“O TEMOR DE DEUS, PRINCÍPIO DA SABEDORIA”
Dom José Aparecido Gonçalves de Almeida
Bispo Auxiliar de Brasília-DF
N
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este XII DOMINGO DO TEMPO COMUM, a Igreja
coloca nos lábios do sacerdote uma súplica que nos enche de esperança nesse
tempo de particular aflição e de medo: “Senhor,
nosso Deus, dai-nos por toda a vida a graça de vos amar e temer, pois nunca
cessais de conduzir os que firmais no vosso amor”. O temor de Deus, bem
diferente do medo que paralisa, é um dom do Espírito Santo que nos orienta para
a sabedoria e se harmoniza muito bem com a piedade filial. No amor filial, o
respeito e a ternura se abraçam. Quem assim “teme” a Deus, “não tem
medo”.
Jeremias vive um
combate interior entre a experiência de sentir-se seduzido por Deus (20,7) e a de maldizer o dia em que
nasceu (20,14) e, nesse contexto,
eleva a Deus uma oração de confiança (20,
10-13). O temor a Deus se transforma em louvor e faz fenecer o medo que a
injustiça dos inimigos lhe provoca. Estes sentimentos de confiança também são
expressos pelo salmista: “O Senhor é
minha luz e minha salvação, a quem poderia eu temer? O Senhor é o baluarte de
minha vida, perante quem tremerei?” (Sl
26, 1-2).
Na segunda leitura,
vemos São Paulo ir além da justiça da lei e convida os cristãos de Roma a pôr
toda a confiança no Senhor, porque “o
dom da graça de Deus concedido através de um só homem, Jesus Cristo, se
derramou em abundância sobre todos” (5, 15). O pecado não se compara com o
dom da graça de Deus. A experiência da misericórdia do Senhor comunica paz.
O trecho do evangelho
se abre com Jesus conclamando os Apóstolos à coragem profética: “Não tenhais medo dos homens…” (Mt. 10,26). E Jesus repete várias vezes
a exortação a não ter medo, garantindo fortaleza àqueles que se entregam ao
anúncio do Evangelho: “todo aquele que
se declarar a meu favor diante dos homens, também eu me declararei em favor
dele diante do meu Pai que está nos céus” (v. 32). No Pai que tudo vê encontramos a fortaleza, a luz, a
verdade que salva.
Diante de tantas
aflições do tempo presente – as contendas políticas e ideológicas, o terror
dessa enfermidade que ceifa tantas vidas – vem espontânea a pergunta: onde está Deus? O discípulo, seduzido
pelo amor de Jesus, responde sem titubear: Ele
está aqui! Pela ação do Espírito Santo, o Ressuscitado, o Emanuel, permanece
conosco. Jesus é o Deus que se faz próximo, que nos acolhe na sua intimidade
como discípulos. Nada perturba a quem encontra nesse Deus tão próximo o
abraço consolador da misericórdia.
“Aquele que crê – já dizia Bento XVI – não se assusta
diante de nada, porque sabe que está nas mãos de Deus, sabe que o mal e o
irracional não têm a última palavra, mas o único Senhor do mundo e da vida é
Cristo, o Verbo de Deus encarnado, que nos amou até se sacrificar a Si mesmo,
morrendo na Cruz para a nossa salvação”.
A Virgem Maria, Mãe da
Igreja está sempre com seu Filho, está sempre conosco.
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