Dom José Aparecido Gonçalves de Almeida
Arquidiocese de Brasília - DF
N |
este ano, este caminho
missionário de toda a Igreja continua à luz da palavra que encontramos na
narração da vocação do profeta Isaías: «Eis-me aqui, envia-me» (Is 6, 8).
É a resposta, sempre nova, à pergunta do Senhor: «Quem enviarei?». Esta chamada
provém do coração de Deus, que interpela quer a Igreja quer a humanidade na
crise mundial atual. O sofrimento e a morte fazem-nos experimentar a nossa
fragilidade humana; mas, ao mesmo tempo, todos nos reconhecemos participantes
dum forte desejo de vida e de libertação do mal.
No
Sacrifício da Cruz, onde se realiza a missão de Jesus, Deus revela que o seu
amor é por todos e cada um. E pede-nos a nossa disponibilidade pessoal para ser
enviados…. Por amor dos homens, Deus Pai enviou o Filho Jesus. Jesus é o
Missionário do Pai: a sua Pessoa e a sua obra são, inteiramente, obediência à
vontade do Pai. Por sua vez, Jesus crucificado e ressuscitado por nós, no seu
movimento de amor atrai-nos com o seu próprio Espírito, que anima a Igreja,
torna-nos discípulos de Cristo e envia-nos em missão ao mundo e às nações.
A
missão não é um programa, um intuito concretizável por um esforço de vontade. A
missão é resposta, livre e consciente, à chamada de Deus. Mas esta chamada só a
podemos sentir, quando vivemos numa relação pessoal de amor com Jesus vivo na
sua Igreja. Perguntemo-nos: estamos prontos a acolher a presença do Espírito
Santo na nossa vida, a ouvir a chamada à missão quer no caminho do matrimónio,
quer no da virgindade consagrada ou do sacerdócio ordenado e, em todo o caso,
na vida comum de todos os dias? Estamos dispostos a ser enviados para qualquer
lugar a fim de testemunhar a nossa fé em Deus Pai misericordioso, proclamar o
Evangelho da salvação de Jesus Cristo, partilhar a vida divina do Espírito
Santo edificando a Igreja? Como Maria, a Mãe de Jesus, estamos prontos a
permanecer sem reservas ao serviço da vontade de Deus? Esta disponibilidade
interior é muito importante para se conseguir responder a Deus: Eis-me aqui,
Senhor, envia-me.
A
compreensão daquilo que Deus nos está a dizer nestes tempos de pandemia
torna-se um desafio também para a missão da Igreja. Longe de aumentar a
desconfiança e a indiferença, esta condição deveria tornar-nos mais atentos à
nossa maneira de nos relacionarmos com os outros. E a oração, na qual Deus toca
e move o nosso coração, abre-nos às carências de amor, dignidade e liberdade
dos nossos irmãos, bem como ao cuidado por toda a criação. Neste contexto,
é-nos dirigida novamente a pergunta de Deus – «quem enviarei?» – e aguarda, de
nós, uma resposta generosa e convicta: Eis-me aqui, envia-me. Deus continua a
procurar pessoas para enviar ao mundo e às nações, a fim de testemunhar o seu
amor, a sua salvação do pecado e da morte, a sua libertação do mal.
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