quarta-feira, 20 de novembro de 2013

UM REINO, UMA CIDADE DESEJADA, UMA PLENITUDE

Dom Henrique Soares da Costa
Bispo Auxiliar de Aracaju - Sergipe

Q
ue bela exortação, que belo consolo, que injeção de ânimo, o evangelho: “Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o Reino”.

Como nas nossas origens, vamos nos tornando cada vez mais um pequenino rebanho; o Senhor nos vai purificando, vai fazendo Sua Igreja, a gosto ou a contragosto, perceber que ela está no mundo, mas é diferente do mundo: seu modo de pensar, de viver, de avaliar, de agir não pode ser aquele do mundo.

Efetivamente, vamos nos sentindo cada vez menos compreendidos e menos à vontade na bem-pensante sociedade atual. Somos, enfim, um pequenino rebanho; e a nós o Senhor diz: “Não tenhais medo, pequenino rebanho!” O Pai nos quis dar o Reino – e o Reino é o próprio Jesus, que nos envolve de vida e nos ilumina com seu santo Evangelho! Não tenhais medo!

E, então, Jesus nos exorta: “Vendei vossos bens e dai esmola. Fazei bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem a traça corrói. Porque, onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”.

Que palavras belíssimas: O Senhor nos convida à coragem de “vender” a vida, “vender” nossos bens – isto é, relativizar tudo – para fazer de Deus o nosso único absoluto!

Na verdade, Jesus nos convida a esperar de verdade a Vida eterna, esperar de verdade que um dia estaremos todos em Deus por meio de Jesus Cristo! O que Jesus hoje os pede é a coragem de viver no mundo, mas sem ser do mundo, sem meter o nariz neste mundo de modo a perder Deus de vista! Afinal, é tão fácil absolutizar o relativo!

Ah, irmão! Tenhamos – você e eu – a coragem de colocar realmente o tesouro de nossa vida ali, onde a traça não corrói! A vida é preciosa demais para perdê-la com bobagens! Mas, somente veremos isto se estivermos vigilantes, se na união profunda com Jesus pela oração, pela escuta de Sua santa Palavra, pela fiel participação nos sacramentos, mantivermos a saudade das coisas do Céu.

Aliás, este é uma das carências da Igreja atual: ter quem nos fale do Céu, quem nos faça sentir desejo do Céu, saudade do Céu!

Uma Igreja que não saiba desejar, sonhar e se encantar com o Céu que o Senhor nos prepara, perderá de vista o mais profundo de sua missão, errará o foco e tomará por absoluto o que é apenas relativo – mesmo que seja coisa importante. Coisas importantes com que se preocupar, a Igreja as tem; coisa essencial, somente Jesus, que é nosso Céu, o Céu que o Pai nos deu!

E estejamos atentos: esta saudade do Céu, esta sede de Deus não é uma alienação, uma fuga da realidade, mas um ver a realidade com os olhos de Deus e, assim, ver realmente, com realismo tudo quanto nos cerca é tudo quanto vivemos.

Por tudo isto, não temais, pequenino rebanho: o Pai vos espera; dar-vos-á o Seu Reino. Vale a pena sofrer e suportar contradições nesta vida; vale a pena caminhar com o Senhor, como parte do Seu rebanho, que é a Mãe católica! Como dizia São Bernardo de Claraval, nossa vida neste mundo é semente de eternidade!


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