Padre Cesar Augusto,
SJ - Vatican News
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Já havia
na Antiguidade uma presença muito grande de grupos de pessoas que não
acreditavam em nada. Eram formados principalmente pelos ricos e os
intelectuais. Evidentemente, nem todos os ricos e intelectuais eram
materialistas e descrentes, muitos acreditavam na vida após a morte.
Sua
lei era: “Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos!” (Is 22,13).
Junto a esses havia alguns judeus que deixaram a fé de seus antepassados e se
uniram aos grupos de infiéis.
Contudo,
a vida honesta e coerente dos crentes incomodava a consciência dos descrentes.
Esse incômodo está escrito na primeira frase da primeira leitura de hoje,
extraída do livro da Sabedoria. “Armemos ciladas ao justo, porque sua presença
nos incomoda: ele se opõe ao nosso modo de agir, repreende em nós as
transgressões da lei e nos reprova as faltas contra a nossa disciplina.”
Hoje
também temos esses grupos de materialistas e as perseguições, mesmo que
veladas, são reais. Também Jesus não escapou às garras dessa gente. A presença,
mesmo que silenciosa, de uma pessoa de vida exemplar, incomoda e agride aqueles
que optaram por viver desonestamente.
Quando
formos perseguidos, deveremos rezar por aqueles que nos perseguem e maltratam,
mas ao mesmo tempo nos alegrar porque nosso testemunho de fé em Deus é vivo e
incomoda. Mas se nada nos acontece, deveremos rever nossa vida, alguma coisa
está errada em nosso anúncio.
No
Evangelho acontece algo que se enquadra dentro desse espírito mundano. Os
judeus, com seus líderes, não entendem o messianismo de Jesus. Eles esperam um
messias triunfante, vitorioso nos moldes dos valores deste mundo. Contudo,
Jesus os desnorteia quando diz que ele irá “ser entregue nas mãos dos homens, e
eles o matarão”.
Para
seus discípulos, Cristo pede que o sigam no serviço a todos e em se colocarem
como últimos, exatamente contrário em relação ao pedido da mãe de João e de
Tiago, para que seus filhos ocupassem os primeiros lugares, ao lado de Jesus.
Também
em nosso mundo, inclusive no mundo religioso, quantas pessoas não aspiram e
lutam para uma posição de destaque na Igreja, na paróquia, na congregação
religiosa! Quantas pessoas que ocupam lugar de importância não o usam para
serem servidas e tirarem proveito para si e para seus interesses corporativos!
Lutemos
pela pureza de nossa fé. Ela será autêntica se vivermos o que nos diz São Tiago
na segunda leitura de hoje. ”Onde há inveja e rivalidade, aí estão as desordens
e toda espécie de obras más. De onde vêm as guerras? De onde vêm as brigas entre vós?”
E
o Apóstolo ensina “... a sabedoria que vem do alto é, antes de tudo, pura,
depois pacífica, modesta, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos,
sem parcialidade e sem fingimento.”
Vivamos
nossa fé na pureza de sentimentos e na entrega total de nossa vida a Jesus
Cristo. Que ele viva em nós! Que nossa riqueza e nossa sabedoria sejam viver ao
máximo a fé cristã.
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