Rainey Marinho |
Rainey Marinho
MFC Maceió
C
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aminhando em um supermercado aqui em Maceió,
buscando ingredientes para o almoço do dia dos pais que comemoramos em minha
casa todos os anos, deparei-me com diversas propagandas utilizando a figura de
modelos masculinos como pais na expectativa de vender produtos diversos. Para
este trabalho usam homens jovens e fisicamente aproximados ao ideal de beleza
masculina, todos com sorrisos whites,
magros, loiros e demonstrando aos filhos, nas fotos, um carinho intenso.
Conforme andava fui ficando cada vez mais triste. Ora, quem me conhece sabe que
meu biótipo nada tem haver com o protótipo do pai ideal do merchandising, mas
não foi bem isso que me deixou chateado. O que me acabrunhou é que tem gente
que acredita.
Sabem, sou filho e pai de três seres humanos
maravilhosos e a minha visão da paternidade é meio diferente. Ninguém nasceu ou
nasce pai. Você não se prepara em uma universidade federal de paternidade
contemporânea. Simplesmente quando chega a hora, ao primeiro choro e sopro de
vida de seu filho, você também nasce. Vêm ao mundo os dois. Por isso, acho
pouco republicano o nome destinado às unidades hospitalares onde nascem nossos
meninos de maternidade. Considero um
preconceito. Meus filhos falariam que é bullying.
Brincadeiras a parte, diferente dos rebentos, nascemos cheios de uma
responsabilidade enorme diante de um país e de um planeta repleto incertezas. Pesa-nos
um pouco o ônus de ofertarmos um mundo melhor para eles, bem como, seres
melhores para o mundo.
Por isso, faço aqui uma confissão e me
orgulho de dizer: não me enquadro como o
pai perfeito da mídia.
Pessoalmente tenho muito medo da perfeição.
Ela em sua plenitude somente nos equipara aos insanos ou ao divino.
Sinceramente não tenho vocação nem vontade de aceitar esses encargos. Rótulos
são perigosos nos afastam da mais concreta verdade humana: nossa imperfeição.
Certa vez ouvi de um filósofo que não
nascemos prontos. Por isso, filosoficamente não envelhecemos. Afinal, todos os
dias estamos construindo um ser humano novo em nós mesmos. Sendo assim, nunca
alcançaremos a perfeição idealizada nos folders.
Aos meus filhos, posso dizer somente que os
amo enormemente. Não existe um dia que eles não estejam em meus pensamentos.
Tenho fé que continuaremos aprendendo e errando por muitos anos, suplicando ao
todo poderoso para que continuemos juntos e unidos em tempos de paz e em tempos de guerra.
Já na saída do hipermercado, fui abordado por
uma moça muito gentil que chamava os passantes para fazerem adesão ao cartão
fidelidade do local. Antes que eu dissesse não, ela já tinha perguntado meu
nome, CPF e idade. Declinei sorrindo, mas não antes de dizer orgulhoso:
- Idade? Tenho dezesseis anos. Sim, fazem dezesseis anos que sou pai, hoje
é o meu dia.
Obrigado a meu pai (Rainor) e a meus filhos
(Lucas, Carol e Cecília) por fazerem de mim o pai que sou hoje.
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