Dom
Sergio da Rocha
Cardeal
Arcebispo de Brasília
O
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Evangelho proclamado neste 18º Domingo do
Tempo Comum, inicia-se e termina com uma advertência a respeito da ganância e
da acumulação de bens materiais. “Tomai cuidado contra todo tipo de
ganância”, afirma Jesus (Lc 12,15). A parábola sobre o homem que
acumulava bens materiais, pensando em ter segurança e felicidade, leva-nos a
refletir sobre a posse e o consumo de bens. Infelizmente, a parábola do homem
que acumulava bens retrata o que se passa no mundo de hoje. Difunde-se, sempre
mais, que para ser feliz e ter um futuro tranquilo é necessário ter muitos bens
e consumir sempre mais, ao contrário do que afirma a Palavra de Deus. “A vida do homem não consiste na
abundancia de bens”, como muitos pensam e agem em nossos dias. É preciso
cuidar para não “ajuntar tesouros para si mesmo”, ao invés de ser “rico
diante de Deus” (Lc 12,13-21). Quando isso ocorre, a vida fica sem
seu sentido maior.
O Eclesiastes
expressa bem a incapacidade do homem de encontrar sentido da vida, por si
mesmo, fechado neste mundo. A constatação de que “tudo é vaidade” (Ecl
1,2) revela a fragilidade da condição humana e a provisoriedade da vida
presente, assim como a importância de se encontrar em Deus o sentido da vida.
Quando o dinheiro passa a ocupar o lugar de Deus, transforma-se num ídolo que
escraviza e torna o homem insensível à palavra de Deus e ao próximo
Perante os bens
materiais é preciso ter uma postura de sobriedade e justiça. De fato, cada
pessoa humana e cada família têm direito aos bens necessários para viverem
dignamente. Inúmeras pessoas, em condições precárias de vida, se veem obrigadas
a redobrarem os esforços para o digno sustento de sua família. Entretanto, há
muitos que se deixam levar pela ganância, acumulação e consumo desenfreado de
bens materiais, ignorando as exigências do Evangelho.
São Paulo nos
convida a uma vida nova, à imagem de Deus, “pois pelo batismo
ressuscitamos com Cristo, morrendo para o pecado e nascendo de novo. Para
tanto, é preciso esforçar-nos para corresponder à graça recebida. Para cada
cristão, é tarefa permanente despojar-se do “homem velho” e “revestir-se do
“homem novo”, que “se renova segundo a imagem do seu Criador (Col 3,10), com as
consequências práticas indicadas por São Paulo.
Assim fazendo,
possamos glorificar a Deus na Eucaristia e na vida cotidiana, encontrando
sempre em Deus o refúgio nas provações, conforme rezamos com o salmista (Sl
89): “Vós fostes, ó Senhor, um refúgio para nós”.
Neste Mês
Vocacional, procuremos refletir sobre o modo como estamos vivendo a nossa
vocação cristã. Neste primeiro domingo
do mês, rezemos, de modo especial, pelas vocações sacerdotais, agradecendo e
suplicando a Deus pelos nossos sacerdotes.
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