Pe. Leomar Antônio Montagna
Maringá – PR
N
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a Liturgia deste 15º
DOMINGO DO TEMPO COMUM, veremos na leitura do livro do profeta Amós (7,12-15) que no ano de 760, antes de
Cristo, Jeroboão era o Rei de Israel, com sede em Betel, onde estava situado o
santuário. A corte governava para uma pequena parcela de privilegiados e entre
eles estavam os sacerdotes do templo. Neste sentido, a religião era um suporte
ideológico para encobrir as injustiças e práticas perversas, pois mantinha uma
realidade de abismo entre ricos e pobres por meio de uma sustentação teológica.
É neste contexto que Deus manda o profeta Amós, especialmente neste momento
difícil, pois a fé e a moral estão degeneradas e os valores estão diluídos. Um
profeta sempre é escolhido por Deus, ensina com palavras, mas mais ainda com
seu testemunho de vida. O profeta não visa seu próprio interesse, não teme
desafiar a ordem estabelecida, defende a justiça e discerne quando o poder é ou
não legítimo. Para ele a religião tem que ser comunhão com Deus e não suporta a
falsidade do culto, por isso ele é sempre uma voz incômoda. Amós é expulso pela
corte e pelos funcionários do templo: “Vai-te
daqui... porque aqui é o santuário do rei”. Em nome de
Deus, o profeta segue sua missão com ousadia e coragem, assim como fez
Jesus: “Passando pelo meio
deles, continuou o seu caminho” (Lc 4,30).
No Evangelho de Marcos (6, 7-13) é Jesus quem envia os seus
apóstolos para evangelizar: “Então,
Jesus chamou os Doze e começou a enviá-los, dois a dois”. O que
vai garantir o sucesso da missão não será a abundância de poder econômico, nem
na força mediática, mega shows, aparência estética, muitas rendas, fumaça,
espetáculos etc. Não podemos achar que a força da evangelização está na ‘teologia do pano, na liturgia da fumaça e
na pastoral do espetáculo’. Alguém já dizia: “Quanto mais pobre o circo, mais enfeita-se o palhaço”. O
próprio modo de viver, na simplicidade, já é suficiente para dar testemunho de
Jesus Cristo: “Ordenou-lhes que
não levassem coisa alguma para o caminho”. Um mundo melhor
possível, sempre será fruto do próprio Deus que toca na interioridade humana.
Não adiantaria termos uma inteligência excelente, uma perfeita organização
pastoral, empenharmos todos nossos esforços e recursos possíveis se não
contássemos com a ajuda e a graça de Deus: “Se Deus não construir a nossa casa em vão trabalham os operários” (Sl 126). A bíblia nos dá essa
conscientização e no Documento de Aparecida (246ss) quando se fala de formação dos
discípulos missionários a Sagrada Escritura ocupa um lugar de destaque na
construção de um mundo melhor possível a favor do ser humano, como já dizia o
Papa Paulo VI: “O homem poderá
construir um mundo sem Deus, mas sem Deus construirá contra o próprio homem” (Populorum
Progressio, 42). Um mundo melhor possível será sempre obra do próprio Deus
que age na vida de seus filhos e filhas.
Hoje, também, Jesus nos envia em
missão, dois a dois, para viver melhor a caridade, sentir os desafios de viver
em comunidade, não somos nós que escolhemos a direção (sandálias), a missão não deve ser um peso, mas um gosto, um
prazer: “Eis que venho, com
prazer faço a vossa vontade!” Por isso não podemos
abandoná-la por qualquer motivo, mesmo quando rejeitados: “Se em algum lugar não vos receberem nem
vos escutarem, saí dali e sacudi o pó dos vossos pés em testemunho contra ele”. Dos
destinatários da missão se requer a acolhida ao missionário como enviado de
Deus e a docilidade à Palavra divina por ele proclamada, caso contrário
fecha-se para si mesmo o caminho da salvação.
Por fim é preciso estar atentos para
não interpretar mal a frase de Jesus sobre ir sacudindo também o pó dos pés
quando não são recebidos. Este, na intenção de Cristo, devia ser um testemunho
para eles, não contra eles. Devia servir para fazê-los entender que os
missionários não haviam ido por interesse, para tirar-lhes dinheiro ou outras
coisas; que, mais ainda, não queriam levar nem sequer seu pó. Haviam ido por
sua salvação e, rejeitando-a, eles privavam a si mesmos do maior bem do mundo.
Para concluir esta reflexão, coloco
algumas características da missão de Jesus e de seus discípulos: “Eles partiram... pregavam a conversão,
expulsavam demônios e curavam doentes”.
1º) Mudança radical – conversão;
2º) Desalienar as pessoas – libertar dos demônios;
3º) Restaurar a vida – curar as pessoas;
4º) Estar consciente que a missão vai provocar choque com os que não
querem transformação da realidade.
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
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