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Solenidade em honra ao Corpo do Senhor – “CORPUS
CHISTI”, que a Igreja celebra na quinta-feira após a oitava de Pentecostes,
mais precisamente depois da festa da Santíssima Trindade, foi oficializada
em 1264 pelo Papa Urbano IV.
Como
sabemos, Deus costuma se revelar aos humildes e pequenos, e Ele se utilizou de
uma simples jovem para lhe revelar a festa de Corpus Christi. Segundo os
registros da Igreja, Santa Juliana de Cornillon, em 1258, numa revelação
particular, teria recebido de Jesus o pedido para que fosse introduzida, no
Calendário Litúrgico da Igreja, a Festa de Corpus Domini.
Santa
Juliana nasceu, em 1191, nos arredores de Liège, na Bélgica. Essa localidade é
importante, e, naquele tempo, era conhecida como “cenáculo eucarístico”. Nessa
cidade, havia grupos femininos generosamente dedicados ao culto eucarístico e
à comunhão fervorosa.
Tendo
ficado órfã aos cinco anos de idade, Juliana, com a sua irmã Inês, foram
confiadas aos cuidados das monjas agostinianas do convento-leprosário de Mont
Cornillon. Mais tarde, ela também uma monja agostiniana, era dotada de um
profundo sentido da presença de Cristo, que experimentava vivendo, de modo
particular, o Sacramento da Eucaristia.
Com
a idade de 16 anos, teve a primeira visão. Via a lua no seu mais completo
esplendor, com uma faixa escura que a atravessava diametralmente. Compreendeu
que a lua simbolizava a vida da Igreja na Terra; a linha opaca representava a
ausência de uma festa litúrgica, em que os fiéis pudessem adorar a Eucaristia
para aumentar a fé, prosperar na prática das virtudes e reparar as ofensas
ao Santíssimo Sacramento.
Durante
cerca de 20 anos, Juliana, que entretanto se tinha tornado priora do
convento, conservou no segredo essa revelação. Depois, confiou o segredo a
outras duas fervorosas adoradoras da Eucaristia: Eva e Isabel. Juliana
comunicou essa imagem também a Dom Roberto de Thorete, bispo de Liége. Mais
tarde, a Jacques Pantaleón, que, no futuro, se tornou o Papa Urbano IV.
Quiseram envolver também um sacerdote muito estimado, João de Lausanne,
pedindo-lhe que interpelasse teólogos e eclesiásticos sobre aquilo que elas
estimavam.
Foi
precisamente o Bispo de Liége, Dom Roberto de Thourotte, que, após hesitações
iniciais, aceitou a proposta de Juliana e das suas companheiras, e instituiu,
pela primeira vez, a solenidade do Corpus Christi na sua diocese,
precisamente na paróquia de Sainte Martin. Mais tarde, também outros bispos o
imitaram, estabelecendo a mesma festa nos territórios confiados aos seus
cuidados pastorais. Depois, tornou-se festa nacional da Bélgica.
Dessa
forma, a festa foi crescendo cada vez mais, e outros bispos faziam a
mesma coisa em sua diocese. Tomou tal proporção, que veio a tornar-se não só
uma festa do território da Bélgica, mas sim de todo o mundo. Sendo que, a festa
mundial de Corpus Christi foi decretada oficialmente somente em 1264, seis anos
após a morte de irmã Juliana, em 1258, com 66 anos.
No
quarto onde repousava, foi exposto o Santíssimo Sacramento e, segundo
as palavras do seu biógrafo, Juliana faleceu contemplando, com um ímpeto de
amor, a Jesus Eucaristia, por ela sempre amado, honrado e adorado.
Santa
Juliana de Mont Cornillon foi canonizada, em 1599, pelo Papa Clemente
VIII. Como vimos, ela morreu sem ver a procissão de forma mundial.
Milagre de Bolsena
Depois
da morte do Papa Alexandre IV, foi eleito o novo Papa, o cardeal Jacques
Panteleón. Naquela época, a corte papal era em Orvieto, um pouco ao norte de
Roma. Muito perto dessa localidade fica a cidade de Bolsena, onde, em 1264,
aconteceu o famoso Milagre de Bolsena.
Em
que consiste esse milagre? Um padre da Boemia, Alemanha, que tinha dúvidas
sobre a verdade da transubstanciação, presenciou um milagre. Durante uma viagem
que fazia da cidade de Praga a Roma, ao celebrar a Santa Missa na
tumba de Santa Cristina, na cidade de Bolsena, Itália, no momento da
consagração, viu escorrer sangue da Hóstia Consagrada, banhando o corporal, os
linhos litúrgicos e também a pedra do altar, que ficaram banhados de sangue.
O
sacerdote, impressionado com o que viu, correu até a cidade de Orvieto, onde
morava o Papa Urbano IV, que mandou a Bolsena o Bispo Giacomo, para ter a
certeza do ocorrido e levar até ele o linho ensanguentado. A venerada relíquia foi
levada em procissão a Orvieto em 19 junho de 1264. O Pontífice foi ao encontro
do Bispo até a ponte do Rio Claro, hoje atual Ponte do Sol. O Papa pegou as
relíquias e mostrou à população da cidade.
Começo da celebração
O Santo
Padre, movido pelas visões de Santa Juliana, pelo prodígio e também a petição
de vários bispos, fez com que a festa do Corpus Christi se estendesse por toda
a Igreja por meio da bula Transiturus de hoc mundo, em 11 de agosto
de 1264. Esses fatos foram marcantes para se estabelecer a festa de Corpus
Christi.
A
morte do Papa Urbano IV, em 2 de outubro de 1264, um pouco depois da publicação
do decreto, prejudicou a difusão da festa. Mas o Papa Clemente V tomou o
assunto em suas mãos e, no concílio geral de Viena, em 1311, ordenou, mais
uma vez, a adoção dessa festa. Em 1317, foi promulgada uma recompilação das
leis por João XXII e assim a festa foi estendida a toda a Igreja.
Foi
assim que a festa de Corpus Christi aconteceu, tendo como testemunho estes
dois fatos: as visões de Santa Juliana e o milagre eucarístico de Bolsena.
Corpus Christi NO BRASIL
Corpus
Christi é uma festa religiosa católica que celebra a presença real de
Jesus Cristo na Eucaristia. A festa ocorre sempre na quinta-feira seguinte
ao domingo da Santíssima Trindade, que por sua vez acontece 60 dias após o
Domingo de Páscoa.
No
Brasil, é um feriado, e nas Igrejas, acontecem procissões onde o Santíssimo
Sacramento é levado em ostensório e decoram as ruas com tapetes coloridos.
A
festa celebra o mistério da transubstanciação, onde o pão e o vinho se
transformam no corpo e sangue de Cristo na Eucaristia.
É
um momento para os católicos reafirmarem sua fé na presença real de Cristo na
Eucaristia e renovarem seu compromisso com o sacramento.
As
tradições de Corpus Christi no Brasil têm raízes na cultura popular e na
herança trazida pelos imigrantes portugueses.
DIA DE PRECEITO
Diferentemente
de outras solenidades que foram transferidas para o domingo pela CNBB, Corpus
Christi permanece sendo celebrado na quinta-feira, como sinal de reverência à
instituição da Eucaristia. Assim, o fiel católico está chamado a participar da
Missa nesse dia e, onde for possível, da tradicional procissão com o Santíssimo
Sacramento pelas ruas, manifestando publicamente a fé e a adoração a Jesus
Eucarístico.
A Solenidade de Corpus Christi é um dia de preceito na Igreja Católica, há obrigação de participar da Santa Missa, salvo por justa causa.
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