Padre Cesar Augusto, SJ -
Vatican News
“Jamais seremos
perfeitos e tudo o que fizermos de bom será realizado com a ajuda da graça de
Deus”
A |
parábola que o Senhor nos relata neste domingo
fala de dois homens que vão rezar no Templo de Jerusalém. Os dois são filhos de
Deus e os dois sentiram um apelo à oração, por isso podemos dizer que foram
chamados a se encontrar com Ele.
Mas
quem são esses homens? Um é fariseu, pessoa voltada ao cumprimento da Lei, a
fazer um enorme esforço para sempre estar de acordo com o que Deus pedia. O
outro, um publicano, alguém pertencente a um grupo de má fama, um homem de má
fama.
O
primeiro era uma pessoa honesta e íntegra. Fazia até mais do que era prescrito.
Contudo, isso lhe provocava um certo orgulho, uma certa vaidade e, ao mesmo
tempo, um desprezo pelos pecadores.
O
segundo, o publicano, era um esperto cobrador de impostos, oprimia os pobres e,
para se redimir, deveria pagar uma soma exagerada, praticamente impossível. No
entanto, o Senhor diz que a oração do publicano foi ouvida e a do fariseu, não.
Por quê?
Com
esta parábola, o Senhor não deseja dar lição de moral, de mostrar quem está
certo ou errado, mas o Mestre quer nos instruir no relacionamento com Deus
A
grande falha do fariseu foi atribuir sua vida honesta e seus atos corretos a si
mesmo, como mérito seu, e apresentá-los como dignos de justificação. Deus não
deveria fazer nada mais do que elogiar os atos do fariseu e lhe dar o prêmio
merecido com sua atitude de homem do bem. Era esse o pensamento do fariseu. Ele
não pede a Deus uma justificação, uma redenção, mas um reconhecimento. Ele se
esqueceu que foi Deus quem o conduziu pelo bom caminho e lhe proporcionou fazer
o bem e viver com dignidade.
Quanto
ao publicano, ele se apresenta de modo humilde, sabendo de suas imperfeições e
confiando na misericórdia e na graça de Deus. Ele não se desculpa, mas sabe que
Deus tem um coração enorme, que é Pai, que é Amor.
Jesus
deseja que nós purifiquemos nossa visão de Deus. Ele não é um contador bancário
e nem um entregador de prêmios. Jesus não quer que sejamos soberbos e nem
tenhamos posicionamentos egocêntricos, colocando o acento em Nós e não no Pai.
Se somos bons, se cumprimos os mandamentos
e fazemos o que nos pede o Evangelho, é porque Deus nos deu sua graça.
Jesus
é contra o grupo dos bons verso o grupo dos maus. Ele morreu por todos e não
lhe agrada que nos sintamos especiais e desprezemos os outros. E por falar na
morte de Jesus, ele escolheu morrer entre dois ladrões. Um ciente de ser
pecador e culpado de seus crimes, se reconheceu em débito com Deus, mas
absolutamente confiante na misericórdia divina. O outro, não só não estava
arrependido, mas desafiou Jesus a largar a cruz e salvá-los.
Tenhamos
sempre a atitude humilde de saber que, por mais que nos esforcemos, jamais
seremos perfeitos e tudo o que fizermos de bom será realizado com a ajuda da
graça de Deus.
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