sábado, 20 de setembro de 2025

REFLEXÃO LITÚRGICA PARA O 25º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 21/09/2025

 

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 liturgia para este 25º Domingo do Tempo Comum centra-se na sabedoria divina versus a sabedoria mundana e na justiça equitativa de Deus, conforme transmitido pela parábola dos trabalhadores da vinha. O tema principal convida os fiéis a adotarem uma perspectiva celestial, servindo a Deus com fidelidade e desapego do "vil dinheiro", para assegurar a sua entrada no banquete eterno do Reino.

A leitura de São Paulo a Timóteo alerta para a «sabedoria do mundo», que oferece glórias e triunfos humanos efémeros, contrastando com a «sabedoria de Deus», que não assegura glórias terrenas, mas conduz à vida verdadeira e eterna.

A parábola do trabalho na vinha, presente no Evangelho, ilustra a generosidade divina, que paga o mesmo salário a todos os trabalhadores, independentemente do tempo trabalhado. Isto desafia a nossa visão de justiça, revelando que Deus não se prende aos critérios humanos, mas aos seus próprios desígnios divinos, que são de dar a vida eterna a todos.

A parábola também sublinha a urgência do chamado de Deus, que nos convida a construir o Seu Reino na Terra e a ser fiel ao Seu convite, não para obter uma recompensa terrena, mas para partilhar do banquete eterno.

A reflexão sobre o administrador desonesto, na mesma linha de pensamento de São Lucas, enfatiza que quem é fiel nas coisas pequenas (o "vil dinheiro") também será fiel nas coisas grandes, e quem é injusto nas coisas pequenas é também injusto nas coisas grandes.

A mensagem final é clara: nenhum servo pode servir a dois senhores. Não é possível servir a Deus e ao dinheiro, pois é preciso escolher um dos senhores e desapegar-se do outro.

    Este domingo convida-nos a refletir sobre a nossa identidade como filhos de Deus. A nossa vida deve ser um testemunho da nossa fé e devoção, uma resposta sincera ao convite de Deus, e uma manifestação do Reino de Deus, não para a glória terrena, mas para a vida eterna.

Mensagem do dia... 20/09/2025


quarta-feira, 17 de setembro de 2025

A IGREJA CATÓLICA NO MUNDO DE HOJE

 

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 Igreja Católica no mundo de hoje tem aproximadamente 2 bilhões de fiéis, com crescimento mais acentuado em África e Ásia, embora a proporção mundial tenha diminuído ligeiramente.

Desafia-se com a secularização e a necessidade de adaptação à tecnologia diminuíram seu crescimento, no entanto, continua a ser uma força moral global através de atividades humanitárias, obras de caridade e a defesa de valores como a justiça social e a paz.

A Igreja é cada vez mais africana e asiática, com crescimento significativo na África, enquanto a Europa regista uma diminuição do número de católicos.

A Igreja Católica é o maior fornecedor não governamental de educação e saúde no mundo, administrando milhares de hospitais, escolas, lares e centros de caridade.

O Papa, como líder mundial, desempenha um papel na diplomacia internacional e na promoção de valores como a paz e a dignidade humana.

Os escândalos na Igreja, ocorridos ao longo de anos, abalaram a confiança na instituição e nos seus membros.

A Europa assiste a um processo de secularização, e na América Latina e outras regiões, o crescimento de denominações evangélicas tem feito diminuir um pouco o número de católicos.

A Igreja enfrenta o desafio de se adaptar às mudanças tecnológicas e de cultura para se conectar com as novas gerações.

Em países como o Brasil, o número de fiéis tem crescido e a Igreja tem apostado em redes sociais e na renovação das missas como forma de se aproximar dos fiéis.

A Igreja é vista como missionária, chamada a sair da autorreferencialidade e a testemunhar o amor de Deus.

Apesar dos desafios, a Igreja Católica mantém a sua força como uma entidade moral global, promovendo a justiça social e o diálogo sobre questões contemporâneas.

