Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
Bispo Emérito de Santo Amaro - SP
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a abertura da Semana Santa, a entrada de Jesus na
cidade santa constitui o ponto alto da sua subida à cidade de Jerusalém. Lá já
se encontrava uma multidão, Judeus provenientes de todos os lugares, peregrinos
da Diáspora, e os “tementes de Deus”, estrangeiros ainda não circuncidados;
o vozerio era enorme e muitos, que tinham ouvido falar dele, queriam vê-lo. Interrogações
e incertezas vinham à mente dos Apóstolos, que recordavam as palavras do Mestre,
preparando-os para sua morte. Porém, aquele momento, deliberadamente,
organizado por Jesus, que caminhava à frente da procissão dos “Ramos”,
dava-lhes ocasião de confirmar ser Ele o Messias, ao menos, o Rei do reino
iminente. Mesmo extasiados diante de sua glória, eles não deixavam de
reconhecer a humildade de servo sofredor, manifestada na escolha de sua montaria,
um simples asno, alusão ao texto de Zacarias (9,9s), símbolo de
humildade e de paz. Evidencia-se o triunfo da misericórdia divina, mais do que
a justiça.
O mensageiro da paz avança, rodeado pelos habitantes
de Betânia e pelos peregrinos de Jerusalém, que estendiam seus mantos e cobriam
com ramos de oliveira o caminho por onde Ele devia passar. Todos exultavam de
alegria e, como as crianças, corriam atrás dele, balouçando folhas de
palmeiras. No seu silêncio, o burrico torna-se falante, adverte-os do orgulho e
da ganância, e indica-lhes o caminho a ser trilhado para se chegar à paz e ao
amor: a humildade e a simplicidade.
As dúvidas dos Apóstolos e dos seguidores de Jesus
sobre quem é Ele desaparecem: Ele é o Messias, anunciado pelos profetas,
preparado pelas Escrituras e desejado por todas as nações; Ele é o Mediador, em
que se realiza “uma Aliança bem melhor” (Hb 8,6), a mais
excelente e definitiva; Ele é o arauto do Reino, presente nele e por Ele, como
jamais se tinha dado na história, pois, no dizer de S. Agostinho, “Ele
não perde a divindade, quando nos ensina a humildade”.
O dia declina e, ao lado das muralhas, os Apóstolos se
lembram das lágrimas do Mestre sobre a cidade de Jerusalém, ao dizer: “Se
ao menos hoje também tu visses o caminho da paz”. Convite feito a todos
os homens, convidando-os a imitar os que lhe foram fiéis, não para estenderem mantos
aos seus pés, mas para acolhê-lo em seus corações. Unidos a eles, também nossos
lábios se abrem e “aclamamos todos os dias, juntamente com as crianças,
as santas palavras: Hosana, bendito o que vem em nome do Senhor!” (S.
André de Creta).
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