Dom José
Aparecido Gonçalves de Almeida
Arquidiocese
de Brasília – DF
A |
Palavra é a verdade que surpreende e ensina
que os nossos pensamentos não são os pensamentos de Deus. Faz ver que não é
segundo os critérios humanos que o bom Deus recompensa os operários do Reino.
A
primeira leitura salienta o convite de Isaías a buscar “o Senhor enquanto pode
ser achado … enquanto está perto” (Is. 55,6). Na sequência, ele fala do
nosso Deus generoso no perdão, ao contrário dos que nesses tempos carregamos
uma espécie de sanha punitivista contra quem é ou consideramos ímpio, corrupto,
injusto. Deus está sempre disposto a resgatar mediante o perdão a ser dado
vezes sem conta, como se dizia no Evangelho da semana passada. Basta que o
pecador o invoque, “pois Ele está perto da pessoa que o invoca, de todo aquele
que o invoca lealmente” (Sl. 144,18).
A
comunidade de Filipos, à qual Paulo falou do paradoxo da “kenosis” ou da
aniquilação de Cristo como caminho da salvação do gênero humano, recebe dele o
testemunho de entrega e de amor ao Senhor Jesus: “Cristo vai ser glorificado no
meu corpo, seja pela minha vida, seja pela minha morte” (Flp. 1,20). No
versículo seguinte, ele completa dizendo que Jesus é o sentido de sua vida e de
sua morte: “para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro”. Trata-se do encontro
com o Senhor. “É um sentido novo da vida, da existência humana, que consiste na
comunhão com Jesus Cristo vivo; não só com uma personagem histórica, um mestre
de sabedoria, um líder religioso, mas com um homem no qual Deus habita
pessoalmente. A sua morte e Ressurreição é a Boa Nova que, partindo de
Jerusalém, se destina a alcançar todos os homens e povos, a partir de dentro
das culturas, abrindo-se à verdade fundamental: Deus é Amor, fez-se homem em
Jesus e com o seu Sacrifício resgatou a humanidade da escravidão do mal
dando-lhe uma esperança certa” (Bento XVI, Ângelus 18/09/2011).
A
parábola que Jesus conta (Mt. 20,1-16) sobre o vinhateiro que, em diversas
horas do dia, chama trabalhadores para a sua vinha e, ao cair da tarde, dá a
todos o mesmo salário, torna-se causa do protesto dos trabalhadores da primeira
hora. Parecia-lhes injusto ter recebido a mesma moeda dada também como paga
àqueles que só começaram a trabalhar ao entardecer: faltou – diríamos hoje –
isonomia. Mas a moeda dada a cada um representa a vida eterna. Deus não pode
dar menos do que a vida eterna aos “primeiros” ou aos “últimos”. Além disso, o
Senhor não tolera “desemprego” na Sua vinha. Na verdade, a primeira recompensa
do operário da Vinha do Senhor consiste precisamente na honra de ser chamado à
missão do próprio Vinhateiro divino. Só quem trabalha por amor ao Senhor e ao
Seu Reino entende isso. Quem trabalha por um prêmio de qualquer outra natureza,
nunca compreenderá que a vocação é “Dom e Mistério” (São João Paulo II).
Maria,
a Virgem que sabe ouvir a Palavra, nos ajude a responder “sim” ao chamamento do
Senhor para trabalhar na Sua Vinha.
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