Padre Dirlei Abercio da Rosa
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stamos
próximos de terminar o ano litúrgico da Igreja e o ano civil. O Evangelho de
Mateus também nos coloca diante de uma espera que termina em uma festa de
matrimônio: alegria, encontros e um grande banquete. Jesus, certamente, ao
contar esta parábola atraiu a atenção de todos, pois o matrimônio era um
momento de grande festa pra todos. Mas, como é próprio nas histórias de Jesus,
há muitos detalhes que deixaram pensativos seus ouvintes.
Jesus
utiliza um costume da época em relação à realização de um casamento. O casal
celebrava o noivado e depois cada um voltava para suas famílias e, cerca de um
ano depois, com tudo preparado para o matrimônio, o noivo ia de encontro aonde
morava a noiva e aconteciam, então, os festejos do matrimônio. Quando o noivo
se aproximava da casa da noiva, um cortejo era montado tendo a noiva a sua
frente com moças do vilarejo, neste caso, aquelas que ainda não se casaram
(“virgens”). Os ouvintes de Jesus conheciam e assim faziam quando celebravam um
casamento, mas na parábola de Jesus, alguns aspectos são diferentes.
A parábola foi contada por Jesus para explicar
o que é o Reino dos Céus (“Reino de Deus”). O noivo que era esperado por todos,
mas ele se atrasa. Na história de Jesus não tem a noiva, mas somente as jovens
que acabam que dormindo por causa do atraso do noivo. Este início da parábola
retrata muito bem uma ideia que surgiu depois de décadas da fé cristã. Todos
deste o início acreditavam que a vinda de Jesus seria logo, mas com o passar
dos anos, muitos começaram a duvidar e a desanimar: a esperança estava se
apagando entre muitos cristãos.
As
leituras sugerem o tema do encontro: da Sabedoria com cada pessoa (1ª leitura);
de Jesus em um momento da história que virá ao nosso encontro (2ª leitura); e
as 10 virgens que saem ao encontro da noite (Evangelho). Segundo Jesus, o grupo
com dois tipos de jovens moças que sai para encontrar-se com o “noivo” (Jesus)
quando Ele chegasse, possui alguns pontos em comum, mas foram as diferenças que
determinaram o resultado final da história. Todas saem esperançosas pelo
encontro, levam consigo inclusive lâmpadas (espécie de lamparinas) para ir ao
encontro do noivo se ele chegasse ainda durante a noite, ficam a espera juntas
e acabam adormentando todas ao mesmo tempo. Jesus diz, no entanto, que a metade
também levou óleo a mais em pequenos vasos, prevenindo-se em caso de um
possível imprevisto ou atraso do noivo.
As
10 virgens iniciaram uma espera e possuíam uma expectativa que era igual para
todas: ir ao encontro do noivo, mas o óleo em suas lâmpadas não foi suficiente
para um período mais longo de espera e para toda a noite. Na parábola, o
encontro com o noivo que elas esperavam acontece no momento onde a noite é mais
profunda (meia noite), quando se tem a impressão que o escuro impera e tudo já
está em silêncio.
Nesta
espera pelo “Noivo” que virá, muitas dificuldades se apresentam e os desafios a
serem vencido são muitos, mas quando se tem “óleo suficiente” mesmo que o
cansaço caia e o sono chegue sobre todos, mesmo que a noite se imponha sobre
tudo e todos, no momento justo, o “óleo” de reserva será suficiente.
Jesus
continua a parábola dizendo que no momento que o “noivo atrasado” chega, todas
se levantam e correm ao encontro dele. Mas, para recebê-lo e juntos (as virgens
e o noivos) entrarem no local da festa e do banquete, era preciso ter as
lâmpadas acesas. Assim, elas o reconheceriam e ajudariam no cortejo até onde
seria a festa. Com as lâmpadas acesas poderiam caminhar sem medo, cantando e se
alegrando com o Noivo pelo momento tão esperado.
Vem-nos,
naturalmente, a pergunta: O que, afinal, é este “óleo de reserva”? Todas
possuem as lâmpadas e nelas o óleo em seu interior, mas segundo a parábola é
preciso alimentar a chama sempre, principalmente quando as duas realidades
opostas se encontram: de um lado aquele que Vem para a festa (Noivo) e de outro
lado, a noite com sua escuridão.
No
momento esperado, as moças prudentes colocam o óleo de reserva em suas lâmpadas
e a quantia é suficiente para retornarem durante a noite para o local da festa.
Surge o primeiro drama da parábola: as virgens prudentes percebem que não é
possível compartilhar o óleo de reserva, pois assim, as 10 não conseguirão
acompanhar o cortejo com o Noivo. Todas tiveram a mesma chance de se encontrar
com o noivo e sabiam do risco do atraso. As cinco moças prudentes, no entanto,
não pensaram somente em algo para certo tempo, mas levaram óleo para
perseverarem na espera até o final: o momento do encontro com o noivo.
