Felipe Marcelo Gonzaga de Carvalho*
D
|
itos populares sempre tiveram um
grande peso na vida individual e coletiva, justamente por ficar conotado um
padrão de comportamento a ser seguido, o que na verdade não deveria, porém isso
depende muito da cultura popular, se ela aceita como padrão tais ditos,
infelizmente o crescimento coletivo acaba regredindo.
Penso o poder de um ditado na vida de
um indivíduo e de um povo, o quanto firmam seus pensamentos e ações num simples
ditado, que foi um pensamento de alguém ou de alguns, mutagênico, adaptando-se
ao modo como alguns achavam ser o melhor para a vida em conjunto, uma forma de
direcionamento coletivo, principalmente pelo fato de que o povo é frágil no
sentido de sua manipulação e aí sobressaem aqueles com destreza de intelecto.
Desde criança ouvia um ditado que
mais se tornou uma prece: "Política,
Religião e Futebol não se discutem". Eu nunca entendia o porquê não se
discutir tais palavras, até porque não há uma verdade absoluta, nem mesmo para
estas palavras, então há sim sempre o que discutir e deve-se discutir para que
haja aprimoramento, seja este pessoal ou coletivo. Poucos dão conta que tal
ditado está encravado na cultura da gestão pública, pois o medo de revés impera
nas instituições públicas e interfere na prestação de serviços.
Como não discutir, dialogar,
argumentar sobre política, futebol e religião? Será mesmo que tais palavras já
possuem seu simbolismo e são imutáveis em suas ações? Será que mesmo o pensar
diferente, de “sair da casinha” é
proibido? Será que é uma enorme ofensa discorrer sobre política? E sobre
futebol? O que dirá da religião? Somos todos iguais quanto ao que se entende
por elas? Não somos todos “seres
pensantes” passíveis de pensar por nós mesmos? É uma “heresia” pensar diferente? Por que querem manter em segredo ou
mesmo hesitarem mudanças? Seria medo do desconhecido? Seria medo de que ao
ponderar haverá mais pessoas para apoiar alterações de comportamento frente aos
temas aqui inqueridos?
O que mais me chama a atenção nesse
ditado é: TANTO FUTEBOL, POLÍTICA QUANTO
RELIGIÃO TEM ALGO MUITO EM COMUM: “A prática em excesso torna fanatismo, o que
sai totalmente da razão e o indivíduo que se torna fanático traz sérios
problemas a uma sociedade ou mesmo para o mundo, dependendo de quanto esse
fanatismo está intrínseco numa sociedade”.
Há muitos casos com fanatismo no
futebol, o qual foram motivos de mudanças culturais e de procedimentos na
prática desse esporte, um emblemático foi dos Hooligans.
Na Política, o fanatismo mais
contundente foi o Nazismo, também similar ao Comunismo e/ou Socialismo, onde
seus adeptos não aceitam demais ideologias de vida e de política, o simples
fato de haver pessoas contrárias a essas ideologias já é motivo de ódio.
Atualmente, o fanatismo mais
representativo na Religião tem sido o Estado Islâmico, que tem deflagrado uma
série de assassinatos no Oriente e Ocidente, tudo porque usam o Islamismo como
fonte de suas aberrações ideológicas.
Há quem discordará de meus
pensamentos aqui comentados, mas esse é o propósito deste artigo a discussão e
ponderação!
Podemos sim sermos diferentes e eis
aí a graça do ser humano: A Diferença! Imaginemos todos iguais, sem pensarmos
diferentes sobre algo, mesma cor de roupas, mesmos caminhos a percorrer, mesmos
gostos musicais, mesmos projetos arquitetônicos para construções residenciais,
comerciais, industriais e demais construções... Imaginemos todos sem
criatividade, o que seríamos senão robôs? Teríamos gosto pela vida? Seríamos
felizes? Creio que não!
Esse tipo de ditado tem por objetivo
a privação do pensamento, da liberdade do indivíduo em ponderar sobre algo, de
somente fazer o que mandam porque se não seguirem vem outro ditado: “Manda quem pode, obedece quem tem juízo.”
É até engraçado isso, pensando aqui “com
meus botões”, tais ditados, pois um segue o outro, como se realmente fossem
procedimentos padrão para que todos devam fazer e “ai” daquele que não cumprir!
Há muito o ser humano saiu da “Era das Trevas”, partindo para “O Iluminismo”, ou seja, a era onde o
pensamento começou a fluir, iluminando os seres antes somente viventes e
passando para seres pensantes. Porém, no geral, não se estimula ou incentiva
pensar, pois para quem detém o poder, “quanto
mais um povo pensa, pior é governá-lo.” Então se criou a forma de “pão e circo” para o povo, onde se
espera que com uma porção de pão e um pouco de entretenimento bastam para
saciar “a fome” do povo.
Poucas pessoas compreendem que
Política tem muita influência no Serviço Público, principalmente no aspecto
desempenho de cada servidor. Sempre ouvia dizer que o Serviço Público tem
sérios problemas de empatia; da seriedade profissional, chegando até mesmo ao
descaso alheio; da compreensão do que seria o chamado de Servidor Público, a
relutância da maioria da população quanto ao respeito ao funcionário público,
mas ainda assim, todos os anos há muitos que enfrentam diversos concursos
públicos nos mais variados cargos na fuga da vida profissional em organizações
privadas com futuro incerto.
O simples fato de pessoas se
abdicarem de entender a Política fortalece ainda mais aqueles que querem deter
o poder para si, insuflando seus egos ao infinito, na tentativa de eternizarem
seus nomes na história, mas será mesmo que são seres dignos de lembrança? Eu
discordo de muitos nomes até hoje “endeusados”,
porém estes detiveram o poder da oratória, então muitos os seguiam sem
ponderarem de fato tais ideais.
E assim venho a ti, caro leitor (a),
compartilhar meus pensamentos a respeito desse então célebre e deturpado
ditado: “Política, Futebol e Religião
não se discutem.” Para mim, há muito que se discutir sobre cada uma destas
palavras! Espero que com minhas singelas palavras possam dar mais vontade de
expor seus pensamentos sobre o tema para termos um mundo mais vivo, pensante e
admirável!
*Bacharel em Administração Geral pela FAEL - Faculdade Educacional da Lapa, Pós Graduado em Gestão Pública pela UFPR - Universidade Federal do Paraná, casado, pai de 2 filhos, natural de Porto União/SC, servidor público municipal em Lapa/PR.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Informe sempre no final do seu comentário o seu nome e a sua Cidade.