Padre Cesar Augusto,
SJ – Vatican News
A |
Ceia,
a última Ceia de Jesus, é a prefiguração de sua entrega a Deus por nós e a
conclusão de sua missão. Nela ele promete a restauração da humanidade e nos
associa ao seu destino. “Fazei isto em memória de mim” é um mandamento
convite para nos identificarmos com ele, para repartirmos nossa vida com os
outros. Quando celebramos a Eucaristia, o “partir o pão eucarístico” é
porque já o fizemos com nosso pão diário e com toda a nossa vida e pretendemos
continuar nesse partilhar nossa vida.
Também dentro do
contexto eucarístico Lucas nos coloca a atitude cristã do serviço, do ser o
último. Jesus diz: “Entre vós o maior seja como o mais novo, e o que manda,
como quem está servindo”. “…estou no meio de vós como aquele que serve.”
Servir, dentro da visão cristã, significa ocupar mesmo o último lugar, ser
autoridade significa servir!
São Lucas, no relato
da Paixão, destaca a bondade e a misericórdia do senhor.
Já no horto Jesus
impede que Pedro pague mal com mal, e lhe diz para “guardar sua espada
dentro da bainha”. A atitude dos cristãos para com seus adversários deverá
ser a do perdão. Para Jesus, o seu discípulo não tem inimigo, aliás, o inimigo,
aquele que deverá ser destruído, esmagado é o demônio. Os demais, os que fazem
mal são vistos como adversários que deverão ser trabalhados para que se
libertem do mal e se salvem.
Mais adiante, dentro
do relato da paixão, ao ser negado por aquele a quem confiaria as suas ovelhas
– Pedro -, olha-o com carinho e compreensão por sua fraqueza e a reação de
Pedro foram as lágrimas de profundo arrependimento. Por isso, por essa experiência
e por outras, Pedro escreveu em sua primeira: “ultrajado, não retribuía com
idêntico ultraje; ele, maltratado não proferia ameaças” (1Pd2, 23).
Antes de dar o último
suspiro Jesus disse: “Pai, perdoa-lhes este pecado, porque não sabem o que
fazem!” (Lc 23,34)
Em seu relato São
Lucas comenta a atitude de pessoas como Herodes e as mulheres que estavam pelo
caminho do calvário. Herodes vê Jesus como um proporcionador de benefícios. Mas
Jesus não é um mercador, mas sim alguém que age em nome do Pai. Diante das mulheres
que choram pelo caminho ao ver suas dores, Jesus reconhece nelas e em seus
filhos os frágeis que penam por causa do interesse dos poderosos.
Finalmente Lucas
apresenta Jesus morrendo entre dois bandidos. Ele nasceu entre animais, em uma
estrebaria e suas primeiras visitas foram os pastores, gente impura para os
judeus. Mais tarde chegam os magos, pagãos! Também ao longo de sua vida Jesus
se relaciona continuamente com os desprezados da sociedade de seu tempo, os
considerados impuros, como os publicanos, as meretrizes, os pecadores. Agora,
na hora da morte, seus companheiros são bandidos! Seus discípulos se mantêm à
distância, mas ao lado estão os dois ladrões. Mas longe de ser demérito, isto é
legitimação da vida do Redentor. Ele não veio para salvar os pecadores? Pois é!
Ele volta para o pai com as mãos cheias! Leva consigo Dimas, o bandido que foi
recuperado na última hora e que ele mesmo, Jesus, garantiu que estaria com ele
no céu, “ainda hoje”. Leva também, só que mais tarde, o oficial romano
que declaro; “De fato! Este homem era justo!” Leva tantos pecadores
convertidos pelos seus gestos de acolhida, de perdão, de vida!
Fazei isto em minha memória, tomai e comei, partilhar a vida! Celebremos a Paixão de Jesus, sua Páscoa, acolhendo o pecador, partilhando nossa fé na vitória da Vida, na certeza da vitória do perdão! O que recebemos de graça, de graça devemos dar. Recebemos o perdão de Deus mediante a redenção de Jesus Cristo!
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