Dom Paulo Cezar Costa, Arcebispo
Metropolitano de Brasília
“FAZEI TUDO O QUE
ELE VOS DISSER”
A |
Palavra de
Deus, no Evangelho deste domingo, nos faz olhar para o mistério de Maria, nesta
bela narrativa das Bodas de Caná (Jo 2, 1-11). Uma festa de casamento
onde está presente a Mãe de Jesus, Jesus e seus discípulos. Nesta festa, o
vinho vem a faltar. O vinho significa os tempos messiânicos, os bens
messiânicos. A mãe de Jesus lhe diz: “Eles não têm mais vinho”.
Jesus responde: “Que queres de mim, mulher? Minha hora ainda não chegou”.
A hora de Jesus é o momento da sua morte, da sua entrega na cruz. O Evangelho
de São João é voltado para essa hora. É o momento da glorificação do Filho do
Homem. Maria diz aos servos: “Fazei tudo o que ele vos disser”.
Ela aponta para os servos a vontade do Filho. Os servos, nesta cena, são
descritos com a palavra grega diakonos. Diakonos significa o discípulo. Ela,
nesta cena, nos aponta a vontade do Filho, mas onde está contida a vontade do
Filho? Onde encontrar a vontade do Filho? A vontade do Filho se encontra nas
Escrituras, na Palavra de Deus, principalmente nos Evangelhos.
O papa Bento XVI, na Verbum
Domini, n. 27 afirma que o mistério de Maria está intimamente ligado à Palavra
de Deus. “No nosso tempo, é preciso
que os fiéis sejam ajudados a descobrir melhor a ligação entre Maria de Nazaré
e a escuta crente da Palavra divina”. Maria foi a mulher que acolheu a
Palavra, gerou a Palavra, viveu da Palavra de Deus. Olhando para ela, nossa
Igreja Arquidiocesana quer ser uma Igreja fiel a este mandato de Maria. Para
isso, o nosso Plano Arquidiocesano de Pastoral se centra na Palavra de Deus.
Queremos que a palavra de Deus
esteja no centro da vida de cada católico, de cada pastoral, de cada movimento,
como já nos exorta a Verbum Domini, n. 73: “Nesta linha, o sínodo convidou a
um esforço Pastoral particular para que a Palavra de Deus apareça em lugar
central na vida da Igreja, recomendando que «se incremente a “pastoral
bíblica”, não em justaposição com outras formas da pastoral, mas como animação
bíblica da pastoral inteira». Não se trata simplesmente de acrescentar qualquer
encontro na paróquia ou na diocese, mas de verificar que, nas atividades
habituais das comunidades cristãs, nas paróquias, nas associações e nos
movimentos, se tenha realmente a peito o encontro pessoal com Cristo que Se
comunica a nós na sua Palavra. Dado que «a ignorância das Escrituras é a
ignorância de Cristo», então podemos esperar que a animação bíblica de toda a
pastoral ordinária e extraordinária levará a um maior conhecimento da Pessoa de
Cristo, Revelador do Pai e plenitude da Revelação divina”.
Parte-se da firme convicção de
que a Palavra de Deus ouvida, acolhida, meditada, rezada formou no decorrer da
história da salvação, homens e mulheres livres e operantes e que ela continuará
a realizar esta mesma realidade hoje. Por isso, trabalhamos por uma Igreja
centrada na Palavra, uma Igreja que escute a Palavra, a medite, a reze.
Queremos que a Palavra de Deus continue a formar, hoje, o discípulo
missionário, a comunidade eclesial missionária.
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