O ano de 2025 é um momento de especial importância para a Igreja Católica, que celebra o Jubileu, ou Ano Santo, sob o tema "Peregrinos de Esperança".

A celebração é um convite aos fiéis para um tempo de renovação espiritual, penitência, perdão e peregrinação.

Durante o Jubileu, as Portas Santas das basílicas romanas são abertas para que milhões de peregrinos as atravessem em busca de indulgências.

A IGREJA CATÓLICA NO BRASIL

A Igreja Católica no Brasil, a maior nação católica do mundo em número de fiéis, possui uma história profundamente enraizada na formação cultural, política e social do país.

O catolicismo chegou ao Brasil com os colonizadores portugueses em 1500, com a primeira missa celebrada por Frei Henrique de Coimbra. A presença da Companhia de Jesus, a partir de 1549, foi crucial na catequização dos indígenas e na fundação de cidades, como São Paulo.

Durante o Império, a Igreja Católica manteve uma posição de religião oficial do Estado, garantida pelo sistema do Padroado, no qual o governo sustentava e controlava as atividades eclesiásticas.

No período Republicano, a Proclamação da República em 1889 estabeleceu a separação entre Estado e Igreja, consolidando o Brasil como um Estado laico com liberdade religiosa. Apesar disso, a Igreja Católica continuou a desempenhar um papel relevante na sociedade brasileira.

Ao longo da história, a Igreja se envolveu ativamente na educação, criando escolas e universidades, e na assistência social, com a fundação de hospitais e orfanatos.

Sua presença moldou a cultura brasileira, manifestando-se em festas religiosas, feriados nacionais (como o dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do país) e no patrimônio arquitetônico, como as igrejas barrocas.

No século XX, figuras como Dom Helder Câmara se destacaram na defesa da democracia e dos direitos humanos, especialmente durante o Regime Militar. Além disso, a Teologia da Libertação, com ênfase na luta contra a desigualdade, influenciou movimentos sociais e pastorais.

Mensagem do dia... 17/09/2025

 

sábado, 13 de setembro de 2025

REFLEXÃO LITÚRGICA PARA A FESTA DA EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ - 14/09/2025

 

Cardeal Paulo Cezar Costa

Arcebispo Metropolitano de Brasília

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 Liturgia neste domingo em que celebramos a Exaltação da Santa Cruz, coloca diante de nós o mistério da cruz de Cristo. A cruz era suplício de ladrões e de inimigos do império. A teologia judaica da época de Jesus, expressa em Deuteronômio (Dt 21,21-22), afirmava que todo aquele suspenso no madeiro era amaldiçoado, amaldiçoado por Deus. Se esse texto, num primeiro momento, aplicava-se a quem era enforcado, posteriormente, devido ao horror da crucifixão, começou a ser aplicado a quem era crucificado.

O texto do Evangelho de João (Jo 3,13-17) faz uma releitura do texto do Livro dos Números (Nm 21,4-9), onde a serpente é levantada numa haste e todos os que eram picados por cobra olhavam-na e ficavam curados. O Evangelho mostra que a verdadeira salvação não vem do olhar para a serpente, mas do Filho do Homem levantado na cruz: "Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todos os que Nele crerem tenham a vida eterna” (Jo 3,14-15).

Jesus morto e ressuscitado é o coração da nossa fé. É de Jesus crucificado e ressuscitado que vem a salvação. Pela fé, através do batismo, a salvação realizada por Jesus Cristo se torna nossa. Por isso, quem crê em Jesus Cristo morto e ressuscitado tem a vida eterna. A vida eterna é viver eternamente com Jesus Cristo, em comunhão plena com o mistério de Deus, na contemplação e participação do seu amor infinito. Tudo que agora vivemos em esperança, vê-lo-emos então na realidade. A propósito Santo Agostinho escreveu: quando me unir a Vós, com todo o meu ser, não existirá para mim em lado algum dor e tristeza. A minha vida será uma vida verdadeira, totalmente cheia de Vós (Spes non Confundit, 20).

