Orlando Polidoro Junior
Bacharel em Teologia pela Pontifícia
Universidade Católica do Paraná
“A obra necessita de cristãos com o
coração extasiado pela paz do Senhor”
Quem são os leigos?
“Sob o nome de leigos entendem-se aqui
todos os cristãos, exceto os membros das Sagradas Ordens ou do estado religioso
reconhecido na Igreja, isto é, os fiéis que, incorporados a Cristo pelo
Batismo, constituídos em Povo de Deus e a seu modo feitos participantes da
função sacerdotal, profética e régia de Cristo, exercem, em seu âmbito, a
missão de todo o Povo cristão na Igreja e no mundo” (CIC §897).
“Uma vez que, como todos os fiéis, por
meio do batismo e da confirmação, são destinados por Deus ao apostolado, os
leigos, individualmente ou reunidos em associações, têm obrigação geral e gozam
do direito de trabalhar para que o anúncio divino da salvação seja conhecido e
aceito por todos os homens, em todo o mundo; esta obrigação é tanto mais
premente naquelas circunstâncias em que somente através deles os homens podem
ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo” (CDC c. 225 §1).
Desafio vocacional
No ano do Laicato, a Igreja precisou suscitar no
coração dos leigos e leigas a importância da sua vocação missionária, e o
quanto ela contribui para o bem de toda a Igreja e da sociedade (cf. AG n.21). Em saída, cheios do Amor
de Deus em ações práticas de amor ao próximo (cf. Jo 15,17), os leigos devem refletir, com sabedoria, seu
protagonismo neste contexto reconhecendo o valor pessoal de seu ministério na
comunidade. Serviço prezado; movido e enaltecido intensamente pelo Amor de
Jesus Cristo em todas as ações pastorais desenvolvidas pela igreja (cf. AA n.2).
Conforme os desígnios de Deus […], neste momento,
em plena comunhão com os Três Divinos, com o Papa Francisco e a nossa Igreja,
necessitamos de um novo Pentecostes (cf.
At 2,1-4) dentro do coração de cada um, para que, impregnando o mundo com o
espírito cristão (cf. GS n.43), possa
bendizer e retribuir com muita alegria e esplendor, todas as graças recebidas
do alto, compartilhando-as fraternalmente em grandes atos de caridade [amor pleno ao próximo], diante das
missões pastorais que, em caminhada, representam a imagem de Jesus Cristo – a
Pedra Angular que sustenta fielmente a edificação do projeto de Deus para todo
seu povo amado (cf.1Pd 2,6-8).
O apostolado dos leigos
Como membros vivos na missão da Igreja, todos os
leigos são chamados a desenvolverem funções que incrementam a perene
santificação da própria comunidade (cf.
LG n.33).
Atuando benevolentemente em trabalhos voluntários
que atingem à vida do próximo nas pastorais; nos movimentos e em missões fora da
Igreja, os leigos e leigas continuam a escrever, com louvores, o Ato dos
Apóstolos (cf. Jo 13,12-17).
De semelhante para semelhante, a participação dos
leigos não está somente nas missões desenvolvidas dentro das comunidades
eclesiais (cf. AA n.13), pois muitos
se lançam às Bem-Aventuranças fora da igreja, e voluntariamente dedicam boa
parte de suas vidas em ações de misericórdia e solidariedade em muitas
instituições de saúde, casas de assistência aos idosos e crianças, casas de
recuperação de usuários de entorpecentes e de álcool, e tantas outras
belíssimas obras de promoção humana (cf.
Mt 5,7).
Focado mais precisamente em ações pastorais nas
igrejas, imaginemos a quantidade de fiéis engajados em todas as comunidades do
universo Cristão. São milhares de leigos e leigas envolvidos na estrutura
eclesial, e, juntamente com o clero: bispos, presbíteros e diáconos (cf. AA n.25), como membros ativos
ajudam na missão evangelizadora, anunciando Jesus, O Cristo – cabeça da nossa
Igreja – movida pela ação do Espírito Santo (cf. AA n.3).
Hoje, seria impossível mantermos as estruturas de
atuação das nossas comunidades eclesiais sem o apostolado dos leigos (cf. CIC §900).
O ministério dos leigos
Devemos lembrar que as portas sempre estiveram e
continuam abertas para todo fiel que, como povo de Deus, queira participar e
evoluir, a seu modo, do tríplice múnus de Cristo (cf. LG n.31), desenvolvendo a missão evangelizadora que Jesus
Cristo deixou para nossa Igreja através dos frutos do Espírito Santo (cf. AA n.2).
