sábado, 16 de março de 2024

REFLEXÃO LITÚRGICA PARA O 5º DOMINGO DA QUARESMA – 17/03/2024

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

“QUEREMOS VER JESUS!”

E

ste é o desejo dos discípulos gregos de João Batista ao se dirigirem a Filipe e, certamente também nosso. Quando Filipe e André levaram esse desejo ao Senhor, escutaram a seguinte declaração: “Quem se apega à sua vida, perde-a; Se alguém me quer servir, siga-me.”

Nada de euforia, pelo contrário. Muita lucidez e autêntica seleção. Jesus veio para todos nós e deseja ser acolhido por todos, mas seu seguimento está no abandono, na entrega, na doação como vimos no domingo passado. Por outro lado, o Senhor diz: “Quem faz pouco de sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna.

Nossa natureza rejeita tudo aquilo que é dor, que é desagradável, que é morte. Mas por que essa fuga? Vamos ficar fugindo a vida toda sabendo que a morte terá a última palavra? Chegará um momento em que nada adiantará e morreremos. É isso que Deus quer? Foi isso que Ele planejou para nós?

Certamente não. Se fosse assim seríamos pessoas conformadas com a morte, com o destino de caminhar neste vale de lágrimas e morrer dolorosamente.

Mas não é assim. Queremos a vida e a queremos plenamente, com saúde, carinho, amor, eternamente feliz. Tudo isso porque essa é a nossa marca registrada. Fomos feitos pela vida e para a vida. Deus, Vida, nos fez para Ele, a VIDA. Por isso, tudo aquilo que traz sinais de morte, nós rejeitamos.

Contudo, frequentemente, nos enganamos. Quantas e quantas vezes escolhemos o caminho da morte como se fosse o da vida! O egoísmo, o “não” dito ao apelo da caridade, ao gesto de amor e de perdão, o “sim” ao pecado, tudo isso são enganos e envenenamento para nossa vida feliz e para o encontro com o sofrimento e a morte.

Quando os gregos pediram para ver Jesus, estavam pedindo para ver a Vida e a Vida se apresentou a eles como serviço, entrega, doação.

A vida diz que ela não se coaduna com a morte e nem com seus sinais, ou seja, egocentrismo, personalismo, e seus familiares.

E nós? Também queremos ver Jesus, mas como analgésico para nossos males, ou como saúde, como Vida?

Aceitamos suportar sofrimentos por causa de nossa fé em Jesus? Aceitamos renúncias, abnegações para que a vida do outro seja mais saudável e feliz?

Como é nossa relação conjugal, familiar e de amizade? É relação libertadora, de doação, de crescimento ou nós a privatizamos e subordinamos o outro às nossas necessidades e caprichos, ou nós aos dele?

Ver Jesus, encontrar Jesus são atos libertadores, atos de vida.

Do mesmo modo que Moisés foi convidado a tirar suas sandálias porque estava em terra sagrada, o que devo tirar de meu coração para que, de fato, possa ver Jesus e permanecer com ele?

A 1ª leitura fala da lei da Aliança impressa pelo Pai em nossas entranhas, e a 2ª, da obediência de Jesus que se tornou salvação para todos nós. Aliança e obediência são provocadoras de vida, aliás, já são a própria Vida.

Que cada dia, o desejo de ver Jesus, renove em nós a obediência que nos une ao Pai e nos torna produtores generosos de bons frutos. Só produz frutos quem está com Jesus.

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