O envio do Filho manifesta o amor do Pai, manifesta que Deus não é indiferente diante do ser humano, mas é um Deus que ama e se envolve na salvação: "Pois Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Através da ação amorosa de Deus para conosco, na nossa salvação, percebe-se quem é Deus: "Deus é Amor” (1Jo 4,16). O verbo entregar exprime o envio do Filho, Jesus Cristo, ao mundo, mas principalmente a sua morte de cruz, onde o Pai entregou o seu Filho amado pela nossa salvação.

Por isso, contemplando o mistério da cruz que era símbolo de horror, de maldição, nós contemplamos o amor de Deus por nós. A cruz, a partir do momento em que foi assumida pelo Filho como instrumento de salvação, não perdeu a sua tragicidade, mas se tornou expressão do amor de Deus por nós.

Por isso, nós a veneramos como instrumento de salvação. Ela permanece, sempre para o cristianismo, critério de juízo para medir a nossa capacidade de amar e a nossa doação. Que celebrar a exaltação da Santa Cruz nos ajude a perceber que não existe cristianismo sem cruz, que o verdadeiro seguimento de Jesus Cristo implica tomar a nossa cruz e segui-lo pelos caminhos da vida e da história.

Mensagem do dia... 13/09/2025

 

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

ENSINA-NOS A REZAR!

 

Dom Alberto Taveira Corrêa

Arcebispo Emérito de Belém do Pará (PA)

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m visita a uma anciã, cega de nascença, ouvi uma edificante declaração: “Ouço o Bispo pelos programas de Rádio, quando convida à participação na vida da Igreja. Sendo cega, descobri que minha contribuição é a oração, e rezo, nas intenções da Igreja, dez terços por dia! Penso que serve para alguma coisa!”.

 Certamente esta pessoa faz mais do que o Bispo, ou os Padres, ou quem quer que esteja nas frentes pastorais de uma Diocese, pois oferta sua vida, suas limitações de saúde e, mais ainda, suas orações diárias! É com este rico testemunho que desejamos celebrar o Dia dos Idosos e dos Avós, no domingo mais próximo da Festa de Sant’Ana e São Joaquim, pais da Virgem Maria e Avós de Jesus Cristo. 

Trago aqui uma reflexão do Papa Leão XIV, na Mensagem para o Dia dos Idosos e Avós (Tema: “Bem-aventurado aquele que não perdeu a esperança” – cf. Sir 14, 2), que nos introduz o tema da oração: “É necessária uma mudança de atitude, que testemunhe uma assunção de responsabilidade por parte de toda a Igreja. Cada paróquia, associação ou grupo eclesial é chamado a tornar-se protagonista da “revolução” da gratidão e do cuidado, a realizar-se através de visitas frequentes aos idosos, criando para eles e com eles redes de apoio e oração, tecendo relações que possam dar esperança e dignidade àqueles que se sentem esquecidos. A esperança cristã impele-nos continuamente a ousar mais, a pensar grande, a não nos contentarmos com o status quo. Neste caso específico, a trabalhar por uma mudança que devolva aos idosos a estima e o afeto. Por isso, o Papa Francisco quis que o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos fosse celebrado, em primeiro lugar, encontrando aqueles que estão sozinhos. E decidiu-se, pela mesma razão, que aqueles que não puderem vir a Roma neste ano em peregrinação podem “obter a Indulgência jubilar se se deslocarem para visitar por um côngruo período idosos em solidão, quase fazendo uma peregrinação em direção a Cristo presente neles (cf. Mt 25, 34-36)” (Penitenciaria Apostólica, Normas sobre a Concessão da Indulgência Jubilar, III). Visitar um idoso é um modo de encontrar Jesus, que nos liberta da indiferença e da solidão.” Assim, também em nossa Igreja de Belém, é possível obter a Indulgência Plenária visitando um doente ou um idoso! 

