Dom Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
O
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texto do Evangelho segundo Lucas, hoje
proclamado, inicia-se com uma afirmação fundamental para compreender o que se
passa a seguir: “Jesus estava rezando”. São muitas as situações em que
Jesus reza, conforme os Evangelhos. O
exemplo de Jesus leva os discípulos a quererem aprender a rezar, segundo o
pedido de um deles: “Senhor, ensina-nos a rezar” (Lc 11,1).
Em resposta, Jesus lhes
ensina a oração que nós denominamos “Pai Nosso”. Contudo, junto com as
palavras que nos ensina a dizer ao Pai, ele também ensina as atitudes que devem
acompanhar a oração, especialmente, a confiança e a perseverança em Deus, bem
como, o amor ao próximo, que se expressa no perdão. Não se pode rezar o Pai
Nosso de qualquer jeito, apenas repetindo palavras. É preciso rezar com o
coração e atitudes de filhos e de irmãos, pois não se pode aceitar a Deus como
pai e rejeitar os irmãos. Filhos que confiam no Pai; filhos que fazem a vontade
do Pai; filhos que permanecem fiéis ao Pai e, por isso, procuram viver
fraternalmente como irmãos. Procuremos rezar, de coração, a oração que o Senhor
nos ensinou, nas diversas situações da vida, em meio a alegrias ou dores. Jesus
se dirigiu ao “Pai” também na hora da paixão, no jardim das oliveiras e
na própria cruz.
É importante
recordar-se sempre que foi de Jesus que recebemos esta belíssima oração,
através da Igreja. Por meio do Pai Nosso, nós manifestamos a graça de pertencer
à família dos filhos de Deus, reconhecendo-o como Pai e, ao mesmo tempo,
aceitando os outros como irmãos. Pelo batismo, ingressamos na Igreja e passamos
a chamar a Deus como Pai nosso. Por isso, é preciso revalorizar o batismo e a
nossa pertença à Igreja. Na segunda leitura, a Carta de São Paulo aos
Colossenses (Col 2,12-14) fala do batismo como sendo a nossa
participação na morte e ressurreição de Cristo, como passagem da morte do
pecado à vida em Cristo, graças à sua vitória pascal. A oração de Abraão,
verdadeiro diálogo com Deus, apresentado na primeira leitura (Gn 18,20-32),
faz-nos pensar na importância de orar não somente por si.
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