Pelo chamado a um enobrecedor projeto de vida
pessoal, sendo, pela graça, um instrumento para a construção do Reino de Deus (cf. CIC §2820), todo discípulo
missionário deve engajar-se ativamente em algum ministério eclesial, ou em
obras de ações sociais voltadas ao bem da comunidade, pois estando incorporado
mais ativamente às obras divinas, produz frutos abundantes que o elevam ainda
mais a um estado contemplativo de amizade com o Pai – servindo-O em ações de
fraternidade, realizadas e reconhecidas em todas as missões exercidas para o
bem comum da humanidade (cf. Gl 6,10).
“Consagram a Deus o próprio mundo” (LG n.34).
Para os leigos e leigas que ainda não conseguiram “reconhecer o chamado”, para a alegria
dos Três Divinos, todos podem interceder em orações, clamando ao Espírito Santo
para que ilumine a alma missionária desses irmãos, manifestando em seu interior
o desejo de agir na difusão do Evangelho (cf.
At 18,18.26; Rm 16,3).
Todos os leigos Incorporados a Cristo estão em
plena comunhão com O Seu corpo que está vivo em nossa igreja – revelando em
unidade – o sentido universal da graça alcançada em comunidade (cf. AA n.10).
O serviço ao próximo é um dos maiores testemunhos
de fé do verdadeiro cristão, pois formando um só corpo em Cristo (cf. Rm 12,4-5), constroem-se um pedaço
do céu terreno – onde Deus está a serviço de suas amadas criaturas (cf. Mc 10,45).
Movidos pelos dons e carismas recebidos do céu, a
participação dentro das comunidades pastorais aproxima muitos irmãos que
contemplam um grau mais elevado de espírito evangélico, ou seja, estando mais
enraizados e fortalecidos de conhecimentos do plano de Deus, conseguem ser bons
propagadores do Seu Reino (cf. AA n.5).
O envolvimento com a comunidade paroquial gera
diversas oportunidades de formações “fides
quaerens intellectum”, [fé em busca
de entendimento – Santo Anselmo], estimulando a participação em cursos,
palestras, estudos bíblicos, Teologia, grupos de orações e tantas outras
providências do céu, que edificam e animam com a sabedoria divina e o
discernimento humano [fé e razão], “valores do Reino no âmbito da vida social,
econômica, política e cultural” (DAp n.212). Pela graça, o verdadeiro amor da
Santíssima Trindade ilumina os caminhos para “as coisas” de Deus,
fazendo com que se receba verdades de fé e de caridade plena ao próximo (cf. Rm 13,10).
Leigos – Discípulos missionários
Para os que já atuam em comunidades eclesiais, a
perseverança é um dom que deve ser sempre animado pelo Espírito Santo, pois o
cansaço e a fraqueza podem levar ao afastamento da missão. Por isso, é
necessário “renovar seu carisma
original” (DAp n.311). A obra necessita de cristãos com o
coração extasiado pela paz do Senhor (cf.
Jo 14,26-27).
REFLEXÃO À LUZ DO ESPÍRITO SANTO
Com o resplandecer da Nova Primavera exaltada com
imensa riqueza pastoral pelo Concílio Ecumênico Vaticano II, agora, colhendo e
semeando bons frutos dessa estação, a Igreja Católica no Brasil lança o Ano do
Laicato (26 de novembro de 2017, a 25 de
novembro de 2018), e coloca os cristãos laicos como protagonistas da Igreja
em saída – sujeitos da evangelização no mundo.
A missão de anunciar a Boa-nova para o mundo tem
seu início principalmente dentro das comunidades pastorais das igrejas, visto
que, tendo Cristo como cabeça; o clero, os religiosos (as) e os leigos e leigas
como seus membros, juntos, porém [evitando
o clericalismo], mas com planejamento, vocação, visão apostólica,
perseverança, fé, e principalmente muito amor ao próximo, fortalecem o Reino de
Deus – aproximando os que mais necessitam, pela graça, conhecer o Amor e a
Misericórdia Trinitária.
Caminhando e evangelizando através da caridade e
não do proselitismo, mas sinalizando o bem maior da paz interior prometida por
Jesus, o protagonismo dos leigos promove uma ação redentora, capaz de mostrar
ao mundo, o quanto O Deus criador deste mundo pode transfigurar nossas vidas.
Mas para isso é preciso que O conheçam melhor, pois é na vida que Ele se
revela.
REFERÊNCIAS:
Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus,
2010
Catecismo da Igreja Católica. São Paulo:
Edições Loyola, 1999
CELAM. Documento de Aparecida. São
Paulo: Paulus, 2008
Código de Direito Canônico. São Paulo:
Edições Loyola, 2001
Documentos do Concílio Ecumênico
Vaticano II. São Paulo: Paulus, 2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Informe sempre no final do seu comentário o seu nome e a sua Cidade.