Falamos de oração, indulgência, Terço! Por que rezar? Como rezar? É bom lembrar nossa condição de criaturas. Não nos inventamos a nós mesmos, mas fomos resultado de um ato de amor, vindo da eternidade, chegados a esta terra pela Providência de Deus, através de nossos pais, só seremos felizes e realizados na comunhão com aquele que nos criou e pôs em nossos corações uma sede de infinito, que chega à sua realização quando nós abrimos para este relacionamento com o Senhor. Em poucas palavras, rezamos, ou oramos, como quisermos dizer, porque Deus nos fez para sermos felizes e realizados na comunhão com ele, e nosso coração anda inquieto enquanto não encontrar este caminho! 

A oração começa no alto, pelo que sua forma mais perfeita é a Oração de Eucaristia, quando o próprio Filho de Deus, em sua Morte e Ressurreição, faz presente seu Mistério, envolvendo-nos com sua Palavra, seu Corpo e Sangue e a participação em sua vida. Cada Missa bem participada é um mergulho na vida de Deus, quando nos dirigimos, com Jesus presente em nosso meio, ao Pai, por Cristo e no Espírito Santo. Preparando-nos bem e comungando o Corpo e o Sangue de Cristo, saímos da Missa como verdadeiras procissões, na simplicidade de nosso dia a dia, mas capazes de fazer transbordar o que vivemos na Eucaristia. 

Entretanto, entremos em nossos corações. No Sermão da Montanha, há um precioso ensinamento: “Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai que está no escondido. E o teu Pai, que vê no escondido, te dará a recompensa” (Mt 6,6). Entrar no quarto escondido de nossa alma, ouvir o Senhor, que nos fala no silêncio, agradecer, pedir, chorar, reclamar, acolher seus planos de amor. Ninguém precisa saber! Deus sabe! Este é um ato profundo de fé! Deus está presente e acolhe nossas preces! 

E dele passamos à oração de adoração, diante de Jesus Eucaristia, presente em todos os Tabernáculos, pelo mundo afora. Cresce a prática da Adoração em tantos lugares, e vale a pena acolher o precioso ensinamento do Papa Francisco, na Epifania de 2020: “Descubramos de novo a adoração como exigência da fé. Se soubermos ajoelhar diante de Jesus, venceremos a tentação de olhar apenas aos nossos interesses. Adorar é fazer o êxodo da maior escravidão: a escravidão de si mesmo. Adorar é colocar o Senhor no centro, para deixarmos de estar centrados em nós mesmos. É predispor as coisas na sua justa ordem, reservando o primeiro lugar para Deus. Adorar é antepor os planos de Deus ao meu tempo, aos meus direitos, aos meus espaços. É aceitar o ensinamento da Escritura: ‘Ao Senhor, teu Deus, adorarás’ (Mt 4, 10). ‘Teu Deus’: adorar é sentir que nos pertencemos mutuamente, eu e Deus. É tratá-lo por ‘tu’ na intimidade, é depor a seus pés a nossa vida, permitindo-lhe entrar nela. É fazer descer sobre o mundo a sua consolação. Adorar é descobrir que, para rezar, basta dizer ‘Meu Senhor e meu Deus!’ (Jo 20, 28) e deixar-me invadir pela sua ternura. Adorar é ir ter com Jesus, não com uma lista de pedidos, mas com o único pedido de estar com ele.” 

Mas a oração pode e deve acontecer também nos momentos mais difíceis. Tive a alegria de ouvir do Servo de Deus Cardeal Van Thuan o relato que que nos períodos mais duros de sua longa estada de treze anos na prisão, quando sentia a tentação do desespero, apenas repetia os nomes de Jesus e Maria, o que lhe restituía a paz e a serenidade. Vale experimentar! 

