Dom Sergio da
Rocha
Cardeal
Arcebispo de Brasília
C
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omo reconhecer um
verdadeiro discípulo de Cristo? Como saber se alguém é cristão? É o próprio
Jesus quem nos dá a resposta: “nisto
todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13,25).
No breve trecho do Evangelho segundo João, hoje proclamado, encontra-se um
traço essencial da identidade cristã: o
amor. Com tantos modos diferentes de se entender o amor, hoje, é necessário
recordar o critério ou a medida do amor na vida cristã: amar como Jesus amou,
conforme sua palavra: “como eu vos amei,
assim também vós deveis amar-vos uns aos outros” (Jo 13,34).
Para tanto, basta
recordar o momento vivido por Jesus e os discípulos, ao deixar o mandamento
novo: a última ceia, com a eucaristia e o gesto do lava–pés, na véspera de sua
paixão e morte na cruz. Embora toda a vida de Jesus manifeste o seu amor e o
modo como devemos amar, a última ceia e a cruz expressam isso, de modo
especial, através da doação da própria
vida e no serviço humilde e generoso. O amor cristão se manifesta, acima de
tudo, por gestos de doação e serviço, por meio de renúncias e sacrifícios. O modo como Jesus amou ilumina o modo como
cada discípulo deve amar.
Jesus estava falando
diretamente aos seus discípulos. O “amai–vos
uns aos outros” deve ser vivido, antes de tudo, na comunidade, entre os que
creem em Cristo. A comunidade, assim como a família de cada um de nós, deve ser
o primeiro espaço de vivência do amor, através do perdão e da reconciliação. O
mundo necessita de pessoas e famílias reconciliadas, de comunidades que
promovam o perdão e a reconciliação.
A caridade, vivida
entre os cristãos, sempre foi muito importante, mas hoje adquire relevância
ainda maior. A primeira comunidade cristã crescia através do testemunho do amor
entre os seus membros. O testemunho comunitário do amor é um traço essencial da
comunidade eclesial, de tal modo que podemos concluir que uma comunidade será
reconhecida como cristã, se praticar o mandamento do amor.
O Papa Francisco tem
mostrado a face amorosa de Deus e da Igreja, com simplicidade. O caminho do
amor de Cristo há de ser trilhado de modo simples e generoso, sem orgulho ou
ostentação. Por isso, devemos reconhecer
que necessitamos crescer sempre mais no amor: entre nós, na Igreja; na família,
nos diversos ambientes e, de modo, especial, para com os pobres, os doentes e
sofredores. Somente o amor de Deus é perfeito. O amor por nós vivido precisa
crescer e amadurecer para se assemelhar ao amor ensinado e vivido por Cristo.
Assim fazendo, estaremos glorificando a Deus na liturgia e na vida, como Cristo
glorificou ao Pai amando-nos até o fim.
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