Dom Sergio
da Rocha
Cardeal
Arcebispo de Brasília
“Daí graças ao Senhor
porque ele é bom! Eterna é a sua misericórdia”. Assim rezamos, hoje, com o
Salmo 117, continuando a expressar louvor e alegria pela Páscoa da Ressurreição
do Senhor. A Igreja nos pede que “os cinquenta dias entre o Domingo da
Ressurreição e o Domingo de Pentecostes sejam celebrados com alegria e
exultação, como se fossem um só dia de festa”.
O
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segundo
Domingo da Páscoa é o Domingo da Divina Misericórdia. O Evangelho segundo João (Jo 20,19-31) apresenta-nos Jesus
Ressuscitado “no meio” da comunidade dos discípulos. As marcas da Paixão nas
“mãos” e no “lado” de Jesus são sinais do seu amor misericordioso manifestado
na cruz. A misericórdia divina manifesta-se também nesse encontro de Jesus
Ressuscitado com os seus discípulos, ao transmitir-lhes a paz, o dom do
Espírito e a missão de perdoar.
A narrativa joanina ressalta a comunidade como
lugar privilegiado do encontro com o Ressuscitado, como demonstra-nos o
apóstolo Tomé. Estar na Igreja, participar da Igreja reunida em oração,
permite-nos afirmar, hoje: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20,28). A missão de Jesus continua na comunidade cristã através
dos Apóstolos, testemunhas de Jesus Ressuscitado, conforme os Atos dos
Apóstolos (At 5,12-16). Por meio
deles, os “sinais e maravilhas” do Reino de Deus chegam à “multidão de homens e
mulheres”, especialmente aos que mais sofriam. A comunidade cristã, em nossos
dias, tem também o papel de testemunhar a misericórdia divina através de gestos
concretos, com especial atenção aos enfermos e sofredores, a exemplo do que
ocorria na Igreja primitiva. Para viver em comunidade, assim como, para viver
em família, necessitamos muito da misericórdia divina e da misericórdia entre
nós, o que inclui a caridade e o perdão.
A centralidade do Ressuscitado na Igreja é
ressaltada também pelo Apocalipse de S. João. O Senhor Ressuscitado, cuja
dignidade sacerdotal é simbolizada pela longa túnica e cuja dignidade real é
representada pelo cinto de ouro, preside toda a Igreja, simbolizada pelos sete
candelabros. Ele é “aquele que vive” para sempre, tendo vencido a morte, o
fundamento de nossa fé e razão de nossa esperança.
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