E como nos conhece, o Senhor nos deu de presente o “Pai Nosso”, na qual todos os sentimentos de fé em relação a Deus se fazem presentes na primeira parte da oração, assim como todas as necessidades essenciais da vida são resumidas na segunda parte. No rastro da oração do Pai Nosso encontramos uma infinidade de orações nascidas da piedade dos cristãos, na sucessão dos tempos, assim como tantas preces espontâneas com as quais o Espírito Santo nos ilumina para entrarmos em comunhão com Deus. E não nos esqueçamos da “Ave Maria”, oração de profunda raiz bíblica e de verdade professada pela Igreja! 

É preciso rezar sempre! Demos a palavra ao Senhor, que tem toda a autoridade para recomendar-nos: “Pedi e vos será dado; procurai e encontrareis; batei e a porta vos será aberta. Pois todo aquele que pede recebe; quem procura encontra; e a quem bate, a porta será aberta. Algum de vós que é pai, se o filho pedir um peixe, lhe dará uma cobra? Ou ainda, se pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do céu saberá dar o Espírito Santo aos que lhe pedirem!” (Lc 11,9-13).

Mensagem do dia... 10/09/2025

 

domingo, 7 de setembro de 2025

CARLO ACUTIS E PIER GIORGIO FRASSATI SÃO CANONIZADOS EM CERIMÔNIA NO VATICANO

Carlos Acutis e Pier Giorgio Frassati

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arlo Acutis foi canonizado pela Igreja Católica neste domingo, 7 de setembro de 2025, em solenidade na Praça de São Pedro, no Vaticano, sob a presidência do Papa Leão XIV,  tornando-se o primeiro santo da geração millennial.

Conhecido como o “padroeiro da internet”, Carlo Acutis teve dois milagres reconhecidos oficialmente pela Santa Sé — um deles em Mato Grosso do Sul, no Brasil.

A Igreja Católica reconhece o milagre da cura de um menino no Brasil com uma doença pancreática e a cura de uma jovem na Costa Rica de um grave ferimento na cabeça. Carlo Acutis foi beatificado pela Igreja Católica em 2020 e canonizado oficialmente devido a esses eventos extraordinários, que atestam a fé e intercessão do jovem, que ficou conhecido como o "influencer da santidade" e "padroeiro da internet".

Na Igreja Católica, a santidade é declarada por meio de um processo formal, a canonização, que reconhece que a pessoa está no Céu e pode interceder em nome dos fiéis. O processo envolve a investigação de virtudes e milagres.

O primeiro milagre ocorreu no Mato Grosso do Sul, estado brasileiro. Um menino com uma doença rara no pâncreas, foi curado em 2010 após fazer um pedido e tocar em uma relíquia de Carlo Acutis. O Vaticano reconheceu e atribuiu a Carlo a cura, o que levou à sua beatificação em 2020.

O segundo milagre ocorreu na Costa Rica. Uma jovem, após sofrer um grave ferimento na cabeça devido a um acidente, foi curada sem sequelas. A cura foi atribuída à intercessão de Carlo, levando ao reconhecimento do segundo milagre e à sua canonização.

Carlo Acutis, que morreu de leucemia aos 15 anos em 2006, usou sua habilidade com tecnologia para criar um site que catalogava milagres eucarísticos e aparições marianas aprovadas pela Igreja, disseminando o conteúdo cristão na internet.

Ele é considerado o primeiro santo milenar da Igreja Católica, sendo um modelo para jovens por ter vivido a fé cristã de forma profunda e adaptada aos novos tempos.

Carlo Acutis foi canonizado junto com Pier Giorgio Frassati, um jovem beato italiano que também será elevado à santidade neste 7 de setembro de 2025. Ambos são reconhecidos por seu testemunho de fé e santidade entre os jovens e serão declarados santos na cerimônia no Vaticano.

PIER GIORGIO FRASSATI

Pier Giorgio Frassati foi um influente ativista católico italiano da alta burguesia, conhecido por sua vida de profunda fé, caridade e desportos, que morreu jovem (aos 24 anos) de poliomielite fulminante.

