Dom
Sergio da Rocha
Cardeal
Arcebispo de Brasília
O
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Evangelho deste 23º Domingo do Tempo Comum (Lc
14,25-33) nos apresenta as condições para ser discípulo propostas por Jesus
aos que o seguiam no caminho para Jerusalém. A expressão “não pode ser meu
discípulo” aparece três vezes no relato de São Lucas. Não pode ser
discípulo de Jesus, isto é, não pode seguir os seus passos, quem não for capaz
de aceitar as renúncias e de carregar a cruz. É importante recordar-se que
Jesus está caminhando para a paixão e a morte na cruz, em Jerusalém. O
discípulo deve estar pronto para subir o calvário com Cristo e permanecer com
ele na hora da cruz.
Quanto às renúncias,
não basta deixar os pecados. É preciso renunciar também a coisas boas para
seguir a Jesus. O Evangelho menciona o desapego à família, à própria vida e a
renúncia aos bens materiais. O discípulo dever estar disposto a tais renúncias,
ainda que elas não venham a ocorrer sempre de modo total. Isso que pode parecer
demais para o mundo de hoje, ocorre frequentemente na vida cristã. Por exemplo,
quem quiser participar da missa, servir a comunidade, atuar em alguma pastoral
ou visitar um doente, deverá estar disposto a fazer alguma renúncia. Quem
quiser viver para si ou unicamente para o trabalho ou a família, não terá tempo
para estar na comunidade e servir os outros irmãos.
É preciso pensar no
modo como seguimos a Cristo, conforme nos sugerem as imagens do construtor
imprudente e do rei diante da batalha, utilizadas por Jesus no trecho meditado.
Naquele tempo, assim como ocorre hoje, muita gente não tinha consciência da
seriedade de ser discípulo, vivendo mais ou menos o Evangelho, sem dar a devida
prioridade ao seguimento de Cristo.
Entretanto, qual é o
homem que pode conhecer a vontade de Deus? (Sb 9,13). A esta pergunta, o
próprio livro da Sabedoria nos responde, mostrando-nos que isso é possível
somente pela sabedoria que Deus nos concede e pelo Santo Espírito que ele nos
envia (Sab 9,17). Com a
sabedoria divina, podemos discernir retamente o valor dos bens deste mundo e
perseverar no discipulado. Com ela, podemos tratar as pessoas com verdadeiro
amor, tratando o próximo como “irmão querido” e não como “escravo”,
conforme a expressão empregada por S. Paulo na Carta a Filemon, pedindo-lhe para
receber Onésimo “como pessoa humana e irmão no Senhor”.
Sejamos
reconhecidos, hoje, como discípulos pela vivência do amor ao próximo, assumindo
as renúncias que se fizerem necessárias para tratar a todos como “irmãos
queridos”, em Cristo.
Aproveite este mês
especialmente dedicado à Bíblia, para ler e meditar mais a Palavra de Deus e
com maior atenção. Faça a leitura orante da Bíblia! Procure por em prática a
Palavra de Deus!
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