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odo casal já brigou por causa de
dinheiro ou de ciúme. Assim como crises sexuais e divergências geradas por
visões de mundo distintas são comuns. Brigas e discussões fazem parte – e, se
não acontecem, é um indício de que algo vai mal. Uma união deixa de ser
saudável quando o que seria uma crise normalmente se torna uma constante. Um
casal que compete agressivamente entre si, por exemplo, vive uma relação doentia.
É o que o psicólogo argentino Bernardo Stamateas chama de “relação tóxica”. Ele
reuniu em livro os nove tipos de relação que considera maléficos ao casal.
Em
“Paixões Tóxicas”, recém-lançado no Brasil (editora Academia), Stamateas mostra
como esses modelos de união geram desgastes que podem levar ao divórcio. E
oferece possíveis saídas para quem vive um relacionamento com essas
características. “Uma simples crise vira uma relação tóxica quando ela não é
resolvida e passa a se repetir”, diz o autor.
Em
uma relação assim, as duas partes se acusam entre si e buscam culpados para o
problema. Segundo o autor, eles vão atrás de ajuda profissional muito mais para
confirmar que seus pontos de vista são os corretos do que para encontrar uma
solução. A relação está tão contaminada que ambos só querem ter razão. Para o
psicólogo, não há receita de sucesso para uma união. Uma coisa, no entanto, ele
garante: o bom humor é ingrediente básico para um casamento saudável. “A falta
de senso de humor é certamente uma das maiores inimigas de um casal”, defende.
A
seguir, conheça os nove modelos de relacionamento fadados ao fracasso:
1. HUMILHANDO O PARCEIRO
Um
desmerece o outro o tempo todo nas “relações de desqualificação”.
O
parceiro que sempre diminui e desqualifica o outro, inclusive na frente das
demais pessoas, está buscando um culpado para os seus problemas. “Ninguém é só
defeitos. Além disso, se você escolheu aquela pessoa para dividir a vida, é
porque certamente viu qualidades em um primeiro momento”, alerta o psicólogo
Bernardo Stamateas. Portanto, faça um resgate dessas qualidades. E não se
esqueça de assumir a sua parcela de responsabilidade nas coisas. Não aponte o
dedo em busca de culpados.
2. SOLIDÃO A DOIS
São
as “relações de estancamento”, ou seja, quando reinam a indiferença e a falta
de diálogo.
Sabe
aquele casal que está há tanto tempo junto que nem lembra mais por que se
casou? Eles estão estancados. Uma vida tediosa, vivida em nome dos filhos e da
convenção social. “São aqueles casais que não estão bem, mas também não estão
‘tão mal assim’ a ponto de querer mudar”, explica Stamateas. Esperam que a
paixão inicial se reacenda um dia. Mas só esperam, não fazem nada para que isso
aconteça. Segundo o psicólogo Ailton Amélio, especialista em relacionamentos
afetivos, as relações de estancamento são, hoje, a maior causa das separações.
“Mais do que as abaladas pela infidelidade”, garante ele, autor do livro “Para
Viver um Grande Amor” (Editora Gente). Para sair dessa estagnação,
Stamateas aconselha: reative os sentidos. “Escute o seu parceiro, olhe mais
para ele e diga o que você está sentindo”, diz. E não espere pelo movimento do
outro. Tome a iniciativa.
3. PAPÉIS SOCIAIS EM
CONFLITO
Nas
“relações dos modelos culturais”, o choque existe quando a expectativa é
diferente da realidade.
Homens
e mulheres ainda assumem papéis sociais baseados naquilo que a sociedade e a
família esperam de cada gênero. Os exemplos clássicos são o do macho provedor e
o da mulher dedicada aos filhos e ao lar. Na hora em que duas pessoas com
históricos diferentes se juntam, o conflito naturalmente acontece. Quando o
modelo de um fere os princípios do outro, aí a união se torna um problema. Para
tentar entender por que o outro se comporta dessa forma, é preciso enxergar o
contexto no qual ele foi criado, aconselha Stamateas. “Questione-se sempre:
quais são os padrões familiares que nos acompanham?”, diz. E, a partir disso,
proponha mudanças. Uma mulher que trabalha fora e carrega todas as tarefas de
casa nas costas, por exemplo, deve convocar o marido para também realizar os
afazeres domésticos. “Uma família é uma equipe. Todo mundo deve ajudar a fazer
tudo”, afirma o psicólogo.
4. QUANDO DINHEIRO É O
PROBLEMA
Nas
“relações das crises financeiras”, até a vida sexual pode ser afetada.
Brigar por dinheiro vira uma questão tóxica quando se estabelece uma relação de poder – quem ganha mais se sente no direito de controlar a vida do outro. “É mais problemático ainda quando é a mulher que ganha mais. Isso gera até problemas sexuais para o casal”, constata a psicóloga Silvia Aguilar. A questão financeira também faz mal à saúde do casamento quando as duas partes não conseguem chegar a um acordo sobre como o dinheiro deve ser gasto. “Nesses casos, o relacionamento vai bem do dia 1º ao dia 15 e mal no resto do mês”, brinca o Stamateas. Os mitos do dinheiro, como os do sexo, também só atrapalham. “Achar que ganhar mais ou gastar menos vai resolver a questão é uma lenda”, diz ele. “O equilíbrio financeiro deve ser obtido com sabedoria, a partir de muito diálogo.”