Nascido em 1901 em Turim, dedicou sua vida a visitar e ajudar os pobres, alinhando sua espiritualidade com a Eucaristia diária e o serviço aos necessitados.

Foi beatificado por São João Paulo II em 1990 e será canonizado hoje, sendo considerado um modelo de virtude para a juventude católica.

Apesar do contexto familiar que não priorizava a religião, Frassati desenvolveu uma profunda vida espiritual, sendo membro ativo da Ação Católica e do Apostolado da Oração.

Entrou no Politécnico de Turim para estudar engenharia, com o objetivo de estar mais perto dos operários pobres.

Sua caridade era notável, dedicando-se a visitar e ajudar os pobres e os doentes, utilizando sua posição social para o bem.

Frassati via na Eucaristia uma fonte de alegria e força, que o impulsionava a visitar os mais necessitados em retribuição ao amor de Cristo.

A Eucaristia diária e a devoção a Nossa Senhora eram centrais na sua vida.

Era um montanhista ávido e esquiador habilidoso, encontrando na natureza uma forma de se aproximar de Deus.

Em 1925, aos 24 anos, Frassati foi diagnosticado com poliomielite fulminante, vindo a falecer poucos dias depois. As exéquias foram um evento marcante, com milhares de pessoas, especialmente os pobres que ele ajudou, a participarem para honrar o jovem burguês.

Pier Giorgio Frassati é um exemplo de como a fé pode se unir à ação social, esporte e alegria de viver, tornando-se um modelo para jovens e fiéis em todo o mundo.

O evento da canonização dos Beatos Carlo Acutis e Pier Giorgio Frassati foi transmitido ao vivo pelas principais redes de comunicação católica do mundo.

*Matéria atualizada às 10h do dia 07 de setembro de 2025.

Mensagem do dia... 06/09/2025

 

sábado, 6 de setembro de 2025

REFLEXÃO LITÚRGICA DO 23º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 07/09/2025

 

Pe. Leomar Antônio Montagna

Paróquia Nossa Senhora das Graças - Sarandi (PR)

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a Liturgia deste 23º DOMINGO DO TEMPO COMUM, veremos, na 1ª Leitura, que a verdadeira sabedoria vem de Deus, só n’Ele encontramos o sentido da vida. É a sabedoria que nos faz conhecer os desígnios de Deus e as coisas em sua ordem de importância. Ser sábio não é só tirar nota dez na escola e tirar zero na vivência comunitária, na caridade e no serviço aos irmãos, ser sábio é sobressair-se bem diante dos desafios da vida; o mundo de hoje carece muito dessa sabedoria.

Na 2ª Leitura, o apóstolo Paulo nos esclarece sobre a ação social da Igreja e as consequências do seguimento de Jesus. As verdadeiras transformações na ordem socioeconômica não são as que se realizam na violência, mas as que procedem de profundas convicções em vista da fé.

Paulo intercede em favor de um escravo fugitivo (Onésimo), junto a seu dono (Filêmon); ele não pensava numa sociedade sem escravos, mas, em muitos gestos, aboliu a diferença entre senhor e escravo, judeu e grego, homem e mulher. Enfim, Paulo tem a consciência de que Jesus histórico é o mesmo da Palavra, do sacrário, e é o mesmo que vive nos irmãos.

No Evangelho narrado por Lucas, Jesus nos ensina que ser discípulo implica rupturas e disposição para enfrentar conflitos com as forças que se opõem a sua proposta de vida e liberdade. O desapego pressupõe riscos e o seguimento poderá nos levar a contrariar alguém por defendermos a justiça e a verdade. Para alcançar o reino de Deus é indispensável obedecer ao chamado de Jesus, mas cada um deve avaliar as próprias forças e se decidir para não desanimar no caminho, isto é, ser realista, não ter ilusões. “Eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do testemunho que deram; diante da morte, não amaram a própria vida”.

