Dom Sérgio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
T
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endo sido concluído o Tempo Pascal e celebrada a solenidade da
Santíssima Trindade, retomamos a leitura do Evangelho segundo Marcos, proposto
pela Igreja para os Domingos do Tempo Comum deste Ano Litúrgico.
Para o povo de Israel, o sábado recordava a libertação da escravidão do
Egito e a passagem para uma nova terra e uma vida nova. Contudo, uma interpretação
legalista fez prevalecer observâncias rituais e outros preceitos, deixando em
segundo plano as exigências maiores da Palavra de Deus, como a caridade com os
enfermos e sofredores. Jesus vem
resgatar o sentido genuíno do dia do Senhor realizando, no sábado, gestos de misericórdia,
como a cura do homem de mão atrofiada narrada por Marcos. Jesus declara que “o sábado foi feito para o homem e não o
homem para o sábado”, colocando em primeiro lugar a pessoa humana, sua vida
e dignidade.
As comunidades cristãs passaram a celebrar o dia do Senhor no domingo,
dia da ressurreição de Jesus. Contudo, também hoje há o perigo de perder ou
desvirtuar o sentido do domingo, dia do Senhor. Por isso, é importante refletir
a respeito do sentido que temos dado ao domingo e o modo como temos vivido o
Dia do Senhor.
É preciso resgatar o sentido genuinamente cristão do domingo que inclui
a participação na celebração eucarística, a missa dominical, assim como o amor
ao próximo, dentre outras atitudes. O dia do descanso, o repouso dominical, não
deve ser concebido de modo consumista. O domingo deve ser uma ocasião
privilegiada para participação na comunidade, para a convivência em família e
para a caridade voltada para os irmãos que mais sofrem. Deve ser o dia da família e o dia da
comunidade. O fato de tantas famílias estarem fragilizadas não deve ser
desculpa para não se aproveitar as ocasiões e criar momentos de convivência fraterna
e de oração conjunta.
O domingo não pode ser tempo para instalar-se comodamente no “Egito”, mas ocasião de passagem para
uma vida nova, onde continuam a ter sentido a convivência em família, a
amizade, o estar juntos com os irmãos, o serviço à comunidade e a caridade com
os pobres e enfermos. É dia para santificação
e não para o pecado; dia para restaurar relacionamentos baseados no amor
fraterno, na misericórdia e no diálogo; dia de louvor a Deus na Eucaristia e na
vida.
Para tanto, necessitamos reconhecer Jesus como Senhor: “Senhor do sábado, do trabalho e do descanso,
Senhor da vida e da família, Senhor nas alegrias e dores”.
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