Muito
se tem falado e escrito, nesses últimos tempos, sobre o fenômeno da explosão da
violência criminal. Todo mundo quer dar a sua opinião a respeito do que estaria
provocando o crescimento da violência. Explicações simplistas, como as que têm
reduzido o fenômeno da violência à ineficiência policial e à pobreza social,
ficam sem respaldo frente aos relatórios que confirmam o atual aumento da
violência criminosa em quatro países altamente desenvolvidos. O que, então,
estaria promovendo o aumento da violência criminal, tanto em países ricos como
pobres?
VOLTANDO O OLHAR PARA A
FAMÍLIA
E |
mbora tenha estado fora
de moda, constata-se que sérios analistas sociais tendem a retroceder
e voltar sua ótica para a Família. Uma das hipóteses que outra vez toma vulto é
a de que o fenômeno da criminalidade estaria fortemente vinculado à cultura
pós-moderna ou pós-industrial. E, todos sabemos, a atual fase da história tem
a desestruturação familiar como um marco saliente, ocasionando
uma ineficiente socialização da criança, além de outros problemas. Já em 1995,
o Conselho das Famílias dos Estados Unidos publicou relatório afirmando que a
sociedade americana estaria melhor se mais gente se casasse e permanecesse
casada, além de dizer, literalmente, que a "cultura do
casamento" ajuda a combater a pobreza e a delinquência juvenil e que a
instituição familiar pode até estar em crise, mas nenhuma outra instituição
proporcionou uma melhor forma de criar os filhos, no curso da história humana.
Afinal, o que vem a ser "ESTRUTURA FAMILIAR?”
Que quer dizer o analista social, quando se refere à desestruturação
familiar como uma das causas da violência criminal?
ESTRUTURA FAMILIAR
A estrutura familiar é
o conjunto invisível de exigências para o bom funcionamento de uma família e, ao
mesmo tempo, é ela que organiza a maneira como os membros de uma família
interagem. Uma família estabelece, explícita ou implicitamente, os padrões de
como, quando e com quem vai se relacionar. Por exemplo, quando uma mãe diz a
seu filho para tomar o seu suco e ele obedece, esta interação entre mãe e filho
define quem ela é em relação a ele e quem ele é em relação a ela, naquele
contexto e naquele momento. Quando operações semelhantes se repetem,
tornando-se um hábito, elas formam um padrão de interação. O
conjunto desses padrões de interação constitui a estrutura
familiar que, por sua vez, governa o funcionamento dos membros da
família. Se, em uma família, historicamente as mulheres lavam a roupa, fica
estabelecido, mesmo que implicitamente, que essa é uma tarefa feminina. De
tanto repetir esse comportamento, ele vai tornar-se um padrão e
vai entrar na lista dos padrões que comporão a
estrutura daquela família.
CONCRETAMENTE, O QUE ESTÁ
SE DESESTRUTURANDO NA FAMÍLIA?
Quando falamos em desestruturação
familiar, estamos querendo dizer que um ou mais padrões de
relacionamento familiar estão funcionando inadequadamente. Por
exemplo, como se vivencia a autoridade dentro da família, como são
estabelecidos e respeitados os limites e a liberdade de cada membro, que
importância se dá à expressão do afeto e à convivência familiar, como a família
realiza a adaptação às mudanças da sociedade, como lida com a sexualidade, como
entende os papéis de cada membro, que valor e que lugar dá aos bens materiais,
ao trabalho, à solidariedade, à prestação de serviço, à espiritualidade etc.
Dizer que as famílias estão se desestruturando é afirmar que um ou mais desses
elementos estão em crise.
FAMÍLIA E SOCIEDADE
Importa lembrar que a desestruturação familiar e a desestruturação da sociedade são interdependentes e estão vinculadas de tal forma que uma não pode ser entendida como causa simples da outra. Ambas são causa e ao mesmo tempo efeito e interagem constantemente, coproduzindo-se. Isolar a família da sociedade gera falsas análises, tanto de uma como de outra.
Deonira L. Viganó La Rosa é Terapeuta de Casal e Família e membro do Movimento Familiar Cristão do Rio Grande do Sul.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Informe sempre no final do seu comentário o seu nome e a sua Cidade.