As exigências de Cristo aos seus discípulos são radicais, só assim serão dignos Dele. Devem decidir-se por Cristo, mesmo à custa de perder o afeto dos familiares e enfrentar uma vida crucificada, pois o morrer é que faz germinar a vida em sua plenitude. A dignidade do discípulo está no fato de nele, estar presente o Cristo, embora seja uma frágil criatura. O que conta e deve ser vivida de forma absoluta é sua fé em Cristo.

O discípulo de Cristo deve estar imbuído de uma mística cristã para ter coragem de levar adiante a ideia e as propostas do reino, deverá lutar não somente um dia, um ano, mas deve estar preparado para lutar por toda a vida, como muito bem resume um trecho do escritor e poeta alemão Bertolt Brecht: “Existem homens que lutam um dia e são bons; existem outros que lutam um ano e são melhores; existem aqueles que lutam muitos anos e são muito bons. Porém, existem os que lutam toda a vida. Estes são os imprescindíveis”.

O cristianismo é uma escolha. Diante de Cristo tudo o mais se torna relativo: “Por causa de Cristo, porém, tudo o que eu considerava como lucro agora considero como perda. Mais ainda: considero tudo uma perda, diante do bem superior que é o conhecimento do meu senhor Jesus Cristo. Por causa dele perdi tudo, e considero tudo como lixo, a fim de ganhar cristo, e estar com ele”.

Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.


quarta-feira, 3 de setembro de 2025

O BISPO ENTRE A CRUZ E A ESPERANÇA

 

Dom Carmo João Rhoden
Bispo Emérito de Taubaté (SP)

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er o livro Coração de Pastor, de Dom João Bosco Óliver de Faria, é mergulhar na tensão fecunda que sustenta todo ministério episcopal: a cruz e a esperança. O autor não esconde as dores, as solidões e os pesos do episcopado. Mas, ao mesmo tempo, deixa transparecer a esperança inabalável que vem de Cristo, o verdadeiro Pastor.

Uma das frases mais impactantes é: “O Domingo de Ramos dura pouco na vida de um Bispo”. Essa constatação, nascida da experiência concreta, sintetiza a realidade de quem assume o pastoreio. O bispo, em alguns momentos, é aclamado, reconhecido, aplaudido. Mas logo chegam as incompreensões, as críticas, a cruz. E é nessa travessia que se prova a fidelidade. 

Não se trata de pessimismo, mas de realismo evangélico. O episcopado não é carreira de prestígio, mas seguimento de Cristo crucificado. O báculo, insígnia de guia, só encontra sentido quando unido à cruz. O bispo que deseja apenas aplausos perde o essencial: sua missão é conduzir o povo não ao sucesso humano, mas ao encontro com Deus. 

Dom João Bosco insiste que o bispo não pertence a si, mas ao povo. Essa entrega é fonte de cruz, porque exige renúncia. Mas é também fonte de esperança, porque revela a fecundidade do ministério. Quantos padres foram ordenados, quantas comunidades foram animadas, quantas vidas foram tocadas por um pastor que se deixou consumir pela missão! 

Ao refletir sobre essas páginas, recordei-me das palavras de São João Paulo II: “O bispo deve ser testemunha da esperança, mesmo quando as circunstâncias parecem obscurecê-la”. Essa dimensão aparece fortemente no livro. A cruz não apaga a esperança; ao contrário, é nela que a esperança se purifica. 

O episcopado, visto sob essa luz, não é uma função de prestígio, mas um caminho pascal. O bispo é chamado a viver o mistério da cruz e da ressurreição em sua própria carne, para que o povo de Deus possa reconhecer nele o rosto de Cristo. 

Ao concluir a leitura, senti-me convidado a renovar minha própria entrega. Coração de Pastor nos recorda que, em meio às cruzes, a esperança permanece. O bispo é homem da cruz, mas também profeta da esperança. E essa tensão, longe de ser contradição, é a essência mesma do ministério episcopal.

Mensagem do dia... 03/09/2025