Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News
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segunda
leitura deste 23º DOMINGO DO TEMPO COMUM, tirada da Carta de São Tiago, nos
questiona quanto ao nosso relacionamento com as pessoas que são ricas, bonitas,
inteligentes, realizadas profissionalmente, afetivamente, enfim, como nos
portamos diante das pessoas bem-sucedidas de acordo com o critério mundano. Ao
mesmo tempo, São Tiago também analisa nosso comportamento em relação ao pobre,
ao deficiente, ao feio, ao menos inteligente, ao desempregado, ao sem-teto,
enfim aos marginalizados em nossa sociedade.
Se
somos batizados, se fizemos a profissão de fé cristã e a renovamos a cada
domingo no momento do Credo, deveremos agir como Jesus Cristo e ter um especial
carinho pelos pobres e oprimidos já que eles mereceram uma atenção especial de
Jesus e continuam sendo os filhos queridos do Pai.
Contudo,
deixamos a carne falar mais forte e agimos de acordo com os critérios humanos,
mesmo sabendo que fazemos algo errado. O belo, o aceito socialmente nos atrai
tanto, na mesma proporção em que repugnamos o feio. Ao mesmo tempo demonstramos
também nossa fragilidade, temendo a reação do mundo, em não sermos aceitos por
causa de nossa postura socialmente incorreta diante dos códigos sociais
elitistas. Aí renegamos o Cristo crucificado, que está no marginalizado, e
abraçamos as pompas e as obras que o crucificaram.
Muitas
vezes conseguimos ter atitudes cristãs dentro das igrejas, na hora da missa,
mas tal não consegue resistir a um confronto em um ambiente extra eclesial. É
na sociedade, nos casamentos, nas festas, no trabalho, na rua, nos hospitais,
que somos chamados a sermos sal da terra e luz do mundo. É aí que deveremos
fazer a diferença.
Criticamos
muito os nossos políticos e deveremos continuar criticando-os quando não fazem
o que prometeram em época de eleições. Alguns até se deixam subornar por
dinheiro ou por acordos partidários.
Mas
atenção, não só os políticos corruptos são coniventes com os
erros denunciados por uma frase do livro do Eclesiastes (13,3), mas também
nós: "O rico comete uma injustiça e ainda se mostra altivo, o
pobre é injustiçado e ainda se desculpa”. Concordaremos
com isso ou vamos lutar pela justiça, evitando discriminação? Se cremos em
Deus, nossas relações serão marcadas pela justiça e pela caridade.
No
Evangelho Jesus curou um surdo que, por causa dessa deficiência, falava
com dificuldade. O Senhor o levou para fora da multidão, tocou-o em seu ouvido
e língua e disse sobre ele: "Abre-te!" O
surdo, como não escuta, não sabe o que passa ao seu redor e geralmente, como no
relato de hoje, tem dificuldade em se expressar e, por tudo isso se sente e é
marginalizado. Jesus o retirou dessa situação, devolvendo-o capacitado. A ação
cristã o reintegrou à sociedade.
Ao
mesmo tempo o Senhor recomenda silêncio em relação ao seu feito. Perguntamo-nos
o porquê? Porque Ele sabe que o testemunho dado só será possível quando as
pessoas passarem, como ele Jesus passou, pela cruz e ressurreição. É no
Calvário que surge o homem novo, o homem que supera os contravalores mundanos e
revela a fé autêntica, a entrega radical ao querer do Pai, isto é, à prática da
justiça.
Se Deus privilegia os pobres, que lugar ocupa os carentes em minha vida? Até onde pratico e luto por uma justiça social?
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