Dom
Sergio da Rocha
Cardeal
Arcebispo de Brasília
A
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parábola do administrador infiel (Lc
16,1-13) necessita ser bem compreendida para não se cair no erro de
interpretá-la como favorável à desonestidade. O administrador é chamado a
prestar contas da sua administração, pois estava sendo acusado de esbanjar os
bens do proprietário. Ao final, ele foi elogiado, não por ser desonesto, mas “porque
agiu com esperteza”. A sua atitude faz pensar que “os filhos deste mundo
são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz” (Lc 16,8).
Diante dos problemas, não se pode ficar acomodado como mero expectador, mas
agir com prontidão para superá-los. Diante dos bens materiais, a atitude deve
ser a de administração prudente e responsável, ao invés de querer possuir
sempre mais ou de obter bens de modo desonesto.
A parábola se
completa com uma exortação a ser “fiel nas pequenas coisas” para ser “fiel
também nas grandes”, pois quem é injusto nas pequenas coisas, será injusto
também nas grandes. É comum as pessoas acharem que pequenas faltas não têm
importância no dia a dia. Quando alguém se deixa levar pela infidelidade nas
pequenas coisas, acabará caindo em infidelidades maiores, provocando sofrimento
para si e para os outros.
A conclusão da
parábola não deixa dúvidas sobre a condenação da desonestidade e da ganância na
administração dos bens: “vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Lc
16,13), afirma Jesus. Nesta perspectiva, encontra-se a profecia de Amós (Am
8,4-7). Ele condena severamente a desonestidade e as injustiças,
ressaltando que Deus não se esquecerá do que estão fazendo contra os pobres: “maltratam
os humildes”, “causam a prostração dos pobres da terra”, “dominam
os pobres”.
Na Primeira Carta a
Timóteo (1Tm 2,1-8), proclamada na segunda leitura, S. Paulo nos recorda
a necessidade da oração para a vida pessoal e social, recomendando “que em
todo lugar os homens façam orações, erguendo mãos santas, sem ira e sem
discussões” (2,8). A oração deve ser acompanhada do esforço para
viver na santidade, especialmente, o amor ao próximo, o que inclui a
honestidade. As mãos erguidas em oração devem ser também mãos estendidas aos
irmãos. Na liturgia eucarística, erguemos as mãos para o Pai, em oração, para
logo depois estendê-las aos irmãos, desejando-lhes a paz.
A Palavra de Deus
deve ser acolhida e vivida para que possamos servir a Deus e não ao dinheiro. É
preciso deixar-se interpelar por ela, procurando discernir o que Deus quer de
nós, a cada dia. Não se esqueça de continuar
a ler e a meditar a Palavra durante a semana, especialmente, neste mês dedicado
à Bíblia.
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