5. SOB CONTROLE TOTAL
As
“relações de possessividade” são marcadas pelo ciúme.
Quem
vive um relacionamento assim tem a sensação de que está sempre em um detector
de mentiras. “Onde você estava? Com quem?” são perguntas comuns nesse tipo de
união. O controlador também checa tudo do parceiro: e-mails, carteira, bolsos.
Esse tipo de união é das mais tóxicas, sobretudo quando a pessoa controlada
acha que possessão é manifestação de amor. O controlador é inseguro por
natureza, teme ser passado para trás. É ciumento e manipulador. Os primeiros
sinais de ciúme e possessão surgem no começo do namoro. “Por isso digo que o
primeiro princípio para uma relação bem-sucedida é escolher bem o parceiro”,
ressalta Ailton Amélio. Mas, se pessoa mergulhou numa relação dessas e a
situação se tornou insuportável, é preciso reagir. “Ela precisa lembrar que é
livre, capaz e cheia de projetos próprios. E precisa saber dizer não”, diz
Stamateas.
6. COMPORTAMENTO SEXUAL
INADEQUADO
Nas
“relações da sexualidade tóxica”, o sexo não é vivido de forma saudável.
Mulheres
que trocam sexo por afeto e homens que justificam traições múltiplas porque “é
instintivo” são exemplos de comportamentos sexuais tóxicos. Obrigar o outro a
fazer coisas que ele não quer, idem. “É muito comum ver no meu consultório
mulheres que se submetem ao desejo do outro sem ter vontade só por medo de
perdê-lo”, conta Silvia. “Isso faz com que ela passe a temer o sexo.” Dos nove tipos
de relacionamentos “ruins” citados por Stamateas, o da sexualidade tóxica é o
que mais envolve mitos – e um dos maiores motivos para a busca de terapia. Para
não ser intoxicado por esse tipo de relação, fuja dos mitos, pare de medir a
satisfação alheia e fale sobre o tema com o outro.
7. AMOR COMPETITIVO
O
casal disputa tudo e todos nas “relações de competitividade”.
“Eu
ganho mais que você, tenho mais amigos e estou bem mais em forma!” Em um
relacionamento no qual há competição, o segundo passo é um querer boicotar o
outro. Esquecer datas importantes, desautorizar o cônjuge na frente dos filhos,
perder a hora quando o outro precisa de ajuda e gastar dinheiro que havia sido
poupado para um projeto em comum são alguns exemplos de boicote do “amor competitivo”.
Segundo Silvia, terapeuta de casais, os casamentos estão cada vez mais
individualistas. “É cada um por si, como se fossem dois amigos bem-sucedidos
vivendo juntos e que, de vez em quando, fazem sexo e saem para jantar”, diz.
Não ter sonhos e projetos em comum pode levar à relação de competitividade.
“Casais inteligentes que se ajudam mutuamente não entram em disputa. Sabem qual
é o sonho do outro e o ajudam a realizá-lo”, resume Stamateas.
8. TRAIÇÃO, CAMINHO RÁPIDO
PARA O FIM
As
“relações de infidelidade” resultam em perda de confiança, o que deteriora o
relacionamento.
Este,
de acordo com os especialistas, é um dos relacionamentos tóxicos mais difíceis
de ser superado. “Ninguém está preparado para enfrentar uma frustração como
essa. Por isso muita gente até finge que não vê a traição, para não ter que
enfrentar o sofrimento”, explica Silvia. “O problema é que isso vira um
bicho-papão dentro de um armário, mexe com a autoestima, com a confiança, e a
relação vai se deteriorando.” Quem é traído passa pelo seguinte processo:
desilusão, desconfiança, controle do outro, perda da capacidade de amar e
sentimento de rejeição e abandono. A pessoa tende a buscar a culpa em si
própria – “fui eu que fiz alguma coisa errada?” – ou nos outros – “minha vida
estava tão perfeita com ele! Deve ter sido bruxaria de alguém!” Evitar a
traição é, para Stamateas, o melhor caminho. “Veja o que está faltando no seu
casamento e procure resolver”, aconselha. Mas, se acontecer, os dois precisam
estar dispostos a reinvestir no matrimônio.
9. A AGRESSÃO É A TÔNICA
Nas
“relações de emoções explosivas”, os casais se agridem o tempo todo.
Quando
o hábito de brigar virou uma constante e acontece em qualquer ocasião, mau
sinal: a toxidade tomou conta. Especialmente quando uma parte se sente vítima
das ofensas do outro e passa a guardar rancor. “Quem vive uma raiva silenciosa
vai querer vingança em algum momento”, ressalta Stamateas. A relação de emoções
explosivas acontece, em geral, com pessoas inseguras que querem manter o controle
sobre a outra. “Ninguém foi criado para ser maltratado. Não se acostume a viver
assim nem responda na mesma moeda”, aconselha o psicólogo.
Fonte: ISTO É GENTE
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