz que Maria estava certa, pois o que ela estava fazendo era muito
necessário e não podia ser negado.
Marta e Maria
representam duas dimensões da vida cristã: o trabalho e a oração. Ambas são
importantes! Por meio do trabalho cotidiano, o cristão pode unir-se a Jesus e
glorificá-lo. Necessitamos de gente disposta a atuar, com dedicação, nas
comunidades, pastorais e movimentos eclesiais. Necessitamos de cristãos
atuantes na sociedade. Necessitamos de Marta! Contudo, sem a oração e a escuta
da Palavra, corre-se o risco de perder-se em meio às preocupações, agitado por
muitas coisas. É preciso imitar Maria para poder cumprir bem as tarefas
cotidianas e superar os desafios. É preciso unir-se a Jesus pela oração para
continuar unido a ele em meio às atividades do dia a dia. Assim sendo, esta
passagem nos faz pensar no modo como estamos trabalhando e na maneira como
estamos rezando. Qual é o tempo que temos dedicado à oração pessoal, em família
ou em comunidade? Qual a importância que temos dado à leitura e meditação da
Palavra de Deus, a adoração ao Santíssimo Sacramento, ao santo Rosário e a
participação nas missas? É preciso refazer a experiência de Maria, colocar-se
aos pés do Senhor para escutá-lo.
Em resposta ao
Evangelho meditado, não bastam boas intenções, embora seja um bom começo querer
sinceramente melhorar. É preciso organizar melhor o dia a dia a fim de
encontrar o devido tempo para orar mais e melhor, assim como para servir os
irmãos.
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