Deonira L. Viganó La Rosa
Terapeuta de casal e de família. Mestre em Psicologia
Amarras interiores costumam
dificultar o engajamento amoroso. Acontece muitas vezes que a grande
dificuldade de convivência no casamento está embutida na imaturidade
emocional de um dos parceiros, mais do que na relação marital em si.
Conhecer-se e buscar
tratamento, quando necessário, é condição para viver uma relação amorosa.
Parece que estamos dedicando
tempo de menos para a reflexão, o autoconhecimento, a meditação, o esforço
para a libertação interior e, como consequência disto, vamos facilmente
buscar nos outros a responsabilidade de nosso desastre na convivência
amorosa.
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AMAR A SI MESMO
“Ama teu próximo como
a ti mesmo”. Amar a si mesmo é ter uma justa imagem de si. É saber reconhecer
lucidamente o que há de bom em nós, e isto se chama humildade. Em que sou eu
maravilhoso para os outros?
Rebaixar-se ou
desprezar-se não está longe do pecado de orgulho: “Estou decepcionado de não
corresponder a uma imagem ideal de mim, eu gostaria de ser Lucila, Geraldo,
Francisco...”. Ter um certo escrúpulo por não ser o que se idealiza ser, gera
um sentimento de culpa do qual podemos até não ter consciência. Esta culpa se
torna uma espécie de juiz interior que nos persegue a ponto de impedir que
sejamos pessoalmente felizes. Eis aí uma das amarras que tira a liberdade
interior necessária para amar.
TOMAR CONHECIMENTO DE SEUS LIMITES E QUALIDADES É O
PONTO DE PARTIDA PARA UMA JUSTA ESTIMA DE SI.
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É nos braços dos
outros que muitas vezes encontramos a coragem para amar a nós mesmos. Pode-se
até dizer que amar é ajudar o outro a descobrir suas qualidades. Entretanto,
é necessário aceitar a própria finitude para chegar a dar o passo em direção ao
outro. Amar a si mesmo é essencial.
Para poder
amar-nos, às vezes é preciso tomar distância da própria finitude e reconhecer
tudo o que há de bom em nós mesmos e só depois olhar para as próprias
fraquezas. O que é certo é que o amor e o desejo do outro brotam deste
encerrar-se sobre si mesmo, estudar-se e encher-se de coragem para amar
aquilo que em nós reflete uma parcela de Humanidade.
O amor é relação
entre duas pessoas! Não construímos esta relação sobre defeitos! Nós
construímos sobre aquilo que faz nossa solidez, nossas potencialidades. De
fato, quanto mais sou eu-mesmo, mais ajudo o outro a tornar-se ele mesmo.
Amar a si mesmo é participar da construção do casal e é permitir ao outro de
existir.
Como posso
dizer “Eu me engajo” se o “Eu” não existe? Simplesmente preciso aceitar
a bela imagem de mim mesmo. Não é este um critério do amor?
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O amor incondicional
do outro e seu amor sem julgamentos me ajudam a desenvolver o que eu sou
profundamente. Então, cada um dos dois sendo mais ele-mesmo criará a condição
para o casal começar a construir um verdadeiro projeto de Vida. O projeto do
“Nós”, o projeto da conjugalidade, um projeto a dois.
RECONHECER NOSSAS DÚVIDAS, NOSSOS MEDOS
Podemos ter medo de
ver o outro tal qual é. Reconhecer no outro a parte que me inquieta ou me
desgosta e dizer-lhe isto, é um elemento importante da construção do casal.
Temos a tendência em dizer: ‘Falar do que me desagrada quando temos tanta coisa
agradável para dizer, arriscando ficar mal, é realmente necessário?’ - O
risco está em esperar mudar o outro conforme meu desejo. O amor não muda o
outro e não tem o poder de curá-lo. A melhora de comportamentos patológicos
como o alcoolismo, a violência, a instabilidade ou outros supõe uma tomada de
consciência daquilo que se espera e a partir dai vem a decisão de cuidar-se,
sempre com o consentimento real do interessado.
Tentando colocar em prática o que o texto
sugere, teremos a chance de uma maior libertação interior, o que nos tornará
capazes de amar.
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