Pe. Mário Marcelo, scj
Americanópolis - São Paulo/SP
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muitas situações nós padres nos deparamos com a seguinte pergunta: “Padre, é obrigado ir à missa aos domingos”?
Os
cristãos católicos aprendem no catecismo que a missa do domingo é obrigatória.
Os pais obrigam seus filhos a irem à missa, os catequistas pedem aos seus
catequizados à comprovação que participaram da Missa aos domingos. No entanto,
nada mais afastado do espírito da Igreja do que considerá-la uma “obrigação”. A Santa missa não pode
tornar-se uma obrigação, ou seja, vamos lá, cumprimos nossa obrigação e depois
estamos livres. Quem ama a Deus, não vai por obrigação.
A
Santa missa não deve ser olhada como um preceito, uma obrigação, mas como uma
graça, que nos insere dentro da comunidade de irmãos, nos faz viver o mistério
de Cristo. Nossa presença na Eucaristia dominical enche a semana de sentido,
revigora nossa fé, entusiasma nosso viver, plenifica nosso coração de
felicidade.
É
preciso entender a importância da participação dos cristãos na celebração
eucarística dominical. Torna-se cada vez mais necessário notar o valor da
celebração eucarística em si para melhor entender por que a Igreja tornou
obrigatória a participação do cristão católico na Santa Missa aos domingos.
Conforme
o Catecismo da Igreja Católica (nº 2178),
a participação dos cristãos na celebração eucarística remonta aos inícios da
era apostólica. Nos Atos dos Apóstolos 2,42-46 e conforme (1Cor 11,17), foi registrado a prática da assembléia cristã de
reunir-se no dia Senhor (Dies Domini)
para a celebração do Mistério Pascal.
“Como
o dia da ressurreição de Jesus (após o
sábado) deu a idéia de nova criação, para os cristãos o domingo tornou-se o
primeiro de todos os dias, a primeira de todas as festas, o dia do Senhor por
excelência. Consequentemente, a celebração eucarística como melhor forma de
reunir a comunidade para louvar e agradecer, só poderia acontecer como
principal demonstração de fé no seguimento do Senhor, neste dia, recordando e
celebrando o seu memorial. Sem dúvida nenhuma, é desta tradição que a Igreja
Católica colhe o sentido da “obrigatoriedade”
de todo cristão participar da santa missa aos domingos”. (CIC nº 2175-2176).
Diz
o Santo Padre o Papa João Paulo II em sua carta apostólica “Dies Domini”, sobre a santificação do domingo: “O Dia do Senhor –
como foi definido o domingo, desde os tempos apostólicos – mereceu sempre, na
história da Igreja, uma consideração privilegiada devido à sua estreita conexão
com o próprio núcleo do mistério cristão. O domingo, com efeito, recorda, no
ritmo semanal do tempo, o dia da ressurreição de Cristo. É a Páscoa da semana,
na qual se celebra a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte, o cumprimento
nele da primeira criação e o início da “nova criação” (cf. 2Cor 5,17). É o dia da evocação adorante e grata do primeiro
dia do mundo e, ao mesmo tempo, da prefiguração vivida na esperança, do “ultimo
dia”, quando Cristo vier na glória (cf.
At 1,11: 1Ts 4,13-17) e renovar todas as coisas (cf. Ap 21,5).
Quando
Jesus diz ser “o pão vivo descido do céu para dar vida ao mundo” (cf Jo 6,47-51) certamente que se
referia ao seu Corpo que nos daria como alimento, a vida Divina que podia nos
oferecer.
Ainda
hoje muitos se afastam da Santa Missa repetindo a multidão que se afastou de
Jesus quando fez o discurso do pão vivo descido do céu (Leia atentamente todo o capítulo 6 do Evangelho de São João).
Ainda, lembremos o ensinamento de Paulo aos Hebreus, “Não deixemos as nossas
assembléias, como alguns costumam fazer. Procuremos animar-nos sempre mais” (Hb 10, 25).
O
domingo também é dia de descanso, de estar com a família. Muitos praticam
esportes, realizam passeios, promovem festas familiares, visitam amigos, são
atividades boas, sadias, mas esquecem a oração, o rezar com a comunidade, o
participar do banquete Eucarístico. Sempre foi possível fazer ambas as coisas.
Quantos dizem: “eu rezo em casa”... pergunto: “e a vida com a comunidade?”; “e
a Eucaristia”?
O
domingo, o dia do Senhor, da Eucaristia, é um momento rico de sentidos. É no
domingo que a comunidade se reúne para celebrar a ressurreição de Jesus,
participar da mesa Eucarística. A Eucaristia se faz alimento, sustento, força,
ânimo para os nossos trabalhos de toda a semana. Quem não necessita deste
alimento? Quem não precisa da força vinda do alto? Da graça de Deus?
Para
nós cristãos católicos a celebração do domingo tornou-se o primeiro de todos os
dias, o dia do Senhor, a primeira de todas as celebrações. Por isso, aos
domingos nosso compromisso com o Senhor deixa de ser uma obrigação e se torna
uma expressão da nossa fé viva na presença real de Jesus na Eucaristia. O
preceito continua, mas devemos considerá-lo um ato de amor e carinho de Deus e
da Igreja por cada um de nós. “No dia do Senhor, o Espírito tomou conta de mim”
(Ap 1, 10).
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