Na
primeira leitura, o autor do livro da Sabedoria fala da importância da
sabedoria em nossa vida. Ele descreve como algo próprio de Deus, mas que todos
devem procurar. Ela é mostrada como se fosse uma pessoa que nos espera e vem ao
nosso encontro. Ela nos ajuda a perceber o que é justo, o que é fundamental e
aquilo que nos garante como importante para a nossa vida. Em nossa existência,
nos deparamos com inúmeras situações e temos que fazer escolhas
importantíssimas, pois o nosso destino é definido pelas escolhas que fazemos em
nossa história. As cinco virgens prudentes sabiam de sua missão, mas não se
limitaram a algo por um tempo somente: se preveniram para que nunca faltasse o
óleo necessário para se encontrar com o Senhor.
Na
parábola, as virgens prudentes não tiveram como dar aquilo que cada uma deveria
ter consigo sempre. Elas, no entanto, sugeriram às imprudentes que tentassem,
no meio da noite, arranjar o óleo que deveriam ter sempre. A nossa fé (a chama
da lâmpada) é alimentada pela nossa esperança (óleo). Elas estão profundamente
interligadas e são fundamentais para que permaneçamos na expectativa de um dia
também nós, tendo que passar pela “meia noite” encontrarmos o Senhor que vem ao
nosso encontro. Tudo tem seu momento certo de acontecer (como nos diz Paulo na
segunda leitura), por isto não podemos deixar de estar preparados com nossa
chama da fé sempre acesa alimentada pela nossa esperança.
A
parábola inicia com a bela imagem de jovens que desafiam a noite para se
encontrar com o noivo. Saem alegres, mas com o passar das horas, encontram o
cansaço da espera e o sono de uma expectativa que não se realiza. Como muitos
cristãos no início da Igreja que se animavam por uma solução imediata de tudo
(2ª manifestação de Jesus), mas com o tempo, se cansaram e adormeceram. Os dois
grupos de jovens moças se diferenciam em um aspecto fundamental: as
imprevidentes demonstram ter uma convicção em suas crenças, que tinham tudo sob
controle, que tudo iria acontecer conforme esperavam; as virgens prudentes, se
preveniram, levaram mais óleo. Com o tempo é preciso recorrer ao “óleo de
reserva” (nossa esperança) que não tem como ser dividido, pois é pessoal e cada
um tem que reabastecer sempre. Como na parábola, o tempo para encher nossas
lâmpadas pode ser a qualquer momento, até mesmo no meio da noite.
Assim,
o reino dos céus, o mundo como Deus sonha, é semelhante aos que “vão de
encontrar”, é semelhante a dez pequenas luzes à noite, a pessoas corajosas que
se colocam na estrada e que desafiam a escuridão e o atraso do seu sonho. É de
quem tem a esperança no coração, porque aguarda alguém, “um Noivo”, um pouco de
amor em sua vida e o esplendor de um abraço no meio da noite. Todas acreditavam
nisso! Mas, todas adormeceram. Porque o esforço de viver, o esforço de
desbravar as noites em nossa vida de fé, nos leva a momentos de abandono, de
sonolência, talvez até de desistir de tudo. A parábola então nos conforta: uma
voz sempre vai nos despertar. Não importa se você adormece, se estiver cansado,
se a espera for longa e a fé parece secar. Uma voz virá! Até mesmo no auge da
noite e a voz de transformará em luz para todos! (Ermes Ronchi).
Jesus
termina a parábola com duas cenas contrastantes: de um lado, o início da festa
com as moças que conduzem o Noivo para o local do banquete; de outro lado, a
realidade das outras virgens que tentaram arranjar, na última hora, óleo para
também acolher e conduzir o noivo, mas tudo foi em vão.
O
óleo que conduziu as virgens prudentes ao banquete foi preparado com
antecedência, ao longo da vida, através de uma fé e esperança com cada escolha
e cada momento de suas vidas, assim, elas tiveram o suficiente para receber,
conduzir e festejar com o “Noivo”. As outras cinco correram na última hora para
ter o óleo suficiente, mas foi tarde demais. Não basta chegar com “óleo
necessário” no último momento, pois pode ser que o tempo do encontro passe e a
pessoa ainda se encontre tentando “comprar óleo” no meio da noite.
A palavra final do noivo encerra a história com um veredito que ilumina a parábola: “não vos conheço”. A forma de nos fazermos conhecer por Jesus que vem ao nosso encontro é cultivar uma vida de fé e esperança, esta é a melhor maneira de mantermos os nossos vasos sempre cheio de óleo. Não é suficiente ter “momentos” ou “circunstâncias” de fé e esperança, pois pode-se correr o risco de no momento justo, não nos encontrarmos preparados com o óleo da esperança quando o Noivo vier.
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