sábado, 25 de agosto de 2018

Quer evangelizar alguém? Inicie pela sua família



Pe. Jorge Filho
Pastoral Familiar da Arquidiocese de BH/MG

…a partir da família, a beleza do amor que Deus tem para com os homens…


S
e partirmos do princípio de que a família é o berço de nossa formação, e de que é nela que aprendemos a ser cidadãos e também cristãos – porque cabe aos pais conduzir seus filhos à pia batismal, lugar de nossa confirmação como filhos de Deus e de nosso nascimento para a vida eclesial –, devemos entender que, se realmente queremos que alguém viva uma vida autenticamente cristã, é preciso que a família da qual ela faz parte seja o lugar onde possa encontrar o ambiente privilegiado para seu contato com Deus através da experiência com Cristo.

Nesse sentido, é preciso que a família resgate seu papel de evangelizadora, vencendo as dificuldades às quais está exposta a cada dia, para que assim possa cumprir sua missão de ser o primeiro lugar do anúncio da Palavra de Deus para seus membros.

No livro dos Atos dos Apóstolos, encontramos o exemplo de conversão de Cornélio e de sua família ao cristianismo. Lembremos que ele era centurião romano e foi o primeiro estrangeiro convertido. Segundo o relato, “ele e todos os de sua casa eram tementes a Deus. Dava muitas esmolas ao povo e orava constantemente”. (At 10,12.) Quando o encontrou, Pedro exclamou: “Em verdade, reconheço que Deus não faz distinção de pessoas, mas em toda nação lhe é agradável aquele que o temer e fizer o que é justo”. (At 10,34.)

Em tempos moralmente conflituosos e, por isso mesmo, mais exigentes, quando a resposta necessita ser mais direta e eficaz, se queremos evangelizar alguém, é preciso que iniciemos por evangelizar sua família para que, assim, ela possa cumprir sua tarefa diante da sociedade.

A Igreja hoje, como em outros tempos, precisa atentar para as realidades que sugerem mais sua atenção pastoral, a fim de preparar melhor seus fiéis para que possam “estar no mundo sem ser do mundo”, e não se fecharem aos novos desafios questionadores que se apresentam, para os quais muitas vezes os cristãos ainda não têm resposta, seja pela velocidade como as coisas acontecem no mundo de hoje, ou mesmo pela efemeridade de tais novidades que surgem e desaparecem, dando lugar a outras realidades num rápido prazo de tempo.

À Igreja é dada a missão de zelar por seus fiéis, que a ela foram entregues por Nosso Senhor Jesus Cristo, quando de sua ascensão. Aos discípulos foi dada a responsabilidade de ir pelo mundo anunciando o Evangelho a todos os povos, tornando-os discípulos dele (cf. Mc 16,15). Dessa forma, quem crer e for batizado será salvo. Essa salvação pode também passar pela família, Igreja doméstica.

São João Paulo II, na Familiaris Consortio, convocou as famílias a se tornarem aquilo que são, afirmando que “cada família deve ser uma comunidade de vida e de amor, numa busca que, como para cada realidade criada e redimida, encontrará a plenitude no Reino de Deus”. Com essa convocação, o Santo confirma que cada pessoa no seio de sua família precisa receber o anúncio e tornar-se também anunciadora, para que dessa forma o mundo possa conhecer, a partir da família, a beleza do amor que Deus tem para com os homens.

Não é difícil para nós, evangelizadores, perceber que cada pessoa deve ter em sua família a referência de encontro com Deus. Por esse motivo as famílias, tão fragilizadas no mundo de hoje, precisam de atenção especial da parte da Igreja, e não se pode medir esforços para que ela se fortaleça e, mesmo, se restabeleça das feridas deixadas pelo mundo. Por isso podemos afirmar: Quer evangelizar alguém? Inicie pela sua família”.

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